A Little Rock'n Roll escrita por Ryuu


Capítulo 11
11 - A Banda - Por: Uchiha Sasuke




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– O quê? – gritei acelerando o carro.

Liguei agora para o hospital e disseram que Billie está em coma... A cirurgia teve algumas complicações, eu não entendi nada... – Shikamaru desabou as informações sobre mim.

– Mas ele... Ele está bem, certo?

Ele suspirou.

Não está morto, Sasuke... Disseram que a cirurgia não ajudou muito, ele tinha uma outra doença... Descobriram na hora, então forçaram o coma por causa das dores...

– Mas que droga! – reclamei – Quais são as chances dele?

Não sei... – ele disse baixo.

Ficamos em silencio por um minuto.

– Ainda faremos o show? – perguntei.

Estamos em clima de velório por aqui...

O sinal fechou.

– Já estou perto, conversamos melhor quando eu chegar... – desliguei.

Eu estava começando a ficar realmente preocupado. As coisas estavam mudando.

Hinata tinha caído de paraquedas na minha vida, aquele acidente estava ameaçando nossa carreira, eu estava ficando cada noite mais cansado, assim como todos os outros, nossa vida era um caos, um caos que se resumia a banda. Amateratsu era nossa vida, era a razão de tudo, desde aquela garagem até o acidente de Billie. Ela nos fazia rir, realizava nossos sonhos, sugava cada gota da nossa vida, todo o tempo que tínhamos, não havia espaço para mortes, não havia espaço para pêsames ou preocupação, não havia espaço para amor ou compromisso, a banda era tudo e eu estava sentindo que, em breve, eu teria de escolher entre a banda e alguém de quem eu gostasse. Se Billie voltasse, o problema se resolveria parcialmente, ele era nosso representante, o cara que cuidava das finanças, que organizava o calendário, era o pilar único de juízo que sustentava a Amateratsu, nós éramos infantis demais para saber lidar com juízo. Sem Billie estaríamos nos drogando, quebrando guitarras caras e sem nem um pingo de sucesso. Devíamos tudo a ele.

Estacionei o carro na garagem e fui me juntar ao clima deprimente em que eles se encontravam.

– Entrem no carro. – ordenei.

Kiba suspirou e desviou os olhos. Gaara apertou os braços em volta da caixa vermelha onde guardava o baixo, Sakura ficou em silencio e Shikamaru se desencostou e suspirou.

– Não estamos em condições de tocar hoje.

– Estão sim, ensaiamos o dia todo...

Kiba olhou para cima respirando profundamente.

– Billie está em coma...

– Billie foi quem organizou todo o nosso calendário, Billie foi o cara que nos arrastou para o patamar onde estamos, Billie carregou nossa banda nas costas por muito tempo e, agora, não vamos desistir de tudo, não é como se Billie estivesse morto, não é como se pudéssemos nos dar ao luxo de perder um show. Não somos o Green Day, não somos o White Stripes, não podemos descer um degrau agora, porque se descermos vamos cair até a porra da sarjeta de onde viemos!

Todos ficaram em silencio olhando para baixo, então, Gaara se levantou.

– Ele está certo, já perdi muito sangue por essa banda, não estou afim de voltar atrás. – abriu o porta-malas e guardou o baixo – Kiba! Pega sua guitarra.

Kiba suspirou.

– Certo. – entrou na casa.

Shikamaru me encarou por um longo tempo, até Kiba voltar, então sorriu.

– Tem razão. – pegou as baquetas - Feche tudo, Sakura. – pediu.

Ela fez sinal positivo para ele e sorriu.

– Estou orgulhosa de vocês, garotos!

– Ah, cala a boca! - Gaara entrou no carro.

– Pegue dinheiro para o taxi em cima da mesa! – Kiba gritou.

– Certo, obrigada!

Shikamaru entrou por ultimo no banco da frente, então, me juntei a eles e dei partida.

– Billie vai me pagar por isso. – Resmunguei.

– Vai. – Gaara concordou – Vai nos dever até as cuecas depois que eu pedir a indenização por danos emocionais.

– Há! O psicopata falando! – Kiba zombou.

– Vocês nem trocaram de roupa... – Shikamaru os olhou pelo espelho com um sorriso torto.

Kiba cheirou a si mesmo.

– Acho que está tudo bem. – deu de ombros.

– Você é nojento. – Gaara resmungou sério.

– Ah! Tinha uma coisa que eu queria perguntar... – Shikamaru lembrou.

