Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 34
- O piquenique.


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas lindas. Mais uma vez aqui embora a enorme demora; Teve o PCA essa semana bem no dia que eu iria postar e tava com um bloqueio criativo pra terminar um capitulo super importante. Não poderia postar esse sem terminar o outro pq gosto de ter uns capitulos extras a frente. Então me desculpem. Pra recompensar vcs fiz um bem grande... Esse na verdade é um dos meus capitulos preferidos. Boa leitura amores.



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O ódio já subia a cabeça de Elena em uma velocidade tão voraz que seu cérebro mal conseguia acompanhar. Juntou as mãos em forma de oração e respirou profundamente para que não perdesse a paciência.

O que era impossível.

Era capaz de ficar ali o dia inteiro se fosse necessário para provar que estava certa.

– Preto é muito comum. – Disse Elena rangendo os dentes em tentar manter a calma. – Ela tem que destacar.

– Preto é sexy... Ela tem que ficar sexy.

– Eu sei... E o que vai deixar sexy é o modo como a roupa à veste e não a cor – Era oficial. Pularia nos cabelos de Rebekah e arrancaria fio por fio se ela não calasse aquela boca britânica. – E além de que o turquesa vai combinar mais com a pele dela.

– E preto combina com tudo. – Rebateu a loira enchendo o peito para falar

– Mas ela tem que se destacar por isso o turquesa é o certo pro tom de pele dela.

– Só que...

– CHEGA. – Gritou Caroline interrompendo aquela pequena discussão. Já haviam passado longos e intermináveis vinte minutos desde que Elena e Rebekah começaram a argumentar sobre qual biquine Caroline deveria usar. – Não aguento mais isso. Vocês duas parecem duas crianças. Até agora a gente não decidiu nada e eu to vendo que vou ter que viajar pra Califórnia com o maiô da minha mãe. – Klaus chegaria amanhã para busca-la e até agora tudo que compraram foi uma canga verde esmeralda e umas blusinhas de veraneio.

– Posso dá uma sugestão? – Perguntou Bonnie. Que estava ao fundo da loja sentada em um dos banquinhos assistindo a briga com outras clientes. Elena a olhou com descanso e revirou os olhos pela intromissão, enquanto Caroline gesticulava para que a baixinha falasse. – Porque não leva os dois de uma vez? Vão ser três dias, não é?

Elena bufou e seguiu para outra arara batendo o pé ao chão, irritada. Bonnie sempre tentando pregar a paz. O azul era muito mais bonito e combinava muito mais com o tom de pele de Caroline e aquilo era obvio.

No final, além dos biquínis escolhidos por Rebekah e Elena, Caroline comprou um rosa claro e um protetor solar novo. Saíram da loja com tudo finalmente pronto para a viagem da loira para a Califórnia.

– Elena aonde você vai? – Perguntou Rebekah a puxando pelo braço com delicadeza.

– Vou pegar meu carro... Já compramos tudo.

– Elena você tá bem? – Agora foi à vez de Caroline a questionar. As três a encaravam como se estivesse maluca, enquanto ela apenas apanhava a chave de seu bolso sem ao menos perceber aqueles olhares sobre si.

– Porque não estaria bem? – Falou ela andando alguns passos a frente. Ao perceber que nenhuma das meninas a seguia, ela parou e andou o caminho da volta para as três que continuavam paradas no mesmo lugar a encarando de maneira estranha. – Porque estão me olhando desse jeito? – Indagou confusa.

Bonnie a respondeu no mesmo tom:

– Elena sábado tem o piquenique anual da cidade, lembra? Temos que comprar nossas roupas.

Conforme Bonnie falava, os olhos de Elena se fechavam em raiva. Se continuasse assim levantaria desconfianças delas ou de alguém. Fazia três dias desde aquela segunda feira que Bonnie a avisou que ela e Matt enviaram aquela carta para Rose. Desde então sua mente não conseguia pensar mais em nada.

Vozes das meninas mesclavam dentro de sua cabeça enquanto tudo a sua volta girava.

Rebekah questionava:

– Desde quando você esquece sobre uma tarde de compras, Elena?

Depois foi a vez de Bonnie:

– Você tá muita estranha esses dias. O que tá acontecendo com você, Elena?

E por ultimo, Caroline:

– Tem certeza que você tá bem?

Elena sentia como se as vozes de cada uma delas se juntassem com o objetivo de atingir e derrubar seu cérebro. Fechou os olhos o apertando com força e se sentou em um banco próximo. Onde abaixou a cabeça até que recuperasse a respiração. Não se lembrava da ultima vez que comeu. De tão aflita com a possibilidade da chegada de Rose, ela acabou se esquecendo de ingerir qualquer alimento que fosse. Não podia deixar com que levantassem desconfiança sobre nada. Se Rose aparecesse teria que dar um jeito de encontra-la e fazer com que Damon saísse da cidade até que ela fosse embora.

Ao se sentir melhor, levantou a cabeça e encontrou as caras de indignação de suas amigas que ainda a olhavam sem entender nada. Levantou do banco de metal e caminhou até a loja de roupas como se nada tivesse acontecido.

Cada uma comprou o tipo de certo de roupa para ocasião. Elena já havia feito um post no blog sobre roupas certas para piqueniques, então sabia exatamente o que usar. Um short com uma estampa bonita de flores a encantou assim que bateu os olhos na peça. Não queria ter de usar tênis ou algo do gênero, mas como o evento gritava para que usasse, teve de considerar. Desistiu e acabou comprando uma sapatilha vermelha, mas a pior parte foi na hora de escolher a blusa. Queriam que levasse uma regata frente única simples, quase fez um escândalo ao provar aquela peça horrorosa sinônimo de pobreza.

Prefiro ficar exagerada a ficar sem classe.

Já bastava o detalhe de não poder usar salto nem muita maquiagem. Comprou uma blusa manga curta, branca rendada. Foi à coisa mais simples e ao mesmo tempo bonita que a loja tinha.

Estava com tanta raiva de Rebekah que Bonnie teve de ir dirigindo seu carro na volta. Ela levou a britânica e depois Caroline, antes de deixar Elena em casa e seguir a pé. O que não foi muito já que ambas moravam bem perto uma da outra.

Não pôde conter a felicidade a se ver livre do peso das vozes delas. As meninas eram ótimas amigas, mas tudo que queria agora era o silêncio para que pudesse pensar. Por mais que quisesse esconder, o assunto Rose deixou-a aflita para tudo e qualquer tipo de coisa.

Já eram 18h21min. Largou as sacolas com delicadeza no sofá da sala e seguiu para a cozinha beber uma água. Conseguia ouvir nitidamente a voz de Damon ao fundo falando com alguém. Presumiu que ele estivesse ao celular, mas surpreendeu-se ao chegar ao cômodo e o encontrar no balcão com April. Ela estava com o caderno aberto em uma pagina qualquer, apontava para um exercício e Damon a explicava com facilidade e até bom humor.

– O que confunde muita gente nessa hora é com certeza depois que a conta já foi formada. Principalmente por conta dos números negativos e de que não pode usar calculadora nas provas de vestibular... Eu vou te ensinar um truque que eu aprendi na faculdade com um professor, quando se trata de matrizes, é assim...

– Atrapalho? – Disse Elena na soleira sem porta da cozinha. Assistia aquela cena sem conseguir conter o sorriso no rosto e a alegria na voz. Queria muito que sua família gostasse dele; Se um dia tudo desse errado, gostaria de saber que poderia contar com o apoio deles.

– Oi, Elena... – A cumprimentou educadamente. April ainda mantinha os olhos na folha do caderno esperando por mais explicações. – Onde estava? – Elena seguiu até o bebedouro e encheu o copo até o topo de água.

– Fui no shopping com as meninas comprar as roupas pro piquenique anual no sábado. O senhor vai professor?

– Talvez... Já que todos vocês vão não acho legal ficar aqui sozinho. – Afirmou Damon com um leve tom de malicia. Elena o olhou de relance enquanto dava mais um gole em sua água e ele lhe enviou um sorriso aberto. Se não estivesse pela boca cheia pelo liquido retribuiria na mesma intensidade com toda certeza.

Terminou de ingerir todo o recipiente e virou-se na direção de April após deixar o copo na pia.

– O que tá estudando?

– Matrizes. To com uma duvida e como senhor Salvatore tava em casa ele concordou em me ajudar.

– Você pedindo ajuda? – Riu Elena sem humor. – Pensei que você e o Jeremy eram gênios que sabiam tudo. – Damon ainda se mantinha calado com o mesmo sorriso sarcástico no rosto. Queria saber o que ele tanto achava graça para sorrir daquela maneira tão sínica.

– Não somos alienígenas, acredite ou não, temos duvidas também. – Falou sua irmã caçula dando os ombros enquanto apagava e reescrevia algumas coisas no caderno. – Mas... Mudando de assunto... Ô Elena que historia de biquíni era essa, que aquela sua amiguinha loirinha ligou desesperada aqui de manhã perguntando se você iria ajudar ou não. – Caroline havia comentado no caminho que por conta da falta de confirmação de Elena em dizer se iria ao shopping com elas ou não, acabou ligando mais do que deveria para sua casa. Havia se esquecido completamente de confirmar. Havia se esquecido do passeio. Havia se esquecido de tudo. Sua mente só conseguia ocupar-se por uma coisa. Rose.

Afastou-se um pouco do balcão para que Damon não desconfiasse de sua expressão preocupada e foi até o armário pegar uma embalagem de cereal. Era quase hora do jantar, mas estava tão faminta por aquele jejum que não importava.

– Foi simples. A Caroline vai passar esse fim de semana na Califórnia com o namorado e queria ajuda para comprar biquíni.

– Biquíni? – Intrometeu-se Damon. Repetindo aquelas palavras sem entender – Biquíni no inverno?

– É eu sei, mas ela nunca saiu da Virginia. – Apanhou o leite na geladeira e voltou para o balcão em procura de uma vasilha. – Na Califórnia a temperatura no inverno não fica a baixo dos vinte graus. E com o frio que faz aqui pra ela lá vai tá calor.

– É... Faz sentido. O que não faz sentido é esse namoro.

– Como assim?

– Klaus e Caroline. – Disse ele com o cenho franzido. – Quando o Klaus me falou que tava pegando uma das amigas adolescentes da irmã dele... A gente achou que era só pra se divertir e passar o tempo.

– Você e ele eram muito amigos, não eram?

– Um pouco. – Deu os ombros em descanso. – Antes éramos mais, só que aconteceram algumas coisas. – Elena lembrava-se vagamente de Bonnie dizendo algo relacionado a isso. Disse que os dois eram amigos, mas Klaus ficou do lado de Mason depois que a traição de Damon com Rose foi descoberta.

– Vocês ainda se falam?

– Bem raro. Quando ele vem na cidade eu cumprimento e conversamos um pouco só que não é a mesma coisa de antes por que... – Interrompeu a fala bruscamente. Ambos não haviam percebido a presença de April ainda no cômodo. A menina os encarava perplexa pela intimidade que aparentavam na conversa; Os olhos azuis arregalados e a boca aberta em surpresa com um pequeno sorriso de choque.

Elena logo voltou os olhos para a irmã, percebendo qual o motivo para Damon ter terminado de falar. Em disfarce, continuou a colocar o leite na tigela laranja em cima do cereal.

– Acho que é melhor eu... Ir. – Aludiu April, ainda envergonhada. Recolheu o material e saiu do cômodo abafando um riso.

Após certificar-se da saída da irmã, Elena foi até a soleira para confirmar.

– Ela desconfiou. – Exclamou voltando para o banco. – Temos que ter mais cuidado.

– Eu sei, sei disso. Mas já foi... Agora é só cuidar pra que não aconteça de novo.

– Senti saudades. – Falou Elena, remexendo a colher dentro da comida. Deu uma olhada em rabo de olho para Damon que a encarava com um pequeno sorriso no rosto.

– Eu também senti. Muitas.

– A ida ao shopping foi um desastre. Preferia ficar aqui contigo.

– Nossa. – Ele sussurrou com ironia chegando mais perto de Elena. Sentiu seu corpo estremecer por completo quando ele se pôs em pé em suas costas com as mãos fortemente apoiadas na sua cintura. Sua vontade era jogar tudo de cima daquele balcão no chão e se deitar com ele ali mesmo. – Você preferindo a mim ao invés de um shopping. – Damon debochou maliciosamente ao pé da orelha de Elena. Outro um tremor a atingiu e sua respiração acelerou-se ainda mais. – Posso considerar isso uma declaração de amor?

