Dragon School escrita por Cahxx


Capítulo 4
Confusões e brigas a parte




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O pequeno bar estava lotado. Alguns bebiam enquanto outros conversavam e jogavam cartas. Yui, Ritsu, Mio e Tsumugi entraram rapidamente, agradecendo por estarem se afastando da noite fria lá fora.

- Não estou me sentindo confortável. Quase não tem mulheres aqui. – comentou Mio para Ritsu.

- É o clube dos jogadores do time, não é de se estranhar, né?

As quatro dirigiram-se para o balcão e pediram bebidas, sendo que Mio e Mugi pegavam refrigerantes, enquanto Yui e Ritsu pediram batidas.

- Vocês mal fizeram 18 anos – alertou Mio indignada.

- Relaxa Mio-chan! Vamos curtir e brindar o sucesso da Ri-chan – falou Yui sorrindo enquanto levantava seu copo.

- É isso aí! – Ritsu comemorou.

Em um canto mais afastado, um grupo de rapazes observava as garotas que riam e conversavam alegremente.

- A Ritsu é bonitinha, mas aquela Yui é maravilhosa, hein? – comentou um garoto – Podia ser ela a entrar no time.

- Eu prefiro a que está de cabeça baixa, escondendo o sorriso. – disse outro indicando Mio.

- Olha o tipo de palavras que vocês usam! – um rapaz pálido e moreno apareceu atrás – Isso aqui não é um bordel!

- Hunf! – resmungou o garoto – Você não é monitor fora da escola, Leigh...

- Tem razão! – disse Castiel chegando em seguida com vários copos de bebida nas mãos – Vai cuidar da sua vida, Leigh! Se não gosta desse tipo de lugar, por que veio?!

- Por que me incomoda pessoas como você, sujando o patrimônio escolar.

- HEI! O que você quer dizer com isso?!

Castiel largou os copos em uma mesa e se preparou para esmurrar o rapaz. Seu punho parou a centímetros do rosto do moreno quando uma segunda mão segurou seu braço:

- Estamos aqui para nos divertir, Castiel... Não para agir como animais – era Nathaniel, que assim como Leigh, viera para garantir que a “festa” seria tranquila. O ruivo continuou a encarar o monitor enquanto pegava de volta os copos e saía de perto da dupla.

Ritsu aproximou-se lentamente de Castiel e ficou em pé ao lado deste. O rapaz que estava estirado num sofá encarou-a com seu costumeiro jeito frio.

- O que você quer? – perguntou grosseiramente enquanto um grupo de meninas ria abertamente do fora que ela tomava.

- Conversar. – disse baixo e com receio.

- Sobre o que? Acho que não temos nada o que conversar, Tanaka. Você entrou para o time, era o que queria, não? Está feliz então.

- Não, não estou feliz – respondeu com ímpeto.

- Olha, não tenho nada pra conversar com você. Agora me deixa em paz e some da minha frente.

- Ui... Que fora! – zombou uma das meninas que estavam em volta do rapaz.

Corando furiosamente e sentindo os olhos arderem, Ritsu se virou para sair, mas tomou um susto ao dar de cara com um bando de rapazes que usavam um uniforme vermelho.

- Era só o que faltava! O que vocês querem?! – gritou Castiel furioso.

- Viemos ver a nova integrante da Dragon School. Quem é? – perguntou um garoto alto e robusto que provavelmente era o líder do grupo.

- Não interessa quem é Júlio. Deem o fora daqui!

- É ela! – uma voz feminina saiu do meio do grupo desconhecido: uma garota de cabelos pretos com mechas vermelhas estava apontando para Ritsu.

- Ela? – zombou o rapaz. – Com esse corpinho pequeno e magrelo? O time de vocês está em decadência mesmo.

Mike já havia parado de conversar com um colega e começou a andar rápido em direção a aglomeração. Nessa altura Castiel já havia se levantado e encarava os invasores ao lado de Ritsu.

- Oi, Castiel... – cumprimentou a morena com um sorriso malvado nos lábios.

- O que você faz com eles? – perguntou Castiel intrigado.

- É minha namorada agora! – disse Júlio abraçando a menina pela cintura. – Você acha que essa beldade aqui iria dar bola pra você?

- O que está insinuando?

- Bem... Digamos que apenas foram boas as informações que você me passou no tempo em que ficamos. – respondeu a menina ironicamente.

- Você me usou para espionar meu time?! E ainda passou informações para eles? – perguntou o ruivo incrédulo, sentindo-se o maior panaca do mundo.

- Exatamente! – finalizou. – Sabe, até que foi divertido, afinal, você é um palhaço.

O grupo começou a gargalhar enquanto a garota continuava a zombar de Castiel. Sentindo a dor do novo companheiro e vendo o quão baixa que era aquela garota, Ritsu não suportou. Avançou até ela e deu-lhe um doloroso e audível tapa, que calou na hora a todos os presentes.

- Você não presta! – gritou a Tanaka furiosa. – Acha que tem o direito de manipular as pessoas da maneira que quer?! Você não vale nada!

