Sweet Madness escrita por Lauren Reynolds


Capítulo 3
Capítulo 2 - Santo


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas!

Tenham uma boa leitura, nos falamos lá embaixo. :)

Beijinhos



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Capítulo 2

O trem a vapor corria em toda sua velocidade. Os vagões eram luxuosos, com estofados de veludo e madeira escura. Os lustres tinham pequenos cristais e suas hastes de metal eram douradas; eles balançavam com a velocidade e faziam um leve som de tilintar. Uma brisa fresca, com um ligeiro aroma de orvalho e terra molhada entrou pela fresta das janelas quando a automotiva passava próxima a um lago e uma região em que chovia. Os garçons andavam entre os vagões-restaurante servindo seus clientes viajantes, e um deles serviu uma rodada de vinho tinto para a mesa em que a família Cullen encontrava-se.

— Boa tarde, altezas. — EmmettMcCarty fez uma reverência aos duques. — O senhor meu pai pedira para avisar que logo estará em sua companhia, senhor Cullen.

— Agradeço, Emmett. — O Duque Carlisle fez um sinal para que o jovem se sentasse.

— Aceita vinho, querido?

— Sim, senhora Cullen. Eu me servirei. Obrigado.

Alguns minutos se passaram até que os McCarty, com exceção do filho mais velho, chegaram ao vagão-restaurante para desfrutarem de uma refeição. O senhor Roger McCarty avançava à frente, enquanto a esposa e filha seguiam-no. O chefe da família tinha cabelos escuros, castanho, assim como a esposa e, consequentemente Emmett e Mary Alice McCarty.

A senhorita McCarty, Mary Alice — conhecida apenas como Alice —, era miúda, de traços delicados que lembravam o formato do rosto de sua mãe e com olhos amendoados, castanhos, que lembravam os de seu pai. Todavia Emmett era o oposto, alto, com músculos que se sobressaíam se usasse uma camisa de branca de algodão e, se por acaso chovesse e o belo moço se molhasse, tais atributos o tornavam a atração das senhoritas pouco comportadas.

— Vossa alteza, boa tarde. — Roger fez uma reverência ao chefe da família.

— Boa tarde, Roger, senhoritas. Bem, presumo que as senhoras queiram ficar a vontade enquanto falamos de negócios. Edward?

— Sim, meu pai. Vou pedir que nos sirvam a sobremesa noutro vagão, enquanto as senhoras e senhorita aproveitam o almoço.

Edward Cullen e EmmettMcCarty eram amigos de infância. Tratavam-se sem tantas formalidades, mas sabiam bem separar negócios das relações pessoais. Os dois jovens seguiram a frente dos mais velhos, enquanto Alice ajeitou-se no assento e pediu uma codorna regada ao molho de laranja, iguaria daquela região francesa em que passavam.

— Vais aproveitar a Itália para aprender dança, Alice?

— Com toda certeza, senhora Esme. Modéstia a parte estou muito bem no balé, mas quero aprimorar-me mais. — Alice respondeu sorrindo. Logo que os pais de Alice constataram que a filha não teria o porte alto do irmão, trataram de coloca-la a estudar dança, pois o tipo físico favorecia e o balé estava em ascensão. 

— E os partidos?

— Oh, por favor, senhora Esme. Não quero dar ideias e tão pouco preocupar-me com partidos neste momento. Desejo apenas dedicar-me a dança. — Alice dizia um tanto ressentida, mas mal sabia ela que o destino lhe reservava algo.

Em Londres o movimento era demasiado grande para aquela tarde e noite. Parecia que um dos cabarés da cidade traria uma dançarina especial para aquela noite e o Duque Charlie Swan não estava satisfeito. Aquele pequeno evento de seu maior concorrente poderia tirar-lhe os fregueses, por isso ele pensava numa forma de agir com antecedência. E a residência do duque Swan estava deveras movimentada naquela tarde.

— Aí está você! Olá, senhorita Charlotte.

— Boa tarde, senhorita Hale. Bem, agora que Rosalie chegou, podemos interromper sua leitura, Isabella.  Charlotte, a babá e educadora de Isabella, anunciou fechando os livros.

Charlotte era de compleição delicada e miúda, era a cópia mais jovem de sua mãe, uma senhora que vivia numa residência pequena com seu pai. A família chegara da França há pouco mais de dez anos, onde Charlie fora educada em línguas, música e etiqueta.

— Perfeito. Venha Rosalie, vou trocar minhas vestes, enquanto esperamos Ângela.

— Não acredito que nosso baile será em dois dias, Bella. Vai ser magnífico!