Não iria aguentar. Queria terminar o ocorrido na garagem agora mesmo. O quarto dele ficava ali do lado. Girou o corpo no alto banco e o encarou com os olhos queimados por desejo. Aproximou seu rosto ao dele lentamente e colou suas testas sentindo uma onda elétrica passar pela pele um do outro. Ele estava com halito de menta. Sentiu a mão de Damon apertar o seu quadril de maneira mais eficácia, a partir do momento em que aproximou a boca para morder o queixo do rapaz. Estava pronta para incidir aos lábios quando ouviu o barulho da porta sendo aberta na entrada.

– Chegamos. – Anunciou Jeremy fazendo Damon pular para o outro lado da cozinha. Elena virou-se bruscamente para sua tigela de cereal e continuou a comer como se nada tivesse acontecido.

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Elena fechou o notebook com a satisfação de ter terminado mais um post. Havia falado sobre os penteados mais adequados para cada estação de ano.

Os últimos dias haviam passado como um trovão. Nem lembrava mais de Rose. Já havia dado tempo dela ter voltado e até agora absolutamente nada aconteceu. Talvez tenha superestimado a importância de Damon na vida daquela mulher. Pelo visto outro plano de Bonnie iria fracassar.

Era sábado. Dia do piquenique e tinha de estar linda.

Tinha até considerado a ideia de não ir e ficar em casa com ele para reviverem outro fim de semana inesquecível, mas se começasse a faltar em festas para ficar em casa, Isobel iria desconfiar que havia algo errado com ela.

Nunca foi caseira e se virasse do dia para noite se tornaria motivo suficiente para que a mãe investigasse.

Tomou um banho forte e demorado na banheira. Regado a sais de morango e hidratantes epiteliais e capilares. Colocou a roupa que comprou e cacheou seu cabelos levemente no babyliss. Sabia que a partir do momento em que passasse a maquiagem não conseguiria ser básica e simples; Então, trancou lápis, delineador e sombras escuras dentro de uma maleta na noite anterior e pediu para sua irmã esconder a chave e só lhe dar no outro dia. Rimel, blush e batom foram tudo que lhe restou. Não usava pó de arroz e nem muita base. Sempre teve aquela famosa pele de pêssego, então não era uma prioridade na hora da maquiagem.

Todos já a esperavam no andar de baixo. Nessas ocasiões sempre era a ultima a ficar pronta da casa inteira. Fazia tempo que aprendeu a se arrumar duas horas antes do horário, duas horas e meia em Mystic Falls por conta da preservação que tinham perante a pontualidade. Tudo isso, para não ter que ouvir mais reclamações de sua família durante todo o caminho.

Desceu as escadas e encontrou todos lá. Bonnie, Rebekah, Jeremy, April, Anna, Isobel, Jenna e Damon.

Damon. Sentado espremido em uma poltrona ao fundo da sala, enquanto todos conversavam sobre alguma coisa. Quando seus olhos se encontraram aos dele era como se ninguém mais ali existisse ou se encontrasse. Ele sorriu admirado e disse sem som: ‘’ Está linda. ’’

Terminou de descer os degraus, ainda com a expressão de apaixonada no rosto e todos se levantaram já em preparo para poderem finalmente sair.

– Vamos ser os últimos a chegar de novo. – Reclamou Jeremy no caminho para a saída. Elena revirou os olhos e esperou que sua mãe abrisse a porta para saírem em direção ao jardim.

– Bom, temos nove pessoas e três carros. – Exclamou Isobel olhando em volta após sua contagem. – O meu é uma minivã, então cabem seis pessoas, além do motorista.

– Na verdade temos dois carros... O meu tá sem gasolina.

– De novo, Elena? – Disse a mãe já estressada. Elena deu os ombros e sorriu sutilmente. Na verdade, seu carro estava ótimo. Queria dar um jeito de poder ir com Damon, sabia que seria impossível os dois irem juntos e sozinhos, mas queria estar com ele de alguma maneira. Não importava qual fosse. – Ok, Damon. – Continuava Isobel a falar. – No seu carro cabe quatro além do motorista, certo. Se vão sete no meu, contando comigo lógico; duas pessoas tem que ir com você. – Ela explicou e Damon assentiu prestando atenção. – Dois vão com você então. Tá decidido... Quem vai com o Damon?

– EU. – Soaram as duas vozes juntas em um alto e histérico grito. As duas elevaram a mão o mais alto que podiam e assim que os olhos de Elena se viraram para encontrar os de Jenna, ela sentiu seu coração queimar em raiva.

Vaca. Pensou Elena em fúria. Leva um toco e ainda corre atrás do homem.

– Então vamos. – Pronunciou Rebekah pela primeira vez e Isobel seguiu com Damon para apanharem os carros na garagem.

A expressão de Damon apenas ostentava o quão ele sabia que aquilo daria errado, além é claro de sua vontade de fugir para as montanhas.

Jenna veio sorrateiramente e a puxou pelo braço para alguns centímetros longe das pessoas. Elena cambaleou confusa, mas acabou indo com ela.

– Você tem que me ajudar. – Falou a tia quase desesperada.

– Como assim? O que aconteceu?

– Damon aconteceu... Ele me deu um fora e eu quero tentar laçar ele de novo, entendeu?

– Ok, e o que eu tenho haver com isso? – Sussurrou Elena tentando controlar a raiva. Não queria perder a paciência com sua tia, afinal ainda era sua tia.

– Vai no carro da sua mãe... Dá uma espremida, ou pede pra Anna sentar no colo do Jeremy, qualquer coisa.

– Tia Jenna... – Chamou Elena calmamente descansando as mãos em cima dos ombros da ruiva e continuou a falar, em tom de ironia e fingindo lamentação. – Por mais que eu queira te ajudar, eu não quero amassar minha roupa. Desculpa. – Dito aquilo, deu as costas a Jenna e voltou para frente da casa ao lado de Rebekah e Bonnie.

Por sorte, a praça não ficava tão longe, mas se a teoria de Einstein sobre a relatividade era verdade, o tempo para Elena passaria mais devagar do que sua mente planejava.

– Porque quis ir com ele? – Ponderou Bonnie após alguns minutos. Já estava pronta para aquela pergunta, então tinha a resposta bem na ponta da língua.

– Ah... Todo mundo ia com o carro da minha mãe e eu não quero amassar minha roupa.

– Pelo menos sua tia vai com você. – Consolou Rebekah demonstrando pena. – Eu não aguentaria ficar nem quinze minutos sozinha com ele.

Era em conversas como aquela que Elena descobria que nunca teria o apoio necessário dos amigos. Era quando sabia que estava sozinha e que ela e Damon provavelmente não teriam o apoio de nenhuma pessoa.

Por isso que ninguém poderia descobri. De maneira alguma. E agora com o Senhor Saltzman sabendo e claramente não aprovando fazia com que a ideia de sigilo perdesse um pouco menos de força.

Seus pensamentos foram atravancados pela buzina do Prius Branco de Damon que deu a volta na rua e estacionou.

Elena olhou a sua direita e encontrou os olhos de Jenna em fogo ao encontro dos seus. Era como se os pensamentos das duas estivessem conectados um ao outro e antes que Elena conseguisse perceber, ambas já corriam com toda velocidade encontrada no corpo em direção ao carro para chegarem primeiro ao banco da frente. O banco do lado de Damon.

– Agrh – Grunhiu Elena acelerando o passo. Estava na frente, mas Jenna quase a alcançava.

Não olhava para trás, mas sua visão periférica enxergava claramente os fios ruivos do cabelo de sua tia se balançando contra o vento.

Sorriu presunçosa ao alcançar a maçaneta. Esticou as mãos perdendo um pouco da velocidade e seus dedos levemente foram ao encontro do puxador.

– Consegui... – Murmurou a morena em comemorando enquanto seu corpo era jogado para o chão. Jenna ao ver que Elena alcançou a maçaneta, viu-se sem escolhas. Com o quadril, a empurrou para o lado fazendo Elena se desequilibrar. Não queria fazer aquilo com a sobrinha, mas estava desesperada.

Antes que pudesse levantar, Jenna já havia entrado no carro.

– Eu to bem... – Disse ela voltando a ficar de pé. Bateu as mãos uma na outra para limpar o pequeno rastro de sujeira e fez uma cara de nojo. Olhou rapidamente para sua mãe, seus irmãos e suas amigas. Todos com a mesma expressão no rosto. Confusos, perplexos e desnorteados. Abriu a porta de trás e sentou-se no banco sem dar explicação ou falar mais nada; Aquele havia já sido o mico do século.

Damon, que entendia e sabia exatamente o que estava acontecendo preferiu ficar em silencio e fez bem afinal, Jenna estava no carro. Apenas havia perguntado se Elena não tinha se machucado e depois a olhou rapidamente pelo retrovisor.

Por sorte, decidiu usar aquela sapatilha. Na corrida pelo lugar podia ter quebrado um salto e o pior graças a deus não aconteceu: Suas unhas estavam intactas. Foi à primeira coisa que conferiu ao levantar-se. O esmalte roxo ainda continuava o mesmo e nenhuma rachadura se apresentou.

Tentava acalmar-se e manter longe os pensamentos de matar sua tia, que ficavam cada vez mais impossíveis. Conferiu suas pernas e seu pé para checar se não havia machucados. Não foi uma queda grande nem nada, mas Elena era exagerada. Só não gritou e esperneou um escândalo porque Damon estava ali e quanto mais mantivesse distante a imagem de patricinha mimada dele, melhor.

– Precisa comer mais, Elena. Um empurrãozinho e você já caiu. – A voz provocativa de Jenna fez aquela vontade de mata-la se intensificar. Se sua tia achava que ficaria quieta, estava enganada.

– Eu como o suficiente, mas esse seu quadril largo e gordo me derrubou. Não teve jeito.

Jenna ficou calada. Elena não podia ver a expressão dela, mas tinha certeza de que se contorcia de raiva. Jenna era linda e magra, agora. Mas tinha obsessão com o peso, pois no passado havia sido uma adolescente com problemas de obesidade. Todos da família sabiam disso e Elena nunca tinha brincado e a provocado com esse detalhe, mas sua tia havia merecido.

Já estavam a alguns metros da praça, Damon procurava uma vaga perante o amontoado de carro.

– O dia tá lindo. – Afirmou a ruiva abrindo a bolsa e pegando seu óculos escuros. – Espero que possamos nos divertir. – Jenna completou. Apanhou a mão de Damon que descansava fora do volante. Mais uma vez a raiva a atingiu. Não podia culpar Jenna, afinal ninguém sabia de nada que acontecia entre Elena e Damon, mas também não conseguia conter-se. Não era do tipo que morria de ciúmes. Se sua tia fosse uma amiga dele não haveria problemas, só que era difícil manter o autocontrole quando era claro o interesse da parte de Jenna. Por sorte, Damon retirou a mão apressadamente.

– Vamos... – Ele disse envergonhado retirando seu cinto.

O carro de trás demorou um pouco para encontrar uma vaga, mas logo todos saíram. Rebekah e Bonnie rapidamente vieram na direção de Elena e as três seguiram pela praça junto à multidão para encontrar uma arvore. Sua família ainda retirava a comida do carro.

– Então como funciona esse piquenique? – Inquiriu Elena olhando em volta. Crianças, adultos, idosos, todos felizes; Alguns andavam para lá e para cá e outros sentavam em uma sombra para comer.

Animadamente, Rebekah respondeu:

– Bom, todo ano é assim... O povo vem, trás comida, mas tem as mesas de banquetes, fornecida pela prefeitura. Todo mundo come e depois, tem o leilão de homens, que é minha parte favorita, lógico. E no fim, fazemos um pedido e soltamos lanternas japonesas no ar.

Leilão de homens? Pensou Elena tentando entender o que aquilo significaria.

– Uau... Parece muito...

– Brega? – Sugeriu Bonnie fazendo Elena sorrir.

Iria indagar sua duvida sobre o tal ‘’leilão’’, mas foi interrompida pela voz de sua mãe chamando-as e dizendo que achou um lugar. Damon não estava mais lá. Nem sinal. Deu uma ronda rapidamente na praça com os olhos e teve a impressão de ter visto um deslumbre de Tyler com um homem mais velho, em volta de uns trinta anos, e bonito. Elena perguntou rapidamente quem era para Bonnie e ela disse que era Mason; O que explicava o sumiço de Damon muito bem.