Todos ficaram estupefatos; lá estava uma garota de fibra. Júlio entrou na frente da “namorada”, puxando-a para trás e passando a encarar Ritsu.

- E você hein, garota? Acha que pode dar um tapa na minha namorada assim, é? Se manca, guria! – disse empurrando brutalmente a pequena, que se não fosse por Castiel tê-la amparado teria se machucado feio.

- Você está bem? – perguntou o ruivo, passando sua mão pelo rosto vermelho e choroso de Ritsu. Esta fez um sinal que sim com a cabeça, deixando duas finas lágrimas caírem.

Castiel não tinha muita noção do que havia sentido na hora em que viu as lágrimas rolarem pelas bochechas da garota que acabara de maltratar, a única coisa em que realmente pensou foi em quão covarde era Júlio e o quanto queria lhe dar o troco por aquele empurrão.

- Você se sente muito valente pra bater em uma mulher, não é? Então vamos ver como se sai comigo! – o ruivo finalizou estas palavras com um forte soco no lado direito do rosto de Júlio. Todos os outros partiram para a briga também. Socos e chutes podiam ser vistos no meio da confusão.

Quando a briga começou a rolar, Mio puxou Yui e Mugi para trás de um balcão.

- Não podemos ficar aqui! Ritsu precisa de nossa ajuda! – Yui falou assustada.

Sem pensar, Mugi saiu de trás do móvel e andou agachada pelo meio da briga. Sentiu uma forte pisada em seu pé seguido de um soco forte em sua barriga. A menina perdeu o ar por um tempo e teve que se agarrar a uma coluna. Foi quando sentiu um puxão em seu braço que a levou para um canto vazio.

- Nathaniel?!

- Você está bem?

- Sim, mas preciso ajudar minha amiga!

- Agora não dá! Vocês precisam sair daqui!

- Mas...

- Sem mais!

O garoto a puxou para leva-la embora, mas a menina se recusou a ir:

- Eu não vou sem ela!

Um garoto de uniforme vermelho cercou o casal:

- Onde pensam que vão?!

- Saia da frente, Matt! – Nathaniel vociferou. Mugi ficou surpresa por nunca imaginar algum dia ver o monitor falar dessa forma.

- Ou o que?

Mugi só conseguiu ver um vulto branco passar a sua frente e em seguida, o tal Matt estava caído com o nariz sangrando.

- Você bateu nele! Nathaniel, você bateu nele!

- Não conte a ninguém!

E continuaram correndo. Com dificuldade saíram do bar e Mugi avistou Yui e Mio ao redor de uma Ritsu com o lábio roxo e dois rapazes ao redor:

- Ri?! O que houve?!

- Ela foi acertada... – um rapaz explicou. Era Mike.

- Já disse que estou bem... – a menina resmungou.

- Bem o caramba! Você vai comigo a enfermaria agora!

Ignorando os protestos da garota, Mike a levantou e tentou puxá-la:

- Já que não tem outra opção.

E o menino de cabelo rastafári pegou uma rebelde Ritsu no colo e saiu carregando-a em direção a faculdade que continha todas as luzes acesas. Estava havendo aulas do período noturno. Yui correu atrás dos dois.

- Quanto a vocês... – um garoto moreno começou.

- Já disse obrigada, Leigh – Mio cortou-o de forma seca.

- Vocês foram muito burras ao decidir entrar num lugar desses!

Mio virou o rosto irritada. Nathaniel olhou para Mugi ao seu lado e esta estava de cabeça abaixada, extremamente envergonhada. Estava na cara que não era acostumada a esse tipo de coisa:

- Relaxa Leigh, acho que elas já aprenderam. Ainda bem que viemos cara... Bem que você disse que ia dar merda hoje...

O rapaz fez que sim:

- Bem, onde vocês moram? Iremos leva-las em casa...

- Não precisa – Mio replicou ríspida.

- Não seja tola. Olha que horas são! É perigoso andarem...

- Já disse que não precisa! – e a morena puxou Mugi pelo braço. A loira deu uma última olhada a Nathaniel e voltou-se para a amiga. O rosto do rapaz loiro anuviou-se: só então ele notara que a jovem tinha um rastro de sangue descendo pela testa.

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– Bem, hoje irei recolher os trabalhos da aula passada. Lembrando que quem não fez, não terá outra chance.

A aula começara naquela manhã.

Mugi olhou para as carteiras ao seu lado, que estavam vazias. Ela não sabia onde estavam e nem porque suas amigas ainda não haviam retornado do intervalo.

– “Vai ver elas estão no banheiro” – pensou dando de ombros e começando a procurar seu trabalho na mochila. A loira procurou, procurou, revirou a mochila do avesso e nada. Assustada, foi até o professor:

– Ah, senhor Truma, eu juro que fiz meu trabalho, mas não estou encontrando-o.

– Então você não fez.

– Não! Eu fiz sim! Eu juro! Eu não sei o que houve... ele simplesmente sumiu...