Nós queríamos. – Kiba corrigiu.

– Qual seu lance com a Hinata? – ele arqueou uma sobrancelha.

– Lance? – sorri – O que estão pensando?

– Está namorando ela?

– Sabe que não namoro. – franzi o cenho – Não posso.

– Ah, é verdade... Tinha me esquecido que era gay... – Kiba brincou.

– HAHAHA! Muito engraçado!

– Então nem ficaram, nem nada?

– O Naruto está afim dela, ao que parece...

– Mas ele estava com Sakura no show ontem... – Kiba argumentou.

– Com a Sakura?

– É...

– Entendo...

– E então? Quando vai beijar ela?

– Cara... – fiz uma careta - Não é da sua conta.

– Qual é, Sasuke!

Um celular tocou, um toque comum de telefone. Não era o meu. Eles todos reviraram suas roupas e conferiram seus celulares.

– Parece que vem do seu bolso... – Shikamaru ergueu as sobrancelhas.

– Meu toque não é assim... – conferi os bolsos e constatei que ainda estava com o celular de Hinata.

Olhei para o visor. ‘Naruto-kun’ chamando. Ergui as sobrancelhas para o coraçãozinho que acompanhava o nome dele.

– Tem até um coraçãozinho! – Kiba riu.

– Atenda! – Gaara disse irritado – É irritante...

– Alô?

Sasuke-kun? – uma voz doce perguntou.

– Ahn... Hinata? O que houve?

Eu... só estava... só queria saber se meu celular estava mesmo com você...

Uma péssima mentirosa.

– É... e está... posso devolvê-lo amanhã no show, se não se importar...

Ah, claro... – ela parecia sem graça – Então...

– Como está? – perguntei.

O-o que? – ela pareceu confusa.

– Você me ligou... – me defendi – E então? Como está?

E-eu... estou bem... – ela parecia indecisa sobre isso.

– Não parece muito certa disso.

Ela respirou fundo.

Eu estava me perguntando... sobre... o... o bilhete que...

– Ah! Isso? Era um bilhete de Sakura para Naruto... ela pediu pra eu entregar... mas não li, então...

Hm... – ela não parecia muito convencida.

– O que está fazendo, Hina? – entrei no estacionamento.

– “Hina”... – Kiba zombou baixinho.

Ahn... Nada... estou sentada ao lado da janela do quarto de hospedes da casa de Naruto-kun...

– Meu nome está escrito no batente da janela, certo? – conferi.

Ela demorou um pouco para responder.

S-sim...

– Costumava dormir nesse quarto quando o Naruto e eu éramos mais novos e ele não era um cara chato e certinho... – sorri – Mas não se preocupe, Kushina-san com certeza lavou os lençóis... – brinquei.

Estacionei e saí do carro, abri o porta-malas e tirei minha guitarra, já a caminho do bar.

E você? – ela perguntou – O que está fazendo agora?

Disparei o alarme depois que os caras esvaziaram o porta-malas e o fecharam.

– Estamos indo para o bar agora...

Parece calmo...

– Ainda não saí do estacionamento... Daqui a pouco seremos assaltados pela Londres barulhenta...

Que você adora... – ela riu.

– Já tomou banho? – Perguntei saindo do estacionamento e olhando para o céu londrino.

Um bem rápido... – ela riu – Eu... queria falar com você um pouco, na verdade... então...

Hesitei. Eram palavras perigosas.

– Ainda não tomei banho. – desviei do assunto.

Ela pareceu suspirar.

Vai estar morto até amanhã... Tente dormir um pouco...

– Farei meu melhor. – garanti.

Certo...

Chegamos ao bar.

– Preciso desligar, agora, Hina, nos falamos mais tarde certo?

Sasuke-kun...? – ela sussurrou, quase não pude ouvi-la.

– Sim?

Nada... só... obrigada pelos dois dias incríveis.

– Eles foram todos seus. – sorri.

É... – ela disse um pouco decepcionada – Boa noite.

– Boa noite.

Ela desligou.

Suspirei e segui os caras para dentro do bar.

Foi um show difícil, mas bom, estávamos exaustos e depressivos, mas ninguém pareceu notar, quando terminou, pegamos o cachê e demos o fora. Dormimos todos na casa de Gaara e Kiba, já havia camas suficientes para todos nós e roupas também, então apenas desmaiamos exaustos.

