Never Alone escrita por B Mar, B Mar
Cap 3
Katniss PDV:
Prim me ajudou a levar as malas para o carro e papai dirigiu até a pista de pouso, onde Cinna já esperava a mim e Gale.
- Katniss. – Me abraçou. – Deus, você fica linda de cabelos castanhos.
Ri e revirei os olhos, abraçando-o de volta.
- Como consegue ficar em forma. Não me parece nada fácil quando... Bom, você sabe...
- Eu tenho os meus segredos. – Pisquei para ele, que riu. – E não precisa ficar constrangido ao falar da cadeira, é normal pra mim.
Ele sorriu e levou as malas para por no avião.
- Todos prontos?
Confirmamos juntos.
- Certo. Família, esta é a reta final.
Rue correu até mim e Prim seguiu atrás com papai.
- Vou sentir falta de vocês.
- vamos sentir sua falta também, docinho. – Papai declarou.
- E você, senhor Haymitch Everdeen, trate de mandar o meu carro logo. Não se esqueça.
Papai riu e beijou minha testa.
- Vou mandar, docinho. Ele deve chegar daqui a alguns dias.
Confirmei e nos abraçamos.
- Vai nos ligar, não é?
- Sempre.
Sorrimos e acenei para os Hawthorne, fazendo Posy correr para mim. Rory e Vick me abraçaram também e Hazelle beijou minha testa.
- Vamos sentir sua falta. Tome conta do Gale. – Pediu.
- Mamãe, eu não sou mais uma criança... – Meu amigo resmungou.
- Pode ter 100 anos e eu ainda te tratarei como uma crianças.
Ri com seu revirar de olhos e tomei sua mão, fazendo-o sorrir.
- Vamos lá? – Cinna tomou posição atrás da cadeira e me empurrou. – Gale, eu sinto muito por seu cão-guia ter de ir com avião.
- Tudo bem. – Meu amigo deu de ombros. – A cadeira da Kat é prioridade. Eu ainda posso me locomover sem o cão.
Paramos em frente ao helicóptero e Cinna me pegou no colo, tirando-me da cadeira para o que o piloto a colocasse no lugar certo.
Ele me posicionou e passou o cinto por meu corpo, além de um por minhas pernas.
- Aqui. – Me deu os fones. – Coloque isso se não quiser ficar surda.
Ele ajudou Gale a sentar e meu amigo pôs os fones.
- Vamos pessoal, vamos para a Capital.
(...)
Duas horas depois o helicóptero pousou. Gale parecia nervoso. Havíamos decidido que ele ficaria comigo no apartamento, já que era um tanto... Difícil deixar um cego viver sozinho.
Ele daria aulas de violão, guitarra e baixo (em resumo, instrumentos de corda), e já havia resolvido tudo há algumas semanas antes que eu fosse avisada.
- Como acha que vai ser? – Finalmente indagou. – Você sabe, não é... Não é igual ao distrito 12.
- Gale, eu vou ser sincera com você. – Virei meu olhar para ele. – Nos distritos, as pessoas nos olham como se fossemos algo a esconder. Um segredo sujo que precisa ficar dentro do armário até o fim.
Ele suspirou de cabeça baixa.
- Mas aqui... – Continuei. - As pessoas nos tratam como pessoas normais. Eles não se importam se você anda ou não anda, vê ou não vê. Você não é debilitado ou dependente, apenas limitado em aspectos específicos.
Ele virou seu rosto pra mim. Seus olhos estavam brilhando mesmo sem me ver, e eu senti as lágrimas contidas nos meus próprios. Eu sabia como era, eu via as pessoas me olhando na rua como se eu fosse um tipo de aberração. Não era bom.
- É um bom lugar. – Jurei. – Com pessoas estranhar e excêntricas, mas é um bom lugar.
Gale finalmente sorriu e apertei sua mão.
- Vai ficar tudo bem. Eu prometo.
Cinna abriu a porta e pegou minha cadeira.
- Vamos lá, Katniss?
Confirmei e o ajudei a tirar os cintos de segurança que estavam à minha volta.
Cinna me pegou no colo e colocou meu corpo na cadeira.
- Espere um pouco, você está de salto alto?
Confirmei com um sorriso de canto.
- Garota, você nunca perde a classe.
Pisquei para ele e pus o chapéu de volta.
Gale veio para meu lado e esticou a bengala.
- Katniss, o chão... – Começou surpreso.
- É plano? Você ainda não viu nada.
- Tenho algo que vai te alegrar, Gale. – Cinna avisou. – Espere só até sairmos nas ruas.
Meu amigo franziu as sobrancelhas e ri. Todas as ruas da capital tinham a calçada adaptada para cegos e cadeirantes. Por isso eu sentia tanta falta do lugar.
Cinna pegou nossas malas e pôs num táxi, mas eu e Gale e nos recusamos a ir de carro.
- Eu sei o caminho, e Gale tem de conhecer as ruas da cidade.
- Tudo bem... Eu vou arrumar as coisas e espero você lá, está certo?
- Certo.
Ele entrou no táxi e se foi, então olhei meu amigo. Ele parecia fascinado.
- O que é isso?
- É uma calçada adaptada. – Expliquei. Toda a cidade tinha a calçada tátil, para facilitar o acesso dos deficientes visuais.
Orientei Gale sobre como funcionava: O piso tátil de alerta indicava rebaixamento de calçadas, obstáculos em balanço sobre o passeio, portas de elevador, desníveis e início e término de escadas e rampas, além do de direcional, mas eu não sabia explicar como ele funcionava além de “é para direcionamento”.
- Como você quer fazer isso? – Indaguei depois de alguns minutos observando o lugar.
Ele parou um pouco e riu, apoiando a mão na cadeira.
- Vamos lá, Srta. Everdeen. Guie-me da cidade dos sonhos.
Revirei os olhos e ele gargalhou, então começamos a andar.
- Bom, estamos saindo da frente do aeroporto. Em alguns metros há um shopping, uma livraria, algumas lojas independentes, biblioteca pública, área comercial e depois residencial, onde vamos morar.
- Longe?
- Nem tanto. – Dei de ombros.
Fomos seguindo e eu lhe contava sobre cada detalhe enquanto Aaron – que já estava conosco - também parecia conhecer o lugar.
- O que vai lecionar mesmo? – Indaguei.
- Instrumentos de corda. Baixo, violão, guitarra... Essas coisas.
- Ah.
- Olha só. Você não é piso molhado, mas eu passo o rodo. – Ouvi ao meu lado e encarei. – A cadeira tem placa para eu te procurar depois?
Ri levemente e continuei meu caminho, deixando o rapaz pra trás.
- Eu te encontro. – Avisou.
Gale riu ao meu lado.
- Quebrando corações. – Brincou e revirei os olhos.
- A escola fica perto do nosso prédio. – Mudei de assunto distraidamente. – Mal posso esperar por amanhã.
Continua...
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