_Pela manhã já pude perceber que o dia prometia. Acordei com dor de cabeça. Descobri que a adrenalina pode ser prejudicial a saúde. Sai cedo de casa. Bertha ainda não tinha chegado. Eu tinha muito trabalho a fazer no escritório. Decidi tentar fazê-lo antes que os rubis cegassem minha mente novamente.
- Gabriel!!!
- Fala coração.
- Me traga um café grande sem açúcar.
- Credo coração. Que amargura toda é essa?
- Apenas dor de cabeça. E são dois Vs. Hein?!
- Já volto.
- Bom dia Gabriel. – Johnny anunciou sua presença enquanto cruzava com Gabriel na porta da minha sala.
- Bom dia Sr. Sparrow.
- Carlie querida que cara é essa?
- Ela está tão ruim assim Johnny?
- Não diria que está ruim. Mas parece que a noite passada foi boa, hein?!
- Quem me dera. Tive uma noite ruim. E para terminar acordei com uma dor de cabeça infernal. AHHH!!! – Apertei o viva voz do telefone que dava para a secretária no térreo do prédio.
- O Gabriel já saiu?
- Está passando por aqui agora. Um minuto. – A secretária gritou seu nome.
- Que foi agora coração?
- Passa na farmácia e compra algo pra dor de cabeça também.
- Agora vou precisar de dois minutos.
- Não demora. – Me voltei para o Johnny.
- Fala a verdade Carlie. Ele é gay não é?
- Olha, eu acredito que sim, mas nunca vi nada.
- Tanto faz... tenho um convite, digo, uma intimação de comparecimento.
- Ai. – Gemi.
- Hoje vou levar a Jannet para jantar lá em casa. Uma pequena recepção. Você deverá estar lá às 7 horas da noite.
- Eu tenho mesmo que ir Johnny? O Sr. Sparrow é que é o seu pai.
- E você é minha irmãzinha linda lembra? Ou está me renegando?
- É claro que não. E se é tão importante assim eu vou.
- Também te amo Carlie. Te vejo a noite.
- Tchau Johnny. – Ele me deu um beijo no rosto e então saiu.
O dia foi como eu previ. Consegui trabalhar até que os olhos vermelhos dominaram meus pensamentos. A tarde se arrastou. Sai da Ypsis e fui para casa escolher uma roupa para o jantar de Johnny. Coloquei um vestido tomara que caia dourado. Sua saia era balone até a metade da coxa. E do busto à cintura era um corpet. Usei uma sandália de salto grosso também dourada. Meus cabelos estavam semi-presos. Resolvi fazer cachos.
Ainda faltavam 45 minutos para o jantar. Deveria ir para o meu laboratório. Mas eu não tinha cabeça para isso. Uma das coisas que eu aprendi sendo humana é que o álcool elimina as tensões. Era disso que eu precisava. Fui até o mini bar da sala. Peguei um litro de uísque, uma lata de energético, gelo e um copo de 500 ml. Comecei a derramar os dois ao mesmo tempo. Bebi dois copos daquele antes de sair de casa. Eu não tava completamente bem, mas eu estava mais alegre.
- Boa noite Sr. Sparrow.
- Boa noite Carlie. Enfim vou conhecer a doida que agarrou o coração do meu filho.
- Bem Sr. Sparrow, conhecendo seu filho imagino que não foi apenas o coração que ela já agarrou.
- Que cheiro é esse de uísque Carlie. Você bebeu?
- Só um pouquinho. O Sr. Falou uísque? Onde tem?
- Chega de bebida por hoje. – O Sr. Sparrow adorava dar uma de pai pra cima de mim, e eu sabia como convencê-lo.
- Ah pai, só um pouquinho?
- Certo, mas é só um pouco. Pegue lá no bar.
Foi o que eu fiz. Agarrei o litro de uísque, o gelo e o energético e encontrei um copo enormeeee.... O Johnny e a coisinha chegaram. Fui até a copa e coloquei o copo na mesa de jantar. Me encaminhei até a porta.
- Boa noite Jannet. É um prazer finalmente conhecê-la oficialmente.
- O prazer é meu. Jonathan sempre fala muito de você.
- Eu realmente espero que ele tenha mentido um pouco. – Pisquei com o olho direito para ela. Johnny me olhou feio.
O jantar se arrastou e eu só soltei o copo quando a bebida acabou. Assim que Johnny foi levar Jannet para casa eu fui embora. Resolvi ir andando. Eu tenho que confessar que pegar o carro bêbada daquele jeito era perigoso e a casa do Sr. Sparrow não ficava longe da minha. Depois de duas quadras o sono começou a bater. Me arrependi na hora de não ter pego o carro. Eu tava tonta. Deve ser por isso que acreditei estar tendo uma alucinação.
- Eu não entendo porque você se recusa a dar o valor merecido a sua preciosa vida Sta. Cullen. – Aquela voz era uma orquestra magnífica para os meus ouvidos.
- Me perseguindo Sr. Lestat?
- Pelo jeito você precisa de um guarda costas à noite.
- Meus pais lhe contrataram? – Ele riu. Eu adorei aquele som.
- Provavelmente pelo amor que eu tenho a minha existência é melhor seus pais nem sonharem que estou perto de você.
- Isso é verdade. – Tentei pular da calçada para a rua e me desequilibrei. Parecia uma criança brincando. Ele me segurou.
- Obriga... – Fui impedida de terminar a frase porque uma parte do uísque que eu havia bebido resolveu sair por onde entrou. Então eu desmaiei.