_ Fui para o meu quarto, tomei um banho e fui direto para o closet. O que vestir? Lembrei que o Lestat dissera que eu ficara linda de vermelho, logo a roupa seria vermelha. Detalhe: Eu tinha umas duzentas roupas vermelhas... Depois de alguns minutos decidi por uma vestido até a altura do joelho, de tecido leve, com amarrações estilo romanas em dourado por todo o tronco e amarrado em frente única. Coloquei uma sandália dourada de salto 10. Fiz rapidamente uns cachos nas pontas do meu cabelo e coloquei uma tiara de dois fios dourada. Maquiagem que realçava minha boca e não meus olhos.

- Demorei, mas fiquei pronta. – Anunciei minha presença na sala.

- Você está estonteante. – Acho que ele conhecia todos os sinônimos de bonita.

- Obrigada!

- Vamos?

- Sim.

          Fechei o apartamento e descemos em direção ao carro. Fomos até a boate que tinha uma fila enorme de espera, mas é lógico que não precisávamos esperar. Entramos. Visualizei o Johnny e fomos até ele.

- Sumida.

- oi Johnny, oi Jannet.

- Oi Carlie. – Ela me cumprimentou.

- Esse é meu amigo Lestat. – Eu queria gritar meu anjo, mas não era muito apropriado.

- Lestat esses são Johnny, meu irmão postiço, e a namorada dele Jannet.

- É um prazer conhecê-los finalmente.

- Carlie tem falado de mim?

- Com toda certeza.

- Vamos dançar? – Cortei a conversa dos dois.

          Nos encaminhamos para a pista de dança, a música que tocava era eletrônica, um verdadeiro batidão, e tinha martine passeando para todos os lados. Depois da terceira taça comecei a me soltar. Era incrível como Lestat sabia dançar em qualquer estilo musical, não que eu já não soubesse disso antes, mas eu adorava vê-lo. Eu e todas a meninas da boate. Como elas ousavam olhar para o MEU anjo? Lá pelas tantas comecei a dançar um pouco fora do meu normal, mais sensualmente eu diria.

          Não sei o que estava acontecendo ao certo, aquilo estava esquentando, literalmente, e olha que Lestat tinha a pele fria como gelo... decidi para de beber. Não queria estragar aquele momento. Aos poucos as pessoas pararam de existir ao nosso redor. Criamos um mundo só nosso no meio daquela pista. Seus olhos não desgrudavam dos meus. Nossas almas pareciam estar tentando tornar-se apenas uma.

          A cada movimento nossos corpos ficavam mais próximos, não que alguém ao redor pudesse perceber, afinal aquilo era uma boate. Nossos corpos mais próximos e nossos olhos mais profundos, eu sentia que ele poderia estar vendo minha alma realmente assim como eu estava vendo a dele, pena que ele estava usando uma lente de contato negra para esconder seus reluzentes olhos cor de rubi.

          Não havia mais como resistir, eu podia sentir um fogo queimando em minha garganta, como quando eu era meio-vampira. Quando ele passou os braços em minha cintura criando uma prisão ao redor de meu corpo percebi que esse fogo também o estava consumindo. Com um braço ele me puxou pela cintura para mais perto dele, nossos corpos ficaram colados, com a outra mão ele afagou meu rosto. Fechei meus olhos nesse momento para sentir o toque gélido de sua mão. Em seguida ele levantou meu queixo e então senti seus lábios tocando suavemente os meus e a cada instante ficando mais intenso.

          Meu mundo parou naquele momento. Sentir sua boca na minha foi a melhor sensação que eu já havia sentido na vida. Melhor até mesmo que sangue. Não queria que esse momento acabasse nunca, e realmente não acabou... rapidamente. Perdi a noção do tempo. Estava fora de mim. Em puro êxtase.

          O beijo foi ficando cada vez mais suave e ao sentir seus lábios doces e gélidos se afastarem dos meus abri os olhos. Ele me olhava profundamente. Como antes do beijo. Não ousamos pronunciar qualquer palavra para não estragar aquele momento.

          Continuamos ali na pista de dança. Agora ele não me soltava mais, sempre com os braços ao redor de minha cintura. Dançamos assim o resto da noite. Já era um domingo e eu tinha que ir trabalhar na segunda, então lá pelas 4 da manhã saímos da festa. Sei que 4 da madruga pode parecer tarde para uma menina que trabalha cedo no outro dia, mas antes de eu conhecê-lo eu nunca dormia mesmo então....

          Do lado de fora da boate a noite estava serena e fria, como eu gosto.

- Está com frio?- Ele me perguntou

- Não, está ótimo assim.

          Ele não poderia imaginar como eu gostava das noites frias que me faziam sentir em casa novamente. Ele parou enquanto caminhávamos em direção ao carro, segurou minhas mãos e me olhou nos olhos.

- Que bom, pois eu não iria deixar você se afastar um centímetro que fosse de mim. – E então ele me beijou. Agora um beijo menos ardente, mas mais apaixonado, mas intenso, não fisicamente, mas espiritualmente.

- Nem se você deixasse eu me afastaria de você. – Consegui dizer quando nossos lábios se separassem.

- Carlie... – Ele disse entre um beijo e um suspiro.

- Sim... – Respondi da mesma forma.

- Eu amo você! – Meu sorriso saltou de orelha a orelha.

           Eu não cabia em mim. Minha felicidade era monstruosa. Nunca pensei que eu pudesse sentir aquilo. Joguei meu braço ao redor de seu pescoço e o abracei fortemente.

- Eu também amo você Lestat. – Minha vontade era gritar, mas achei que sussurrar isso em sua orelha se adequava mais ao momento.

          Então o soltei do meu abraço e voltei a encontrar seu rosto, seus olhos, sua boca e sua respiração gélida. Então nossos lábios se encontraram uma vez mais.