POV Ally

Coloquei uma calça jeans e uma blusa roxa que tinha no armário juntamente com uma sapatilha. Não deu tempo para arrumar o cabelo, só para agarrar minha bolsa que estava no sofá e foi o que fiz. Peguei um táxi até o apartamento do loiro e comecei a me preparar emocionalmente para o que iria ver. Ele não iria brincar com meus sentimentos daquele jeito... Ou iria? Achei que ele estivesse apaixonado por mim ou algo do tipo, mas quem sabe ele estivesse só querendo brincar comigo... Por isso não queria criar esperanças, por que sem esperanças, sem sofrimentos...

Quando cheguei, cumprimentei os seguranças que ficavam de vigília e segui para o andar de seu apartamento. Quando eu chegasse e abrisse a porta de seu quarto, o esperava com uma mulher ou um homem (vai que ele admitisse sua homossexualidade para mim, assim eu ficaria menos triste), mas na verdade o encontrei com uma vadia.

Lágrimas começaram a se formar em meus olhos e fui em direção ao banheiro para ver se conseguia controlar o nó que estava em minha garganta, até me lembrar de uma coisa. O Austin me disse que sua ex-namorada acabou com ele por causa da Tilly (ou se preferirem sanguessuga) e o garoto não se lembrava de ter feito nada com ela. Foi ai que caiu a ficha!

Fui em direção a sala novamente e comecei a procurar por algum copo que eles possam ter bebido algo e achei um em cima da mesinha ao lado do sofá. Aquele cheiro forte de uísque misturado com algo a mais invadiu minhas narinas e meu sangue começou a ferver de raiva. Sabe, quando você vai em clubes, é quase estuprada e acaba bebendo em desses, você começa a ser uma pessoa mais cuidadosa que ama a vida como eu. Como aquela vadia conseguiu fazer isso com meu homem? Mas também ele é meio bobo, então...

Comecei a bolar um plano em minha cabeça enquanto estava ali sentada encarando a bebida. Sorri satisfeita comigo mesma e decidi botá-lo em ação. Lembrei-me que nos filmes as pessoas, quando não tem uma arma de defesa acabam usando uma panela ou algo do tipo para deixar a pessoa desmaiada, e foi isso que fiz. Procurei algo do tipo em meio as prateleiras da cozinha e achei uma frigideira.

Segurei-a no cabo firmemente e me aproximei devagar da cama. Vi o Austin deitado tranquilamente, com aquele seu corpo de deus grego que me fazia arrepiar dos pés a cabeça e ter orgasmos só de pensar, mas ai vi uma cobra peçonhenta do lado. Senão fosse pelo demônio feminino que estava ali, diria que aquela era a visão do Paraíso.

Quando cheguei bem perto da Tilly, preparada para lhe bater, ela abriu os olhos rapidamente, me dando um baita susto e  deixando-me nervosa, o que me fez bater com muito mais força em sua cabeça. Não consegui escutar o que ela tinha dito antes de ser fortemente atacada e eu tentei controlar meus batimentos cardíacos. A cutuquei para ver se não a tinha matado e respirei aliviada quando percebi que ela ainda estava respirando, se bem que se ela morresse não iria me fazer diferença, mas iria arrumar grandes problemas para o Austin.

Botei a frigideira de lado e quando fui puxar a Tilly delicadamente do Austin (o que foi mais como uma briga, que mesmo ela estando "dormindo" conseguia ganhar de mim com seu peso) acabei a derrubando da cama. Quando ela acordasse, com certeza teria fortes dores em outros lugares do que só na cabeça. Tentei puxá-la pelo cabelo, tentando arrancar aqueles fios loiros, quando seu cabelo caiu. Fiquei apavorada e segurei o grito quando percebi que era uma peruca, ai comecei a rir histericamente quase me rolando no chão de tanto rir. Enfim, a puxei pelos ombros desta vez a arrastando até o chão da sala.

Quando voltei, abri o closet do Austin e me surpreendi por ver tudo arrumado. Para um homem ele conseguia ser mais organizado que eu... Estranho não?

Peguei uma de suas blusas de algodão (com o seu cheirinho, o que me fazia sentir quentinha e aconchegada) e troquei com a que estava. Achei uma das suas calças de moletom mais velhas e vesti, tendo que dobrar umas cinco vezes para não ficar arrastando no chão.

Como meu cabelo já estava bagunçado não precisei desarrumá-lo ainda mais, então apenas calcei uma das sandálias do loiro e me dirigi a recepção do prédio.

O elevador demorou um pouco e quando cheguei ao hall de entrada as pessoas começaram a me olharem com um sorrisinho malicioso no rosto, como se soubesse o motivo pelo qual eu estava com aquelas roupas (seria bem engraçado se elas soubessem a verdade).

Fui em direção a uma recepcionista e tentei manter minha melhor cara de susto e indignação, o que eu acho que ficou mais como se eu estivesse com constipação.

- Moça?

- Olá querida. - Ela me mostrou um sorriso simpático com enormes dentes brancos que quase me cegaram por tanta perfeição. - No que lhe posso ser útil?

- Acho que uma mulher invadiu o apartamento. Acredito que seja alguma fã do Austin.

- Você é a senhorita Moon, certo? - Ruborizei automaticamente e ela percebeu, tanto que me mostrou um sorriso maior ainda. - Não se preocupe querida, quer que eu mande algum segurança verificar o apartamento?

- Você poderia fazer isto? Eu acabei me assustando, ficando com medo e como o senhor Moon estava dormindo acho que acabei a batendo com uma panela.

- Vocês não estavam...? - Consegui ficar mais vermelha do que já estava, além de que ela me deu uma olhada de cima abaixo comprovando o que estava passando em sua mente naquele momento.

- Naquele momento não. Ele já tinha dormido, só eu que acabei acordando com os barulhos.

- Ah sim. Irei mandar os seguranças subirem até lá e você lhes conta o que aconteceu. - Assenti em concordância e ela falou no telefone, acho que com eles e me mandou aguardar um instante. Eles chegaram em seguida em pouco preocupados.

- O que houve?

- A senhorita Moon lhes contará o que aconteceu. - Eles concordaram e me seguiram. Os guiei até o apartamento do loiro e lhes contei o que tinha acontecido no caminho (resumi dizendo que uma louca tinha entrado lá, não querendo envolver o fato dela ter drogado o Austin).

Quando abri a porta, apontei para Tilly deitada no meio da sala e eles se surpreenderam por terem cometido um erro e tê-la deixado entrar sem o consentimento do Austin. Ela estava sem a peruca o que quase me fez rir, mas me controlei novamente para eles não me acharem louca.

Um dos seguranças a pegou e colocou nos ombros, se desculpando pelo incomodo. Eu disse que não tinha problemas e que não contaria nada para o loiro o que não faria perdê-los o emprego. Os dois sorriram e disseram que a levariam a polícia e que esperariam que ela tivesse um advogado muito bom. Eu assenti e os levei até a porta a trancando em seguida.

Arrumei o sofá, joguei as bebidas fora, lavei os copos guardando-os em seguida e exclui quaisquer vestígios da Tilly no celular do Austin. Descobri que eram quase 05:00 da manhã e percebi o quanto estava cansada quando me dirigi ao quarto e me deitei ao lado do deus grego. Me aconcheguei em seu peito e escutei a sua respiração enquanto senti minhas pálpebras ficando mais pesadas, até que dormi.