POV AMANDA

- Anthony. - murmurei entredentes, tentando parecer calma. Ele não podia saber que eu fui ligeiramente afetada com sua presença surpreendente ali.

- Amanda Clark! Você não mudou nada. - ele disse me observando dos pés a cabeça. - Eu só diria que essa roupa está um pouco... ousada demais para você.

O barman me entrega o copo com minha bebida e viro o mesmo de uma vez, sentindo minha garganta "rasgar" enquanto o álcool desce por minha garganta.

Volto a colocar o copo sobre o balcão, juntamente com uma nota de dinheiro:

- Mais uma, por favor. - digo ao barman, que apenas assentiu.

- Eu nunca imaginei que iria te encontrar num lugar como esse... - diz Anthony. 

- É mesmo? - pergunto, sem abandonar o meu tom sarcástico. - Porque pelo o que fiquei sabendo você já está me perseguindo há um tempinho. 

- Aquela bicha te contou, não é? - ele revirou os olhos. - A língua não cabe dentro da boca. 

- Correção: O Jordan me contou. - digo, soando mais autoritária e séria do que o normal. Suspiro frustrada. Não estava nos meus planos cruzar com esse otário. - O que você que, Anthony Smith?

- Vim para concertar o meu erro. Sei que o que fiz foi errado.

- Assim como eu sei que você não se arrepende. - o barman coloca a outra dose para mim e eu bebo novamente com rapidez.

- Amanda, será que você pode me ouvir?

Olho para ele e sei que um sorriso irônico brotou em meus lábios. Controlo minha raiva para parecer que estou me divertindo com toda aquela situação, mas na verdade não estou. 

- Como vai Sarah? - perguntei.

Sarah Bogard. Um nome tão familiar. Um dia eu a considerei uma grande amiga. Pra ser mais exata, Sarah foi minha melhor amiga e era assim desde a faculdade. Eu nunca havia notado o interesse dela por meu noivo. Comecei a sair com Anthony quando entrei na faculdade, depois de ter recusado vários convites dele, finalmente me rendi. Na época eu e Sarah éramos apenas colegas da universidade, mas acabamos nos tornando grande amigas, assim como eu me tornei noiva de Anthony. 

Não sei ao certo desde quando Sarah e Anthony mantinham um caso. Só sei que descobri isso no dia do meu casamento quando ele me abandonou no altar. 

Pra deixar bem claro, eu e Sarah não somos mais melhores amigas. Ok. Piadinha infame, mas pode rir, eu achei graça. 

Ainda sim é impossível negar que a Bogard é dona de uma beleza incrível, quase inumana. Ela tinha uma beleza clássica, estatura mediana, pele branca e perfeita, corpo esbelto com seios fartos, bumbum bem firme, coxas e pernas bem torneadas. Seus cabelos eram dourados, com leves cachos nas pontas. Suas feições eram delicadas. A sobrancelha era cheia, os lábios grossos e o nariz bem fino. Os olhos eram cinzentos, como se fossem metal líquido. Era realmente uma bela mulher.

- Amanda, por favor. - Anthony disse, me olhando com uma expressão triste. Em seguida, massageou as têmporas, como sempre fazia quando queria se acalmar. 

- Como vai Sarah? - insisti na pergunta. 

- Ela se sentiu muito culpada depois de tudo o que aconteceu. Terminamos.

- Terminaram um caso. - dou uma risada, achando aquilo tudo tão torturante para mim, que apenas rio para reprimir as lágrimas presas em minha garganta.

- Eu não queria te magoar, Amanda. O meu caso com Sarah foi algo passageiro e sem importância. - ele argumenta.

- Tão irrelevante que você me abandonou. Me abandonou no dia do nosso casamento. - minha voz falha e sei que se eu ficar por mais um segundo irei chorar na frente dele, mas também sei que sou obrigada a ficar ali, pois Anthony não é alguém que desiste fácil. 

Antes que eu solte um soluço, somos surpreendidos pela voz de Damon. É uma voz tão calma e ao mesmo tempo firme, que me acalmo rapidamente. 

- Amanda, está tudo bem? - o Salvatore pergunta.

Giro nos calcanhares para encara-lo. Ele me fita com preocupação e sei que ele pode enxergar o fundo da minha alma, apenas olhando em meus olhos.

Me tire daqui. 

Por favor. 

Me salve.

Não quero ficar aqui por mais nenhum minuto.

- Recebi uma ligação. Precisamos ir embora. É urgente. - Damon diz e sinto meu coração desacelerar um pouco enquanto me acalmo rapidamente. Damon é tão convincente que quase acredito nele. 

Minha voz volta ao normal e dou de ombros:

- Ah, claro, amor... - eu queria ser convincente também, mas sei que a palavra "amor" soa estranha até para mim quando digo e sei que Anthony também percebeu. 