– Come filha... – Disse Isobel preocupada. Elena não parava de olhar para os lados e estava com uma expressão estranha. Já haviam forrado tudo conforme a tradição. Toalha vermelha com bolinhas brancas, grande o bastante para todo mundo se sentar e sextas de doces e salgados. Para não desconfiarem, Elena apanhou um sanduiche de umas das sextas e começou a comê-lo. – Está bom, meu amor? – Completou a mãe e Elena assentiu positivamente.

Jenna havia trago uma própria sexta com quitutes saudáveis para controlar sua paranoia com o peso. Aquilo até fez Elena sentir um pouco de receio, pois sabia o quanto ela devia querer comer.

– Elena. – Chamou Jeremy cutucando seu ombro.

– Fala.

– Pega um pedaço daquele mouse de maracujá na mesa lá pra mim. – Pediu ele fazendo aquela cara de cachorrinho emo que tinha. Elena logo o olhou com raiva e negou com a cabeça, mas logo achou melhor ir porque seria um motivo para andar a praça e quem sabe encontrar Damon.

– Tá bom... – Disse ela revirando os olhos e levantando. Havia varias mesas de banquete. Postas pela prefeitura, cheia de comida para o povo se servir.

Deduziu que a mesa que Jeremy falava deveria ser uma próxima do lugar onde estavam. Mouse era doce, mas não sabia se a comida ficava separada uma da outra em categorias ou se a organização de alimentos era aleatória.

Aproximou-se da mesa mais próxima ao lugar que sua família estava. Não havia nenhum mouse. Duas mesas à frente também não. Foi na direção de mais uma e de longe viu o doce amarelo.

Apanhou um pratinho de plástico entre a pilha e depois olhou em volta sem saber o que fazer. Se acaso cortasse errado, poderia sujar sua roupa de doce e atrair formigas por todo seu corpo.

Afastou um pouco ao abrir o pote e apanhou a faca. Colocando o prato praticamente encostado ao doce e torcendo para cortar certo. Enfiou a faca pela lateral do doce e abaixou o prato para que caísse deitado. Cortou e logo que metade da extensão do mouse se estendeu no pratinho, puxou a outra parte com a faca.

– Difícil? – Perguntou uma voz irônica a sua direita. Olhou rapidamente de relance a figura de Ric ao seu lado. Ele segurava um copo de cerveja na mão e um prato de plástico como o seu só que ao invés do mouse, continha bolinhas de queijo.

Abafando um sorriso, ela respondeu:

– Um pouco. – Ao perceber que o doce já estava devidamente sob o prato, fechou a tigela e continuou ali parada. Sabia que ele provavelmente não veio aqui só para dizer ‘’oi ‘’.

– Já deve saber por que eu to aqui, não é?

– Desconfio.

– Então já sabe que eu sei certo? – Esperava que ele fosse grosso, mas o tom de voz amigo e compreensivo na voz de Alaric só a deixava mais confusa. Devagar, Elena assentiu que sim e Ric continuou a falar. – Damon é meu melhor amigo... Eu quero tudo de bom na vida dele e quero se seja feliz.

– Eu não tenho duvidas disso, senhor Saltzman.

– Que bom que não. Mostra que você tem senso. Eu sei que você nesse momento não deve tá me achando o mais legal dos homens só que eu quero o bem do meu amigo e eu tenho mais do que certeza que a cadeia não vai ser o melhor dos acontecimentos pra ele.

– Eu também sei disso. – Concordou ela um pouco abaixo do tom. Ter mais uma pessoa jogando verdades sobre os riscos de sua relação com o Damon fazia tudo pior. Seus amigos não iriam apoiar, e os dele acabavam de deixar claro que também não aprovava. Para Elena estava cada vez mais claro o quão sozinhos eles estavam. Sua família definitivamente não aprovaria e Damon não tinha família para aprovar e desaprovar nada.

– Eu não vou mentir, mas me alivia saber que vocês terminaram. Damon fez a coisa certa e eu espero realmente que você fique bem e aceite a decisão dele. É melhor para os dois, você vai ver.

Rapidamente a expressão de Elena se contorceu em duvida. Demorou um pouco para entender o que ele queria dizer com ‘’ me alivia saber que vocês terminaram’’ ou ‘’aceite a decisão dele’’ e ‘’ Damon fez a coisa certa’’ ‘’ É melhor para os dois’’. Tudo aquilo dava a ideia de termino e ela e Damon estavam bem. Pelo menos era o que achava. Percebia um pouco a hesitação dele em deixar que o tocasse e o medo que ele tinha de beija-la em casa quando alguém estava, mesmo que estivessem todos dormindo, mas ele já não a repuxava e nem a renegava. Estava cada vez mais solto e estava tentando.

– Vai ser sim. Obrigada senhor Saltzman. – Agradeceu ainda tentando disfarçar sua falta de entendimento. Saiu e mandou um fraco aceno de tchau para o professor que deu um leve gole em sua cerveja e a observou ir embora de volta para seu lugar. – Seu mouse. – Entregou o pratinho para Jeremy e logo tratou de sair novamente. Todos conversavam com animação, nem deviam ter percebido que não estava lá.

Se ele acha que terminamos, mas estamos claramente juntos é porque Damon deve ter dito que a gente rompeu.

Só podia ser. Senhor Saltzman claramente não concordava e deve ter aconselhado Damon à por um ponto final nos dois com toda certeza, mas ele não fez. Deixou de lado a opinião do melhor amigo. O que significava que os sentimentos dele eram fortes ou ao menos significativos.

Devia estar parecendo uma idiota, andando pela praça com a cabeça baixa e um sorriso bobo no rosto. Nem tinha ideia para onde estava indo. Sua pretensão era achar Damon, mas seus pensamentos saltitantes e alegres a tornava incapaz de concentrar em qualquer coisa.

– Aí... – Reclamou ela cambaleando para trás ao esbarrar em alguém. Nem se aprontou de olhar para o rosto da pessoa. Voltou sua atenção para sua roupa até que se certificasse de que continua intacta. – Um pouco de atenção não faz mal sabia. Podia ter me machucado.

– Me desculpa. – Soou a voz feminina com sinceridade. Elena primeiro a olhou torto, mas logo percebeu que não foi intenção da mulher. – Eu não queria... Desculpa.

– Tudo bem. Não foi nada.

– Com licença. Perdão outra vez. – Falou a mulher sorrindo docilmente e saiu em meio à multidão.

Ao menos a trombada havia servido para despertá-la de parecer uma idiota perante as pessoas. Seguiu mais alguns passos descoordenados e sem uma direção muito certa. Era como se estivesse dando círculos em volta da praça. Teve que se esconder de Tyler duas vezes e chegava à conclusão que era mais fácil encontrar um buraco que a levava de volta a Nova Iorque do que a Damon.

Caminhou um pouco ao norte da praça bem ao fim, onde a quantidade de pessoas era pouca. Se havia um lugar que ele provavelmente estaria era ali, longe de toda aquela gente.

Encontrou ao longe, quase no cercado que rodeava o fim da praça, uma mesa. Não uma mesa como as do banquete. Uma mesa pequena, com bancos de madeira ao redor e uma mulher sentada. Uma pequena churrasqueira e uma caixa de isopor provavelmente com gelo contido para refrescar as bebidas embutidas.

Reconheceu de longe o homem revirando alguma carne na grelha, mesmo de costas a aparência de Damon perante o seus olhos era inconfundível.

Teve vontade de ir até ele, mas não lhe pareceu uma boa ideia. Afastou-se rapidamente e correu para uma arvore mais próxima escondendo-se atrás para observa-lo. Após umas giradas na carne, Damon desencostou-se da churrasqueira e deu alguns passos em direção ao isopor. Abriu e apanhou uma cerveja.

Damon não faz isso... Não, Damon.

Estava prestes a ir lá e arrancar aquela garrafa de sua mão, mas seu corpo foi atravancado quando ele entregou a bebida para a mulher e se sentou de mãos vazias sem nenhum copo preso a palma.

Ufa. Pensou Elena aliviada.

Quem era aquela mulher, afinal?

Tinha uma leve impressão que já havia a visto. Provavelmente pela cidade. A moça era muito bonita. Tinha cabelos castanhos escuros, quase pretos e encaracolados bem a altura do ombro, rosto quadrado e um furinho pequeno no queixo, de longe seus olhos também pareciam ser castanhos, mas não estava perto o suficiente para ter certeza.

Alguns metros de distância, senhor Saltzman aproximava-se da mesa e se pôs sentado ao lado da mulher. Ele não estava mais com a cerveja na mão quando Elena o viu da ultima vez, mas o pratinho de salgados continuava. Depositou um selinho rápido nos lábios da moça e Damon deu um breve sorriso olhando a cena.

Esperou que ele olhasse ao redor para agir. Não demorou muito e logo viu os olhos de Damon passear em volta de toda a área da praça. Afastou-se um pouco da arvore onde estava encostada e sacudiu os braços agitadamente para atrair a atenção dele. Logo ao avistar aquela pele se balançando contra o ar, Damon estremeceu com medo de que Alaric ou Meredith a visse. Por sorte, Elena percebeu que ele já tinha a visto e voltou a se esconder atrás da arvore.

– Que foi, Damon? Viu um fantasma? – Meredith questionou perante sua postura e expressão.

– Não foi um fantasma. Eu vi o Mason. – Negou encontrando a desculpa mais plausível que havia encontrado. Desde quando raciocinava tão rápido assim para mentiras? O tempo que estava passando com Elena havia o afetado mais do que imaginava. – Quero sair daqui antes que ele me veja. Licença vocês dois.

Damon seguiu hesitante para próximo da arvore. Passou reto e virou o rosto para Elena sugerindo que fosse atrás. Achou melhor esperar que Ric deixasse de seguir o amigo com os olhos para que pudesse ir junto.

Ao ver que Alaric voltava a conversar com a mulher aproveitou a chance e saiu apressadamente. Como se ateve mais em observar se Alaric ainda olhava para Damon do que em ver aonde Damon iria, acabou que não soube com certeza em que lugar ele sugeriu que fosse. Dentro da praça é que ele não iria conversar, então presumiu que houvesse saído do local. Suas certezas foram confirmadas a ver que havia uma segunda saída para a rua perto da onde estavam.

– Damon... – Murmurou Elena já na calçada, o procurando. Andou mais um pouco entre os carros e encontrou Damon escondido no meio de dois caminhões. – Damon. – Repetiu ao encontrar e foi a sua direção. – Porque você sumiu? – Perguntou olhando em volta. A rua estava vazia e quem chegasse provavelmente adentraria a praça pela entrada, bem lá na frente.

– Bom digamos que Tyler Lockwood não parava de olhar pra você e como o irmão tava perto, eu tive que sair pra que ele não me visse. Entendeu porque eu detesto esses eventos? Se não é o Mason é meu pai e minha mãe... Odeio essa cidade, Elena.

– Eu sei, eu também odeio. – Concordou ela passando os braços ao redor do pescoço de Damon. Ele estava com raiva, então não correspondeu ao toque na hora, mas logo as mãos dele repousaram em sua cintura. – Quer sair daqui? A gente dá uma escapada e volta a tempo pro tal leilão, ninguém vai perceber.

– Elena, não inventa, sua mãe vai perceber. Ela vai notar que você sumiu.

– Vai nada. – Disse ela tentando o convencer. – As meninas não vão ficar junto com a minha mãe. A Rebekah vai grudar no namoradinho, Matt e a Bonnie vai ficar de vela e arrastar asa pra um garoto... E como o Tyler vai tá junto, elas vão pensar que eu to com a minha família porque não quero uma situação constrangedora.

– O problema não são suas amigas... É sua mãe. O que ela vai pensar?

– Vai pensar que eu to com as meninas. Eu nunca fico perto dela em uma festa, ela estranharia se eu ficasse isso sim. – Rebateu a garota esperando o convencer.

– Ok... Você venceu. – Fala Damon em redenção. – Pra onde que ir?

Elena sorriu maliciosamente e o levou até o carro dele. Dessa vez ela dirigiria. A ideia que persistia em sua mente era leva-lo para algum motel, mas logo desistiu. Queria muito aquilo, só que algo em sua cabeça também dizia que a iniciativa da primeira vez havia de partir dele. Estava pronta há muito tempo e sabia que ele ainda não estava totalmente certo, levando em conta que há alguns dias atrás Damon nem deixava que ela o tocasse direito. Assim que ele se entregasse por inteiro e a quisesse sem medo, Elena iria sem pensar duas vezes.

