_Queria acreditar quando o papai disse que tudo iria ficar bem. Eu realmente desejava poder seguir em frente como ele me pediu. Mas era difícil, mais difícil não pensar nele enquanto papai estivesse por perto. Mais ou menos no meio do caminho quando eu comece a recobrar a “consciência” liguei para o meu chefe. Que apesar do adiantado da hora provavelmente não estaria dormindo.

- Boa noite Sr. Sparrow, desculpe incomodar o Sr. a essa hora.

- Não se importe com isso querida, o que houve, pela sua voz você andou chorando. O que aconteceu?

- Minha tia adoeceu e eu precisei sair as pressas. Será que o senhor pode me dar folga essa semana? – Se ele não desse eu teria que me demitir... não tinha condições de trabalhar, nem de nada...

- Claro querida, fique o tempo que for necessário e mande meu desejo de melhoras à sua família.

- Claro senhor Sparrow. Muito obrigada.

- Boa noite querida.

- Boa noite Sr. Sparrow.

          Eu desliguei o telefone e sorri com o canto da boca. O Sr. Sparrow sempre foi como um pai para mim. Como dizia a tia Alice, o Sr. Sparrow e o Johnny eram a minha família humana. Papai rosnou com meu pensamento. Ele não gostava de eu colocar o Sr. Sparrou como pai.

          Não demorou muito até chegarmos em casa. Todos estavam lá. Inclusive mamãe que não sabia direito porque papai saiu correndo. E por falar nisso, como ele chegou lá tão rápido?

- Minha menina... O que houve? – Mamãe me abraçou quase que com desespero. – Edward por que você não me disse onde estava indo?

- Porque eu pedi mamãe. Eu não conseguia falar e sabia que você ficaria desesperada. Papai lendo mentes é mais fácil. – Respondi olhando para minha mãe com um olhar de desculpas.

- Pai... Como você chegou tão rápido? Estava na cidade?

- Na verdade sua tia Alice me ligou dizendo que teve uma visão e que você queria conversar a sós comigo. Então quando eu estava chegando em Nova Iorque você me ligou. – Certo. Agora o que tia Alice falou para ele? Mas eu não vou me desesperar. Depois eu pergunto isso para ela.

          Os próximos a me abraçarem foram Tia Rose e tio Emm., tia Alice e tio Jasper e por ultimo mas não menos importante vovô e vovó. Eles estavam felizes por estarmos todos juntos novamente e eu feliz por estar com as pessoas que mais amo na vida. Eu estava exausta, mas não iria conseguir dormir. Claro que eu não tinha contado com tio Jasper. Que me fez apagar.

          A noite foi tranqüila, nos meus sonhos não tinha dor, mas sim esperança. Esperança de que ele iria voltar para mim. Sonhei com a primeira semana que ficamos juntos em Havana, com nosso primeiro beijo, com o toque gélido de suas mãos em meu rosto e com a noite anterior, quando ele me beijou e partiu e então desmoronei na areia chorando e agarrada ao meu solitário diamante de sangue.

          Estranho foi o que aconteceu quando eu acordei. Papai estava elétrico andando de um lado pro outro do quarto. Foi aí que a ficha caiu. Eu poderia não pensar no Lestat, mas não tenho como controlar meus pensamentos enquanto durmo. E pelo jeito papai me assistiu sonhar essa noite. Tolice minha pensar que ele não ficaria me vigiando depois de me ver naquele estado.

          Quando ele percebeu que eu acordei, ele ficou me fitando até que finalmente falou:

- Quem é esse cara que te deixou assim?

- Pai, por favor, fica calmo.

- Calmo Renesmee? Olha como você está!

- Pai não é nada disso.

- Como você pôde se envolver com um vampiro filha? E ainda mais com um vampiro que bebe sangue humano. Ele poderia ter te matado.

- Pai... Nã...

- Como Alice não viu ele no seu futuro? Ou ela viu e não me contou. ALICE... Venha cá agora mesmo.

- O que foi Edward? Por que você está tão alterado?

- Como foi que você não viu minha filha se envolvendo com um vampiro perigoso?

- Edward, calma...

- Então você viu e não me disse nada? – Nisso algo voou pela janela.

- PAI.... PÀRA.... ME ESCUTA. – Apesar de estar em uma casa cheia de vampiros eu tive que gritar.

- Filha como você pôde?

- Pai. – Peguei na mão dele e o fiz sentar na cama. – Pai. Ele não é um vampiro perigoso.

- Filha. Ele bebe sangue humano...

- Mas não o meu... Me escuta pai... Primeiro se não fosse pelo Lestat eu nem estaria aqui para contar a história...

- Do que você está falando? Renesmee Carlie Masen-Cullen, no que você andou se metendo?

- Em nada pai…

          Contei sobre aquela noite no castelo Volturi, quando Nahuel me atacou. E depois no parque. Contei sobre os momentos felizes que passamos juntos. E quando eu pedi para ele não mudar de dieta porque eu gostava da cor de seus olhos. E contei exatamente porque ele me deixou. Até onde eu sabia, claro.

          Papai pareceu não achá-lo mais tão perigoso assim, mas ainda o odiava por ele ter me abandonado. Eu entendia. Eu também o odiava um pouquinho por isso.

- Edward, eu não vi nenhum mal acontecendo a ela, pelo contrário, eu a vi feliz como há muito tempo não via. Por isso não contei.

- Eu entendo Alice, mas não gostei nem um pouco de ter me escondido isso. Foi perigoso demais.

- Edward, eles estavam tão felizes. Não fazia sentido estragar isso por você ser super-protetor. – Tia Rose interveio.

- Até você sabia? Mais alguém? – Papai perguntou cinicamente.

          Papai saiu do meu quarto, mais calmo, mas ainda com raiva. Mamãe se sentou ao meu lado e me abraçou enquanto uma lágrima caia em minha face. Ótimo. Eu estava sem o amor da minha existência e meu pai estava furioso comigo. Eu sou mesmo uma idiota.

- Querida, tudo vai dar certo. – Mamãe tentando me animar era um desastre, afinal ela sabia quão profundo era o buraco em meu peito. Ela já sentiu isso.

- Eu sei mãe.  – Sorri para ela. – Preciso tomar um banho.

          Todos os membros da família que estavam no meu quarto saíram imediatamente. E eu fui para o chuveiro, onde a água se misturava com minhas lágrimas e o barulho abafava meu choro.