Iridescent escrita por Miwa Mazur


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oioioi gente bonita :3
Cara, a semana tá voando! Fui extremamente bem nas provas finais (amém) e hoje, como foi interclasse, não tive aula. Amanhã tem paralisação, então ficarei em casa novamente. Se desse, emendaria. Mas... A nerd em mim não me deixa realizar tal proeza!
Como vocês estão? Lendo muito?
Cara, acabei de ler A Linguagem Das Flores e mega amei! A protagonista, Victoria, me lembrou bastante da Vik, porém é mais realista. Foi abandonada pela mãe quando bebe, e sempre maltratada nos lares em que era adotada. Foi mãe solteira (como Vik teria sido caso Rose não aparecesse em BP) e, no final, perdeu o medo do amor e se reuniu à única mãe que realmente a amara, junto com o namorado e a filha ♥
Um amor de livro *----* e mega recomendado!
Aos que tanto pediram por Denis: Eis um cap. repleto de Denis! Eis o almoço de família! Eis romitri, minha gente :D
E eis a faísca. A primeira de muitas!
Vamoss ao capítulo ;)
J.



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Um fato sobre Rose Hathaway: Eu não levo o mínimo jeito com cozinha.

É verdade que meu passatempo preferido é comer – mas cozinhar? Ou até mesmo escolher uma simples fruta? Dispensável.

Olena estava conversando com alguns “vizinhos” – se é que posso dizer que em Baia tínhamos esse tipo de coisa – enquanto eu encarava alguns tomates. Todos me pareciam suficientemente bons, uma vez que eu não comeria nenhum. A não ser que estivessem em uma torta, ou coisa do tipo. Caso contrário, cortaria caminho na fila para não passar perto da tigela.

–- Então Rose Hathaway está viva, uh? – Uma voz rouca e sonolenta sussurrou ao pé da minha orelha. Pulei para trás, virando para o louco o suficiente para se aproximar a uma distância nada segura de mim: Denis. – Pensei que você estivesse morta, já que nunca passou pela recepção do hotel novamente. Caçamos você por toda Novisibirsk. Onde você se meteu, Hathaway? – Ele perguntou. – A não ser que não tenha aguentado o meu charme, e fugido. – Piscou, dando um passo para frente.

Revirei os olhos. Ah, eu iria vomitar.

–- Com certeza. – falei, dando o meu melhor sorriso para ele. – Enlouqueci por não ter aguentado as suas investidas, então saí correndo e me tranquei num bordel com clientes exclusivamente sedentos por sangue. – O sorriso de Denis decaiu.

–- Um bordel para Strigoi? – Ele disse, ainda sem conseguir acreditar. Algumas pessoas que passavam por perto nos encararam, incrédulas. Então ele abaixou o tom, repetindo a pergunta. – Como você consegue ter essa sorte, Hathaway?

Dei de ombros, um tanto satisfeita por tê-lo deixado sem palavras: Hathaway 10 x 0 Denis.

Ele me deu um sorriso malicioso, passando a mão por seus fios castanhos:

–- Mas então, por que voltou? – perguntou. – Quer outra carona para Novosibirsk?

–- Viagem de formatura. – respondi secamente. – Vim aqui para devolver Dimitri à família temporariamente. Na verdade, Lissa veio aqui por isso. Eu só estou acompanhando.

–- Ah, o cara morto que você caçava na Rússia. – Denis associou. Seu semblante se fechou por poucos segundos, antes de me encarar novamente, perplexo: -- Foi ele quem te capturou? Em Novosibirsk? – eu não respondi, então ele passou novamente a mão pelo cabelo, dessa vez brutamente. – Filho de uma p-

–- Cuidado com a língua, Denis. – avisei. – A mãe dele está bem ali.

–- E a defensora também. – Me olhou de cima a baixo. – Que merda, Hathaway. Vocês estão juntos, ao menos?

Eu neguei.

