Alice estava com um copo de milkshake olhando impaciente para relógio de parede que fica em um dos corredores do Orion School. Seu pé direito batia repetidas vezes no chão. Faltam 5 minutos para aulas começarem. “Já era para ter aparecido. Ela sempre chega mais cedo para se sentar na frente”. Alguns alunos se encontravam nas salas, muitos se dirigiam ao ressinto, mas os corredores continuavam cheios. Faltavam 4 minutos para às 8 horas. O professor de Biologia dirigiu-se para sala ao lado.

— Senhorita Cox, se quiser já pode entrar.

— E... eu... eu estou esperando uma amiga.

— Tudo bem – logo após entrou na sala.

Faltavam 3 minutos. O som dos armários se fechando deixavam Alice mais ansiosa. “Como eu vou distrair a pessoa se eu nem consigo encontrá-la? Aparece Vládia! Por favor!”. A garota já começava a andar de um lado para o outro. Passou mais 1 minuto.

— Aparece... vai.

Alice parou de caminhar e ficou olhando atentamente para o relógio vendo os segundos passar. O tempo parecia correr, já estava contando os segundos 10,9,8 ... A jovem deu uma olhada ao redor. Voltou a olhar de novo para o relógio 3,2,1. O sinal tocou. Os alunos pareciam formigas alvoroçadas para entrar na toca.

— Calma Alice, se não deu certo hoje a gente pode tentar amanhã. Vou ter que avisar a Rosalie.

Enquanto Alice procurava nos contatos do celular o número da amiga viu o vulto de Vládia passar correndo subindo as escadas para o primeiro andar. Logo a estudante se apressou para colocar o celular no bolso e seguir a colega.

***

Jasper e Emmett se encontravam na cabine de câmeras do colégio. Era um lugar escuro e apertado.

— Ainda bem que o Edward tinha dinheiro guardado para dar para o vigia.

— Verdade – disse Emmett.

— E não é um irresponsável que gasta o dinheiro com futilidades que nem o irmão.

Emmett deu um tapa na cabeça de Jasper.

— Ai!

— Se concentra. Achou a Rosalie?

— Ainda não deve ter umas mil câmeras. Não sei para que tanta câmera nesse colégio.

— Você sabe sim. E é um dos motivos para eles terem dobrado.

Jasper deu um sorriso de canto de boca. Ele vasculhava os corredores quase desertos do Orion. Olhava atentamente para o monitor enorme procurando qualquer sinal de Alice ou Rosalie. Emmett estava em pé ao lado de seu amigo, também olhava fixamente para a tela.

— Achei! – disse Jasper – parece que está seguindo a Vládia. Cadê a Rosalie.

— Tá ali! – apontou Emmett para o monitor.

— Agora é só procurar o botão para desligar a câmera.

De repente os dois garotos escutaram um barulho. Era a impressora funcionando.

— Acho que a impressora da sala ao lado não está funcionando. Droga!

— O quê?

— Deve estar vindo alguém da secretária.

— Aonde que a gente se esconde?

— A Rosalie! – Exclamou Jasper.

O trinco da porta de se mexia. Emmett e Jasper pularam com dois gatos assustados para debaixo da mesa contando como proteção apenas as cadeiras, alguém dando uma boa olhada perceberia a presença dos dois jovens. Um homem alto e magro na faixa dos 40 anos adentrou no ressinto. Ele pegou os papeis e deu uma olhada ao redor provavelmente estranhando porque não tinha ninguém, depois saiu e fechou a porta. Os jovens esperaram alguns segundos.

— Acho que ele não vai voltar – disse Emmett.

Os dois levantaram devagar saindo das suas posições quando a porta se abre novamente e os dois se jogam no lugar onde estavam anteriormente. Era o mesmo homem que voltou para tirar xerox das folhas. Assim que o homem saiu Jasper se jogou na cadeira em frente ao monitor.

— Cara mais cuidado! – disse Emmett.

— Achei a Roselie. Ela tá perto da saída. Pronto! – Jasper apertou o botão desligando a câmera – Acho melhor um de nós ficar no corredor para avisar ao outro se vem alguém ou... distrair alguém que possa entrar – Jasper olhou para Emmett.

