POV Ally

Estar em uma cidade grande já é assustador, principalmente quando você tem algo de muito importante para fazer. Quando cheguei em Nova York, na parte da madrugada ainda, peguei um táxi junto com o Dallas (já que ele iria para o mesmo hotel que eu) e fomos para os nossos respectivos quartos descansar. A faculdade tinha nos oferecido quartos em seus dormitórios que estavam vazios no momento, mas eu particularmente não aceitei para não ter que causar incômodo ou algo do tipo...

Acordei eram quase onze da manhã no dia seguinte e decidi ir ao campus visitar e ver como ele era. Tomei um banho quente (pois estava bem friozinho nesta parte da manhã), e fui escolher minha roupa. Coloquei uma blusa preta de tricô, uma meia calça preta e um shorts azul de tecido. Calcei minhas botas de cano longo e me maquiei levemente. Peguei minha bolsa e desci para o hall de entrada. Pensei em chamar o Dallas comigo, mas provavelmente ele estava cansado e acredito que amanhã iriamos nos ver do mesmo jeito, então segui meu caminho em direção ao ponto de táxi.

Indiquei o endereço ao taxista e demoramos quase uma hora para chegar ao campus me surpreendendo com tudo lá. Os seguranças me deixaram entrar após eu me identificar e comecei a caminhar. Aqui não é apenas uma faculdade de música, mas de artes cênicas também, além de computação gráfica para ajudar em efeitos de algumas produções que eles gostam de fazer. Computação... Se eu pudesse avisar o Dez...

Acho que eu acabei viajando em minha mente e nem percebi que acabei esbarrando em um garoto.

- Desculpa, foi sem querer. - Eu disse rapidamente vendo se ele não tinha se machucado.

- Não, tudo bem. Já tenho o costume em esbarrar em garotas bonitas. - Ele me mandou uma piscadinha e eu percebi o quanto ele era bonito. Mas claro que eu não iria cair em seu joguinho, já que eu estava namorando.

- Olha, espero que uma dessas garotas bonitas consiga cair em sua cantada, por que ela, já está um pouquinho fora de moda não achas?

- Bonita, inteligente e intrigante. Qual o seu nome?

- Futuramente você vai saber.

- Ansioso para que o futuro cruze logo nossos caminhos. - Ele sorriu e pelo que percebi, foi sincero. - Meu nome é Will caso queira saber.

- Tchau Will.

- Estava esperando que você me dissesse seu nome.

- Deixamos oculto ok? - Pisquei para ele e depois segui meu caminho indo em direção a biblioteca.

Minha apreciação por livros me deixou de boca aberta quando vi o tamanho daquele local. Era enorme! E simplesmente fantástico! Me controlei para já não pegar uns quinze ou dezessete livros e desci as escadarias novamente, olhando sala por sala. Tudo era muito incrível e eu sabia que ali era basicamente o paraíso.

Em meio as construções, vi quatro prédios dos dormitórios. Li em alguns assuntos do site que, em um final de semana por mês eles nos liberam para sair ou fazer o que desejamos, principalmente ir para casa visitar os pais, mas quem quiser pode ficar aqui aproveitando as instalações. Eu duvido que as pessoas daqui não devem sair mais vezes... Por isso de tantos seguranças lá na frente...

Fiquei umas cinco horas andando por tudo e quando estava cansada fui para o hotel novamente, descansar. Quando cheguei, troquei de roupa e coloquei meu pijama (um shorts curto de tecido e uma blusa de alcinhas com um moletom meio velho por cima) e fui checar meu celular. Tinham duas mensagens do meu pai dizendo que estava com saudades e querendo saber como estava tudo, e se eu estou preparada para amanhã. O respondi sorrindo e depois chequei senão tinha nenhuma mensagem do Austin, e estranhei já que não tinha. Fiquei um tanto chateada, então resolvi lhe mandar uma.

"Loiro do meu coração, não aguento mais de tanta saudade! Estou louca para voltar e te dar alguns beijos! Te Amo!"

Encarei a mensagem um instante e depois enviei, sendo respondida quase que imediatamente por ele.

"Acho que em questão de beijos, você já deve estar muito bem satisfeita."

Achei estranha a mensagem e achei que fosse alguma piadinha dele.