As duas jovens subiram pela escadaria principal, enquanto Charlotte recolhia os livros espalhados e os organizava em seus respectivos lugares na biblioteca. A babá subiu as escadas e foi ao seu próprio aposento, um ambiente amplo, composto por uma penteadeira, cama de casal, toalete próprio e um closet. Quando Charlotte chegou à casa dos Swan, Renée fizera questão que a babá ficasse em um dos aposentos de visita e próxima ao quarto da filha, e não nos quartos comuns de empregados.

Em seu próprio aposento, Isabella entrou em um arrumado closet, escolheu um vestido longo, azul escuro e fitas brancas. Uma camareira ajudou-a a se vestir.

— Será bom usar uma capa, senhorita. Está chovendo.

— Bem lembrado, Jéssica. Eu quero aquela capa negra. — A menina respondeu, enquanto esperava a camareira terminar o último laço na parte traseira do vestido.

— Eu não sei por que teremos que usar aquele traje florido. Me senti como uma roseira quando experimentei-o.  — Rosalie reclamou.

— É só passageiro, Rosie. — Ângela entrou no aposento saltitando. A morena trajava um vestido igualmente longo, porém num tom cinzento.

— Angie, finalmente chegou! — RosalieHale abraçou-a.

Rosalie Hale era filha mais nova do Conde Hale e sua esposa. Ela tinha cabelos louros ondulados, longos e debutaria num baile junto a Bella e Ângela. Rose, ou Rosie, como era conhecida, tinha um irmão mais velho chamado Jasper. O Conde Hale era banqueiro, havia feito sua fortuna cuidando da fortuna dos outros e, é claro, cobrando taxas, algumas vezes abusivas, dependendo do período do ano, e ainda, fazendo parte do negócio ilegal de Charlie Swan. O negócio sombrio de Oscar Hale era o controle dos portos ingleses e dos navios que partiam e chegavam com as cargas, consequentemente, os dois nobres dividiam grande parte dos lucros e movimentavam uma grande quantia de dinheiro.

As senhoritas, acompanhadas de Charlotte, deixaram o castelo numa carruagem e dirigiram-se para a cidade. Como os vestidos para o baile seriam entregues naquela noite, tudo o que restava ser feito era procurar por luvas brancas ou pérola, alguns chapéus e casquetes que Isabella precisaria em sua viagem dali a uma semana.

— Então senhorita, decidiu-se? — Uma moça perguntou à Isabella sobre os pares de luvas que ela tinha nas mãos.

— Ainda não. Vou ver mais algumas. Rosalie, veja. Esta combina com as flores do seu vestido. Porque não experimenta?

A jovem pegou a luva e alisou-a.

— Não gostei. Quero algum material melhor. Não tem nada melhor que isso?

— Ora, ora, se não é a duquesa e a condessa.

As duas meninas rolaram os olhos.

— E sua gata borralheira.

— Tanya, poupe-nos das suas ladainhas. E o nome dela é Charlotte.

— Sim, eu sei. Estou apenas num péssimo dia. Sua gata borralheira tem que nos acompanhar o dia todo, Bella?

— São ordens do duque, milady. — Charlotte respondeu baixo, já sabendo o tratamento que receberia por parte da jovem baronesa Tanya Denali.

— Não me dirigi a você, serviçal.

Tanya bufou. Sentou-se balançando os pés enquanto Charlotte entregava algumas libras para a moça da pequena loja. Quando as quatro deixaram o lugar, a jovem criada suspirou. Tinha inúmeros itens para arrumar novamente em caixas, pois elas insistiam em fazê-la abrir todas. Felizmente eram nobres, o que contava no final eram as libras.

— Ângela, não vais fazer o expresso turístico também?

— Claro que sim, todavia meus pais vão passar uma estada em Calais. Isso quer dizer que pegarei o expresso para o sul. — A jovem explicou.

— Sorte a de vocês. Agora tenho péssimas notícias a dar. Esperem, deixe-me falar primeiro. — Tanya parou-as num canto da calçada. Charlotte manteve-se alguns passos atrás, junto ao cocheiro, que as seguia. — Depois do début o senhor meu pai quer me mandar para um colégio de regime interno na Suíça.

Bella, Rosalie e Ângela fizeram uma careta de horror.

— Como ele ousa?

— Eu me pergunto o mesmo, AngieMeu pai está caducando. Acha que será melhor que eu fique longe desta cidade e foque em meus estudos e como ser uma verdadeira dama.

— É uma notícia terrível! Ele quer nos separar! Oh, por Deus, não podemos deixar que isso aconteça! — Rosalie dramatizava.

