Amor Além Da Vida escrita por Isabelle Masen


Capítulo 1
Parte I


Notas iniciais do capítulo

Desculpem os erros de português! Boa Leitura!



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“ Amar é fácil pra quem tem coração. Difícil é esquecer pra quem tem memória”

Li em um outdoor enquanto andava de carro à caminho da casa de Bella.

Por quê eu me sinto tão interligado a essa frase? Estou doente. E estou em minhas duas últimas semanas de vida. Leucemia pode ser uma doença perturbadora e receosa, principalmente por quase todos os pacientes saberem quando será sua morte.

Saber que estou em minhas últimas semanas não foi tão aterrorizante pra mim. Durante esses últimos três anos, quando descobri que estava doente, passei a dar valor a pequenas coisas da vida, como uma simples ajuda a minha mãe nas compras ou uma tarde com os amigos. Eu fico feliz ao acordar de manhã sabendo que consegui fazer essas coisas, do contrário, estaria escondido na barra da saia da mamãe.

O que me incomoda é o fato de que algumas pessoas não vão se recuperar em minha morte. Quando eu descobri que estava doente, no hospital de meu pai, fiz ele jurar que não contaria a ninguém. Assim, pude aproveitar que meus amigos não me encaravam como um ‘pobre coitado’ e continuei sendo o cabeçudo doidão, como diz Emmett. Mas minha mãe... Eu não sei o que fazer com ela. Ela me ama muito, mais que sua própria vida, e temo que ela não se recupere. Ela e Bella.

Bella Swan é a garota mais linda do mundo, pelo menos pra mim. Namoramos seríssimo desde o fim de 2009, quando ela chegou no colégio. Ela é uma garota de 18 anos, mora com o pai separado, tem cabelos lisos meio enrolados nas pontas castanhos avermelhados como mogno até o meio das costas e seus olhos são belos, num tom de chocolate. Ela não se enxerga com a clareza que eu enxergo, pois vive se queixando de seus cabelos ou das ‘olheiras’ que diz ter. Eu até brinco, dizendo que ela fica acordada até tarde porque fica pensando em mim, mas não gosto de quando ela se mostra insatisfeita com sua aparência. Ela é como uma deusa pra mim. Perdê-la é o único medo que sinto com a morte que está por vir. Espero que, pra onde quer que eu vá, possa ver o brilho de seus olhos, ou ouvir a risada que ela dá quando eu falo algo engraçado.

Meu amor por ela é tão grande a ponto de eu desistir de fazer quimioterapia. Ela sempre disse que meu cabelo era a quarta coisa que ela mais gostava em mim, e também porque eu amo quando ela gruda os dedos neles quando me beija. É a sensação mais maravilhosa do mundo.

Não foi bem amor à primeira vista, porque, antes de eu descobrir estar doente, sempre fui “filhinho de papai”, como ela me descrevia. Eu vivia na cola das garotas e as usava como se fossem lenços descartáveis, até Bella aparecer naquela apresentação da escola com seus all-star desamarrados e seus cabelos caindo no rosto por causa de um coque bagunçado, que a deixa ainda mais linda, apesar de eu ter preferência por seus cabelos soltos. Nesse dia eu tentei ganha-la, mas o que eu sentia era mero desejo de posse, já que eu sempre dava “boas vindas” às novatas. Bella era uma garota difícil, vivia o tempo todo me criticando ou rindo da minha cara, e no dia que baixou a guarda, saímos e foi aí que o amor aconteceu. Eu me apaixonei. Um ano depois descobri estar doente, e passei a ficar com ela o tempo todo. Até tentei alugar um apartamento só pra nós dois, mas o pai dela nunca foi muito com a minha cara.

Quando finalmente cheguei no bairro de Bella, a vi parada na calçada me esperando. Sorri de imediato, acelerando um pouco mais o carro.

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--- Oi, mô – ela disse abrindo a porta, e olha que eu mal tinha aberto a porta do carro!

--- Oi, vida – sorri e a agarrei, beijando-a com vontade. Seus beijos mais intensos sempre são quando matamos a saudade.

--- Ai Ed, já disse que não gosto quando me chama assim – ela disse quando nos desgrudamos e eu retomei o volante, dirigindo pra minha casa.

            --- Por quê?

            --- É bonito, mas é... Sei lá, pra velhos – ela riu dando de ombros e eu não pude deixar de rir também.

            --- Você é tão moderna – falei bagunçando seus cabelos, fazendo ela bufar. Ri.

            --- E você é um chato.

            --- E eu amo você, sua pirralha – falei e ela sorriu.

            Assim, seguimos o trajeto até minha casa. Estacionei o carro na garagem e enquanto trancava o carro, Bella fitava o local.

--- O que é isso? – ela apontou pra uma lona preta que cobria minha VFR 1200X novinha.

--- Você gosta de velocidade? – falei erguendo uma sobrancelha com um sorriso torto, andando até a lona.  Bella me observou e ficou boquiaberta quando eu joguei a lona no chão, revelando a moto.

--- Meu Deus, Edward! – ela falou e veio pro meu lado, abraçando meu quadril – essa moto é perfeita!

--- Modéstia parte – assenti enlaçando meus braços em sua cintura e cheirando seus cabelos, enquanto ela avaliava a moto.

--- Ela é... é... – gaguejou. Ri.

--- Uma moto importada pra um cara de sorte – falei e ela riu, virando pra mim e colocando as mãos nos bolsos traseiros da minha calça.

--- Tão convencido – falou mordendo meu queixo.

--- Sou um cara de sorte tendo uma gata dessas na garupa, semana que vem, no Havaí – falei e ela uniu as sobrancelhas, processando o que eu tinha falado.

--- O quê? – me perguntou, confusa. Sorri e girei com ela, colocando-a deitada no capô do carro. Ela riu sem mostrar os dentes e colocou um dos joelhos pra cima, fazendo seu pé quase tocar meu quadril. Quando segurou minha nuca, franzi o cenho com os olhos quase fechados.

--- Eu tive um sonho ontem.

--- E foi comigo? – ela brincou e riu, bagunçando meus cabelos.

--- Claro que foi – falei e mordi sua bochecha enquanto ela ria – eu estava boiando em um mar bem azul, dando as mãos a você. Cara, você nunca esteve tão linda – suspirei e ela corou violentamente.

--- E...?

--- E o mar de Forks é muito gelado e não é tão azul quanto o do Havaí – falei – e você odeia a praia de Port Angeles. Então eu falei esse sonho pra minha mãe e ela convenceu meu pai a me dar essa moto e reservar uma pousada 5 estrelas em Kapaa, onde ficaremos por uma semana.

--- Não sei, Edward... E a escola? – ela falou, pensativa. Sorri e dei um beijo em sua bochecha, apoiando os cotovelos no capô do carro, aproximando meu rosto do seu.

--- Estamos de férias – falei e ela mordeu o lábio, meditativa.

--- E as nossas roupas?

--- Compramos no caminho – falei mordendo seu lábio inferior. Assim que o soltei, ela o mordeu novamente e me deu um selinho, sorrindo.

