_Ai minha cabeça. E novamente eu estava naquela situaçãozinha chata pós-desmaio. Onde eu estou? O que aconteceu? Etc e tal... Abri meus olhos. Tia Rose estava do meu lado. Quando ela viu meus olhos se abrirem abriu um sorriso como quem diz bom dia. A fitei por poucos segundos e recordei do ataque de Nahuel... Damned...

- PAPAI – Gritei no momento em que em um salto súbito sentei na cama. Estava pronta para sair correndo.

- Calma querida. Ele vai ficar bem! – Ela não me convenceu.

- Eu quero vê-lo. – Ela segurou meu pulso. Doeu.

          Olhei para meus pulsos. Estavam com ataduras brancas em torno das mordidas que eu havia provocado. Quando tia Rose apertou meus pulsos elas ficaram um pouco vermelhas. Papai.... Tia Rose sentiu o cheiro do sangue e vacilou. Me soltei dela e desci as escadas. Vovó, vovô, tia Alice, tio Jazz e tio Emmett estavam sentados na sala. Se eu ainda fosse criança diria que eles estavam brincando de estátua.

          Eles demoraram um pouco para perceber minha presença, ou seja, algo os preocupava muito...

- Onde estão meus pais? – Não fui muito educada.

- Que bom que você já acordou querida. – Vovó me cortou e veio me abraçar.

- Como.... papai,... está?? Ele ....Morreu? – Eu disse entre os soluços... Eu chorava desesperadamente.

- Não querida. – Vovô respondeu. – Ele está bem na medida do possível. – Ou seja, ele ta péssimo.

- Eu quero vê-lo. – Meus avôs se entreolharam e então me conduziram ao escritório do vovô.

          Foi a pior cena que eu já vi. Papai estava deitado estático numa mesa de cirurgia. Mamãe estava estática ao seu lado segurando sua mão. Eu tinha uma estátua de Romeu e Julieta invertida em casa. Mamãe virou para mim e fez sinal para eu me aproximar. Não agüentei e me coloquei a chorar.

          Fui até a mamãe e a abracei. Ela também chorava. Porém sem lágrimas. Eu não poderia acreditar que meu amado pai estava morto. Mesmo que me dissessem o contrario. Como poderiam saber? Ele não possuía sinais vitais. Então eu percebi. Eram seus olhos. Até então eu não os tinha olhado. Havia um pequeno indicio de “vida”. Aquela faísca que se acendeu com meu sangue havia enfraquecido, mas ainda estava lá. Olhei para o vovô.

- Quanto tempo eu fiquei apagada?

- Não muito. Umas cinco horas. Você ficou fraca por estar quase sem sangue no corpo. – Ele hesitou olhando para o chão. – Nessie. Se não fosse por isso Edward já estaria morto. Mas isso não justifica você dar todo o seu sangue a um vampiro querida. Se não chegássemos a tempo teríamos perdido você. – Como se eu me importasse, mas claro que eu não disse isso.

- É isso então.

- O quê? – Vovô e mamãe me olharam curiosamente.

- Papai precisa de sangue humano. O sangue humano deixa os vampiros mais fortes. – Nem percebi que tia Alice havia se postado atrás de mim.

- Hum... isso não vai funcionar. – Tia Alice disse enquanto vislumbrava o nada.

          Como não? Se quando ele bebeu o sangue humano ele melhorou. Talvez servisse apenas para despertar. Tipo um choque. Mas se for assim não temos esperança. E se a gente procurasse um vampiro com poderes de curar vampiros? Eu sorri. Tia Alice me fuzilou com os olhos.

- Querida, você não vai sair atrás de um fantasma. Duvido que exista alguém com esse poder e você não é o Elezar. – Ela estava certa.

          Eu não acredito que meu pai vai morrer. Não é justo. Por que meu maldito sangue teve que nos dar falsas esperanças? Peraí. Para tudo. Não foi o sangue humano que fez com que papai permanecesse vivo. Foi o MEU sangue. Por menor que seja a quantidade de veneno que eu tenho no meu organismo, já é mais que um sangue humano comum. Meu sangue. Isso. Tia Alice pulava saltitante do meu lado. Não feliz como ela sempre saltitava, mas com muita esperança.