No começo nem a própria sabia direito para onde iriam. O motel era a primeira alternativa, mas ao pensar melhor ficou vazia de opções.

Sabia de um lugar. A ideia de leva-lo lá a confundia, mas um lugar pequeno como Mystic Falls também não mantinha muitas escolhas, então preferiu agarrar-se a esperança de que Damon entenderia.

– Você dirige muito mal sabia? – Ele exclama sorrindo enquanto a observava. – Muito mal mesmo. Como tirou carteira?

– O instrutor da autoescola era bonito... Tinha uma quedinha por mim.

– Ah, claro. Um entre muitos eu aposto.

– Eu não to acostumada a dirigir. – Retrucou Elena normalmente, ainda tentando manter atenção na estrada. – Em Nova Iorque eu tirei a carta, mas conseguia contar nos dedos às vezes que eu dirigir pra valer depois disso.

Confuso, Damon perguntou:

– Porque não dirigia? Se você tirou a carta era pra dirigir, não é?

– Sim era, mas lá eu tinha motorista então... Nem tinha sentido dirigir.

– Então porque tirou a carta? – Continuou com o pequeno questionário ainda na intenção de tentar entender, mas também gostava de saber mais sobre ela. Diferente das pessoas que Damon conhecia, Elena possuía uma vida agitada. Cheia de luxo, fama, poder... Era bom às vezes conhecer outro lado da vida. Longe de todo o tédio que Mystic Falls carregava.

– Eu tirei pra poder dirigir de vez em quando. Pra ser mais especifica sempre que meus pais me proibiam de ir a um lugar, eles avisavam o motorista que eu não poderia sair... Então eu pegava o carro e eu meus amigos íamos de madrugada.

– E dava certo?

– Dava, mas no outro dia meu rosto saía estampado nas revistas, sites, jornais e eles descobriam tudo do mesmo jeito. – Explicou ela fazendo Damon rir. Acabou rindo também. Era bom relembrar aqueles momentos.

Mas logo o sorriso de Damon desapareceu ao reconhecer a direção na qual o carro estava tomando estrada adentro. Olhou a volta para confirmar a seu cérebro se era mesmo ali onde estavam prestes a seguir.

– Elena onde a gente tá indo? – Falou agitado. Torcia por dentro para estar enganado.

– Damon, calma...

– Volta. Elena eu não quero. Volta com esse carro agora.

– Fica calmo, tá bom eu não...

– ELENA NÃO. – Explodiu ele a interrompendo de continuar. Estava a prestes a tomar aquele volante das mãos dela a força, mas se fizesse acabaria matando os dois.

Ficou em silencio. Jogou o corpo para trás no banco do passageiro e fechou os olhos torcendo para que a tortura acabasse logo. Elena só podia estar maluca em levá-lo ali.

Logo ali.

O terreno da casa de seus pais. Não pisava naquele lugar há anos. Cinco anos para ser mais exato. Deixou que ela continuasse a dirigir. Torcia que com a falta de jeito dela no volante, acabassem capotando o carro para que não passasse por aquilo. O que ela estava planejando? Que fosse até lá, batesse na porta, cumprimentasse Giuseppe com um abraço de desculpas e todos assistirem reprise de Friends juntos?

Para sua surpresa, Elena desviou o caminho do início do terreno e seguiu a estrada pela lateral e dando a volta na parte de trás. Depois, ela seguiu reto em mais alguns metros frente e parou.

Reconhecia aquele lugar. O parquinho que seu tio havia construído quando criança bem no fim do terreno de sua casa. Seu pai era quem tinha a maior quantidade de terras, então todos podiam brincar ali. Damon, Stefan, seus amigos, seus primos. Brincava mais ali quando era bem criança, normalmente preferia a floresta ou o antigo cemitério. Eram bons lugares para brincar e bem mais divertidos do que o parquinho.

Desceram os dois do carro, lentamente. Onde Damon pôde apreciar o quão mudado aquele lugar estava. A madeira do carvalho já ganhava cor e estética do tempo e do mau uso. O metal das cordas do balance pareciam firmes, mas ainda enferrujados na parte superior. O chão de pedra ao redor foi retirado e o matagal se deu o lugar. O mato não estava muito alto. Seu pai provavelmente continuava a mandar aparar a região mais longínqua da parte principal de seu terreno, que logicamente era onde se concentrava a casa.

– Meu deus. – Ele sussurrou atordoado ainda sem acreditar. Olhava a sua volta com tanta incredulidade por estar ali após tanto tempo.

– Quanto tempo você não vem aqui?

– Não sei... Acho que uns oito anos por aí. Tem o que? Cinco que eu saí de casa, mas antes disso eu já não vinha aqui há bastante tempo.

– Me desculpa... – Pediu ela abraçando a lateral do corpo de Damon. Ele levantou o braço para que ela se acomodasse e o pôs nas costas da morena. – Você não queria vim aqui, mas eu achei que seria bom. Isso tudo não tem nada haver com seu pai, Damon é só a sua infância e você tem direito de relembra-la. É sua.

É sua...

Aquilo se agarrou em seus pensamentos em uma força capaz de possuí-lo. Ela estava certa. Não havia motivo para reprimir memórias que não envolviam seu pai. Mas porque tudo em sua vida tinha que sobre ele? Ele sabia o motivo: Aprovação interna, saciar a fome gritante do orgulho... Só era difícil entender. E era mais difícil ainda se livrar daquilo.

– Obrigada... – A sinceridade no tom de sua vez mostrava a gratidão que estava sentindo por ela. Ninguém nunca havia feito nada assim por ele. – Vem cá. – Tomou-a pela mão a levando em direção ao balanço. – Senta aqui aqui comigo.

– Tem certeza que não vai soltar. – Questionou Elena dando uma leve pressão para medir a força das cordas. – Tá firme... – Exclamou após concluir. Damon sentou-se no balanço ao lado e deu um leve impulso para frente.

– Nem acredito que eu to aqui. Serio, é surreal ainda.

– Eu imagino. Deve ser mesmo, mas até que eu consigo me imaginar no seu lugar.

– Como assim? – Não sabia exatamente do que Elena estava falando. Ela normalmente não era do tipo que falava coisas sobre a família e ele também nunca perguntou. O pouco que sabia era por Isobel que falava de vez em quando.

– Digamos que de nós dois você não é o único com problemas com o pai. O meu é um idiota.

– Ele traiu não foi? Seu pai... Ele mentiu – Perguntou sugestivo parando de se balançar. Dentre as conversas que teve com Isobel e uma em particular com Elena, bem rápida, ambas haviam mencionado aquilo.

– Ele é um lixo. Isso sim.

– Se serve de consolo... O meu também é um lixo. – Ele disse sarcástico a fazendo sorrir sem querer. Elena sentia que eles estavam mais perto. Perto de conseguir chegar onde queria. Ainda era um longo caminho, mas estava disposta a percorrer. Desde que ele a acompanhasse.

Decidida a não deixar obstáculos nessa corrida, seu sorriso fraco se transforma rapidamente no tão riso selvagem e sensual que ela sabia soltar. Damon logo percebeu a intenção nos olhos de Elena.

– Então... – Começou no mesmo tom de malicia, aproximando-se dele. – Acho que a gente tem alguma coisa em comum no final, não é? – Damon novamente parou de se balançar e sorriu ao Elena sentar em seu colo.

– Isso vai quebrar Elena. – Avisou em meio a um pequeno gargalhar.

No mesmo tom descontraído, ela respondeu:

– Você tá me chamando de gorda? É isso que eu to entendendo?

Damon calmamente voltou a balança-los. Um ranger baixo saltava da madeira que apoiava as cordas e o acento, mas não ameaçava soltar. Não em grandes riscos.

– Não... Não to te chamando de gorda. Você é perfeita. – Apanhou o rosto dela delicadamente com as duas mãos e o trouxe mais para perto. Quando sentiu sua boca se encostar a dele depositou todo o sentimento que tinha acumulado.

Adentrou a língua por dentro dos lábios de Damon e as duas se encontraram em um entrelaço perfeito e selvagem.

– Linda... – Ele repetiu em seus lábios os juntando de novo, dessa vez com menos força.

Passaram-se em média mais de duas horas. Que nem ao menos foram sentidas no embalo daquele balanço. Elena continuou exatamente como estava; No colo dele, com as pernas balançadas no ar enquanto as de Damon pregavam-se no chão dando um leve impulso para o brinquedo se movimentar em um lento vai e vem. Em ora conversavam, em ora ficavam em quietos ouvindo e apreciando o silêncio. Não era um silêncio desconfortável, era refrescante, acolhedor e carinhoso.

Ela sabia o que ele sentia. Não com toda certeza, mas era em horas como essa que tinha esperança de que um dia ele poderia corresponder.

– Ok, primeira pergunta... – Anunciou Elena animada. – Filme favorito? – Queria conhecer detalhes pequenos e até bobos sobre ele e queria que Damon também conhecesse essa parte dela.

– Senhor dos anéis. O seu?

– Piratas do Caribe.

– Nós dois gostamos de franquias, então. – Comentou a apertando mais contra seu corpo. Deu mais um impulso e retirou os pés do chão, os balançando no ar junto com os de Elena.

– Um ator? – Ela disse repousando a cabeça nos ombros de Damon.

– Al Pacino.

– Eu gosto dele. Meu favorito é o Adam Sandler; Tem alguma coisa nele que eu adoro. Uma atriz?

– Sem dúvida Meryl Streep.

– Gosto da Audrey Hepburn. Meryl também é maravilhosa. – Respondeu Elena calmamente, embalando o corpo no ritmo do balanço. Damon segurava firmemente nas costas com a mão esquerda dando impulso ao movimento e a outra mão acariciava suas costas. – A conheci em um desfile em Milão. Fiquei tão nervosa, é uma das minhas favoritas também.

– Ela é simpática?

– Muito. Ela me surpreendeu até. Nas premiações, nos filmes parece ser tão chique e elegante, mas ela é muito simples e bem pé no chão.

– Legal. – Falou ele incomodado. Queria cortar aquele assunto. Por mais que fosse bom saber sobre a vida dela e descobrir um lado mais agitado do mundo, aquilo só o lembrava do quanto era estranho o porquê dos dois estarem juntos. Elena era como seu irmão: Eram pessoas que nasceram para vencer e ele estava longe disso. Não nasceu para o sucesso, mas Elena e Stefan sim. – Cor?

– Rosa... Pink.

– Que surpresa. – Ironizou ele bem humorado. Queria esquecer aquele pensamento de antes. Não valia a pena ocupar a mente com o que era tão obvio. – Gosto de preto.

– Que surpresa. – O imitou. – Música nem adianta perguntar por que a gente já falou muito disso. Eu falaria uma serie, mas você não parece ser do tipo que assiste muita TV.

– Eu assisto Breaking Bad. Só.

– Eu gostava de Dawson’s quando era criança. Agora eu assisto mais Nashville praticamente.

– Nashville é aquela serie Country, não é? – Sorriu divertido ao ostentar todo seu conhecimento secreto perante a obviedade que Elena tinha em alguns gostos. Ela assentiu e Damon riu ainda mais aberto, dando um rápido beijo no rosto dela. – É melhor a gente ir agora. Vai ficar tarde.

Mesmo não querendo, Elena concordou com ele. Estava em fim de tarde e por mais bonito que fosse admirar o alvo laranja do por do sol com ele ali em um terreno aberto com direção a todos os ângulos do céu, logo sua mãe ou suas amigas a procurariam. Se é que já não estavam procurando.

Voltaram o caminho tranquilamente. Dessa vez Damon dirigiu e ela apenas acariciava os cabelos dele entre seus dedos.

– Droga. – Ele reclamou nervoso ao chegar a frente à praça. A vaga onde seu carro preenchia anteriormente, já estava ocupada. Se Jenna voltasse para casa com ele e lembra-se onde o automóvel estava antes, levantaria desconfianças de que ele saiu.

Encontrou uma vaga, um pouco mais distante e concordou para que Elena saísse primeiro.