--- E meu pai? – falou erguendo as sobrancelhas, achando que venceria a batalha. Dei um beijo na ponta de seu nariz.

--- Eu convenço o meu a falar com o seu – falei simplesmente e ela pensou por alguns segundos.

Não aguentando mais olhar pra aquela boca rosada, moldei meus lábios nos dela, e o ritmo fluiu naturalmente. Suguei com delicadeza sua língua e ameacei me afastar, só pra provoca-la. Ela me prendeu com as pernas, cruzando-as em meus quadris, fazendo “meus documentos” darem sinal de vida. Encerramos o beijo com doces selinhos.

--- É difícil pensar assim – ela disse, ofegante e com um sorriso travesso nos lábios.

--- Eu acho mais divertido – falei e ela riu.

Depois de garantir a ela que tudo daria certo, ela acabou topando ir comigo. Eu ajudei – lê-se subornei – ela com meu charme irresistível. O resto da tarde se resumiu em nós dois, comendo sorvete de chocolate – o favorito dela – em minha cama, assistindo um filme de terror.

Uma semana depois...

A semana passou voando. Bella me ajudou todos os dias a aparelhar o motor da moto, pra que ela não falhasse na hora H. Esse meio tempo foi bem aproveitado, já que comíamos pizzas e ríamos das trapalhadas um do outro, ou até fazíamos amor.

Eu pensei em muitos modos de contar a Bella sobre minha doença, mas sempre que olho pra seu sorriso eu desanimo. Seria muita coisa pra ela. Ela ainda não superou a morte de seu último cachorro, quem dirá a morte do namorado.

Meus dias estão se acabando e eu decidi que contaria a ela na hora certa. Ela chegaria, e aí sim, eu me abriria com ela. Por enquanto, vou contar apenas pra meus amigos. Eles merecem saber.

--- Eu tirei 4,2 em matemática. Vamos brindar à isso! – Jasper disse, erguendo sua caneca de cerveja. Emmett, rindo e de olhos vermelhos, ergueu também e logo depois eu ergui a minha.

--- Eu vou morrer – falei na cara dura e eles se entreolharam, rindo.

--- Tirou menos que isso? Ei, garçom, uma dupla pro futuro finado! – Emmett gritou e os dois caíram na gargalhada.

--- A leucemia chegou no estágio final, vou morrer na sexta-feira – falei e o sorriso dos dois aos poucos foi parando. O garçom entregou minha dupla e eu dei uma golada tão grande que quase me engasguei. Jasper me olhava incrédulo e Emmett me pedia uma explicação com o olhar.

--- Eu tenho leucemia à três anos, não aceitei o tratamento quando ainda estava no início.  Não contei pra ninguém até hoje – falei e tomei mais um gole da cerveja.

(...) 5 minutos depois...

Emmett saiu do bar empurrando a porta com tudo enquanto Jasper continuava na mesa, chorando sem parar. Ele faz isso sempre que bebe demais.

--- Porque não contou, cara? – disse Emmett, entredentes, com os olhos vermelhos prendendo as lágrimas que queriam descer. Ele se encostou no capô do carro, de braços cruzados.

--- Porque não queria que me olhasse como está olhando agora – falei me encostando ao seu lado.

Jasper saiu do bar, por fim, segurando sua fiel garrafa de Brahma em uma das mãos. Ele se encostou ao lado de Emmett e tentou limpar as lágrimas.

--- Eu já perdi minha mãe – Emmett começou com a voz embargada – não quero perder outra pessoa que gosto – começou a chorar e Jasper o acompanhou. Respirei fundo e fiquei de frente pros dois.

--- Isso é meio gay – falei e os dois sorriram levemente pra mim, entre as lágrimas – e somos os três mosqueteiros, cara. Fomos amigos durante toda a vida, bebemos juntos, caímos juntos, sofremos juntos. Jasper, quando tínhamos oito anos você dirigiu sem saber dirigir pra o hospital quando eu torci o tornozelo – ele fungou – e Emmett, você tem uma cueca de oncinha e já tentou assediar uma senhora de 78 anos – falei e ele sorriu, olhando pro chão – somos fortes, caras. Enfrentamos qualquer parada!

Depois de uns 10 segundos quietos fitando o nada, eles me olharam.

--- Esta bem, brother – Jasper socou meu ombro – vamos curtir o máximo possível essa semana – disse com um sorriso torto – pra onde você quer ir? – franziu o cenho abrindo os braços – Brasil? Casa Branca? Conhecer a Angelina Jolie? É só falar! Essa semana vai ser inesquecível.

--- Na verdade eu vou viajar com Bella – falei quando parei de rir. Quando ouviu o nome dela, Emmett arregalou os olhos.

--- A Bella sabe?

--- Não, e por favor, não contem a ela, nem a minha mãe – falei sério.

--- Cara, é sua última semana! – Jasper disse.

--- Eu to pedindo isso. Não vão me trair, né, parceiros? – falei e Jasper pensou por alguns segundos. Emmett continuou fitando o vazio, imóvel.

--- Tudo bem – Jasper revirou os olhos – mas não podemos ir com você?

--- Eu quero passar um tempo a sós com ela – pisquei e Jasper apontou pra mim, sorrindo malicioso.

--- Nem com o pé na cova deixa de ser tarado, né seu cabeçudo? – falou e rimos.

Algumas cervejas depois, ficamos loucos. Já passavam das 3h40 da manhã quando paramos em frente a uma loja de tatuagens. Fizemos, cada um, nossas iniciais em nossas escápulas. Emmett insistiu pra que fossem em letras chinesas. Eles tatuaram J E E, que significa Jasper, Emmett, Edward. Eu coloquei J E E B, com Bella no final. Agora sim, eu tenho meus melhores amigos gravados em mim.

Saímos correndo da tatuadora e andamos pela rua. Paramos em frente a uma cabine telefônica. Meio cambaleantes, decidimos pegar um cartão telefônico que eu tinha guardado no bolso e cada um passou um trote. Em minha vez, liguei pra Bella e cantei a letra de Can't Take My Eyes Off You com os caras. Bella caiu na gargalhada e agradeceu a palhaçada, mas disse que eu precisava dormir, pois acordaríamos cedo pra viajar.

Depois que os caras foram embora, decidi não ir pra casa. Sou péssimo em despedidas e meus pais já sabem que estou indo viajar amanhã. Dirigi até a casa de Bella, cambaleante e quase dormindo na pista. Quando saí do carro, tropecei em meus próprios pés e quase adormeci ali na grama mesmo. Levantei e fui até a casa do vizinho, roubando algumas flores em um canteiro de rosas. Fui até a árvore que tem ao lado da janela dela e, com os caules das flores na boca, tentei escalar a porcaria da árvore pra fazer uma surpresa, afinal Charlie me mataria se me visse ali. Literalmente, já que ele é policial.

--- I love you baby, and if it's quite alright, I need you baby to warm the lonely nights – cantei depois que consegui entrar no quarto dela.

Tirei as flores da boca e a vi ali, dormindo tranquilamente com o celular em uma das mãos. Sorri involuntariamente e coloquei as flores na bancada ao seu lado. Desamarrei os sapatos e tirei meu casaco, deitando com cuidado ao seu lado. Ela se remexeu e deitou a cabeça em meu peito, mas não acordou.