Olho para Anthony de soslaio e digo:

- Então... adeus. - em seguida, seguro a mão de Damon, entrelaçando seus dedos nos meus e os apertando de forma que sei que os nós dos mesmos ficam brancos.

- Amanda, por favor. - ouço Anthony implorar, mas finjo não escutar. 

Sigo em frente. 

Sigo em frente, como já deveria ter feito há muito tempo. 

Quando entro dentro do carro de Damon, sei que minha face já está completamente molhada. 

- Eu já disse. Posso voltar no meu carro. Ele está ali na esquina. - digo, entre um soluço e outro. 

- Eu não te deixaria sair dirigindo nessas condições, certo? - Damon diz com um tom compreensivo que jamais pensar ouvir, pelo menos não vindo dele. - Além disso, eu posso te dar uma carona até aqui amanhã e então você pega seu carro de volta. 

Suspirei como se concordasse.

Odiava estar chorando na frente de uma pessoa. E mais do que isso, eu odiava estar chorando na frente de Damon Salvatore.

Ele coloca a chave na ignição e dá a partida no carro, dirigindo por ruas que eu não fazia esforço para reconhecer e também não conseguiria, já que minhas vistas estavam embaçadas devido minhas lágrimas. 

~X~

Depois de alguns minutos, chegamos ao destino. 

Não era uma casa enorme, mas uma residência grande demais para servir de moradia apenas pra um homem solteirão. O gramado ao lado era bem verde, mas logo era interrompido pelo cimento que formava uma espécie de passarela levando até a garagem. A casa era toda branca e apenas o telhado era cinza-claro. Bem iluminada e num bairro calmo. 

- É aqui que você mora? - perguntei. 

- O que você esperava? Um apartamento minúsculo que cheira a sexo? - Damon debochou. 

Pensei em responder "talvez", mas não o fiz. 

Logo eu me encontrava na sala agradável e acolhedora. As luzes estavam acesas e isso fazia com que minha cabeça doesse intensamente, devido a choradeira de antes. 

Observei cada detalhe do local. A TV era grande e moderna e a mobília tinha uma cor nude com alguns detalhes em cores mais escuras. Toda a decoração parecia ter sido planejada por uma mulher, mas tirei essa ideia da cabeça, me convencendo apenas que Damon tem um bom gosto, embora eu nunca imaginasse que ele morasse num local como aquele. 

O Salvatore apareceu no cômodo, trazendo-me uma xícara de chá. Tinha cheiro de camomila. 

Uma noite surpreendente: Anthony aparece na boate na qual eu me encontrava, Damon me "resgata", Damon mora em uma casa acolhedora e além disso me faz um chá de camomila.

- Isso vai te acalmar. - ele me entregou a xícara gentilmente e sentou-se ao meu lado.

- Por que justamente hoje o álcool não fez o efeito que devia? Por que justamente hoje? - reclamei. Encostei meus lábios contra a porcelana da xícara e a entornei, sentindo o calor do chá queimar meus lábios, mas continuo a beber até me acostumar com a temperatura.

- Você quer me contar o que aconteceu? - ele pergunta, mas sua voz não soa doce o suficiente para que eu acredite que só preciso contar se eu realmente quiser.

- Não. - respondo, largando a xícara vazia sobre a mesinha de centro.

- Eu te preparei um chá. Eu te tirei da frente daquele cara e além disso, você me chamou de "amor"... então, me deve essa. - Damon fala.

- "Aquele cara" - digo, gesticulando aspas com os dedos - é meu ex-noivo. Ele se chama Anthony Smith. Eu o conheci no Ensino médio e ele era insuportável, mas acabei saindo com ele na época da faculdade. Ficamos noivos e quando eu já confiava o bastante nele... ele me traiu. 

- Eu sinto muito, Amanda. - Damon diz e quando olho em seus olhos vejo que suas palavras são sinceras.

- Ele me abandonou no altar e me trocou por minha melhor amiga. O quão canalha um homem pode ser? - pergunto indignada. É a primeira vez desde o dia do meu casamento que sinto raiva de Anthony ao invés de sentir pena de mim. - Eu o amei. - uma lágrima escorre de meus olhos e antes que eu a enxugue, Damon faz isso por mim. 

- Por que não vamos lá para fora? Você não precisa se lembrar de um cara que não te merece. - Damon diz. 

- Seria ótimo. O que vamos fazer? 

- O que quer fazer?

- Você tem alguma bola de basquete no seu quintal e um aro e uma.. cesta? - pergunto, decidida a me esquecer de vez de Anthony. 

O Salvatore sorri torto:

- Que tipo de Nova iorquino eu seria se não tivesse?