Só ao realmente chegar, foi quando percebeu o quanto ela e Damon ficaram lá. Estava praticamente de noite e ambos saíram em voltas das três e meia da tarde, ou quatro horas. Aquilo deixou Elena preocupada. Sua mãe definitivamente a procurou e as garotas também; Planejava ficar no máximo meia hora ou no máximo uma com ele, mas acabaram perdendo a noção do tempo.

A praça já estava parcialmente vazia, e a quantidade de pessoas na entrada do Mystic Grill era sugestiva. Aproximou-se da calçada do bar com um pouco de frio nas pernas descobertas pelo short floral. Espremeu um pouco o corpo e acelerou o passo entrado no local.

Estava lotado. Todas as mesas ocupadas e pessoas em pé com garrafas de cerveja, enquanto uma música de rock pesada tocava no jukebox.

Andou um pouco atrapalhada pelas pessoas devido à quantidade de gente no recinto. Bem próximo do palco, sua mãe, Jenna, April, Anna e Jeremy conversavam animadamente sobre alguma coisa em uma das mesas.

Rolou os olhos em cansaço pelo que poderia estar por vim e foi eles.

– Ai meu Deus, filha. – Disse Isobel levantando-se em desespero. – Onde você tava meu, amor? Eu e suas amigas... A gente procurou você. E nada, você sumiu minha linda. – Isobel continuava com o discurso de mãe preocupa enquanto Elena tentava pensar em uma boa desculpa.

– Eu tive que ir embora; A Hayley me ligou no celular... Disse que tava com um problema muito grave e eu fui pra casa, liguei o computador e a gente ficou falando por vídeo. Era serio então eu tive que ir. Perdão.

– Mas meu amor porque você não me disse? – Prosseguiu a reclamar enquanto abraçava a filha com força. – Eu até liguei lá pra casa. Porque não me atendeu?

– Ah, mãe a gente tava conversando no meu quarto eu nem ouvi direito.

– Eu também liguei no celular, Elena. – Isobel retrucou apresentando raiva. – No seu celular inclusive. – O complemento daquela sentença fez Elena tremer levemente. Não podia falar que deixou o telefone desligado porque sua mãe não acreditaria. Seu celular sempre estava ligado e ficava carregando toda a noite enquanto dormia para que durante o dia se mantivesse inteiro.

– Me desculpa... O assunto era importante e eu não podia interromper. Desculpa.

Era melhor não acrescentar mais detalhes. Já foi complicado para Isobel engolir sua mentira e Elena queria ficar quieta o quanto antes e fazê-la esquecer daquele assunto. Iria usar o mesmo pretexto com Rebekah e Bonnie se acaso elas perguntassem. O que definitivamente fariam.

Iria ser mais fácil com elas, afinal as duas não conheciam a Hayley nem nada para fazer julgamentos ou impor algum analise mais cética ou exata da mentira. Sentou-se com sua família a pequena mesa. Após uma média de dez ou quinze minutos, Damon entrou no bar. Não havia como negar que estava preocupada com a possibilidade dele beber e o fato de não poder estar com ele ali do lado para impedir ou ajuda-lo, por conta do sigilo de sua relação, agravava ainda mais os motivos para se preocupar.

Torceria para que o Senhor Saltzman fosse o bastante para vigiá-lo.

Ao perceber que Rebekah e Bonnie aproximavam-se apressadamente em direção a mesa, Elena bufou alto em ter que repetir para as duas aquele enredo falso de sua mentira outra vez.

Lá vamos nós de novo. Pensou ela em preparo.

–----x-----

Como imaginava, Rebekah e Bonnie engoliram fácil a invenção. Pelo menos ao ponto de vista de Elena.

O leilão de homens, solteiros, começaria logo. Ao redor do palco, Elena já podia ver mulheres cafonas e de chapinhas mal feita no cabelo rondando a área animadamente. Foi ao balcão algumas vezes com a desculpa de pegar uma bebida. Já que era menor, comprava um suco ou uma água, mas tudo era pretexto para chegar perto e vê se ele estava bebendo ou não.

A resposta em todas às vezes foi um leve e tranquilizador: Não.

Damon não estava ingerindo álcool. Apenas comia um sanduíche natural ou como ela, tomava um suco de laranja.

Alaric também o ajudava. Pelo pouco que viu ele também não bebia para que pudesse amenizar a tentação sentida por Damon. Aquela mulher que viu com eles hoje cedo estava também, ela estava com um copo de batida, mas mantinha uma distância nem tão predominante dele.

Elena rapidamente começou a animar-se ao clima da festa. Não adiantava ficar emburrada sendo que seu humor estava completamente envolvido pela felicidade por conta momento que ela e Damon dividiram no velho parque.

A mesa agora só estava Elena, Rebekah, Jeremy, April e Anna. Sua tia Jenna insistiu que Isobel precisava encontrar um homem e se divertir. Então a levou forçadamente para um canto cheio de rapazes solteiros de meia idade e disse que a ajudaria. Pelo que Elena viu rapidamente, alguns dos homens eram até bonitos. Jenna tinha razão, sua mãe precisava mesmo de alguém. Outra que decidiu caçar foi Bonnie, já fazia em média vinte minutos desde a última vez que Elena a viu. Pela quantidade de pessoas presentes no bar, um dos chefes de Matt ordenou que ele voltasse para um expediente extra. O que deixou Rebekah desanimada enquanto sentava-se com ao lado de Elena.

– Vocês passaram o piquenique inteiro, grudados um no outro... Não fica assim. – Falou Elena quase estressada pela tristeza da amiga.

– Eu sei... Só que eu queria mais tempo com ele, mas...

– Mas nada. – Atravancou a loira de continuar. Na mesa dois copos pequenos de vinte milímetros com uma garrafa pela metade de cachaça mantida em pé. Elena não gostava de álcool pelos danos que faziam a pele, mas Rebekah estava ficando irritante e quase estragando sua alegria. Ela encheu os dois copos e esticou um para a amiga. – Toma. – Ordenou ela sem ser gentil.

– Elena eu não quero, eu...

– Toma logo essa porcaria, Rebekah.

Sobressaltada, pelo grito de Elena, Rebekah virou o pequeno copo para dentro de sua garganta em um segundo. Elena fez o mesmo e logo as duas encheram o recipiente de novo. E de novo. Cinco vezes já era o suficiente, até Jeremy interromper e tomar a garrafa das duas. Não estavam bêbadas, não tomaram o suficiente para aquilo, mas definitivamente o conteúdo daquela garrafa fez bem aos ânimos de Rebekah e logo ela sentiu-se mais feliz e animada.

– Vêm... – Pediu Elena também já contagiada pela vontade de se divertir. Puxou a loira pelo braço e as duas foram para a pista de dança.

A canção Candy Shop do 50 cent ajudava o clima a ficar ainda mais provocativo. Usando todos os movimentos sensuais conhecidos por duas lideres de torcida, acostumadas à dança e a dominar qualquer ritmo de música, elas começaram a se mexer atraindo todo o tipo de olhar masculino em volta. Não importava a idade, todos eles olhavam e apreciavam o pequeno show das belas. Com os corpos levemente colados na intenção de gerar mais desejo ainda nos homens presentes, os passos ficaram ainda mais devassos.

Elena lentamente voltou o rosto para o bar na febre de apreciar alguma excitação vinda da parte dele. Não queria mais ser vista como uma criança perante aquelas íris azul; Queria que Damon enxergasse uma mulher. Mordeu o lábio tentando segurar o riso perante a falta de jeito dele em disfarçar, mas ela ainda sim sentia o desejo queimando naquela vista coberta pelo cerúleo.

– Estão se divertindo? – Gritou uma voz feminina ao microfone e logo a musica foi diminuindo até parar, com ela a dança de Elena e Rebekah também. Um rápido vaiar partiu perante a boca dos homens pela interrupção feita a dança. – Espero que sim. – Continuou a falar animadamente a mulher no palco. Logo, as duas voltaram aos seus lugares e os homens continuaram a fazer o que faziam antes. – Bem vindos todos há mais uma edição do leilão anual de solteiros de Mystic Falls. – Anunciava Carol Lockwood, a primeira dama. Que logo ao prestar mais atenção, Elena reconheceu. Mãe do Tyler, inclusive. – Todo ano, escolhemos na plateia cinco solteiros... Cinco sortudos que sobem ao palco e vocês mulheres determinam o preço para saírem em um jantar com esses Don's Juan's. Quem oferecer o maior número, ganha o felizardo para um encontro oferecido pela prefeitura; Hoje mesmo, essa noite, em uma área reservada do Grill. – Aquela ideia estava começando a animar Elena. A maioria dos leilões que foram eram sempre relacionados à arte ou a pintura. Normalmente quando ia a Londres, ela e seu pai sempre traziam um quadro importado de algum pintor. Normalmente renascentistas ou romancistas. E Rebekah disse que aquela era a melhor parte de todo o ritual do piquenique, então não deveria ser tão ruim. Também animadas, Jenna e Isobel retornaram a mesa e ao longe Elena avistou Bonnie também voltando. Logo as três sentaram-se no lugar que ocupavam anteriormente. – Lembrando uma coisa importante: Todo o dinheiro arrecadado é doado para o asilo de Mystic Falls, então aproveitem a brincadeira e tenham consciência de que a sua quantia fará um bem ao próximo. – Expôs Carol com ênfase e todos os presentes aplaudiram. Mudando a voz para um tom mais animado e alto, ela continuou. – Preparados para começar? – E todos gritaram positivamente em resposta, incluindo Elena que ainda se sentia animada. – Ok, então... Solteiro número um: Você... – Apontou para um homem bonito de estatura alta, camiseta laranja e cabelos escuros. – É solteiro? – Ele assentiu e as mulheres uivaram de felicidade enquanto ele subia no palco com um coro de risadas dos amigos ao redor e tapas nas costas. Elena não entendeu muito bem o porquê das mulheres terem uivado, mas logo Bonnie sussurrou que era assim que era a tradição dos leilões. O que não deixava de ser estranho, mas Elena aos poucos desistia de entender aquela cidade e simplesmente aceitar que era ali onde morava agora – Seu nome? – Perguntou a primeira dama alegre e o rapaz respondeu ainda tímido.

– Josh.

– Trabalha Josh?

– Sim, eu sou publicitário.

– Um publicitário... Que interessante. Criativo. – Comentou Carol ainda interrogando o rapaz. Por hora, ela olhava entre ele e a plateia para poder ver a reação das mulheres. April sussurrou que ele era lindo e a opinião das outras mulheres pareciam ser a mesma. – Só me diz a sua idade e estamos prontos pra começar.

– Tenho vinte e nove.

– Ok, perfeito... Sente-se no trono, Josh enquanto as moças abrem suas carteiras. – Carol direcionou o rapaz a um assento vermelho que simulava um trono de rei e logo as mulheres voltaram a uivar. Aquilo parecia ser realmente divertido.

E era. O leilão de homens provou ser bem mais festivo e prazeroso do que um leilão normal. Josh acabou saindo para morena por oitenta e cinco dólares. Ela subiu ao palco para pegar o ‘’prêmio’’ e Carol colocou uma coroa de rainha nos cabelos da moça. Coroa de plástico dessas que se encontra em lojinhas de criança, nada muito espalhafatoso. Aos poucos, Elena entendia o sentido daquela brincadeira. Nem tudo em Mystic Falls era tão chato assim.

– Você devia da um lance, Isobel. – Aconselhou Jenna ainda insistindo naquela ideia. – Você é mais rica do que todas essas piruás daqui. Ganharia fácil e teria a chance de ficar com alguém.

– Jenna, quer parar? Meus filhos estão aqui, sabia?

– E daí? São seus filhos, não seus donos. Se você quer tanto um dono arranja um. Aqui tão, literalmente, vendendo... E você tem dinheiro pra comprar. – Era verdade. Sua tia tinha toda a razão; Alguém precisava jogar na cara de sua mãe que ela precisava ser feliz e esquecer o passado desastroso que foi o ultimo casamento. Seu pai não merecia aquelas lágrimas.

– Chega com esse assunto, tudo bem? – Suplicou sua mãe pelo silêncio. Era claro que ela não estava confortável com aquele tópico. – Isso é algo que cabe a mim então, por favor, vamos se divertir essa noite sem precisar falar sobre isso. Eu não quero, não agora.

Jenna, embora estivesse convencida de que estava certa, preferiu não falar mais naquilo. Adorava sua irmã, por mais cabeça de vento que ela fosse.