--- Amor, amor, amo você... Edward...  – ela disse enquanto dormia. Ri contra seus cabelos, que estavam com o mesmo cheiro de morangos que eu adorava.

Dormi e, já que ninguém tem controle dos sonhos, acabei tendo pesadelos com minha doença.

(...)

Acordei ofegante e suando frio, pela primeira vez sonhei com minha morte. Olhei pro teto e depois vi que ainda estava ali, no quarto de Bella. Foi tudo tão real...

Ela dormia no calor dos meus braços e eu acordei sem saber se era real, ou se já havia chegado ao paraíso. Seja o que for, não importa. Cheirei mais uma vez seus cabelos macios enquanto ela ressonava tranquilamente.

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Olhei pro meu relógio de pulso e já marcavam 5h30min.

Ela dormia tão tranquilamente que dava pena de acordar.

Coloquei um travesseiro em seus braços, pra ela pensar que ainda estava em meu peito e levantei com cuidado, indo até seu guarda-roupa. Por sorte, tenho algumas camisas aqui, já que dormi aqui algumas vezes.

Depois de colocar a roupa que iria, tentei acordar Bella. Sentei ao seu lado e cutuquei seu ombro. Ela se remexeu, mas não acordou.

--- Bella, acorda – falei e ela murmurou alguma coisa que eu não entendi – vida, acorde – tentei mais uma vez e ela abriu os olhos vagarosamente.

--- Edward? O que faz aqui? – falou abrindo os braços e se espreguiçando. Os olhos semiabertos. Linda, até quando acorda.

--- Vim te buscar pro Havaí – falei sorrindo e afagando sua bochecha com o polegar.

--- Que horas são? – ela disse unindo as sobrancelhas.

--- Vai dar seis horas – falei e ela franziu o cenho, sentando na cama. Quando me aproximei pra beijá-la, ela se afastou franzindo os lábios  e sorrindo um pouco.

--- Mau hálito matinal – ela disse e eu ri.

Enquanto ela se arrumava, peguei uma foto dela que estava em uma gaveta e guardei em meu bolso.  Peguei as flores na bancada, ela ainda não tinha visto elas aqui.

--- Como entrou aqui? – ela disse enquanto escovava os dentes.

--- Pela janela – gritei de volta.

--- Ah, você não abusou de mim, né? – brincou.

--- Não, mas só porque você estava falando meu nome enquanto dormia – falei e ri quando ouvi um forte barulho do vidro do box do banheiro e um palavrão de Bella.

--- Ah, que vergonha! – ela disse baixo o suficiente pra eu escutar.

--- Não esquenta, eu guardo segredo – falei e ela riu alto.

--- E você? – disse e ouvi ela trombar com a porta do banheiro, provavelmente colocando a calça – sonhou comigo?

Então me lembrei do sonho, flashbacks fortes invadiram minha mente.  Eu, chorando, me debatendo em um lugar escuro até o ar sumir de meus pulmões e meus olhos pesarem mil toneladas. Os gritos, choros, as agonias e os pedidos pra que eu ficasse todos em vão. Suspirei.

            --- Agora sim – ouvi a voz de Bella que já estava me abraçando pela nuca. Sorri e rosnei, a virando rapidamente e a jogando na cama. Ela riu contra minha boca e depois tomei seus lábios.

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         Depois disso fomos pro meu carro e eu dirigi até minha casa. Quando entramos na garagem, demos de cara com minha mãe, nos esperando.

--- Mãe? – falei quando ia saindo de dentro do carro. Bella, tímida, ficou atrás de mim enlaçando seus dedos nos meus. Minha mãe sorriu pra nós.

--- Achava mesmo que iria sem se despedir de sua mãe? – brincou – e você, Bella? Não vai falar comigo?

Bella, como um animal indefeso com medo, saiu lentamente de trás de mim e sorriu pra minha mãe, que foi até ela e a abraçou forte.

--- Cuide de meu filho, mocinha – falou e eu revirei os olhos.

--- Deixa comigo – ela piscou e me olhou. Dei um sorriso torto.

--- E você, concertou a moto? Já tomou café? Dormiu aonde? Ligou pra sua tia?  - ela me entupiu de perguntas, vindo me abraçar. Bella prendeu o riso enquanto ia pegar os capacetes.

--- Também te amo e também vou sentir saudades, mãe – falei quando a abracei forte. Ela riu contra meu ombro.

Mal sabia ela que eu estava falando aquilo literalmente. E aquilo seria uma despedida, não só pro Havaí, mas pra minha morte. Avistei meu pai de roupão e calças xadrez me fitando na porta que dava pra entrar em casa.

Dei um beijo na testa de minha mãe e fui falar com meu pai, que dava um sorriso triste.

--- Tem certeza de   que não quer ficar? – ele disse enquanto abria os braços pra me abraçar.

--- Tenho, pai. Eu quero passar meus últimos dias com a garota que amo – falei convicto e lhe dei um abraço forte. Meu pai me abraçou com muita força, pois sabia que eu não voltaria da viagem.

--- Eu te amo, filho – ele disse com a voz embargada. Fechei os olhos com força, apreciando o momento.

--- Eu também te amo, pai. Não esqueça de mim – pedi e ouvi um choro da parte dele.

--- Andem logo, vão se atrasar – minha mãe disse me puxando pelo braço.

           

            Depois de mais algumas palavras de despedida, Bella sentou na garupa e me abraçou pela barriga, colocamos os capacetes e seguimos viagem.

            --- Mô, quando vamos comer? – perguntou-me Bella com dificuldade por causa do vento.

            --- O que você quer comer, vida?

            --- Um Mc Donalds – ela disse.

            Paramos no drive thru da Mc Donalds e ela pediu dois sundaes de chocolate.

            Tivemos que parar pra comer no estacionamento mesmo, já que não dá pra comer em uma moto.

            Bella encostou-se na garupa da moto enquanto tomava seu sundae. Fiquei de frente pra ela.

            --- Posso provar do seu? – ela perguntou e eu ergui uma sobrancelha – É que a vaca da mulher colocou flocos no meu.

            --- Você já terminou de comer seu sundae – falei vendo o copo vazio e ela me sorriu.

            --- Deixa então eu dar na boquinha do meu namorado – ela disse já tomando o sundae de minhas mãos. Balancei a cabeça rindo.

            Primeiro ela pegou uma colher enorme e comeu, depois fez um bigode ao tentar beber o sundae. Ela apertou os olhos e baixou a cabeça.

            --- Ah, que gelo! – ela disse levantando a cabeça com o cenho franzido. Lambi seu bigode de baunilha e ela abriu um olho pra me fitar.

            --- Seu bigode é delicioso – falei e ri quando ela corou.

            --- Não prefere me beijar? – falou piscando olhando pra minha boca e me agarrou. Tentei pegar sua língua, mas ela estava pegando todos os vestígios de sundae de minha boca. Rimos durante o beijo.

            --- Menta com baunilha e chocolate, delícia! – ela brincou e riu.