— Tudo bem eu vou – Emmett falou com tédio. A ideia de ser o vigia da “operação” não parecia tão emocionante. Mas ele iria porque Jasper sabia melhor mexer no equipamento, ou pelo menos era mais ágil.  O estudante saiu da sala.

***

Bella tinha chegado à casa dos Cullens. O visual da jovem era bastante relaxado usava uma calça jeans desbotada, os tênis desgastados, uma camisa e uma jaqueta não tão novos. Ela subia a escadaria para o primeiro andar. Pensava em como iria gastar o seu tempo pela manhã, mas o que ocupava sua mente naquele momento era a sua preocupação se o plano de Rosalie iria dar certo.

O quarto de Edward era o primeiro a direita assim que subia a escada. Bella pensou em falar com o rapaz. Ao chegar na porta parou. Ela queria conversar com ele, mas ao mesmo tempo não queria, a jovem tinha tido que o amava, mas ele não. Em sua mente borbulhava um misto de emoções: vergonha, medo, raiva por ter se declarado e uma pitada de curiosidade já que os dois não tiveram uma conversa franca sobre o assunto.

Bella deu duas batidas na porta que se abriu lentamente pois estava só encostada. A garota sentiu vergonha pois o garoto estava apenas de toalha. Ela abriu levemente a boca. Ele sorriu para ela. Era possível perceber que o Edward em pouco tempo havia perdido um pouco de massa corporal, porém ainda mantinha o físico de atleta.

— Oi! – disse Edward.

— Oi.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos. Eles não sabiam o que dizer um para o outro.

— Eu ... – os dois disseram em uníssono.

— Fala você primeiro – pronunciou-se Edward.

— Eu queria saber como você está – mentiu Bella – Já que eu não te vejo desde... Que você desmaiou.

— Eu estou melhor. Vou ficar algum tempo com a perna imobilizada, mas acho que antes de entrar na faculdade eu começo o treino.

— Fico feliz por você. Agora você vai fazer o que realmente ama e não que o seu pai quer que você faça. Então é isso. Tô indo.

Bella se virou e deu alguns passos em direção a porta.

— Ei! – Edward chamou.

Ele parecia sem saber o que dizer ao certo.

— Eu... queria... – “Vamos lá, você consegue” – te agradecer por ter impedido a Vládia de ter contado que o meu pé estava machucado para a organização.

— De nada.

— E pedir desculpas por algumas vezes ter sido um completo idiota – Edward olhou para o chão – Queria que você soubesse que sempre pode contar comigo.

Os dois jovens passaram alguns segundos em silêncio, olhando um nos olhos do outro.  

— Eu sei – Bella quebrou o silêncio e saiu do quarto.

***

— Eu já disse que tenho dinheiro! – disse Rosalie exaltada.

— Eu já disse o que eu quero – disse Oliver em tom de désdem. O garoto era pouca coisa maior que a jovem.

— Tudo bem. Mas sem gracinhas – concordou Rosalie.

— Fechado.

Os dois apertaram as mãos.

***

“Nossa que mal cheiro” pensava Alice. A estudante se encontrava no bainheiro esperando que Vládia saísse do box.

Vládia saiu do box e foi lavar as mãos na pia ao lado de Alice que ficou a encarando.

— O que foi? – perguntou Vládia.

— Nada.

Alice pegou o resto do milk-shake e jogou na saia de Vládia.

— Por que você fez isso? – perguntou Vládia espantada.

— Desculpa! Me desculpa! – disse Alice pegando um pedaço de papel e passando na saia da colega – Eu tenho algo vai ajudar – a garota pegou um tubo de corante da aula de gastronomia e passou um pouco no papel.

— Que seja rápido, porque eu já estou atrasada para a aula.

Alice esfregou o conteúdo na saia da Vládia. A mancha se espalho por toda a saia assumindo um tom de verde.

— Para! Você está piorando as coisas.

— Acho que peguei o tubo errado. Me desculpa! – Alice estava se segurando para não rir.

— Você está fazendo isso por causa da sua amiguinha – Vládia fez o gesto que ia sair do banheiro.

— Espera! – disse Alice entrando em desespero – A gente pode trocar de roupa.

Nessa hora Vládia cruzou os braços e olhou bem para a saia xadrez da estudante. Era até mais bonita do que a saia florida que estava usando.