–- Como você pode defender um cara assim? – Ele me lançou um olhar incrédulo. Para Denis, tanto a volta de um Strigoi quanto a minha relutância em falar de Dimitri eram novidades. Não que eu gostasse de falar, ou tivesse falado muito na última vez que estivera com ele e os descompromissados, mas ainda assim. Não era comum mulheres “perdoarem”. Se um cara a chutava, elas partiam para outra.

Dimitri havia, de fato, me chutado? Isso eu não sabia. De qualquer forma, não partiria pra outra. Não de cara. Eu não estava desesperada, muito menos queria me parecer com uma prostituta de sangue.

–- Tá legal, Denis – bufei – Dimitri não é esse monstro que todos pensam. Ele esteve “morto”? – Contive um calafrio ao dizer aquela palavra. – Sim, ele esteve. Mas isso não o faz ser menos digno. Dá um tempo.

Seus olhos me analisaram por mais algum tempo, então se focaram em algo atrás de mim:

–- Você é quem sabe, Hathaway. – disse. – Você sabe onde me encontrar, caso precise. Não vou pra Novosibirsk até o final do mês, então pode contar comigo. – então me deu um sorriso zombeteiro. – Principalmente no almoço de família com meu irmão.

Ah, não. Não, não, não...

–- Você enlouqueceu? – o amaldiçoei em pensamento. Denis não era bem quisto em Baia, e muito menos pelos Belikov. Isso havia ficado bem claro quando, no último ano, apareceu na Igreja para dar suas “condolências” pela morte de Dimitri e insinuar que eu era como ele.

Aparecer em um almoço de família na casa dos Belikov – ainda mais agora, com Dimitri de volta – era praticamente declarar guerra. E se eu o conhecia, era isso o que faria.

E adivinhem quem estava no meio do fogo cruzado. Bufei.

–- Te vejo mais tarde, Rose! – disse, dando meia volta. Então partiu, caminhando pelo asfalto até o outro lado de Baia, onde ficava sua casa.

Quase no mesmo instante, Olena pousou a mão no meu ombro, me fazendo encará-la.

–- Me diz que ele está fazendo uma piada de muito mau gosto. – supliquei. A mãe de Dimitri continuou a me encarar passivamente. Ela não demonstrava qualquer traço de divertimento.

–- Ele é da família também, Rose. – Ela disse, olhando para os tomates. – É irmão de Nikolai, então é da família. – Então olhou para a cesta vazia, começando a jogar os tomates dentro, e em seguida estendendo-a para o vendedor.

Eu ainda a encarava. Será que ela sabia o que Nikolai pensava de Dimitri? Tinha quase certeza de que a resposta era não.

Tinha a sincera impressão de que – agora sim – esse almoço poderia ser a receita para um desastre.

Ruminei minhas preocupações por todo o caminho de volta, em que eu ficara encarregada de carregar as sacolas. Eu poderia ser péssima na escolha de alimentos, mas era mais jovem. O trabalho “braçal”, portanto, era meu.

Quando voltamos, a família toda estava reunida na cozinha – inclusive Yeva, que parecia um tanto satisfeita a me ver carregando as sacolas – tomando café, assim como Olena havia pedido.

Larguei as sacolas sobre uma bancada de granito, sentindo minha cintura ser circundada por pequenos braços em seguida. Lancei um olhar para trás, vendo Paul se equilibrar para me abraçar:

–- Hey, você voltou. – Ele disse, como se constatasse ao absurdamente maravilhoso. Sorri para o que, segundo as irmãs de Dimitri, era sua miniatura.

–- Yeap. Eu voltei. – Confirmei, pegando o filho de Karolina no colo antes de me dirigir a mesa.

–- Matou muitos Strigoi enquanto estava fora? – Ele perguntou assim que nos sentamos, ficando ao meu lado.

–- Paul! – Ralhou Karolina. – Quantas vezes vou ter que te dizer que isso não são modos?

Balancei a cabeça, como se não fosse nada demais. Realmente, não era. Da última vez que estive aqui, Paul ficara fascinado comigo, uma vez que eu era sua única fonte das aventuras do mundo exterior. Agora ele tinha o tio, mas duvidava que Paul se lembrasse dele.