            --- Engraçadinha – enquanto ela ria coloquei uma grande quantidade da calda de chocolate do sundae em minha mão e passei acima de sua boca, sujando-a.

            Ela cerrou os olhos enquanto eu ria e me deu um selinho, fazendo a baunilha passar pra minha boca, formando um bigode. Ela caiu na gargalhada.

            --- Agora pode me chamar de vida – disse colocando as mãos na barriga, de tanto rir. Limpei meu bigode com a língua e a agarrei por trás.

                        Ela virou rapidamente e me beijou com ferocidade. Sua língua moldava-se na minha numa dança sensual em nossas bocas. Ela enfiou os dedos nos cabelos de minha nuca, meu lugar preferido. Enlacei meu braço em sua cintura e ela levantou sua coxa quando eu a coloquei na parede mais próxima, grudando-a em meu quadril. Apertei sua coxa e ela soltou um gemido abafado. Suguei seu lábio inferior e ela riu.

            --- Olhem só pra isso! – Bella sobressaltou assustada quando ouviu uma voz feminina e me empurrou bruscamente pro lado.

Mordi os lábios tomando pra mim todo o sundae que passou da boca de Bella pra minha e ela ficou ao meu lado, encarando uma mulher ruiva e gorda com seu filho, um garoto de boné azul e um brinquedo do Mc lanche feliz na mão. Os dois estavam com expressões bestificadas.

--- Vocês não tem vergonha? Isso é uma lanchonete infantil! Tem crianças no parquinho – ela apontou pro lado do posto, onde tinha um parque de diversões fechado, mas já com uma grande quantidade de crianças na porta – e vocês ficam aí se agarrando! – a mulher virou as costas, tomando a mão do menino, que olhava pros seios de Bella. Fiquei imediatamente na frente dela.

--- Ou façam, mas vão pra um banheiro ou pro mato, e... – ela saiu resmungando. Virei-me pra Bella e ela só faltou explodir em uma gargalhada gostosa de ouvir.

--- Que feio, mô. Agarrando uma mulher na porta de uma lanchonete “infantil” – disse fazendo aspas com os dedos.

--- Você que provocou – pisquei e sentei na moto, colocando o capacete e dando duas batidinhas no fundo pra que Bella sentasse.

--- Mas quer saber? O proibido é mais gostoso – ela disse e ambos gargalhamos. Depois que ela subiu, cruzou as pernas em posição de índio, enlaçando-as em meu quadril.

--- Bella... Isso não se faz... – sussurrei de olhos fechados e com a cabeça tombada pra trás.

--- Mas é tão divertido – sussurrou de volta.

--- Não me faça ter que parar no meio do caminho – ela caiu na gargalhada e me deu um beijo na bochecha.

--- Tudo bem – falou tirando as pernas do meu quadril. Abri os olhos e imediatamente olhei pra ela, confuso – que foi? Vamos parar na Califórnia de qualquer jeito, né? – deu de ombros. Sorri e mordi seu queixo, depois liguei a moto e seguimos viagem.

8h Depois...

Passagens:  Seattle, Portland, Oregon, Nevada.

Estados que faltam para chegar na Califórnia: Nevada, Sacramento, Fremont

Senti Bella quase soltar um dos braços de minha barriga e sua cabeça desceu lentamente. Freei a moto bruscamente na estrada vazia e ela acordou, desnorteada.

--- Quer dormir? – perguntei chutando a trava da moto, fazendo ela ficar em pé. Bella assentiu, manhosa e com os olhos quase fechados. Ela me estendeu os braços como um bebê e eu ri.

Ela levantou e eu sentei na garupa, colocando ela sentada de frente pra mim. Ela passou as pernas e as cruzou no meu traseiro, deitou a cabeça no vão de meu pescoço e eu tirei seu capacete.

Depois de colocar seus cabelos pro lado e prender o capacete na lâmpada traseira da moto, dei a partida, e conduzi a moto sem dificuldades.

Já estava a 120km/h com Bella ressonando tranquilamente em meu pescoço. O vento forte que batia em nós já não era mais tão incomodante.

Eu sentiria falta disso. Do calor do corpo de Bella, do cheiro de morangos silvestres do seu cabelo, do seu rubor natural e de sua voz. Pra onde quer que eu vá, espero que a imagem dela continue em minha mente. Não quero esquecê-la, assim como não quero que ela me esqueça. Isso que sentimos um pelo outro é muito forte pra ser esquecido.

2h Depois...

Sunset Beach, Califórnia -  2h Antes do Pôr do Sol

--- Bella, acorde – falei apertando o freio da moto, que estava duro de sair, fazendo a moto atrasar 50 segundos desde que apertei o freio.

--- Hm? – ela disse com a voz manhosa.

--- Estamos na Califórnia – falei e ela abriu os olhos vagarosamente. Ela piscou algumas vezes quando viu que estávamos na praia.

--- Vamos surfar! – ela disse animada tentando sair de meus braços. A abracei com mais força.

--- Não está esquecendo de nada? – falei antes de me aproximar de seu rosto. Ela desviou e se levantou.

--- Estou guardando o melhor pra daqui a pouco – ela piscou, me puxando pelo braço pra abrir a mala da garupa da moto. Suspirei, insatisfeito – anda, vamos comprar umas roupas de surf e vamos pegar uma onda! – disse tão animada que revirei os olhos, indo atrás dela. Tranquei a moto e ela me arrastou pra loja de turismo que tinha ali.

Entramos e Bella não me deixou sair de perto dela. Me arrastou pra parte feminina e pegou uns 10 biquínis todos de uma vez, indo pro provador e me empurrando em um banco que tinha ali.

Não é que eu achasse chato sair com Bella, é só que eu não a beijo à duas horas. Que droga!

--- Mô, me ajuda aqui – ela me chamou e eu levantei e fui até a cortina, abrindo-a e pegando o laço do biquíni que estava solto. Amarrei-o delicadamente e ela virou-se pra mim, erguendo uma sobrancelha com um sorriso tímido.

--- Gostou desse? – falou e deu um giro.

--- Ficou perfeito em você – pisquei e ela mordeu o lábio inferior.

Merda!

--- Vou levar esse, e você? Vamos escolher uma sunga – disse e saiu do provador com o biquíni mesmo, me empurrando até a parte masculina. Suspirei com raiva quando todos os homens pararam o que estavam fazendo pra ver Bella andando com aquele biquíni.

           

            Quando entramos no provador, abri a cortina novamente e mostrei o dedo do meio pra todos eles.

            --- Eu escolhi essa bermuda aqui, vi uma parecida quando dormi na sua casa... – disse corando e me entregou a bermuda preta de tactel. Sorri pra ela, malicioso.

            --- Vai me ajudar a colocar? – falei e ela corou mais ainda, colocando um boné que estava no gancho do provador no rosto pra tentar se esconder. Ri.

            --- Gostei da ideia – disse piscando e me ajudou a tirar a camisa, mordendo o lábio inferior.  Sorri e rosnei, assim que ela tirou a camisa a agarrei e a pressionei contra a parede do provador, mas me assustei quando senti que Bella caía pra trás.

