Maka: Não entres aí não!!!! - disse assistindo ao filme em que neste momento uma musica sinistra acompanhava uma mulher prestes a entrar num quarto de onde se via uma luz vermelha intensa! - AHHHHHHHHH! - gritou, escondendo o seu rosto nas suas mãos ao encontrar a mulher a ser esfaquiada vezes sem conta.

Soul (com a voz serena): Maka, não temos de ver este filme se não quiseres!

Maka (sorrindo a custo): N...não há p...problema... - disse tremendo desfarçadamente.

Dei um pequeno sorriso e abraçei a Maka, a minha Maka, que sempre punha os outros em primeiro lugar, que sempre estava lá para me dedicar um sorriso quando eu mais precisava, que sempre me mantinha a salvo, que sofria sempre que eu a protegia com a minha vida, sim, a Maka que me mantinha são...

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Narrador: Maka

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::::::::1 HORA ATRÁS:::::::::::

Senti pequenas gotas de àgua cairem insistentemente sobre o meu rosto dando vida a uma conhecida tortura, forçando-me a acordar. Abri os olhos e com o impacto da luz fechei-os com força, abrindo-os lentamente de seguida.

Observei o meu quarto de uma ponta à outra, estava a chover e eu tinha a janela aberta! Aberta, como sempre a deixava no verão, todos os dias ... mas hoje não era um dia comum, era o dia em que a minha arma, o meu melhor amigo, foi abandonado neste mundo, deixado à sua sorte.

Maka (murmurando): Soul ...

Levantei-me devagar e caminhei até ao quarto do meu parceiro, ele dormia profundamente, tinha o rosto tão sereno ... Senti um nó na garganta.

Soul: Mãe... - Soul rolou sobre a sua cama e o seu rosto depressa mudou de uma expressão pacìfica para aflição e medo.

Uma lágrima caiu pela minha bochecha sem permissão, eu detestava vê-lo assim, não suportava vê-lo sofrer, ele sempre escondeu as suas emoções ao máximo para não me preocupar mas eu sabia, eu sabia a dor que ele guardava e isso causava-me um violento aperto no coração.

Soul: Não, mãe...pai!

Ajoelhei-me no chão observando como o Soul recordava aquelas lembranças com dor e eu não podia fazer absolutamente nada!

Uma segunda lágrima caiu do meu rosto, torvando a minha vista e alojando-se no rosto de Soul. Levantei a minha mão e sequei a lágrima do seu rosto com as costas dos dedos, depressa tornando esse simples ato numa caricia.

Soul (acalmando-se um pouco): Maka ...

Afastei a minha mão do seu rosto agora tranquilo e coloquei-a sobre o meu peito.

Teria o acordado? Não. Soul ainda mantinha os seus olhos fechados naquela mesma expressão tranquila de à pouco .

Segui para a casa de banho do meu quarto e tomei um longo banho quente, e logo depois de me arranjar fui buscar um DVD à minha mochila, The killing, um filme de terror que o Black Star me emprestou para ver com o Soul hoje. Simplesmente não percebo! Eu luto contra ovos de kishins, bruxas e derrotei o Kishin Asura e no entanto tenho medo de filmes de terror.

Dirigi-me à cozinha e começei a preparar o pequeno almoço, quando dei por isso o Soul já se tinha levantado. Senti a sua alma destroçada, que no entanto se mostrava tão quente e acolhedora sempre que faziamos a ressonancia de almas, atrás de mim e dediquei-lhe o melhor sorriso tranquilizador que pude, não conseguindo esconder a minha preocupação.

Maka: Bom dia dorminhoco, dormiste até tarde hoje!

Soul: Bom dia - dedicou-me um sorriso fraco e doce ao mesmo tempo.

Maka: Hum... está a chover, sabes o que significa certo? - caminhei na sua direção e estendi-lhe uma chávena de café quente.