__x__

Acordei com o grito de alguém no escuro seguido de resmungos e o som de mãos tateando as paredes, então a porta foi aberta e luz e ar frio invadiram o quarto.

– O que aconteceu? – resmunguei sonolento me virando para o outro lado.

– Kiba caiu do beliche... – alguém bocejou.

Risos grogues infestaram o cômodo.

– Que horas são? – estiquei os braços.

O visor de um celular iluminou a escuridão.

– Duas horas da tarde.

– Cara... Fazia tempo que não dormia assim... – sorri para mim mesmo.

– Foram 13 horas de sono, estou certo? – Shikamaru fez as contas.

– Supondo que saímos de lá meia noite... – Gaara disse.

O estrondo de algo se quebrando na cozinha.

– Ah droga! – Gaara reclamou – Lá se foi o cinzeiro...

– Como sabe? – Shikamaru quis saber.

– É a única coisa que Sakura não lavou e guardou e que estava na beirada do balcão...

– E se lembra de tudo isso... – Shikamaru resmungou para si mesmo.

– Ei, Kiba! Está tudo bem aí? – gritei.

– Yééaahh... – ele gritou grogue lá da cozinha.

– Cara... tô faminto... – Shikamaru se levantou e saiu.

– Acho que também to com fome... – Gaara o acompanhou.

Eu me sentei na cama. E tateei em busca dos meus celulares, encontrei o de Hinata debaixo do travesseiro e o meu debaixo da cama. Acendi a luz e os deixei sobre a cômoda antes de ir para a cozinha.

– Cuidado aí! – Kiba gritou um segundo antes de eu pisar nos cacos de vidro espalhados pelo chão.

MERDA! – rosnei mordendo a língua para não gritar – Mas que porra! Por que não limparam?

– Limpa você! – Gaara disse – Olha a sujeira que está fazendo!

– Droga... – cambaleei e me apoiei na parede, meu pé bateu no chão fazendo o caco de vidro se aprofundar na sola – Caramba! – gritei.

Shikamaru veio em meu auxilio, me apoiou nele e me ajudou a sentar no sofá da sala.

– Devo chamar uma ambulância? – ergueu uma sobrancelha, sarcástico.

– Eu me viro. – resmunguei, irritado.

Apoiei o pé no joelho, respirei fundo e tentei puxar o caco, mas ele não saia, só se aprofundava mais.

– Acho melhor levarmos você pro hospital...

– E sujar meu camaro? Haha! – agarrei o pedaço de vidro e puxei com tudo para fora mordendo a língua para evitar um escândalo.

Eu o tirei suando frio e coloquei o caco ensanguentado na mesinha. O sangue pingava do corte no meu pé.

– Eu nem sabia que no pé tinha tanto sangue assim... – Kiba se sentou na poltrona, observando interessado – Tudo bem?

– É... Dá pra aguentar... – dei de ombros – Me trás alguma coisa pra comer. – pedi.

– Estamos sem nada, no momento. – ele apertou os lábios.

O telefone tocou e alguém atendeu.

– Ah, Naruto? E aí? – Gaara disse da cozinha.

– Naruto numa hora dessas? – Kiba uniu as sobrancelhas.

– São duas horas, retardado. – Shikamaru deu um tapa na cabeça dele.

– Ahh... Tô ligado... – Gaara veio para a sala – ‘Cê’ podia trazer a Hina, pra dar uma disfarçada... – ele jogou um saquinho plástico com gelo para mim – Eu topo qualquer coisa que faça a Sakura ficar longe do ensaio... Ainda mais agora – ele fitou a ferida no meu pé – que aconteceram uns acidentes... – fez uma pausa – Certo, então, lembre-se de trazer o nosso almoço... Falou. – desligou.

– O que ele queria? – perguntei colocando gelo no machucado.

– Combinou alguma coisa com a Sakura e quer que fiquemos com Hinata.

– Desde que ele suma com ela... – sorri.

– Espero que consiga ficar de pé. – Gaara disse sério – Temos um show hoje à noite.

– Vai se danar! – joguei a sacola com gelo nele, mas ele a agarrou.

– Fique com o gelo em cima do machucado, Sasuke... Estou falando sério! Não podemos te apresentar com bengalas. Nem vamos, então cuide disso aí.

– Eu vou estar de pé, não se preocupe. – garanti.

Ele se jogou ao meu lado.

– Naruto vai trazer alguma coisa pra gente comer daqui a pouco...

Shikamaru se sentou na outra poltrona.

– Então, nos resta esperar...


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