            --- Ahh! – ela gritou, assustada, me abraçando com força enquanto caía pra trás.

            --- AAAAAHH!!! – outros homens que estavam nas outras cabines gritaram quando o retângulo de provadores caiu torto pro lado.

            --- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – o gerente apareceu, com uma veia saltando de sua testa. Olhei pra Bella e ela escondia o rosto em meu peito, envergonhada.

            --- ISSO NÃO É UM MOTEEEL! – o homem gritou, emputecido com os olhos arregalados e vermelhos. Levantei de supetão e ajudei Bella a se levantar, ambos estávamos constrangidos.

           

(...) Uma hora e cinquenta minutos depois...

Compramos o biquíni, a bermuda e duas pranchas de surf e saímos daquela loja de loucos. Sentamos na calçada da praia, esperando o pôr-do-sol.

Tomei a liberdade de comprar um champanhe e um fondue de queijo, afinal não tínhamos comido nada. E Bella queria que depois do desastre do provador tivesse uma surpresa que fizesse o dia valer a pena.

--- Você lembra da cara dele? Parecia um cachorro raivoso! – disse rindo mostrando os dentes perfeitos, sua boca estava meio avermelhada com o champanhe e ela estava com o humor bem mais solto.

A flor que eu lhe dei estava em seus cabelos, que voavam em ondas naturais com o vento. O som da sua gargalhada era tão contagiante que tive que rir também.

--- Isso é culpa sua, você tentou me espionar – falei fazendo biquinho e ela balançou a cabeça, arrebitando o nariz, sem abandonar o sorriso de orelha a orelha.

--- Eu? Eu estava te ajudando a tirar a camisa, você que me agarrou, sr. Tarado! – ela me deu língua e eu dei a minha também.

--- Você sabe que tenho um fraco por morenas, especialmente quando se chamam Isabella Swan – pisquei e ela corou violentamente. Ri com isso.

Ela tomou um gole do champanhe.

--- Você já veio à Califórnia? – perguntei, já que ela

--- Uma vez – ela deu mais um gole no champanhe – eu estava em uma excursão de escola sobre o Oceano Pacífico...

--- E? – incentivei ela a continuar.

--- E foi uma droga – ela riu olhando pra um coqueiro distante de nós, relembrando – eu morri de dor nas costas. Fiquei duas horas com um termômetro, um pedaço de madeira e uma máquina agachada só com os pés na água. O calor era infernal, meus colegas reclamavam o tempo todo. Eu só permaneci ali pra observar os surfistas encararem a água.

--- Tarada – brinquei, sorrindo.

--- Não! – ela riu, constrangida – é só a empolgação deles ao surfarem. Sabe como é, a energia que eles emanam quando vão encarar as ondas. Eles sabem que é perigoso encarar o desafio, mas vão, e isso pra mim é uma forma de amor – deu de ombros, e me senti conectado como nunca à simples explicação dela. Fitei meu copo, pensativo.

--- Fico feliz em saber que estou realizando um sonho seu – dei um meio sorriso e ela corou, pegando timidamente na minha mão e enlaçando seus dedos nos meus. Ela deu um sorriso tímido, que a deixava ainda mais linda.

--- Olha lá! – ela apontou pro horizonte, empolgada. Olhei e lá estava o pôr-do-sol. Bella engatinhou pro meu lado, já que estávamos separados por uma pequena toalha branca que sustentava o vinho e a fondue.

Ela sentou entre minhas pernas, deitando a cabeça em meu peito e segurou minha mão. Acariciei seu braço com a mão livre e vimos o pôr-do-sol. Ou pelo menos ela via.

Ver sua reação, pra mim, era ainda mais impressionante e mais radiante que qualquer sol, lua ou mar que existissem.  Um sorriso surgiu lentamente em seus lábios rubros pelo vinho, e seus olhos brilharam com uma intensidade vultosa. Suas mão pequena e macia ainda estava na minha. Fiz círculos invisíveis com o polegar nas costas de sua mão, mas nada a distraía. Fiquei com inveja do sol por um momento. Dei um beijo em seus cabelos, e ela nem sequer respirou. Ela estava estática, nem sequer piscava. Então tive uma ideia.

Não haviam muitos homens na praia, então desamarrei a parte de cima de seu biquíni, fazendo ela sobressaltar segurando os seios.

--- O quê? Ei! – ela disse, voltando a realidade. Ri e levantei, correndo pela areia – volta aqui!

Ela disse rindo e vindo atrás de mim, com uma mão pra trás.

Parei de correr derrepente e ela se bateu comigo, e ambos caímos embolando até as ondas amenas do mar. Ela ficou por cima de mim, e não pôde deixar de rir com a queda. Ri e tirei uma mecha de cabelo de seu rosto, e quando me aproximava para beijá-la ela colocou a mão em minha cara, e estava cheia de... FONDUE!

--- Bella! – reclamei fechando os olhos, deitando a cabeça novamente na areia.

--- Você provocou – disse lambendo o fondue de minhas bochechas fazendo uma trilha até o canto de minha boca. Mordi os lábios, reprimindo a vontade de pegá-la no colo e correr pras quatro paredes.

Ela levantou de cima de mim e limpou a areia de si, indo de volta para a calçada. Levantei sem fazer barulho e tirei o resto do fondue de minha testa, jogando em suas costas.

--- Você provocou – repeti suas palavras e ela virou pra mim.

            --- Nunca vai me pegar – disse fazendo uma careta e correu de mim. Ri e fui atrás dela, meus dedos tocaram o laço de seu biquíni duas vezes, mas a maldita corria cada vez mais rápido.

            --- O que eu ganho se te pegar? – perguntei ofegante enquanto ainda corria.

            --- Três desejos – ela gargalhou e eu revirei os olhos, rosnando e aumentando a velocidade. Agora sim é que eu a pegaria. Literalmente.

            Quando finalmente alcancei o laço de seu biquíni, o puxei e ela parou de correr, me fazendo bater com ela. Mais uma vez caímos no chão, mas a abracei contra mim, porque a peça voou no mar.

            --- Edward... – ela sussurrou, mudando de cor.

            --- Merda... – murmurei e quando vi, a peça já estava sendo levada por uma onda.

            --- E agora? – ela sussurrou.

            --- Vamos pegar o biquíni de volta, claro – falei.

            --- O que...  Edward! – ela disse quando comecei a rolar com ela pra dentro da água.

            --- Prende a respiração! – falei antes de entrarmos dentro da água. Ela me puxou pra si e eu a soltei, saindo de baixo da água e fui mergulhando procurando a maldita peça.

            Assim o sol se pôs, finalmente.

            Recuperei a peça de Bella e a ajudei a colocar, disfarçadamente, já que uns moleques que saíram de sei lá aonde começaram a nos observar, e Bella já estava ficando incomodada.

            Quando coloquei a peça de volta, tentei agarrá-la, mas ela mergulhou, se desviando de meus braços e foi até a calçada em que estávamos, pegando as duas pranchas, meio desajeitada com o peso.

            --- Tem coragem? – ela piscou pra mim e eu revirei os olhos, pegando uma das pranchas.