Soul (pensativo): Maratona de filmes? - disse depois de dar um golo na chávena.

Maka (sorrindo): Hai! O Black*Star ontem entregou-me este - estendi-lhe o bem/mal-dito DVD - ele disse que ias adorar.

Soul (lendo o título): The killing ... mas tu odeias filmes de terror Maka! - ele mostrou-me um olhar confuso e ao mesmo tempo agradecido, ele sabia perfeitamente porque eu fazia isto.

Maka: Eu aguento-me Soul, não te preocupes!

O clima neste dia era sempre o mesmo, chuva! Como se a chuva vinda dos céus libertasse as lágrimas que Soul continha.

Segui-o com os olhos, ele foi à cozinha fazer pipocas, reagi e fui buscar uma manta e duas almofadas ao meu quarto e logo fui para a sala onde vi o Soul sentar-se com uma taça de pipocas em mãos e sentei-me ao seu lado cobrindo-nos com a comprida manta e estendendo-lhe uma almofada. Peguei no comando e cliquei no "play".

O filme começou, a cada minuto se tornava mais assustador e sustendo a respiração para não gritar observei o Soul, ele estava ali ao meu lado mas a sua mente estava distante.

Maka (pensa): "Soul, o que posso fazer por ti? Tu sempre estiveste lá para mim, para me proteger... tu acolheste-me quando não tinha para onde ir, cuidaste de mim e eu ... não consigo fazer o mesmo por ti ... nem mesmo tendo te prometido que o faria"

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Narrador ON

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::::::::::6 ANOS ANTES:::::::::

Uma menina de 8 anos dormia profundamente no seu quarto quando uma mulher alta, loira e com um sorriso carinhoso, porém triste, lhe depositou um beijo terno na testa, aconchegou a sua filha e colocou um envelope nas suas pequenas e macias mãos.

Lya: D..desculpa Maka... - disse soltando algumas lágrimas e saindo do quarto silenciosamente.

A noite escura e interminável deu lugar a um belo dia quente e luminoso, que somente era interrompido pelo choro aflito de Maka que acabara de acordar.

Maka: Mãe... - disse lendo a carta que sustinha em mãos

"Querida Maka,

Se estas a ler esta carta então provavelmente eu já terei partido.

Lamento sair assim sem me despedir de ti mas não sou boa em despedidas... deves estar a perguntar-te porque eu fui embora, certo?

Bem... sabes que eu e o papá temos os nossos problemas e eu decidi que o melhor seria eu viver o meu sonho de viajar pelo mundo e deixar o papá viver a sua vida, em vez de estarmos sempre a discutir.

Mas não o culpes Maka, tanto o papá quanto eu te amamos muito, mas nós os dois não nascemos um para o outro!

Não posso explicar por palavras o quanto lamento em partir sem ti, por vir a perder grande parte da tua vida, mas não consigo ficar mais ....

Maka tu és forte e sei que vais ficar bem se deres sempre ouvidos ao teu coração, meu anjo.

Amo-te Maka,

Mãe."

Maka empurrou a carta contra o seu coração, deixando as lágrimas inundarem a sua alma partida pela mágoa.

Apesar do que dizia a carta, Maka culpava o seu pai de tudo, afinal ela observou muitos dos momentos em que o seu pai traia a sua mãe e sabia que era essa a verdadeira razão dela ter ido embora.

Ela odiava-o e a partir do momento em que a sua mãe partiu, que no seu coração não havia lugar para o seu pai, bem como confiança que havia sido perdida, quer para o seu pai como para qualquer outro homem, até que conheceu Soul.

_____3 ANOS DEPOIS_____

Maka caminhava para casa vinda da Shibusen, já se tinham passado 2 anos desde que tinha entrado para a academia e se tinha tornado parceira de Soul Evans, a única pessoa em quem ela confiava.

Maka (abrindo a porta): Cheguei! - caminhou até à sala e deparou-se com o seu pai a namoriscar com mais uma mulher vulgar.