– Agora, vamos ao nosso quinto solteiro da noite. Garotas... Essa é a ultimo chance de vocês, depois desse acaba. – E mais uma vez a voz animada e explicativa de Carol era entregue ao microfone. Ela olhou em volta mais uma vez para escolher outro pretendente. – Você... – O ritual iniciou-se outra vez. Todos viraram o rosto para ver a quem ela se referia, mas o homem negou com a cabeça e levantou o dedo mostrando a aliança de ouro. – Que pena... Mais um então. Você? – O indicador levantou-se na direção de outro, mas ele também era casado.

Outro, e dessa vez com namorada.

Bem ao fundo, uma voz familiar a Elena gritou:

– Meu amigo aqui.

E todos giraram a cabeça de um lado para o outro, tentando achar.

– Quem? – Questionou a primeira dama procurando o dono da voz.

– Aqui... Ele.

Foi então que Elena reconheceu. Senhor Saltzman. Apontando para Damon ao seu lado no balcão. Damon olhava atordoado e sem entender direito o que o amigo pretendia com aquilo, mas na mente de Elena ela já sabia muito bem o que era. Uma mensagem subliminar, para ela. Ele queria que percebesse que Damon deveria estar solteiro e deveria conhecer outras garotas. Garotas mais apropriada e da mesma idade que a dele. Não necessariamente ali, mas dali para frente. Logo quando a cidade descobriu a origem da voz e de onde ela vinha, todos ficaram em silêncio. Já conheciam a reputação de Damon e a história polêmica que aquela família carregava perante uma cidade tão tradicional e cheia de costumes antigos.

Elena olhou para o seu lado e rapidamente viu o semblante de Jenna. Completamente abastecido a esperança pela oportunidade de ver ali uma chance. Damon ainda olhava ao redor tentando se esconder ou praguejando sumir para sempre.

– Ah... Damon Salvatore. Um dos mais novos, belos e recentes solteiros de Mystic Falls, claro. Como não se lembrar de Damon Salvatore. – Sorriu a primeira dama ironicamente derramando todo seu veneno naquelas palavras. Aquela família ainda não gostava mesmo dele e fazia questão de não esconder. – Suba aqui. – Pediu ela aumentando ainda mais o desespero de Elena e a vergonha de Damon.

Aquilo era uma brincadeira. Elena não se importaria que ele subisse e alguém desce um lance por um jantar, um encontro. O problema era aquilo não era uma brincadeira para Jenna, ela daria um lance e seria um lance sério. E ela tinha dinheiro; Elena possuía total consciência das duas coisas.

– Eu não acho que seria uma boa ideia. – Sugeriu Damon em tom alto para todos ouvirem. Elena calmamente se levantou de seu lugar e foi para o outro lado do estabelecimento.

– VAI, DAMON. – Gritou em insistência um de seus amigos ao redor. Elena reconheceu na hora os professores da escola ali com ele.

– VAI SER LEGAL, VAI. – Logo todos eles, incluindo Ric, em um coro começaram a persistir na ideia. Davam pequenos tabefes na cabeça dele e Damon se abaixava ainda tentando se esconder. Para ele também não havia problema em brincar. O problema era Carol no palco. Uma das pessoas que mais o odiavam no mundo. Uma Lockwood.

Aos poucos, o grupo o arrastou até próximo do palco.

– Não, eu não quero... – Implorou ele ainda sendo levado. Logo o corode mulheres começou a uivar animadas:

– AUUUUUUUU. AUUUUUUU. AUUUU. AUUUU. AUUUUUU

Vadias. Pensou Elena enquanto pensava em alguma coisa para Jenna perder.

Rapidamente, o grupo de homens o levou na direção desejada e com um impulso leve o ‘’empurrou’’ palco acima.

– VAI LÁ, DAMON. – Torceu outro amigo enquanto o grupo se afastava feliz por ter o feito ir.

– Ora, ora, ora... Damon Salvatore. – Apreciou a primeira dama no mesmo tom e expressão de serpente perigosa. – Nosso solteiro número cinco. – Quando subiu Damon ainda corria os olhos envergonhados para a plateia, mas assim que Carol começou a falar o rosto dele transformou-se em puro cansaço e desinteresse. – Bom, acho que não adianta nem perguntar com o que você trabalha por que todo mundo sabe; Professor de matemática da Mystic Falls High School. Então acho que a gente pode inovar no questionário. Tudo bem pra você?

– Pra mim que se dane. – Disse naturalmente fazendo algum de seus alunos presentes rirem perante seu jeito amargo de costume.

– Bom, eu vou considerar isso como um sim... Mas, mudando de assunto, Damon me responda. Você é professor de matemática, que normalmente não é uma matéria que as pessoas gostam muito quando estão na escola, correto? Só que como professor dessa matéria, isso ajuda na hora de arranjar uma garota ou dificulta mais?

Foi a primeira vez que Carol articulava sem usar aquele tom maldoso e sarcástico para ele.

– Isso depende. – Ele falou dessa vez normalmente. – Algumas garotas veem isso como se fosse uma característica de inteligência e as mulheres gostam de caras espertos, mas normalmente em um encontro eu não falo de raiz quadrada nem nada disso com uma mulher então... Pra mim não faz tanta diferença. – Ao longe, Elena conseguia observar Jenna checando o dinheiro na carteira. Segundo a explicação das regras, o dinheiro deveria ser dado à vista e cartões cheques não podiam ser aceito. A entrega acontecia após o jantar de encontro e se a pessoa que deu o lance e ganhou desejasse ir ao asilo para certificar que o dinheiro seria mesmo entregue, não era proibido. Posicionou-se atrás de algumas pessoas para checar quanto tinha na bosa. E enquanto isso Damon continuava a fala, dessa vez Elena percebeu um pouco mais de provação em seu linguajar. – Por exemplo, uma mulher que aprecia ou não a matemática pode, por livre espontânea vontade namorar um matemático ao invés de... Um surfista. Os números não controlam meus relacionamentos. – Elena parou a contagem em choque. Mason era surfista. Agora ele é quem estava procurando encrenca; Carol ficou claramente irritada.

– Entendi. Boa resposta; Além dos números você tem algum outro vicio? Cigarros? BEBIDAS?UÍSQUE?

– Atualmente só os números mesmo.

– Parece um pouco solitário. Quantos anos têm?

– Vinte e sete. – Ele falou com espontaneidade. Já devia estar cansado e querendo acabar com tudo aquilo logo.

– Ok, eu já tenho o necessário. Por favor, sente-se no trono, senhor Salvatore. E espere pela sua doce rainha. – Carol o conduziu igual aos outros participantes até o chamado trono e depois voltou à atenção novamente a plateia. Havia exatos cento e cinquenta dólares na cadeira de Elena. E se cada lance se iniciava a partir dos vinte dólares, isso lhe daria uma chance para sete lances. Sete e meio na verdade. Talvez fosse o suficiente. Quanto Jenna poderia ter ali, agora? Quanto sua tia poderia levar em um piquenique? Elena tinha mania de sair com dinheiro, considerava um ato de luxo ostentar as notas que tinha em qualquer lugar que fosse, mas Jenna não era assim. Talvez conseguisse ganhar. Mas aquele era o problema. Não podia ganhar e o leva-lo para um encontro, aquele namoro tinha que ser secreto, mas se não fizesse nada sua tia faria... E ela não estava para brincadeiras nem joguinhos. Carol se posicionou em frente ao púlpito e apanhou o martelinho com a mão livre do microfone. – Vamos começar com o lance mínimo de vinte dólares. Alguém dá mais? – Perguntou seguindo o protocolo.

– Eu dou cinco. – Disse Alaric fazendo todos rirem.

Mais seriamente, uma loira qualquer na plateia anunciou:

– Trinta.

– Ok trinta, muito bom. Alguém dá mais; Dou-lhe uma...

– Trinta e cinco. – Gritou Jenna.

– Quarenta... – Outra morena lanceou interrompendo Carol de falar.

– Eu ouvi um quarenta e cinco. Um quarenta e cinco? Dou-lhe uma, dou-lhe duas...

– Cinquenta. – Novamente Jenna.

Não podia deixar isso acontecer. Elena avistou a pessoa mais próxima de si e se pôs atrás dela tentando manter a calma.

– Dá um lance. – Implorou Elena em um sussurro para a mulher. – Oferece mais.

– Desculpa mocinha, mas eu não tenho...

– Eu tenho. – Não era hora de ser gentil. Tudo exigia medidas extremas. – Anda logo depois eu explico. Por favor, anda...

– Cinquenta para a ruiva à esquerda. Alguém da mais? – Questionou a primeira dama olhando ao redor. – Dou-lhe uma...

– Cinquenta e cinco. – Berrou a mulher na qual Elena implorou. Ela aparentava ter em media quarenta oito cinquenta anos. Meio gordinha e cabelos bem curtinhos.

– Sessenta. – Dessa vez outra mulher na plateia se pronunciou. Elena nem se aprontava em ver o rosto delas.

Voltou a sussurrar próxima a senhora de idade.

– Mais... Já disse que explico depois, juro. Não deixe que ganhem. Eu pago.

– Sessenta e cinco. – Voltou a falar, a mulher por Elena.

Depois, foi à vez de Jenna.

– Setenta... – Aquilo já estava começando a preocupar Damon. Se aquilo demorasse demais para acabar, ele mesmo pularia desse palco e deixaria aquelas malucas gritando sozinhas.

– Setenta e cinco... – A loira do começo.

– Setenta e cinco para a loira à frente. Ouvi um oitenta? Um oitenta e cinco? Dou-lhe uma, dou-lhe duas...

– Oitenta.

Outra... Que bosta.

– Não deixa passarem. Entendeu? Fui clara? Não deixa.

– Oitenta e cinco. – Jenna cobriu fazendo a plateia gritar de animação.

– Oitenta e cinco para a ruiva persistente. Dou-lhe uma...

– Agora, anda. Vai, não deixa passar. – Dizia Elena tentando não falar alto demais. A senhora assustada fechou os olhos. Ainda estava com medo e sem entender o porquê de estar metida naquilo. Depois, gritou obedecendo:

– NOVENTA.

E outra vez as pessoas gritaram animadas pela pequena batalha que se formava ali.

A raiva já adentrava os poros de Jenna. Aos poucos toda sua paciência ia se perdendo. Tinha cento e dez dólares. O que significava que só havia três lances para Damon ser seu. Ele havia terminado sem motivo algum; Não era nada sério desde o começo, mas aquilo já estava a atormentando. Ele parecia interessado em manter uma relação completamente sexual enquanto estivesse visitando e der repente... Acabou. Não era rejeitada por ninguém desde que se livrou daqueles setenta quilos de gordura que tanto destruíram sua vida. E a não ser que ele tivesse um bom motivo para ter acabado com ela, o recuperaria de volta.

– Isobel... Ajuda. – Implorou já desesperada. – Quanto você tem aí?

– Não me mete nisso...

– Por favor. Ajuda vai. Por favor, eu não te peço mais nada. Nunca mais. Só me ajuda dessa vez. Quanto você tem?

Isobel revirou os olhos já se arrependendo do que faria. Apanhou a carteira e entregou os únicos quarenta dólares que tinha. Não trouxe muito. Afinal, ela pensou que seria apenas um piquenique em família, mas nada em sua família poderia ser normal. Deveria ter previsto.

Pronto, agora somava cento e cinquenta dólares e duvidava que alguma daquelas mulheres conseguisse a bater.

Elena checou os cento e cinquenta em sua carteira e a apertou contra sua barriga. Jenna ao longe conseguiu mais dinheiro com sua mãe e agora era bem capaz que ela tivesse a passado.

Era o fim. A prefeita resolveu dar uma pausa de cinco minutos perante o estresse que estava acontecendo. Tentaria ir lá e perguntar disfarçadamente quanto dinheiro sua tia havia no total, mas foi interrompida pelas mãos da senhora gordinha a interrompendo.

– Ok, agora eu quero saber o que tá acontecendo aqui. Pode me explicar?

Pronto. Não havia desculpas. A mulher estava desconfiada e com razão. Porque que uma adolescente queria tanto que um homem mais velho não saísse com nenhuma daquelas garotas? Ao ponto que tivesse que implorar para uma senhora em volta dos cinquenta anos fazer os lances por ela que continuasse no anonimato.

Para sua sorte, Elena já havia pensado em uma desculpa. Estava pronta para questionarem sobre aquilo.