            --- Coragem? Eu vou é lhe mostrar como se faz – falei, mas na real nunca tinha montado nessa coisa. Ela ergueu uma sobrancelha, sugestivamente.

            Passei em sua frente e respirei fundo.   Posicionei a prancha, coloquei o velcro preso em meu pé e tentei subir, e é claro que caí antes mesmo de colocar os dois pés na prancha. Bella caiu na gargalhada. Pirralha!

            --- Agora eu tenho certeza de como não se faz – ela riu, me ajudando a levantar – agora sai da frente amador, deixe espaço para os profissionais – piscou e saiu em minha frente, rebolando. Mordi os lábios e dei uma tapa estalada em sua bunda. Ela deu uma batida nos cabelos.

            --- Depois você reclama que sou eu que começo – falei e ela deu de ombros, fazendo uma careta. Ela prendeu o velcro no pé e apontou a prancha pra superfície. Quando uma onda se aproximou, ela colocou os joelhos no centro da prancha num movimento rápido e quando ela ficou na crista, ergueu os braços e tentou se equilibrar. Tentou? Ela conseguiu! E pro meu azar, os moleques estavam tirando com a minha cara.

            --- Deixando uma mulher fazer serviço de homem? – um deles debochou. Eles aparentavam ter 13 ou 14 anos.

            --- Façam melhor então, pirralhos – falei e mostrei meu gentil dedo do meio e meu melhor sorriso falso. Eles fizeram uma careta.

            Fodam-se esses moleques. Uma deusa grega está deslizando graciosamente na crista da onda e eu estou perdendo tempo discutindo.

            --- Eu consegui! Você viu só? – ela veio correndo até mim, empolgada. Sorri sinceramente pra ela e passei um braço por seu pescoço.

            --- Você foi incrível! E eu aqui pensando que você ia amarelar com medo de tubarões – falei e ela riu.

            --- Que bom que achou incrível – ela disse pegando a mão que estava em seu pescoço – porque agora é você que vai aprender – mal arregalei os olhos e ela passou meu braço de seu pescoço para a prancha, em um movimento rápido. Coloquei a outra sobre a prancha também, quase caindo.

            Ela me ajudou a prender o velcro e eu bufei.

            --- Tem certeza que quer fazer isso? O sonho é seu, não meu – falei e ela balançou a cabeça negativamente.

            --- Pois meu novo sonho é surfar com você. Encara essa? – falou e eu revirei os olhos. Ela fez sua melhor cara de cachorro pidão e eu cedi, bufando. Ela sorriu em contentamento.

            --- Como eu faço isso? – perguntei a contra gosto. Ela se aproximou de mim e me virou pela barriga, me colocando de frente pra superfície.

            --- Precisa focar nas ondas e confiar em seu corpo. Quando a onda vier, você... – ela explicava mais eu nada ouvia. Ela fica tão linda quando está concentrada que perco o juízo.

            --- Vai, agora! – quando percebi, ela já estava há cinco metros afastada de mim, e a onda já tocava o fundo da prancha.

Sem saber o que fazer e totalmente desnorteado, coloquei as duas mãos na prancha e mexi as pernas rápido demais, fazendo o fio do velcro enrolar minhas pernas juntas. Quando tentei colocar um pé na prancha, o outro foi puxado pra baixo e eu gemi alto com o susto. Tive que prender a respiração enquanto a prancha ia pra frente sem ninguém em cima dela. Mesmo debaixo d’agua, dava pra ouvir a risada dos moleques.

--- Edward! Você não ouviu nada do que eu disse? – falou Bella vindo me ajudar a levantar. Os moleques ainda riam.

--- Eu... Não – abaixei a cabeça, coçando a nuca. Ela suspirou e me puxou de volta pro local que estávamos, e quando o mar cobria seu quadril, ela me mandou tentar denovo.

(...) 15 Minutos depois...

            --- Vai, Edward! – Bella gritou pela milésima vez.

            Ela está mesmo determinada a me ensinar.

Eu já tomei todas as quedas possíveis com essa droga de prancha; já me enrosquei no velcro, já esqueci o velcro, já fui pro lado errado, já atropelei um moleque atrevido que tentou passar a mão em Bella – isso foi proposital – e já surfei de baixo d’agua com a prancha submersa. Quase até mesmo atropelei Bella, e acabei batendo a boca na prancha tentando desviar. Mas pelo menos fui bem recompensado, já que Bella me beijou pra evitar que infeccionasse.

            Os idiotas dos garotos estão em grupinho, me vaiando e aplaudindo Bella. Projetos de tarados mirins.

            Segurei firme a prancha com a mão esquerda e joguei a direita pro outro lado, dando impulso pra cima e dei um pulo, subindo na prancha com habilidade. Fiquei agachado na prancha e quando olhei pro lado...

            --- CUIDADO! – Bella gritou e depois engoli água. Droga de prancha, eu deixo ela em uma posição e ela vai pra outra de repente.

            Derrapei pro lado e Bella tentou me segurar puxando meu ombro, mas a onda estava tão forte que ela cambaleou junto comigo. Ela me abraçou forte, protegendo o rosto em meu peito, com medo de ser atingida na cabeça pela prancha.

Quando a onda do terror acabou, ajudei-a a levantar.

--- Foi um bom começo – ela me sorriu – só precisa ir pro lado certo – ela piscou e eu sorri. Quando me aproximei de seu rosto e ela finalmente fechou os olhos, ouvimos:

--- Como pode fazer isso com a moça? Quer mata-la? – os moleques se aproximaram de nós, protestando contra minha falta de habilidade. Bella se afastou de mim pra pegar a prancha.

--- Olha aqui, ninguém pediu a opinião de vocês! Vão pra casa crescer, pirralhos idiotas – falei estressado. Um pirralho moreno dos olhos verdes passou na frente de sua corja e colocou as mãos pra trás, empinando o nariz.

--- Nós chegamos a conclusão de que você não é a companhia ideal pra garota – disse se achando o próprio. Eu, que estava agachado com a água até o pescoço, me levantei ficando quase o dobro de tamanho do garoto.

--- E o que vai fazer sobre isso, moleque idiota? Vai me bater? – falei piscando, zombeteiro.

(...)

--- Saiam de mim, seus canibais! – berrei enquanto o loirinho mal encarado ainda tentava me afogar. Droga, não posso bater em crianças e elas podem me bater?

--- Ei, saiam daqui! – ouvi a voz de Bella e me levantei bruscamente, jogando o loirinho do outro lado da praia.

--- Prontinho vida, vamos? – falei pegando sua mão e indo pra fenda entre a parte funda e a rasa do mar, enquanto Bella vinha atrás de mim, me observando sem conseguir falar nada. Agora sim eu provaria pra aqueles moleques desgraçados que eu sei surfar.

--- Você...

--- Eu sei o que fazer! – falei decidido – suba na sua prancha, vamos surfar juntos – falei com um meio sorriso e ela sorriu empolgada, correndo até a areia pra pegar sua prancha.

--- Observem, pirralhos – falei pros idiotas que já tinham pegado algas até do quinto dos infernos pra me vaiar.