"Como assim? A última vez que nos vimos foi Sábado, óbvio que estou morrendo de saudades de seus beijos."

"Mas você deve ter outros amiguinhos para se satisfazer."

"Austin, agora você está me ofendendo. Você está louco ou algo do tipo?"

"Você? Ofendida? E eu? Você me trai e ainda me chama de louco? Me poupe né Ally. Se quisesse acabar comigo era só ter me avisado."

Agora é que eu não estou intendendo mais nada... Como assim acabar com ele?

"Como assim? Do que você está falando?"

"Eu vi a foto de você beijando aquele garoto. Você estava me traindo já desde que começamos a namorar ou algo do tipo?"

"Que garoto?"

"Aquele em que eu te vi no festival... Você convidou ele para ir a NY com você? Já que eu não estava na parada, você foi dar alguns beijos nele, é isso?

Agora eu senti como se estivesse entendendo tudo. O garoto em particular que ele está falando é o Dallas. Será que aquele desgraçado falou para alguém do nosso beijo?

Senti minha pele ferver, possivelmente do sangue que já deveria estar quente e fui até o quarto do moreno, que era no final do corredor não me importando de estar com um pijama. Bati na porta com força e esperei. Quando ele abriu a porta, eu já ia começar a xingá-lo, mas o mesmo me segurou pelo braço e me puxou para dentro rapidamente.

- Ally, você tem que ver uma coisa urgentemente.

- O que é Dallas? - Ele apontou para televisão onde estava passando um programa de fofocas e aumentou o som para escutarmos melhor.

"Como dissemos a alguns programas atrás, nosso querido pop star internacional Austin Moon está namorando, para a tristeza de algumas fãs, mas o que descobrimos, pode fazer a cabeça de muitos a partir de agora."

Ela mostrou a foto de mim e do Dallas em meio ao nosso beijo (que na verdade nem foi um beijo, e sim só um selinho, por que nem mesmo língua teve no meio).

"A sua querida namorada Allycia Dawson, a garota misteriosa, foi flagrada aos beijos com um garoto misterioso no avião em que estava. Não sabemos ao certo quem é ele, mas testemunhas comprovam que é um moreno, bonito e seu colega de escola. Algumas outras fotos, mostram ela entrando com ele no mesmo hotel. Será que aconteceu algo que deveríamos saber? Será que a morena está traindo o nosso loiro? É uma pergunta um tanto especial a ser feita."

Encarei aquilo de boca aberta e não acreditei. Como eles conseguiram tirar aquela foto? Eu não sou famosa nem nada, então por que fotógrafos estariam atrás de mim? Ou será que era alguma pessoa que me reconheceu? Ou uma fã lunática que ficou com ciúmes e tirou aquela foto por pura brincadeira? Enquanto essas perguntas invadiam minha mente, outra notícia me deixou ainda mais devastada.

"Outra notícia bombástica. Lembram-se da nossa querida Tilly? Loira, alta, esbelta e ex namorada do nosso fofinho loiro? Então, ela foi presa por invasão de propriedade e desacato a justiça. Além de quê, ela armou um plano para nosso fofo e o drogou em busca de seu carinho. Acho que até eu mesma faria se pudesse, mas será que era de extrema urgência dela fazer isto? Nossa estrela, agora banida dos tapetes Hollywoodianos, será presa e terá pena de no mínimo dez anos. Vocês sabiam que o cabelo perfeito dela, era na verdade uma peruca? Pois é."

- Ally? Devo me preocupar? - O Dallas começou a coçar a nuca nervoso e eu me sentei em sua cama (tentando não olhar para ele só de cueca), abaixei minha cabeça e tentei respirar com calma.

- Você não deve, mas eu sim.

- Quando você vai voltar para Miami?

- Quinta feira à noite.

- Você vai ficar bem?

- Acho que não.

- Quer que eu vá com você? Eu posso adiantar minha viajem e...

- Não Dallas. Se já nos viram juntos e estão fazendo dezenas de especulações, o que você acha que acontecerá se nos virem de novo? - Eu encontrei seu olhar e ele assentiu, desligando a televisão.

- Se você quiser, eu posso falar com seu namorado, não importo de levar alguns socos, mas assim eu posso explicar para ele o que...