- Isso vai funcionar. Você é um gênio minha princesa. – Ela bateu palminhas e me deu um beijo no rosto.

- O que vai funcionar Alice? – Vovô perguntou com cara de quem não tava entendendo nada, afinal ele era o médico. Mas fui eu quem respondeu essa pergunta.

- Vô, não foi o sangue humano que deixou papai estável, foi o meu sangue.

- Ele pegou no ar o que eu queria dizer, mamãe ficou viajando.

- Claro, o veneno. Venha eu vou pegar uma amostra. – Vovô disse já com uma seringa nas mãos.

          Imediatamente mamãe e tia Alice saíram do quarto, elas estavam com sede e meu sangue iria piorar as coisas. Vovô retirou uma amostra e nós analisamos o que tínhamos. Nossa. Fazia tempo que eu tinha abandonado minhas pesquisas sobre meu sangue. O veneno havia se desenvolvido muito. Não o suficiente para me transformar em vampira que seja, mas já era um progresso. Ia funcionar com o papai. Afinal o veneno é curativo. E para repor o sangue que sairia do meu corpo eu teria que consumir sangue de pacotinho. Oralmente para ser mais eficaz. Adorei essa parte. Faz tempo que eu não tomo sangue. Tá certo que é sangue humano, mas como é doado ninguém morreu para isso.

- Vamos contar a novidade a todos e depois começaremos a “transfusão”. – Se é dá para chamar isso de transfusão né vovô....

- Pessoal, temos uma boa noticia. – Vovô disse a todos quando após meio segundo estávamos na sala.

- O sangue da Nessie irá curar Edward. – Todo mundo se olhou.

- Mas e ela? – Tia Rose perguntou.

- Iremos utilizar sangue humano para repor o dela, o veneno se regera rapidamente em seu organismo, caso contrario, ela não teria veneno hoje no sangue. Uma boa noite de sono é suficiente para isso. – Mamãe parecia confusa.

- Carlisle, eu não vou arriscar perder os dois. – Mamãe ainda parecia confusa.

- Não iremos perder nenhum deles Bella.

- É Bella, eu já vi que vai funcionar. – Tia Alice incentivou.

          Certo. Começamos o procedimento naquele momento mesmo. Eu tava muito nervosa. Apesar da dificuldade do tio Jazz com sangue humano ele ficou ao meu lado me tranqüilizando. Tubos entraram em meus braços. Um no esquerdo e outro no direito. Ligando minhas veias diretamente ao papai. Tá eu exagerei quando disse tubos. Eram tubos, mas não mais grossos que aqueles de soro para humanos comuns.

          Esses tubos ligavam diretamente minhas veias a boca de papai. Eu sabia que ele iria pirar quando acordasse, mas pelo menos ele iria acordar. Eu fiquei deitada em uma cama reclinável e papai na maca.

          Durante o processo eu tive a oportunidade de beber sangue para não ficar rapidamente fraca. O gosto do sangue era tão bom quanto quando eu caçava com tio Emmett. Na verdade era melhor. Não sei se pelo fato de ser sangue humano ou de eu estar tanto tempo sem sentir seu magnífico sabor.

          A primeira sessão foi calma. Tio Jasper ficou na sala comigo. Tia Rose tinha peninha de ver meu sangue ser drenado e minha mãe não queria ver a cena. Depois de três horas eu comecei a ficar tonta. Tio Jazz percebeu e usou seus poderes sobre meu corpo. A tontura passou. Mas sabíamos que não poderíamos tapar o sol com a peneira por muito tempo.  Mais uma hora eu desmaiei. Mas não foi nada demais. Interrompemos a sessão para eu comer algo salgado. Minha parte humana também precisava de estímulos.

          No total foram cinco horas. Vovô interrompeu dizendo que se eu morresse por falta de sangue não adiantaria de nada continuar. Ele estava certo. Eu estava cansada. Queria dormir. Mas vovô disse que eu não poderia dormir por pelo menos uma hora. Ai G-zuis...