– Ele simplesmente criou pernas e fugiu?

– Não! Eu...

– Ah senhorita, se eu ganhasse uma moeda por cada aluno que chega até mim e diz coisas como essas, eu estaria RICO. Eu sinto muito, mas terei que lhe dar zero.

Mugi voltou para sua carteira sentindo-se envergonhada e com vontade de chorar. Sua garganta estava dolorida e ela não conseguia se quer olhar para cima, pois sabia que ia desabar. Irritada, guardou suas coisas com violência, jogou a mochila nas costas e se retirou da sala. Andou pelos corredores e subiu até o último andar, sem saber exatamente onde estava indo.

– Essas coisas só acontecem comigo! – e irritada, jogou a bolsa no chão e sentou-se no piso de madeira. A porta a sua frente estava entreaberta e por instinto, Mugi decidiu espirar o que havia naquela sala: deu de cara com um salão escuro, de cortinas altas e um piano negro, de cauda posto em uma das janelas. Lentamente ela aproximou-se do instrumento e sem pensar duas vezes, pôs-se a tocar.

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Nathaniel andava pelos corredores da Universidade. Todos já haviam ido embora e ele continuava lá, sozinho, verificando se tudo estada em sua devida ordem. Avistou um celular caído ao chão e pegou-o:

– Idiotas... Deviam ser mais responsáveis... – ele já estava guardando o aparelho no bolso quando algo brilhou no chão de madeira. Ele aproximou-se do papel e viu que era o trabalho de alguém. Tsumugi Kotobuki.

– “Que coincidência” – pensou ele – “Acho melhor entregar a ela amanhã” – e já estava dando meia volta para ir embora quando outra coisa chamou sua atenção. Uma melodia. Linda. Ele seguiu o som até encontrar uma porta semiaberta. Por instinto ele a abriu se deparando com um salão imenso, de cortinas altas e um piano negro de cauda em uma das janelas. Sentado sobre ele, havia uma garota. Ela tocava notas doces enquanto raios de sol tocavam-lhe os cabelos dourados e sua pele branquíssima.

Nathaniel ficou longos segundos admirando tal visão até que a música parou e ele percebeu que a menina estava assustada, encarando-o.

– Nathaniel?! – ela perguntou.

– Tsumugi... Ah... Eu... Eu estava aqui e... Eu-eu não sabia que você tocava tão bem... – foi a única coisa que ele conseguiu dizer.

– O-obrigada... – Mugi também não conseguia mais sentir suas pernas. Sua sorte era que estava sentada, pois caso contrário, teria caído.

– Eu... Ah... Achei isso aqui... – e lhe estendeu o trabalho. Mugi encarou o maço de papéis com os olhos arregalados e o encarou:

– Onde encontrou isso?

– Aqui perto... Estava no chão...

Mugi apertou as folhas e com um salto se agarrou ao pescoço do rapaz:

– Ah! Você salvou minha vida! Eu levei uma baita bronca hoje porque achei que tinha perdido! Eu te devo uma!

– Não tem de quê – ele respondeu rindo. Então sentiu o cheiro doce da menina. Cheiro de algodão doce... Tão macio... Confortável... Seus cabelos dourados tocavam-lhe o rosto suavemente... Sua pele macia e delicada... Sua cintura fina era tão...

Os dois se separaram bruscamente, assustados e envergonhados pela situação constrangedora. Ambos incapazes de encarar os olhos um do outro.

– Eu vou entregar isso... – Mugi disse mostrando os papéis.

– Ah, certo.

A menina foi saindo. Mas seus longos cabelos esvoaçaram e passaram novamente pelo rosto do rapaz, que sentiu mais uma vez, o cheiro doce e convidativo.

– Ah, Mugi! Eu vou com você.

Juntos eles foram até a sala dos professores, onde a menina conseguiu entregar o trabalho ao professor.

– Não são todos que tem a mesma sorte que você, senhorita. Tenha mais cuidado da próxima vez.

E Mugi sorriu triunfante. Andaram juntos até a estação e conversaram e riram o caminho todo. Perceberam o quanto eram parecidos, o quanto gostavam das mesmas coisas e o quanto pensavam do mesmo jeito.

– Esse é o meu trem... – disse Mugi finalmente.

Nathaniel sentiu um aperto ao notar que teria que se separar de Mugi, mas então lembrou-se de que poderia vê-la novamente na manhã seguinte, afinal, estudavam juntos. COMO diabos ele não havia reparado nela antes, era o que se perguntara o caminho inteiro.

– Certo então! A gente se vê amanhã...

– Té mais... – e Mugi sorriu timidamente enquanto ajeitava uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. Suas bochechas coraram e seus olhos brilhavam. Nathaniel notou o quanto Mugi era delicada, o quanto era pequena e frágil, o quanto queria protege-la e defende-la, e guarda-la numa caixinha só para si. A menina entrou no trem e acenou da janela. O menino acenou de volta.

– Até amanhã...

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