Um novo dia iniciou-se na Dragon School. As meninas encontraram-se na entrada do campus como sempre. Mio melhora muito desde o dia anterior; estava bem mais... Mio. Diferente de Ritsu que não conseguia controlar os nervos:

— Calma Ri-chan! Vai dar tudo certo! Sabemos o quanto você é boa!

— Só que vocês não estavam lá pra ver todos caçoarem da minha cara!

Todas se dirigiram para sua sala, exceto Mugi que decidiu passar na sala dos professores para entregar seu formulário. Parou em frente a porta sentindo-se bastante nervosa e condenando-se por ser tão boba.

— Com licença... – ela abriu a porta.

— Estou dizendo que não posso fazer nada, Amber!

— Não “pode” ou não “quer”?

— Acha mesmo que eu não te ajudaria se eu pudesse?!

— Chega Nath! Não quero ouvir mais nada de você! – e a menina se virou para ir embora. Ao notar Mugi na porta, forçou uma expressão azeda e irritada – Ei! Não te ensinaram que é feio ouvir as discussões íntimas das pessoas?!

E deu um forte empurrão na menina antes de sair. “Nath... Íntima...”? Era o que Mugi pensava.

— Desculpe Nathaniel. Não sabia que estava ocupado.

— Não, está tudo bem – ele disse bastante desapontado. Esfregava o rosto com nervosismo e cansaço.

— Só passei para entregar meu formulário preenchido.

— Ah, certo. Pode deixar aí.

Mugi pensou em perguntar se poderia ajuda-lo em alguma coisa, mas mudou de ideia. Simplesmente deu as costas e saiu em direção a sua sala.

— Mugi-chan!

Ken chamava a garota:

— Oi Ken.

— Você viu a Yui?

— Acho que ela já está na sala.

— Ah... Certo. Se a vir, diga a ela que estou procurando por ela?

— Sim.

— Tá tudo bem com você?

— Tá sim... Eu só...

— Foi a Amber, né?

— Quem?

— Aquela garota que saiu agora pouco da sala... Ela mexeu com você, não foi?

— Do que você está falando Ken?

— Aquela garota, a Amber... É o terror do colégio... Sempre maltratando as pessoas e pisando em cima dos outros...

— Ela é assim mesmo?! Mas Nathaniel não parece se importar muito, não é?

— Ah, você notou a relação dos dois, né?

Mugi sentiu-se mais irritada. Ken estava confirmando suas suspeitas. Mas que isso? O que ela tem a ver com isso! Mal conhece Nathaniel pra querer opinar em sua vida!

— Ele até que se importa, mas não tem muito que fazer...

— Entendo. Bem Ken, é melhor eu ir. Estou atrasada.

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As aulas passaram tranquilas para todas. Ritsu conseguiu controlar bem os nervos e Yui passou a bolar planos de como despistar o pobre Ken no intervalo. E este chegou.

— E aqui estão os folhetos da competição musical. Quem quiser participar ou comparecer, é só enviar a ficha até sexta-feira – o professor falava entregando os papéis.

— Bem, vou encontrar o Mike para treinarmos! Torçam por mim!

E Ritsu sumiu.

— Olá Yui!

— Ai! – a menina sobressaltou-se com a chegada do garoto; não tivera tempo de por seu plano em prática – E aí, já sabem de que clubes irão participar?

— Clubes? – Mio questionou.

— É. Existem diversos clubes pra se integrar. Fazer parte das matérias extras! São bem legais?

— De qual você é? – Yui perguntou. Ken animou-se ao perceber que a menina parecia querer escolher o mesmo grupo que o seu; na verdade, Yui queria saber pra justamente fazer o contrário.

— Clube de Ciências! – e ele sentiu-se orgulhoso.

— É, não havia muitos riscos...

— Que outros têm, Ken? – Mugi perguntou interessada.

— Vish... Um montão! É melhor darem uma olhada no pátio principal. As inscrições começam hoje!

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Três horas da tarde e Ritsu já se encontrava vestida para o teste de basquete. A roupa ficara enorme em seu corpo. O uniforme constituía-se basicamente de uma camiseta larga e um short extremamente curto, o que a deixava envergonhada.

Havia muitos rapazes e estes estavam fazendo o teste primeiro. A menina estava nervosa e não se importava nem um pouco em ficar por último – na verdade desejava isso.

Algumas meninas saíram da quadra comentando animadas:

— Ai, você viu o Castiel? Ele é lindo, não é?

— Com aquele uniforme então...!

Ritsu revirou os olhos. Descobrira atrasada que Castiel também jogava no time, e o pior de tudo... Ele era o capitão.

Não havia mais ninguém na quadra, ela era a última. Apertou seus cadarços, prendeu sua franja e andou até o meio do salão.

— Tainaka Ritsu, certo?

Fazendo que sim com a cabeça, Ritsu suspirou caminhando até chegar em frente ao treinador.

— Eu sou Tainaka Ritsu, senhor – falou constrangida, até mesmo porque Castiel estava ao lado do treinador com cara de zombeteiro.