--- Tomara que caia, retardado! – um deles gritou e eu resolvi não falar nada. Bella se aproximava e eu coloquei o velcro no pé. Peguei sua mão e a ajudei a subir na prancha.

--- Tem certeza que quer fazer isso? – me perguntou preocupada. Já estávamos os dois em cima das pranchas, não seria agora que eu iria desistir. E vou aproveitar um pouco da sorte que tive em subir na prancha.

--- O que eu ganho com isso? – repeti as palavras que disse mais cedo e ela riu.

--- Vejamos... – falou pensativa – mais um desejo extra – ela piscou  e mordeu os lábios. Arfei, totalmente satisfeito.

Quando a onda se aproximou, procurei me concentrar na posição dos meus pés e segurei a mão de Bella com mais firmeza.

A crista da onda já estava alcançando a parte traseira da prancha de Bella, e a mesma se levantou lentamente, esperando por mim.

Por fim, ergui um joelho pra cima e coloquei o primeiro pé pra frente, mantendo um equilíbrio milimetricamente perfeito entre a parte frontal e a traseira da prancha. Quando a onda começou invadir meus pés, a furei com o pé pra frente, fazendo Bella me encarar orgulhosa e sorridente.

--- Você conseguiu! – ela disse, empolgada, tentando manter o equilíbrio ao tentar me beijar.

--- Eu tive uma ideia – pisquei e ela parou com o biquinho no ar, com uma interrogação na cara.

Quando a onda estava se tornando pequena, a puxei pra mim e ficamos ambos juntos em minha prancha. Ela ficou de costas pra mim, colada com meu corpo enquanto mantinha o equilíbrio de nós dois na frente da prancha. Segurei firme sua cintura e coloquei um pé pra esquerda, virando a prancha para que ela continuasse submersa na crista da onda.

--- Incrível! – ela disse, abobalhada com a manobra rápida.

--- Você é incrível – sussurrei e ela deu um pulo rápido, virando pra mim e tomando meus lábios.

Sua boca estava meio salgada por conta da água do mar, mas não deixava de ser deliciosa. Nossas línguas moviam-se tão sensuais quanto o movimento das ondas rasas na superfície da areia. Bella sugou minha língua e passou um pé pra trás do meu, roçando nos pelos da minha perna, fazendo os mesmos se arrepiarem. A minha mão que estava em sua cintura apertou ela levemente, enquanto eu lambia seu lábio inferior. Isso fez os pelos de seu braço se eriçarem. Sorri com isso.

Mas perdi o controle quando ela enlaçou os dedos de sua mão em minha nuca, acariciando meus cabelos e me puxando mais pra ela. Como um gatinho manhoso, amoleci e fomos de encontro ao mar.

Quando saímos de baixo d’agua, ela sentou em minha perna, com os braços em volta de meu pescoço.

--- Tinha até esquecido que estávamos numa prancha – confessei sorrindo e passando uma mão em meus cabelos, que estavam colados em minha testa, fazendo-os ficarem arrepiados como sempre. Minha outra mão rodeava sua cintura. Quando baixei a mão da cabeça, ela me puxou mais pra si com os braços que estavam em meu pescoço.

--- Eu te amo – ela ergueu as sobrancelhas, sussurrando contra meus lábios.

--- Eu te amo – falei, recíproco. Tomei seus lábios em mais um beijo tão intenso quanto o outro.

E, assim, a noite caiu e lá estávamos nós, namorando sob a luz da lua crescente. Até os pirralhos foram embora, putos da vida e cheio de algas marinhas nas mãos.

Dia 1 para Bella – 5 Dias Para Edward

Bella dormia tranquilamente em meu ombro enquanto o navio meridiano cruzava o mar a caminho do Havaí.

Observar as ondas calmas do oceano me deixou zonzo. Embora eu tivesse uma paixão quase obsessiva pelo ar marinho, estava ficando com náuseas. Uma dor de cabeça insuportável me atingiu, me obrigando a fechar os olhos com força e levar uma mão à testa.

Meu celular vibrou no bolso e eu o peguei, com os dedos da mão tremendo bastante, como se eu estivesse tendo uma convulsão. Afastei a cabeça de Bella de meu ombro e coloquei-a delicadamente no travesseiro. Ela se remexeu, mais não acordou.

Levantei da minha poltrona e andei até a parte de fora do barco, observando o mar à minha volta.

--- Alô? – falei apoiando o braço no ferro do corrimão.

--- Edward! Filho, como você está? – perguntou meu pai, receoso.

--- Morrendo de dor de cabeça, e meus dedos tremem como se eu tivesse tomado adrenalina na veia – falei com os olhos semiabertos fitando a mão livre.

--- Eu dei uma analisada nos seu último exame antes de...- hesitou - De entregar seu nome para o necrotério que você doará seus órgãos, e você sentirá fortes dores de cabeça, boca salivante, sonolência constante, cansaço crônico após desmaios, pequenas petéquias no pé e epistaxe nasal – explicava e eu sentia meu cérebro rodar. Minha cabeça ficava mais leve e meus sentidos não respondiam mais aos meus comandos. Tentei voltar para a poltrona, e ainda cambaleante, consegui sentar.

--- Tem algum... Remédio? – falei revirando os olhos, balançando a cabeça, quase inconsciente. Uma dor forte no abdômen me atingiu como um soco no estômago.

-- Não, filho... Posso mandar um para as dores de cabeça, e um banho gelado pra baixar a febre, mas quanto ao resto é fundamental para a sua morte – fechei os olhos quando ele pronunciou a palavra “morte”.

--- Pai, por favor... Tente não falar a palavra “morte”, porque eu vim pra cá com a Bella pra viver meus últimos dias... Não quero pensar que morrerei, nem mesmo estou contando os dias – falei tentando dar humor à meu argumento, mas não esbocei sequer um sorriso. Meus músculos do rosto estavam doloridos e fracos pra qualquer esforço, como uma câimbra.

--- Tudo bem, eu também me sinto desconfortável falando que você vai... – pigarreei antes de ele proferir a tal palavra – vai pro acampamento. Principalmente quando você foi apenas de carro. Se você se... Se perder, eu não sei como dirigir o seu carro.

--- Pai, eu confio em meu carro. Ele pode parecer complicado de mexer, mas é inteligente o bastante pra ligar os motores e voltar pra casa. Só preciso garantir que ele voltará em segurança – me referi a Bella, olhando pela janela do barco onde ela estava com a cabeça deitada.

--- Eu confio em você, filho. E admiro você, por não só ter decidido ir dar uma volta com seu carro antes de ir pro acampamento, mas também pelo seu amadurecimento. O problema é que não tenho coragem de explicar a todos como você se perdeu, e o pior: que eu sabia o tempo todo.

--- Em meu quarto – engoli em seco – dentro da cômoda, tem um mapa explicando todas as rotas da floresta. Todos saberão por que me perdi, não vão cair matando você só por ter pagado o acampamento também.

--- Tudo bem... Eu ligarei mais tarde pra ver como você está. Qualquer coisa pode me ligar, Edward. Eu amo você.