— Ainda temos o baile. — Bella disse baixo, terrivelmente sentida, pois Tanya era uma amiga extremamente leal, apesar de ter momentos em que as duas gostariam de atirar uma à outra no rio.

— Perdão, mas o senhor Eleazar está ficando insano. Sabemos o que acontece naquele lugar. Nos tratam a ferro e fogo. Tanya, tens que exigir ir para outro lugar. Porque não a Escócia? — Ângela perguntara.

— Eu já tentei! Só o que me resta é escrever cartas frequentes. Ele não mudará de ideia e irá me deserdar se eu resolver fugir.

— Não, você não pode ser deserdada, Tanya. Ainda temos o baile. — Bella dizia baixo, segurando uma das mãos da amiga, enquanto voltavam a andar.

— Pense positivo, Tan. As mulheres suíças tem um gosto impecável para moda e... Para garotos. — Rose exibiu um sorriso brilhante.

— Por esse lado...

Após o jantar, a carruagem do Duque Swan deixou a propriedade levando ele próprio, William — Billy — Black e EleazarDenali. Os homens dirigiam-se aEastEnd, região que, particularmente, Charlie Swan detestava frequentar, por isso havia designado, até então desaparecido, Alistair para gerenciá-la. Enquanto não colocava outro de seus funcionários mais confiáveis no lugar, precisaria averiguar constantemente o funcionamento daquela casa.

Quando a carruagem parou, os homens saíram e entraram num casarão de três andares. A fachada era clássica, lembrava uma residência comum, porém o interior era um ambiente escuro, com tons em vermelho, negro e dourado, onde móveis de mogno predominavam. Ao notarem a presença do Duque, uma jovem que trajava um corpete, lingerie e meias com cinta-liga apareceu para servi-los. Ela era formosa, mas não se comparava com as moças das outras casas mais nobres de Londres.

— Vossa alteza, em que posso ajuda-lo?

— Waylon se encontra aqui?

— Sim, milorde. Ele está nos fundos. Acompanhem-me. — A jovem caminhava, desfilava na verdade. Ela pousava os pés um a frente do outro, e conforme andava, seu quadril balançava, as franjas da saia iam de um lado ao outro e seus cachos pareciam pequenas molas.

— Waylon, meu caro!

— Alteza!

— Espero não ter más noticias vindo aqui. — Charlie sentou-se na poltrona em frente à mesa de mogno. — Não se preocupe meu caro. Fique na cadeira.

— Receio que o que vou ter que lhe dizer, vai deixa-lo um tanto irado, milorde.

Charlie suspirou e fez um sinal com as mãos para que ele continuasse falando. Então, Waylon pegou as pastas que estavam num armário de madeira e abriu cada uma delas em frente ao duque.

— Alistair vem desviando dinheiro há muito tempo, senhor. Analisei apenas os números, como o senhor Eleazar havia me ensinado, pois tratar de finanças não é meu forte. — O homem dizia de maneira simples. Era por isso que Charlie gostava dele. — Notei que desde que mudamos a casa de lugar, para este endereço, ele arranjou uma maneira de pegar muitas libras.

Eleazar pegou uma das folhas e, apenas com uma rápida passada, conseguiu perceber que Waylon estava certo.

— Eu não sei ao certo, senhor. Por isso o senhor Eleazar pode olhar melhor. 

Percebendo a dificuldade que Waylon tinha para explicar o sumiço que Alistair dava nas libras, Eleazar olhou atentamente a folha inicial e as quatro seguintes, vendo atentamente as entradas e saídas do mês.

— Muito bem. Alistair estava superfaturando.

— Isso! Superfaturando! — Waylon sorriu ao lembrar-se da palavra.

— Ele superfaturava alguns valores, principalmente quando a compra era ópio e alguma garota especial. — Ele explicou. — De fato, Waylon tem razão. Ele fez isso por muito tempo, mas o que ele não sabe, é que Alistair precisou de ajuda.

— Alguém daqui de dentro estava ajudando a desviar o dinheiro.

— Infelizmente sei disso, Billy. Os únicos que podem ser responsáveis, além do próprio Alistair, é Irina e Eric. — Charlie concluiu. — Irina quem escolhe as garotas para os clientes, quando eles próprios não o fazem; e Eric ajudava nas vendas aqui dentro.

— Vou pegar as notas de entrada e ver o estoque. — Billy anunciou antes de deixar a sala.

— Waylon, tenho boas notícias. Provou ser leal e ganhou minha confiança. Estou promovendo-o. Agora esta é a sua casa. — Charlie sorriu. — E como prêmio, vou lhe trazer algo bem especial.