O treinador levantou seu olhar e passou a encarar a garota dos pés a cabeça. A cara enigmática do homem a deixava cada vez mais nervosa.

— Meu nome é Hiroshi. Pode se posicionar.

Ritsu foi até o centro da quadra com a bola que Castiel acabara de lhe entregar:

— Teremos os seguintes testes: Primeiro tente fazer uma cesta desviando de todos os jogadores que estarão na quadra tentando te bloquear; segundo, você cobrará um pênalti e, por último, fará uma jogada a Castiel para que este tente fazer uma cesta de 3 pontos. Entendeu?

— Sim, senhor.

— Vai Ric-chaaaan! – o grito de Yui ecoou no salão quase vazio, fazendo muitos virarem o rosto admirando a beleza da jovem que havia ido assistir ao teste da amiga. Mio e Tsumugi também estavam lá torcendo por ela, mas bem mais comportadas.

— Está nervosa? – perguntou o treinador encarando seus olhos castanhos.

— Um pouco. – respondeu dando um pequeno sorriso.

— Não fique. – disse sorrindo simpático pela primeira vez.

Ritsu se posicionou e com um aceno de Hiroshi a fez disparar rebatendo a bola contra o chão, tomando uma velocidade incrível em pouco tempo.

Seriam três os jogadores que fariam o bloqueio da garota. Ritsu se desviou do primeiro com uma agilidade que deixou Hiroshi de queixo caído. Desviou do segundo e chegou ao terceiro que era Mike.

"Do Mike ela não passa." – foi o que Castiel pensou. Mas seus olhos se arregalaram quando a Tanaka segurou a bola pela direita e girou o corpo dando um "olé" no grandão. Com habilidade e rapidez, fez um jogo de ziguezague na frente do mesmo, confundindo-o, para logo em seguida triunfar com uma linda cesta de 2 pontos.

— É isso aí, Ri-chaaan!!! – gritou Yui da arquibancada, vendo a amiga voltar sorridente para o treinador.

— Muito bom, Tanaka! – disse Hiroshi – Mas não se alegre muito ainda, vamos à sua cobrança de pênalti.

Ritsu se preparou, respirou fundo e, como o esperado pelas três torcedoras que estava na arquibancada a bola entrou facilmente pela rede em circulo. Novamente Hiroshi se surpreendeu, o jogo visual que ela fazia com o corpo confundiria até os profissionais.

Terceira etapa. Precisava passar por três jogadores e deixar livre para Castiel arremessar. Correu com a bola para a direita desviando de seu primeiro bloqueio, passou por baixo dos braços do segundo bloqueio e no terceiro fez um passe que assustou muita gente. Parou bruscamente, enganando a todos, e passou a bola por debaixo de suas pernas, se virando agilmente e passando para Castiel que, sem esforço, marcou uma cesta de 3 pontos.

Hiroshi observou a garota, que comemorava acenando para as amigas.

"Essa garota é rápida demais... E seu corpo pequeno facilita nos desvios... Seria uma carta na manga contra os outros times... Mas uma coisa me incomoda, sua defesa é fraca".

— Como fui, senhor treinador? Passei? – perguntou esperançosa.

— Hum, passou e me surpreendeu muito. – disse alegremente para a Tanaka, que abriu um enorme sorriso na hora, mas que se desfez quando Castiel se pronunciou.

— Eu discordo, treinador. Ela é uma mulher! – exclamou com desdém.

— Uma mulher muito melhor do que muitos homens. – defendeu o treinador.

— Basquete não é jogo para mulheres!

— Castiel... – disse pacientemente o treinador – Você viu o desempenho dela. A agilidade desta garota é incrível! Ela consegue fazer passes com precisão e tem um jogo de ótica que confunde qualquer jogador. Ela está dentro! – concluiu por fim.

Castiel suspirou derrotado, não tinha como dizer que Ritsu não era boa. Tirou suas munhequeiras e sem dizer mais nada seguiu para o vestiário.

Apesar de ter ficado contente com o resultado positivo do teste, não conseguia sorrir. Sentiu-se uma intrusa ao ouvir o que Castiel dissera. Abaixou a cabeça tristemente, mas logo sentiu um braço em volta de seu ombro.

— Bem-vinda ao time! – felicitou Mike – Não liga para o Castiel, logo ele acostuma com a ideia de ter uma mulher no time.

— Obrigada, Mike. – ela disse tentando ao máximo sorrir, mas sentindo que essa era uma tarefa muito mais difícil do que passar no teste.

— Olha, o time vai se juntar no clube da escola. Não quer vir? Assim você conhece seus novos companheiros de equipe.

— Eu agradeço, mas acho que o Castiel não vai gostar.

— Ele não tem que gostar! Chame as meninas. – disse apontando com a cabeça para o grupo na arquibancada – Vocês vão gostar!

— Tudo bem... Nós vamos! – falou sentindo-se mais à vontade. – Que horas?

— Agora! Vai ao vestiário se trocar que já estamos indo.

— Ok! – com um novo sorriso no rosto, a menina de cabelos caramelos saiu da quadra acenando mais uma vez para suas amigas.

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