          Sentei no sofá ao lado do tio Emmett. Ele olhou para mim, e depois para o copo (tipo de “Milk Shake”) na minha mão. Então ele olhou para o vovô.

- Por que ela pode beber sangue humano e eu não? – Nem deixei o vovô responder essa. Todos olharam feio para o tio Emm. Eu achei engraçado.

- Simples tio Emm. Porque eu sou humana e você não! – Mostrei a língua como uma criança que faz birra. Eu tinha certeza que eu estava em casa.

- Nossa Emmett... Você poderia passar o resto da eternidade sem essa. – Tio Jasper terminou a provocação. – Rimos por um instante. Seria um dia feliz se não fosse pela situação.

          Eu estava sentada no sofá com a cabeça encostada no ombro do tio Emmett. Meu olhos quase fechando. De repente um solavanco e tio Emmett rindo. Filho de uma ... boa mãe....

- Acorda monstrinha. – Abri meus olhos relutantes.

          Depois dessa maldita uma hora eu fui dormir. Não tive sonhos. Nenhuma das noites seguintes. Os dias passavam normalmente. Eu acordava, ia doar sangue, em troca eu ganhava sangue. Depois esperava uma hora e ia dormir. Eu dormia aproximadamente 14 horas por dia. Meu corpo precisava de muito repouso. Hoje faz uma semana que estou nessa rotina. Papai está melhorando lentamente. Eu estou a cada dia mais fraca.

          Mamãe sempre ia caçar com tia Rose e vovó quando eu estava “doando’ sangue para o papai. Melhor assim. Ela não via eu passando mal. Houveram duas situações engraçadas (para não dizer péssimas) nessa semana.

Mini Flash Back 1

- E ae monstrinha....

- Tio Emmett não precisa ficar aqui. Eu posso ficar um pouco sozinha. – Tio Jazz tinha ido falar com tia Alice.

- Tudo bem. – Ele se sentou na cadeira ao meu lado. – Ei!!!!  Para que serve esse controle? – Aiiii.... Ele pegou o controle da minha poltrona reclinável. E começou a brinca com ela. Eu ficava flexionada e deitada, flexionada e deitada. Arg.... Eu já tava passando mal.

- Socorrooooo.... Tem um vampiro me atacandoooo!!!! – Eu tentei gritar..  Não consegui. Mas meus sussurros foram o suficiente pro vovô, pra tia Alice e pro tio jazz me socorrerem.

Fim do Mini Flash Back 1

          No fim eu não sabia se eu ria ou se eu chorava. Foi engraçado, mas estava me deixando mal.

Mini Flash Back 2

- Aqui princesa. – Vovô pegou um copo e colocou dois tipos sanguíneos, um rico em ferro e o outro em sei lá o que.

- Arg... – Depois do primeiro gole corri para o banheiro.

- Eu vou ser tio avô, Eu vou ser tio Avô... A monstrinha está grávida!!! – Cara, de onde o tio Emm. tirou isso???

- Só se for do Divino Espírito Santo tio Emm.

- Nessie se você não conseguir beber o sangue teremos que colocá-lo através de agulhas nas veias do seu pescoço. – Aiiii.... Olhei para os meus braços enfaixados já de tantas picadas no braço... Eu não queria virar o Hellraiser.

- Tudo bem vô. Eu vou beber... É só que o meu estomago humano está um pouco sensível ao sangue depois de eu tomar uns 50 litros de canudinho.

Fim do Mini Flash Back 2

          Levantei da cama meio tonta como de costume. Percebi que algo em meus sentidos estava diferente. Posso afirmar que mais aguçados até. Pois ao perceber que minha perna iria tropeçar em uma das pernas de uma mesinha inútil, que tia Alice colocou em meu quarto para decoração, eu simplesmente desviei sem nem prestar atenção.

          Entrei em meu banheiro para lavar meu rosto. Acordar com dignidade, já que eu estava parecendo um zumbi. Era por uma boa causa claro. Abri a torneira e peguei água com minhas duas mãos. A água não estava tão fria como de costume. Passei a água em meu rosto. Levantei minha face até a altura do espelho. Quando eu abri meus olhos não consegui reagir ao reflexo que apareceu no espelho.