- Não, deixa para lá, acho que... - Senti meu celular vibrando quatro vezes seguidas e fui olhar as mensagens.

"Como assim? Você não me disse que a Tilly invadiu meu apartamento e me drogou! Quando isto aconteceu? Achei que você confiasse em mim a ponto de me dizer isto!"

"Foi naquela vez em que você supostamente dormiu lá em casa não foi? O que mais você esconde de mim, em Ally?" Acho que não preciso falar mais nada de que nosso relacionamento não existe mais certo?

Lágrimas começaram a rolar pelas minhas bochechas e eu só queria ficar enrolada ali, sem fazer mais nada. Não era minha intenção esconder nada dele... Deveria ter ouvido o Dez quando ele disse que não podem haver segredos em um relacionamento... Falando nele, as próximas duas mensagens eram do ruivo.

"Mi amore, acabei de ver as bombas na televisão com a Trish. Ela surtou, mas eu expliquei a ela que você é inocente a deixando relaxada e do nosso lado. Você é inocente não?"

"Não que eu não acredite em você, mas preciso escutá-la me falando tudo. Tenho uma notícia feliz para te dar. Quinta de noite (ou Sexta de madrugada, foda-se o dia) quando eu for te buscar no aeroporto, eu te conto. Te amo minha gata super sexy e melhor amiga com pernas super quentes. Beijos"

Aquilo me deixou um pouco mais contente, até consegui sorrir com a mensagem do Dez. Acho que sem ele como melhor amigo não conseguiria sobreviver... Levantei da cama, limpei as lágrimas e dei um abraço no moreno... Depois eu não quero que as pessoas façam especulações de um falso relacionamento, principalmente quando estou em um quarto com um garoto que gosta de mim, e está apenas de cueca... Grande Ally, grande...

- Dallas, vou arrumar minhas coisas para amanhã. Se cuida.

- Você também Ally. - Ele sorriu para mim e eu assenti correndo para o meu quarto.

Deitei em minha cama e em parte não consegui dormir. Minha cabeça estava um furacão e o nó em minha garganta era muito grande para eu ao menos tentar engoli-lo. Mas eu estava tão exausta que foi só eu tentar me concentrar um pouco, que finalmente dormi.

No outro dia, perto das duas horas da tarde, peguei uma carona com o Dallas e nós dois fomos confiantes para realizar nosso projeto.

Chegamos lá e mais umas vinte pessoas estavam a espera. A sala em que se encontravam os júris era privada, mas a partir do momento que você entrava lá, seu nervos ficavam a flor da pele.

Quando foi minha vez, eles me chamaram e eu entrei "tranquilamente" na sala. Minha aparência me ajudava um pouco em minha confiança (eu estava com uma saia preta, uma blusa branca e um casaco preto por cima, e meus saltos eram brancos, combinando com a blusa). Apresentei meus argumentos e respondi todos os questionamentos facilmente que eles me faziam. Quando acabaram, pediram para eu apresentar a música que tinha feito. Sentei-me em frente ao piano e cantei a música, sendo liberada em seguida, recebendo a informação de que daqui a uma semana, receberia uma carta dizendo se eu seria aceita ou não.

Respirai aliviada quando sai de lá e esperei o moreno para ir embora. Quando saiu, ele me disse que adorou apresentar sua música e que senão passasse, não saberia em que tinha errado. Sorri para ele e por um momento me esqueci de tudo que tinha acontecido. Voltamos em silêncio, e não tocamos mais no assunto do que aconteceu. Quando cheguei, o cansaço me tomou e eu dormi com a roupa em que estava mesmo.

Acordei sem ter noção das horas na outra manhã e decidi antes de ir, passear um pouco. Lojas e mais lojas entraram em meu campo de visão e eu me senti tonta e ao mesmo tempo cheia de prazer. Entrei em umas cinco, comprando alguns presentes e quando vi uma loja de jóias, segurei instintivamente o meu colar ganhado pelo Austin e decidi lhe dar algo (mesmo agora, não tendo mais um relacionamento com ele).

Quando chegasse em Miami, teria muitas coisas que explicar... E espero que as pessoas entendam meu ponto de vista...