--- Também te amo, pai – desliguei o celular com a visão embaçada, e então percebi os músculos de meu rosto murcharem novamente. Só aí eu percebi que estava sorrindo enquanto falava com meu pai.

Eu ficava feliz quando conversávamos, e isso não era forçado como o sorriso que eu queria dar, era recíproco. Não precisava dar ordens ao cérebro ou nem mesmo rir de alguma piada que ele dissesse, só de ouvir a voz reconfortante de Carlisle já era como uma anestesia pra mim. E um sorriso impensado pra meu rosto.

E quando menos esperei, meus olhos se tornaram pesados demais pra eu segurar e a dor que eu sentia tomou o resto de meu corpo, e assim, eu desmaiei.

-

--- Edward! Acorde! – ouvi a voz de Bella, e meus olhos se abriram como cortinas. Ela sorria com empolgação, e quando eu consegui sorrir, ela me abraçou e me deu um beijo na bochecha.

--- Que jeito ótimo de ser acordado – falei como se tivesse realmente dormindo. Ela corou e riu.

--- Vem ver, já dá pra ver o Havaí! – ela levantou e me puxou pelo braço. Não senti muita dor de cabeça e nem tontura, então, levantei e fui com ela.

--- Olha lá! Que lindo... – ela disse quando chegamos ao corrimão do navio, onde muitas pessoas já se acomodavam pra ver o mesmo que nós. Algumas tiravam fotos, outras pegavam suas bagagens e se preparavam na porta que dava pra saída e outras apenas contavam seus planos para quando sobrestarem.

--- Adivinha o que eu trouxe – disse animada com uma voz brincalhona tirando algo do bolso. Era uma câmera.

--- Ah, Bella! – falei. Seu pai deu a ela de presente de aniversário há alguns meses.

--- Ah, nada! Eu quero gravar isso – disse apertando um botão acima da câmera.

--- Tá gravando? – perguntei com os dois braços apoiados no corrimão enquanto ela estava afastada para me filmar.

--- Sim, diga oi pro Charlie e pro Havaí!

--- Oi Charlie, oi Havaí – me forcei a levantar um braço, fingindo animação. Nunca gostei de fotos.

--- Se anima! Você está no Havaí, está em um barco e não vomitou! – disse e rimos alto. Ela se juntou a mim e virou a câmera pra nós. Passei o braço por sua barriga a colando a mim.

--- Hoje é nosso primeiro dia, e vamos fazer uma trilha e nos hospedar na pousada... – ela olhou pra mim esperando que eu falasse.

--- Four Seasons Resort – respondi e ela prendeu o riso, colocando a mão pra apertar minhas duas bochechas.

--- Diz isso denovo – pediu.

--- Fur Xixums Rexot – falei e ela caiu na gargalhada. Passei meu braço por seu pescoço e a beijei. Ela não largou a maldita câmera.

Depois que o navio colocou as primeiras correntes amarradas ao deque, descemos tranquilamente. Bella fez coisas típicas de turista e, como uma “boa” namorada, me obrigou a fazer também. Tiramos fotos em toda pedrinha que ela passava. Peguei um mapa na mão do guia, que levou nós e os outros turistas para a mesma pousada.  Ele explicou tudo sobre as praias que passávamos, alguns prédios históricos e até algumas estátuas que ficavam na praça.

Entramos na pousada, e ela pela recepção o lugar devia ser bastante aconchegante. As tonalidades e os sofás brancos espalhados pela grande recepção davam um ar harmonioso ao local. Passei um braço pela cintura de Bella, que avaliava o local com meus mesmos olhos.

--- À esquerda fica a piscina aquecida, à direita a hidromassagem e o bar. Os quartos aquáticos ficam à Oeste, e a guia Lory irá leva-los até lá – disse o guia e Bella arregalou os olhos pra mim. Sorri. Dessa parte ela não sabia – enquanto os quartos da cobertura ficarão comigo. As bagagens serão entregues em aproximadamente 10 minutos.

Depois disso ele mandou nós irmos pra nossos respectivos caminhos com Lory ou com ele. Bella estava andando com ele, então a puxei pelo braço e seus olhos brilharam de surpresa e empolgação.

--- É sério?

--- Espera pra ver – pisquei e ela suspirou, com um sorriso abobalhado. A mulher nos guiou até um deque de madeira que ia até o mar, com algumas cabanas espaçosas, milimetricamente afastadas dentro do mar. Bella ficou tão emocionada que se tirou fotos até dos seus pés. Ri com isso.

Quando a mulher nos deixou na nossa cabana, Bella foi a primeira a entrar. Ficou parada na porta por uns 12 segundos e entrou, gritando e se jogando na cama, olhando pro teto de vidro.

Fiquei abismado com a exuberância do lugar: Estávamos em um quarto em baixo d’agua!

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Tinha um cardume de peixes passando por nós, e Bella como uma louca, voou para o vidro e não perdeu a chance de tirar algumas fotos.

--- Tem uma escada ali – apontei pro canto superior do quarto. Ela arregalou os olhos  e correu como uma criança. E eu, claro, fui atrás dela.

Tinha uma saleta pequena, porém confortável com uma porta que dava para o banheiro que tinha um closet imenso e uma banheira-jacuzzi. Na outra porta tinha uma mesa de centro e dois sofás, com uma TV Tela Plana imensa. Um aparelho de som tocava uma música ambiente relaxante. A mesa tinha algumas pétalas de rosa espalhadas, e na prateleira em baixo dela havia dominó, poker, truco, banco imobiliário e um aparelho de fazer massagem.

--- Edward – Bella, que estava no banheiro, me chamou. Inclinei a cabeça e ela tirou algo da gaveta do banheiro e me mostrou. Os pacotinhos quadrados se abriram no total de 10. Um estoque de camisinhas! Bella me olhou maliciosa e eu quase fui ao chão.

--- Aqui tem uma coisa pra você também, mas nem sei se vou mostrar – falei me referindo ao aparelho de massagem. Se Bella visse aquilo me mandaria fazer massagem nela a manhã inteira.

--- O que é? – disse vindo até mim, com um sorriso de canto, procurando por algo que lhe chamasse atenção.

--- Não vamos usar agora porque vamos sair pra comprar nossas roupas – falei e ela assentiu.

--- Me dá! – pediu fazendo um biquinho e eu ri da sua curiosidade. Me abaixei na mesa e tirei de lá o aparelho de massagem. Podia jurar que vi estrelas em seus olhos, que nem as de desenho animado.

--- Vamos comprar as roupas – falei saindo do local e ela pulou nas minhas costas. Peguei suas coxas pra ela não cair.

--- Nãaaooo – disse no vão de meu pescoço com uma voz dengosa.

--- Sim, depois vamos almoçar e conhecer a cidade.

--- E de noite? Antes de usarmos a coleção de camisinhas... – sussurrou em meu ouvido e mordeu o lóbulo em seguida, me arrepiando. Ela sentiu que eu me arrepiei e sorriu, vitoriosa.

--- Tá bom – revirei os olhos e bufei, derrotado.

--- Yeah! – ela disse.


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