Spirit: Ah Maka, não sabia que já tinhas chegado!

WW (olhando para Spirit): Não me disseste que tinhas uma filha!

Spirit (rindo nervoso): Hahaha é que n-não me ocorreu e...

Maka (sorrindo ironicamente): Olá Melannie!

Spirit: M-Ma-Maka o nome desta linda senhora é Kami.

Maka (sorrindo inocentemente): Onde está a Melannie? (nota da autora: a Maka devia escrever um livro hum... "Como destruir os namoricos do mulherengo do teu pai" um best-seller de certeza! :P)

Kami (desconfiada): Melannie, quem é ela?

Spirit (nervoso e a suar): Ninguém querida, Maka, não tens trabalhos de casa para fazer?

Maka (sorrindo divertida): É a tua namorada papá! Como é que não te lembras dela?

Kami: O QUE??? BAKAAAAAAAAA! - deu um estalo a Spirit, que ficou deitado num canto da sala a choramingar, e saiu de sua casa.

Maka correu para o meu quarto triunfante, mas alguém lhe agarrou o braço.

Spirit: Maka, o que eu te disse sobre falares com as pessoas que eu trago a casa?

Maka (irritada): Larga-me! A culpa é tua ...

Spirit (confuso): A culpa de quê?

Maka (tentou soltar-se): Da mãe ter ido embora!

Spirit (quase gritando): A mãe foi embora porque quis, eu não tive nada a ver!

Maka (soltando-se): Se não a traísses constantemente ela ainda estaria aqui.

Spirit (furioso): Se ela realmente te amasse ficava!!!!

Maka (gritou): Ela...e..la ama!

Maka empurrou o seu pai e saiu de casa a correr sem querer retornar, começou a chover um pouco enquanto nostálgicas lágrimas escorriam pelo seu rosto. Não sabia para onde ir, melhor dizendo não tinha para onde ir, a não ser....

Parou em frente a uma porta e com receio tocou à campainha, a porta depressa se abriu demonstrando um rapaz de cabelo grisalho bastante desarrumado.

XX: Maka?

Maka: Eu passei por aqui e pensei em vir cumprimentar-te... Soul... - a chuva caia agora mais intensamente deixando as lágrimas de Maka camuflarem-se com as pequenas gotas de água vindas dos céus.

Soul (preocupado): Maka, o que se passou?

Maka (disfarçando): Nada, porque perguntas? - disse desviando o olhar para que Soul não visse os seus olhos cobertos de lágrimas.

Soul aproximou-se mais de Maka ficando molhado pelas pesadas gotas de água que caíam do céu.

Soul (com a voz preocupada e carinhosa): Ainda na chuva consigo distinguir as tuas lágrimas. - disse num suspiro, agarrou a mão de Maka e caminhou com ela para dentro de sua casa.

Soul levou a Maka até à sala e cobriu-a com uma manta e Maka pela primeira vez na sua vida abriu o seu coração para alguém, contando aquele seu triste passado que a continuava a assombrar.

As horas passaram e finalmente Soul conseguiu convencer a Maka a dormir um pouco, depois da sua parceira se deitar no sofá, já com uma roupa seca, sentou-se no chão ao seu lado e tentou acalmar a sua dor.

Maka (a ponto de chorar): A culpa é toda minha...

Soul: A culpa não é tua Maka...

Maka: Mas ela foi embora, eu não sei onde ela está, se está bem...

Soul: Ela é forte não é verdade? Ela está bem e tenho a certeza que por muito longe que esteja não se esqueceu de ti um único dia...

Maka (sussurrou dolorosamente): E-eu estou sozinha ...

Soul sabia o que Maka sentia, ele era muito chegado a esse sentimento de solidão mas havia perdido o contacto com ele desde que conheceu a Maka. Ele sentia que lhe devia toda a sua nova vida, toda a sua felicidade e queria a todo o custo retribuir.