– Tá vendo aquela ruiva ali? – Apontou Elena normalmente já com o roteiro inteiro decorado na cabeça. – Ela é minha tia e ela gosta dele. Insiste que quer ficar com ele. Só que o problema é que esse idiota me odeia e eu o odeio também, então... Eu quero evitar que eles fiquem juntos. Ele não presta, não é boa pessoa pra ela. Entendeu agora? – Como a própria havia previsto, a senhora caiu rapidamente. Odiava ter que pronunciar aquelas palavras sobre quem tanto amava, mas a necessidade exigia.

– Eu te entendo, querida. Essa família não é mesmo flor que se cheire. Acredita que o irmão dele é...

– Eu sei. Eu sei. – Interrompeu Elena antes que continuasse. O fato de a necessidade exigir não significaria que ouviria pessoas falando aquele tipo de coisa dele e do irmão. Que Elena já sabia que Damon amava muito. – Entendeu porque eu preciso que me ajude? Eu vou te pagar depois, te pago até o dobro ou mais. Só que tem que me ajudar.

– Eu vou ajudar.

– Ótimo... Preciso que me diga quanto você tem aí, há mão. Quanto?

– Quanto? – Perguntou retoricamente enquanto revirava os bolsos. – Vinte e cinco dólares. Só isso.

Ok, cento e setenta e cinco...

Enrolou as notas em um rolo pequeno e o afundou no bolso de seu short. Agora só faltava ir até lá e perguntar a Jenna quanto que ela tinha no total.

– Acho que dá. Eu só preciso conferir quanto minha tia tem. Espera aqui e não saí; Rapidinho, e eu já volto.

– Acho que não. – Disse a mulher a segurando pelo braço outra vez. Sem entender, Elena a encarou, confusa e o indicador da senhorinha se apontou para o palco. Quando seguiu com o olhar, pôde ver com facilidade Carol Lockwood se postando em frente ao púlpito de novo. Não dava mais tempo.

Só bastava torcer.

– Olá a todos novamente. Se eu não me engano havíamos parado no lance de noventa dólares da senhora ao fundo, não é? – Voltou Carol a falar na mesma postura de antes. – Pois bem. Acho que podemos continuar. Algum noventa e cinco na plateia? Dou-lhe uma, dou-lhe duas...

– Noventa e cinco. – Aquela loira novamente. Outra que já estava irritando a paciência de Elena.

– Oferece... – Murmurou Elena em um tom mais abaixo. Observava atentamente Jenna contar o dinheiro em baixo da mesa.

– Cem dólares.

– Cem dólares, para senhora do fundo. Dou-lhe uma...

– Cento e cinco. – Gritou Jenna.

Depois outra morena a cobriu, já irritada:

– Cento e dez.

– Cento e dez dólares para a morena à direita. Dou-lhe uma, dou-lhe duas...

– CENTO E VINTE... – Jenna protestou levantando-se de sua cadeira. Ao longe pôde ver que as duas morenas desistiram.

Carol já estava prestes a bater o martelo, quando foi interrompida pelo grito alto da senhora.

– Cento e cinquenta dólares. – Anunciou ela fazendo o semblante do choque aparecer no rosto de todos. De Carol, de Jenna e de Damon que já estava atordoado no trono. Torcendo para que uma bomba explodisse todo o bar. Elena observou com prazer a expressão de rendição da loira. Depois foi Jenna que fechou os olhos, já inebriada pela raiva.

– VENDIDO. – Berrou a primeira dama batendo o martelo três vezes. Não havia mais o que contestar. – Vendido por cento e cinquenta para a senhora ao fundo. Um novo recorde dos leilões dos solteiros.

A última coisa que Elena ouviu foi o grito animado da audiência. Antes de poder sentar-se ao banco mais próximo e finalmente descansar o corpo em alívio.

–----x-------

– Aqui tá o dinheiro... – Exclamou Elena entregando as notas na mão da mulher. – Os cento e cinquenta dólares que você tem que dar pra prefeita. Os seus vinte e cinco que você me emprestou pra somar e... – Hesitou ela triste olhando para o seu braço. Aquela era a parte difícil. Ah, Damon. Olha o que eu to fazendo por você, seu idiota. – Sua recompensa extra pela pequena ajudinha. – Retirou delicadamente a pulseira de ouro branco do pulso e suspirou pesadamente pela falta de coragem. Havia pagado mais de doze mil dólares tudo para ele não ter um encontro com Jenna. Doze mil cento e cinquenta com toda exatidão.

– Tá maluca? Você me prometeu em dinheiro e isso aqui...

– Minha senhora com essa pulseira vai dá pra você reformar sua cozinha, comprar panelas novas e dá um trato no guarda roupa porque esse vestidinho verde tá realmente gritando por uma lata de lixo. Vai ao joalheiro amanhã e ele vai te falar exatamente o quanto isso aí na sua mãozinha vale e, por favor, não tenha um infarto porque eu não quero ser responsável pela morte de ninguém além da cafonice e da Julianne Hough.

Já havia se estressado o suficiente para um dia inteiro. Toda aquela maratona do leilão foi o bastante para que adquirisse cabelos brancos e se isso acontecesse, aí consideraria a sua morte.

– Mas e se não for de verdade? Como eu faço? – Sério que aquela mulher insistira naquilo? Sua vontade era dizer para que pulasse em cima com o peso de mamute que ela tinha e como a joia não iria quebrar seria a prova real que precisava, mas ainda sua sanidade era algo que tinha de controlar.

– Não vamos mentir uma pra outra, tudo bem? Você sabe quem eu sou, a cidade inteira sabe que eu não sou só uma menina da cidade grande que se mudou para o interior... Tem um grande detalhe nisso. Todos aqui sabem então não se faça de boba, ok. E além desse detalhe tem o fato da minha família ter dinheiro. Outra coisa que você também já deve saber e mesmo que eu não fosse famosa e nem tivesse dinheiro... Essa cidade é uma caixinha de fósforo. Não iria demorar nem um dia, nem duas horas pra você descobrir onde eu moro e ir tirar suas satisfações.

O discurso foi suficiente para a mulher derrubar suas desconfianças. Quando mentiu, ela caiu facilmente e agora quando disse a verdade, demorou um pouco para acreditar. Loucura.

Era uma pena não poder ficar para assistir o encontro de Damon com ela. Definitivamente seria algo que gostaria de ver.

O bar já estava bem mais vazio. Estava de noite e assim que o leilão acabou as lanternas japonesas foram distribuídas entre as pessoas e todos se foram de volta à praça para a preparação.

Era seguro falarem as duas ali.

– Acho que você tem razão. – Concordou finalmente a senhora fazendo Elena sorrir falsamente, ainda de paciência baixa.

– Ótimo. – Assentiu Elena indo em direção à mesa que sua família sentava antes de voltar para a praça. A mulher a seguiu durante alguns passos, mas logo parou. – Divirta-se no seu encontro.

– Tá brincando? Eu tenho cinquenta e três anos e vou jantar um garoto de vinte e sete. É lógico que eu vou me divertir.

– Boa sorte. – Sorriu Elena perante o ultimo comentário. – E obrigada... Por me ajudar. Eu nem sei seu nome, mas mesmo assim eu agradeço. – Completou com sinceridade. Eram raras as ocasiões onde agradecia a alguém.

– Não foi nada... E me chamo Regina, a propósito.

Agradeceu outra vez. Dessa vez em nome. ‘’Obrigada outra vez, Regina ’’. Ela disse e a senhora saiu do estabelecimento para soltar sua lanterna com seu pedido. Logo, Elena viu alguns garçons circulando para a área reservada do Grill.

– Oi... – Falou sedutoramente para um deles. Bonitinho, usava óculos e devia ter uns dezenove anos no máximo.

– O-oi – Ele respondeu nervoso de frente para aquele pedaço de mulher. Sabia quem ela era e sabia que era areia demais para o caminhão de qualquer um. – Você... Você é... Elena...

– Sim, sou eu mesma. Você é...

– Lucas...

– Que nome lindo. – Continuava a ronronar no mesmo tom sedutor. – Vem cá Lucas, tem champanhes nessas caixas?

– É, tem sim é para o encontro, estamos arrumando as coisas lá. – Respondeu ele ainda a olhando de cima abaixo.

– Legal... Será que você consegue uma pra mim? Só uma garrafinha...

Já estava sentindo-se bem melhor. Ficou cansada depois de todo o ocorrido no leilão e aquela luta realmente a deixou a beira do estresse, mas havia ganhado. Jenna não jantaria com ele e isso era motivo para comemoração. Por outro lado, não deveria ser fácil assim. O rosto de Lucas logo se transformou em uma careta de hesitação e medo.

– Eu não sei se devo... Se o meu chefe descobrir ele me mata.

– Mas é só uma garrafa. Faz isso por mim, por favor.

Após bandear por um curto tempo, Lucas concordou em abrir uma das caixas e entregar a garrafa. Havia muitas e talvez nem dessem falta. Sorriu docemente para o garçom e deixou que ele seguisse para o andar de cima e arrumar as coisas junto aos outros. Como se nada houvesse acontecido, Elena seguiu para entrada da cozinha do Grill. Como os novos profissionais estavam voltados para o andar de cima, embaixo não tinha ninguém além de uns limpadores de mesas ao fundo. Não foi difícil apanhar o abridor e uma taça.

Depois seguiu para um cantinho qualquer e encheu o cálice em uma quantidade relativa ao seu gosto e vontade.

Depois que o leilão acabou, Alaric e os outros professores o arrastaram lá para fora, gritando e comemorando o quanto de alvoroço ele causou entre as candidatas na plateia. Aquilo a fez bem, ele com os amigos se divertindo e sorrindo. Era algo bom e que ele merecia.

Não terminou a garrafa. Uma taça e meia era o suficiente para celebrar sua comemoração e vitória sob Jenna. Não gostava muito do gosto do álcool, bebia apenas socialmente ou em grandes celebrações, como aquela.

Estava já preparada para sair e soltar a sua lanterna, quando Damon entrou no bar. Fazendo o possível para ninguém o ver.

– Elena... – Sussurrou ele enquanto se aproximava. Apanhou sua mão esquerda e a levantou delicadamente. – Te procurei lá fora. Onde você tava?

– Paquerando um garçom pra conseguir champanhe. Nada demais.

– Você não tem jeito. – Disse ele ainda a levando para o fundo. O tom de voz de voz dele estava carregado, como se tivesse preocupado com algo. Elena parou o corpo e impediu que ele continuasse a guia-la.

– Aconteceu alguma coisa? Porque tá todo estranho?

– Vêm, depois de te explico. – Falou sem responder sua pergunta. Pelos passos fortes e rápidos na qual ele andava, ajudou Elena a entender que era sério então deixou que ele continuasse a guia-la, até chegarem ao banheiro masculino. Ela adentrou olhando rapidamente em volta enquanto ele trancava a porta. – Bom, como você sabe eu tenho um encontro essa noite e antes que eu vá... Queria me despedir. – Explicava-se enquanto suas mãos iam para a cintura de Elena. Dessa vez ele não parecia preocupado e sim bem mais descontraído. O que fez Elena se acalmar de maneira momentânea.

– Entendi. Seu encontro, me agradeça depois por ele.

– Quê? Como assim? – Indagou confuso há apertando um pouco mais contra seu corpo, fazendo Elena elevar sua sobrancelha de modo sugestivo. Ele logo entendeu. – Foi você, não foi? Você deu o dinheiro...

– É, fui eu, mas só pra ela... Agora aquele resto de mulheres, não. Daquilo eu sou inocente, prometo.

– Eu acredito. Só é uma pena você ter se intrometido. – Lamentou Damon transformando sua voz em um sussurro provocante. – Eu tava realmente torcendo pela aquela loira. Sabe aquela lá no fundo, então?

– Eu sei, eu vi. Aquela de cabelo ressecado, não é?

– Sabe que eu não sei – Disse ainda tentando a atentar. – Não reparei muito no cabelo dela reparei mais nos...

– Ok, ok. – Interrompeu Elena em um resmungo nem tão alto. Ainda sim não estava irritada, era carinhoso vê-lo aventurando-se a provocar ciúmes. – Chega de falar disso. Porque estamos aqui? – Sorriu enquanto esticava uns pequenos amassados na camisa azul dele.

– Bom, é que tá todo mundo lá fora pra soltarem as lanternas e eu pensei que a gente podia... Ficar aqui... Sozinhos.