Waylon abriu um sorriso brilhante. Ele era simples, sabia que nunca conseguiria chegar aos pés de alguém como Charlie e, provavelmente, nem conseguiria adquirir um título, pois eles eram caros e, os que estavam à venda no mercado negro, eram demasiado caros, sem contar que serviam apenas como um status para ir a bailes reais. Waylon era humilde, mas era esperto.

Mas Waylon sabia que gerenciar uma casa daquele tamanho poderia lhe trazer problemas. Porém deixaria de ser um mero capanga.

— Muito obrigado, senhor. Vou fazer meu melhor. Mas tenho um pedido. — Charlie assentiu e o homem continuou. — Gostaria que o senhor Eleazar pudesse continuar me ensinando sobre administrar finanças, porque assim saberei o que estou fazendo exatamente.

Minutos após a ausência de Billy, enquanto Eleazar mostrava alguns truques para Waylon, Paul e Quill, dois dos capangas de Charlie, entraram silenciosamente na sala.

O subsolo, comumente chamado de porão pelos moradores daquele cabaré, tinha três ambientes. O primeiro era aquele escritório. O segundo era uma sala fechada, exclusiva para jogos e apostas, e a terceira, um local escuro e frio. Coisas terríveis podiam acontecer ali.

Charlie fez um aceno de cabeça para os dois capangas, que saíram, subiram as escadarias e procuraram por suas vítimas.

Irina estava vestindo um corpete por cima de uma saia longa, de um tecido espesso com um rasgo até o alto de sua coxa, por baixo percebiam-se camadas de um tecido fluido e claro. A parte de cima quase não existia, seus seios quase saltavam da estrutura do corpete. Apenas uma fina camada de tecido cobria a parte de cima dos braços, como mangas finas e bem curtas. Irina era a cafetina.

Ela estava distraída, quando Quill apertou os dedos em volta do seu braço fino. Não houve escapatória, porque Paul também era forte demais.

— ME SOLTEM SEUS BRUTAMONTES! VOU CONTAR PARA O DUQUE! ELE VAI ARRANCAR SUAS CABEÇAS, SEUS IMBECIS!! — Ela gritava e se debatia, em vão é claro.

Paul e Quill levaram a cafetina para aquele ambiente frio e úmido. Lá, ela temeu por sua vida, quando um calafrio percorreu seu corpo.

— Quer dizer-me algo, Irina? — Charlie bloqueou a porta.

Quill soltou-a e Paul arremessou a jovem para o canto da saleta.

— Senhor, eu-

— É Vossa Graça, para você, vadia.

— Eu não quis, vossa graça. Foi Alistair que me pediu, ele me-

— Calada! — Charlie exclamou e Quill desferiu-lhe um tapa na bochecha. — Onde está Alistair?

Irina tremeu.

— Não... Não sei, senhor, vossa graça, senhor. Não sei, ele sumiu. Eu- eu-

— Onde está Alistair? — Charlie perguntava calmamente.

— Ele disse-me que não viria hoje. Eu só sei disso. Não sei de mais nada, senhor!

— Onde. Está. Alistair? Última chance.

— Disse-me que precisava resolver uns assuntos com um tal italiano. Ele iria fugir por Portsmouth.

Irina suspirou de alívio quando viu um sorriso nos lábios de Charlie. Todavia, não era um sorriso de agradecimento que brotara nos lábios do duque. Charlie não se considerava um assassino, mas também não era nenhum santo...

— Acabem com ela.

O duque deu as costas e fechou a porta. Irina gritou, mas não foi ouvida. Naquela noite, enquanto estava desacordada, a cafetina foi levada por Paul e Quill a um galpão; e conforme as horas passavam, ela perdia a noção do tempo e espaço, pois estava tão entorpecida pelo ópio, que não sabia que Paul e Quill revezavam-se para estupra-la.

Ao amanhecer, um corpo desfigurado jazia numa vala qualquer, talvez numa fazenda, talvez num campo aberto em algum condado próximo a Londres. O corpo não foi identificado e nem achado. Era um problema resolvido.

Como eu disse... Charlie não se considerava um assassino, mas também não era nenhum santo.


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Notas finais do capítulo

Olá!!

E aí, o que acharam do capítulo? Especialmente do final?
Particularmente amo histórias com tramas desse tipo, então estou me divertindo escrevendo SM.

Obrigada a todas que deixaram reviews, mas continuem assim.
E vou lançar uma chantagenzinha: deixem reviews e eu posto uma prévia do próximo capítulo, principalmente porque o próximo vai demorar um pouquinho. (Esta semana tenho alguns compromissos que precisam de mim).

Lembrem-se: quero comentários. :)

Beijinhos,
@ninaxaubet

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