Soul (seriamente): Não estás sozinha Maka, tens-me a mim - disse depois de se virar para Maka e demonstrou-lhe um sorriso - Podes ficar aqui até as coisas arrefecerem entre ti e o teu pai - aparentemente isso nunca aconteceu -_-' - E se o baka do Spirit te chatear de novo ele vai ter de se haver comigo! - apontou para si mesmo com um olhar confiante deu uma longa gargalhada.

A noite depressa se transformou num escuro serão e tanto Maka como Soul já se tinham rendido ao sono e dormiam profundamente.

Maka (acordando): Hã? - olhou em seu redor - Onde estou?

Soul (ressonando): Rrrrrrrrrrr...

Maka viu Soul a dormir sentado no chão, encostado ao sofá a seu lado e dedicou-lhe um olhar carinhoso.

Maka (observando Soul): Ficaste a meu lado...

Levantou-se pegando na manta que a cobria e colocou-a sobre Soul, sentou-se ao seu lado e deitou a cabeça no ombro do seu parceiro.

Soul (ressonando): Rrrrrrrrrrr...

Maka (sorrindo): Arigatou Soul - sussurrou enquanto acomodava melhor a sua cabeça no ombro de Soul.

Maka (pensa): "Soul.... só te conheço à 2 anos mas é como se te tivesse esperado toda a minha vida, eu preciso tanto de ti! Arigatou por sempre estares a meu lado, por tomares conta de mim... eu quero fazer o mesmo por ti... não! Eu vou fazer o mesmo por ti, vou cuidar de ti e proteger-te ou não me chamo Maka Albarn.

:::::::::VOLTANDO AO PRESENTE:::::::::::

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Narrador: Maka

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Maka (pensa): "É melhor começar a pensar num outro nome... Não idiota! O Soul foi a primeira pessoa a quem dei a minha confiança, quem sempre me protegeu apesar de isso significar abdicar da sua vida! Eu não vou desistir assim, não importa como o farei mas... eu quero ver o Soul feliz para sempre!"

Tentei manter a minha cabeça no filme , era o melhor a fazer se não queria sentir outra vez aquele horrivel sentimento de culpa que esfaqueava o meu coração sempre que me lembrava de como o Soul se sacrificava assim por mim.

Maka: Não entres aí não!!!! - disse assistindo ao filme em que neste momento uma musica sinistra acompanhava uma mulher prestes a entrar num quarto de onde se via uma luz vermelha intensa! - AHHHHHHHHH! - gritei, escondendo o rosto nas minhas mãos ao encontrar a mulher a ser esfaquiada vezes sem conta. Que ser maléfico com um humor tão negro teve a "excelente" ideia de fazer este filme?

Soul (com a voz serena): Maka, não temos de ver este filme se não quiseres!

Maka (sorrindo a custo): N...não há p...problema... - disse tremendo desfarçadamente. Que ele não repare, que não repare....

Ele sorriu-me com carinho e sem que o meu cérebro sequer se apercebesse, rodeou-me com os seus braços aproximando mais o meu corpo ao dele, era uma sensação tão boa, quente e ao mesmo tempo tão diferente de tudo o resto... eu sentia-me segura?

Sim, segura e feliz, eu já não tinha medo, afinal quem precisa de ter medo de um assassino em série quando se tem o rapaz mais fixe do mundo ao nosso lado?

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Narrador On

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Cada um tem a sua história, o seu passado, cada um tem as suas lembranças sombrias, alegres, dolorosas, impagáveis. A única coisa que as lembranças tem em comum é a regra: são impossiveis de apagar.

Mas... As lembranças não são apenas tortuosos pedaços da nossa mente, também doces memórias do nosso coração, que purificam a nossa alma que nos ajudam a ultrapassar os medos, a concretizar desejos, que nos indicam o caminho a seguir e... que nos consolam quando nos afastamos dele.