O coração de Elena gelou e foi impossível controlar o sorriso que se abriu em seu rosto. Mas era a maneira sincera e envergonhada com que ele falou que a deixou ainda mais encantada e em deslumbre. Não havia somente malicia como era normalmente com os outros, também possuía um pouco de doçura. Que aos poucos também se transmitiam para os atos e pensamentos dela, tanto em relação a ele quanto a tudo ao seu redor.

Por favor, Deus que não seja um sonho.

Aproximou seu corpo um pouco mais. Olhou fundo naquele mar azul e sentiu como se fossem dois imãs no momento em que Damon correspondeu o olhar.

Aos poucos aqueles lábios já familiares se juntaram aos seus em um toque calmo e demorado. Logo, o gosto e textura se misturavam com o ritmo das línguas em uma dança ainda lenta, que após a introdução dos sabores tornou-se agitada e banhada por suspiros entre o ardo beijo e a dificuldade de respirar.

– Tem certeza que não queria estar aqui com a loira? – Sussurrou ofegante ainda colada nos lábios dele

– Não daria certo. – Ele disse também em respiração fraca e escassa. – Sempre preferi morenas. – Completou antes de colarem suas bocas novamente.

Desceu as mãos para a lateral do tórax dele e sentiu-se surpresa por Damon não ter interrompido seu toque. Ele permitiu e correspondeu de bom grado ao guia-la a uma parede no fundo.

Um gemido involuntário saltou de sua garganta ao toque frio das mãos dele levantando sua perna direita e a apertando entre seus dedos. A pele de oliva descoberta pelo short era repleta pela maciez de uma flor em um campo em primavera.

Mas foi ao atentar-se ao sabor sentido pela língua de Damon que todo aquele campo escureceu em baixo a um céu que ganhava nuvens pesadas de precipitação.

– Elena... Elena para. – Pediu ele desesperado enquanto se separava dela.

Atordoada, ela tentou o tocar de novo, mas ele se afastou mais.

– Damon o que houve?

Ela já imaginava a resposta. Seu toque. Ele estava mais uma vez se recuando por conta do medo e da ética que o perseguia de ficar a vontade consigo. De se entregar, tanto de corpo quanto de alma.

Mas ele parecia tão certo e não segurou suas mãos e nem a interrompeu da primeira vez.

– Seu halito, Elena. – Quanto mais falava, mas para longe seus pés se arrastavam. – Está com gosto de álcool e eu... Eu senti... Eu provei. Eu...

Droga. Pensou ela fechando os olhos pela raiva. O champanhe e os copos que ela e Rebekah tomaram antes de dançarem. A ira e a fúria de si mesma a tomaram. Não estava com ódio por ele ter se esquivado e sim, por ele ter provado. Sentido o gosto nos lábios, na língua.

– Damon, me desculpa. – Choramingou ao implorar. Levou a mão direita até seus lábios e os tapou para que ele não sentisse mais aquele cheiro. Aos poucos ele voltou a se aproximar a abraçou. Ela não fez por querer, não era culpa de ninguém. Só devia se controlar. Precisava se controlar. – Damon vai ter champanhe nesse jantar, eu vi... Por favor... – Sua voz saia abafada pela mão. Sentia uma vontade mista de morrer, nem mesmo Damon afagando seus cabelos a relaxava da preocupação sentida em seu corpo. Aquela sensação de que alguma coisa ruim iria acontecer.

– Eu não vou, Elena, não se preocupa. A Senhora Johnson é cristã, ela não vai beber... Assim eu nem me aproximo.

Johnson?

Ah, sim... Regina.

Apertou-se ainda mais ao abraço dele. Não estava pronta para soltá-lo ainda. A culpa que estava sentindo era tão grande que nem conseguia explicar, o medo era ainda maior e a dominava em uma vontade enorme de fazer sumir todas as bebidas alcoólicas do mundo.

Não havia muito que pudesse fazer, já que a culpa disso era sua, somente torcer para que ele fosse forte.

– É melhor eu ir... Quero soltar uma lanterna. – Disse ainda envergonhada. Sem soltar a mão da boca.

– Elena... Não fica assim. É melhor a gente ir lá pra fora e...

– NÃO. – A culpa que estava carregando era alta demais. Não queria ter gritado com ele, mas tudo que ela precisava agora era dormir, ficar sozinha e quem sabe chorar pela possibilidade do pior acontecer. – Entra em uma cabine, eu saio, espera alguns minutos e depois, só depois, você saí.

– Mas Elena, você...

– Por favor. Damon. – Achou melhor fazer o que ela pedia. Elena estava muito nervosa e ele conseguia ver alguns fios soltos de lagrimas nas laterais de um de seus olhos.

Entrou em uma das cabines e fez o que ela pediu.

Sua vontade era chorar. Se não fosse tão resistente em não derramar lágrimas na frente das pessoas já teria feito um escândalo para ele e borrado toda sua maquiagem.

Retirou finalmente a mão da boca e respirou fundo sentindo levemente um gosto fraco de seu halito. Revirou os olhos, irritada pelo cheiro ainda estar o mesmo e saiu do banheiro o mais rápido que pôde pela raiva e pelo medo.

– Arhg. – Gritou estressada ao esbarrar em alguém em na porta. Matt. Era a segunda vez que isso acontecia naquele dia.

– Elena? – Ele falou confuso. Quase deixando a bandeja cair. – O que tá fazendo no banheiro dos homens?

Maravilha. Ponderou irônica. Hoje era o dia de inventar mil desculpas para todos; Não era possível. Pensou rápido em uma desculpa enquanto encarava aqueles olhos azuis escuros a fitando sem entender.

– Esse é o banheiro masculino? Ih... – Fingiu uma voz de bêbada e aproveitou-se do halito ao seu favor. Ao menos para algo aquilo serviu.

– Já entendi... Você tá bêbada.

– Já tem seu autografo comandante... Eu tenho que pegar o jatinho de volta pra Nova Iorque porque Paris já me cansou. Com licença. – Continuou com o teatro e saiu dali o mais rápido que pôde deixando Matt sem o mínimo de compreensão sobre seu estado.

– Maluca... – Sussurrou ele entrando no banheiro para apanhar os copos espalhados que sempre deixavam. Só torcia para que ela não tivesse vomitado porque não queria passar seu experiente limpando.

Olhou em volta e nada de vomito.

Já pronto Damon saiu da cabine dando de cara com o rosto do aluno apanhando uns copos de ponche do chão.

– Senhor Salvatore o senhor ainda tá aqui, pensei que... – Não ficou para ouvir o resto e saiu do banheiro normalmente. – Idiota. – Resmungou o loiro ao vê-lo sair daquele jeito. Revirou os olhos sem tempo para baboseiras de alunos. Ainda não conseguia parar de pensar naquelas lagrimas de Elena, tinha certeza de que ela choraria mais quando chegasse a casa e aquilo o preocupava.

Ao sair por total do estabelecimento, Ric o esperava na calçada do bar.

Na praça, Elena já sem fingir-se de bêbada andou por alguns metros até avistar ao longe os cabelos ruivos de sua tia. Isobel estava ao lado e April também; A poucos outros metros, Jeremy beijava Anna sutilmente. Cena que a fazia revirar os olhos de nojo.

– Olha ela aí. – Avisou April feliz ao vê-la. – Guardamos uma lanterna pra você. Toma.

– Obrigada... – Agradeceu Elena apanhando o objeto com delicadeza. April logo estranhou a reação da irmã em agradecer o fato de ter simplesmente separado uma lanterna para ela. Jenna e Isobel também ouviram e logo suas expressões se transformaram em uma careta de falta de compreensão. Desde quando Elena era tão gentil? Pensavam as três em um uníssono duvidoso. – Algum problema? – Perguntou ainda em um tom fraco.

– Não. – Responderam as três juntas com a mesma careta.

A verdade era que estava tão terrivelmente sentida e triste pelo que aconteceu naquele banheiro que não tinha a mínima vontade de ser grossa ou de ao menos falar com alguém. O que mais precisava agora era ficar sozinha e chorar todo esse sentimento.

Logo, diversas moças iam com isqueiros para acenderem a lanterna. Elena agradeceu com educação para a baixinha loira que levou o fogo para si. O que causou ainda mais duvida nos rostos e nos pensamentos das três que a observavam.

Seguindo a tradição antes de soltar a lanterna, você fazia um pedido. Fechou seus olhos e se concentrou em desejar. A primeira opção era para que conseguisse que Damon e ela fossem felizes juntos, mas agora... Depois do que aconteceu tudo que sua mente conseguia pedir era em uma clara e única opção.

Que ele seja forte para resistir aos vícios.

Foi tudo o que seu cérebro se concentrou antes de largar a lanterna entre o seu indicador e o dedão. Logo, o objeto junto com os de diversos membros da praça subiu para o céu estrelado que agora se mantinha cheio pela brancura daquelas peças japonesas.

Em comemoração, o povo começou a vibrar de felicidade e alegria pela realização de mais uma tradição sulista.

Não demorou muito até os elementos sumirem do campo de visão dos moradores e todos irem aos poucos para casa.

– Bom, como o Damon foi leiloado e vai ter que ficar para o jantar... A Rebekah disse que voltaria com os pais dela e eles dariam uma carona pra Bonnie. Pra todo mundo, poder caber no meu carro. – Explicou Isobel enquanto as quatro andavam pelo estacionamento. Jeremy corria atrás para alcança-las e logo chegou. Ficou meia hora se despedindo da Anna então elas decidiram ir à frente.

– Nem acredito que aquela velha asquerosa, gorda, nojenta conseguiu ganhar de mim. Onde uma mulher de cinquenta e poucos anos arranja tanto dinheiro?

– Jenna... Chega, por favor. – Pediu Isobel fazendo Elena agradecer mentalmente.

Acharam o carro e seguiram para casa onde finalmente Elena poderia chorar em paz e sozinha.

–----x------

Damon levou senhora Johnson até o táxi com a vontade de gargalhar presa no seu rosto. Acabara de jantar com uma mulher com mais que o dobro de sua idade que pagou cento e cinquenta dólares para um jantar com ele. Quer dizer, Elena a fez pagar, mas ainda sim era uma situação engraçada. Tão cômica que o fez parar de pensar no álcool saboreado mais cedo por ele naquele banheiro.

Voltou para o bar para acertar a conta do que havia comido mais cedo, antes do leilão começar, ele e Ric praticamente acabaram com o estoque de batatas fritas. Tinha total certeza de que seus amigos tirariam sarro para sempre pelo que aconteceu; Levaria um novo apelido como ‘’ Encantador de idosas’’ ou ‘’galã da terceira idade’’ alguma coisa assim. Mas seria uma boa memória para gargalhar de vez em quando.

– Johnny... O dinheiro. – Gritou Damon pelo garçom para poder limpar sua conta. ‘’Já vou’’, o homem gritou em resposta e Damon sentou-se em seu lugar de costume, esperando.

Bufou alto e levou os dedos até seus cabelos o bagunçando levemente. Já estava com o corpo quase a mercê do sono.

Não fazia muito tempo desde a última vez que bebeu e dormiu em um desses bancos abraçado a uma garrafa, mas não podia sair de seu controle outra vez. Acabou que a mudança e a expulsão do apartamento de Mason o fizeram bem. De um modo estranho, ficar sem casa e ir ter que morar com uma pessoa que não conhecia e alunos seus o fez ter mais motivação para não beber.

Sentiu seu corpo ser impulsionado para baixo e suas palparas pesarem. Resolveu gritar por Johnny outra vez antes que o sono aumentasse mais e não tivesse condições de dirigir.

– Damon... – Uma voz feminina o chama atrás de si. Conhecia aquela voz. O forte sotaque sulista carregado e aos poucos aquele perfume de lavanda trouxe de volta aquele cheiro familiar.

Virou o rosto já tomado pela descrença da voz que seus ouvidos escutavam.

Era ela...

– Rose... – Sussurrou já tomado pelas fracas lágrimas que logo avermelharam tanto seu rosto quanto seus olhos.


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Notas finais do capítulo

Bom, a cena das lanternas japonesas foram inspiradas na cena da quarta temporada onde o stefan tem a ideia de soltar em memorias dos que já morreram. A cena do leilão/piquenique foi inspirada em um ep de one tree hill e hart of dixie. Comentem a história e se gostarem o bastante recomendem a fic. Obrigada outra vez por lerem.