— Tudo bem. Eu troco.

(...)

Já no box Alice se apressou em mandar mensagem para Rosalie.

***

Emmett bateu várias vezes na porta da sala de câmeras. A estagiária da secretária estava indo em direção a sala, mas ela não tinha percebido a presença do rapaz porque enquanto andava mantinha a sua atenção fixa nas folhas de papel que segurava. Ele estava nervoso.

— Já estou indo. Só um instante – respondeu Jasper pela a brecha da porta.

— Não temos um instante.

A estagiária esbarrou em Emmett e derrubou as folhas que carregava no chão.

— Me desculpe. Eu não tinha te visto – disse ela enquanto apanhava as folhas no chão.

Emmett se agachou para ajudar a moça.

— Não tem problema.

— Me desculpe a pergunta: mas o que você está fazendo aqui? Não era para está na aula?

Os dois se levantaram.

— É... é  porque eu não estava me sentindo bem, então... – engoliu a seco – eu vim para a secretária... pedir algum encaminhamento.

— Mas a secretária fica para o outro lado.

— Pois é ... to meio confuso.

A moça balançou a cabeça meio incrédula do que o jovem dizia, mas preferiu não perguntar. Então quando ela se moveu para direita Emmett se pôs no seu caminho, a estagiária foi para a esquerda e o rapaz fez a mesma coisa.

— Eu quero passar.

— Eu, sabe... me esqueci de perguntar o seu nome – disse Emmett escorando o braço na parede.

— É Amberlee.

— O meu é Emmett. Prazer!

— Tem alguém ali dentro.

— Não que eu saiba – o jovem balançou a cabeça exageradamente.

De repente a maçaneta fez o som que estava se abrindo, Amberlee estranhou o barulho, mas antes que ela pudesse ter qualquer reação Emmett lhe escorou na parede e a beijou. Jasper abriu a porta e se deparou com essa cena, ele passou de fininho pelos dois observando atentamente. Depois de alguns segundos o jovem soltou a estagiária. Por dois segundos ela ficou em silêncio até que lhe deu um tapa e saiu sem dizer nada entrando na cabine de câmeras. 

***

Rosalie entrou de repente no banheiro feminino, assim assustando sua a amiga e Vládia. A loira se preparou para dizer algo quando reparou que Alice vestia uma saia brega manchada de verde.

— Que foi isso Alice?

— É ... foi um acidente.

— Com licença, eu estou atrasada para a minha aula – Rosalie se interpôs no caminho da colega.

— Você vai ficar bem aí – disse Rosalie dando um passo para a frente intimidando Vládia que reucou.

— O que você quer?

— Você vai no julgamento de classe dizer que não foi a Bella que quebrou o seu braço e também de ter sido você que iniciou a briga. Se não...

— Eu não tenho medo de você e nem da sua amiguinha.

— Pois deveria. Se você não contar a história direitinho para o conselho de classe quem vai ser expulsa do colégio vai ser você. Neste momento existe vários gabaritos de prova no seu armário e o nome dos seus amigos também está envolvido. Graças a tecnologia vão ser enviadas as copias da cola para o email, whatsapp, facebook, instagram.

— Impossível! – disse Vládia balançando a cabeça e caminhando rapidamente em direção a porta. Rosalie a impediu que saísse colocando a mão na maçaneta.

— O que você decide? – perguntou Rosalie.

— Vocês estão bem ferrados. Vou contar isso para o diretor.

— Com que provas, meu bem?

— Aceita logo de uma vez, Vládia! É melhor para todo mundo – disse Alice.

— Têm muitas câmeras no colégio. Vocês não têm como passar desapercebidas – falou em tom indiferente com um sorriso debochado no rosto.

— Nós temos os nossos métodos – Rosalie sorriu de volta.

Vládia assumia uma postura mais séria.

— Ela é bolsista, com certeza vai se dar mal de qualquer jeito – Vládia cruzou os braços.

— Você também já foi bolsista. Não sente nem um pingo de empatia? – perguntou Alice.

Vládia revirou os olhos.

— E então...? – Rosalie arqueou as sobrancelhas.

Vládia já estava com o corpo todo tremendo por bater repetidas vezes o pé no chão.