Dimitri havia saído de casa quando Paul ainda era um bebê, então, de algum modo, era como se eles só se conhecessem, de fato, agora.

–- Muitos. – confirmei. As esferas castanhas de Paul brilharam para mim, como se ansiasse por histórias.

–- Algum deles tinha chifre? – Ele me perguntou, extasiado. Alguns membros da família soltaram risadinhas. Eu também ri, me lembrando da avaliação que fizeram com Dimitri no campus, e da interrupção de um menino da mesma idade de Paul. Ele havia feito a mesma pergunta.

–- Aparentemente, não. – Me aproximei de Paul como se fosse contar um segredo. – Os chifres são escondidos pela névoa. Apenas aqueles que já enfrentaram a morte podem vê-los.

Seus olhos se arregalaram ainda mais, sorrindo em expectativa: -- Que irado, Rose! – ele gritou. – E você, tio Dimka? Matou muitos Strigoi?

Dimitri, no início, sorrira. Mas então algo escureceu em suas feições, como se um flash de quando era um deles estivesse vindo à tona.

–- Muito mais do que eu. – respondi por ele, vendo-o olhar para mim em agradecimento. Eu duvidava que ele quisesse falar sobre como era ser um para o sobrinho. – Aliás, aprendi tudo o que sei com seu tio.

–- Sério?

–- Bem, uma parte. – disse.

Ele abriu um sorriso maior ainda: -- Quando eu crescer, vou ser exatamente como vocês. – prometeu, maravilhado. Karolina encarou o filho com uma adoração maternal, enquanto Dimitri se permitiu sorrir abertamente.

Se havia uma pessoa que faria com que Dimitri falasse sobre suas experiências, essa seria Paul.

–- Quem vai fazer mais pão? – Sonya perguntou. – O grandalhão acabou com o nosso café da manhã, ontem. – disse, referindo-se a Dimitri.

–- Rose vai. – Yeva murmurou, bebericando novamente sua xícara de café. Desejei que ele queimasse sua língua.

Bom, ainda bem que ela não podia ler pensamentos. A não ser que estivesse em minha cabeça.

–- Você também é boa na cozinha? – Paul me encarou novamente.

–- Um desastre. – repliquei. Ele me deu um olhar divertido:

–- Ainda bem que o tio Dimka sabe cozinhar, ao menos. – deu de ombros, mastigando outro pedaço de pão caseiro.

–- Rose? Na cozinha? – Uma voz embargada disse. Logo, Christian apareceu, se sentando ao lado de Lissa. Eu quase havia me esquecido da sua existência. Quase. – Peguem os extintores. – provocou.

Fuzilei-o com olhar:

–- É agora que eu aprendo a cozinhar. – murmurei. – E quando você for provar, tocha, colocarei veneno.

–- Mal posso esperar. – Christian me deu um sorriso zombeteiro. – Aliás, você pode começar envenenando alguns pães russos. Com certeza serei o primeiro a comer, mesmo.

–- E como você vai saber quando estiverem prontos?

–- Eu também vou aprender a cozinhá-los, Hathaway. – disse, passando a mão por alguns fios pretos. – Ou você achou que eu ficaria por fora da culinária russa?

Dei de ombros.

–- Aliás, dona Olena com certeza precisará de alguém para controlar o incêndio que você provocará. – Provocou, relaxando na cadeira. – E todos sabemos que fogo é o meu elemento. – disse, passando um braço ao redor da cintura de Lissa.

Balancei a cabeça:

–- Me poupe, tocha. – resmunguei.

X

Eu deixei que Christian lidasse com a primeira fase de “Como fazer um pão russo?”, de modo que eu apenas quebrasse os ovos necessários e despejasse a quantidade exata de ingredientes. Ele se encarregou de mexê-los na travessa, certificando-se de que a futura massa não criasse asas e voasse pela cozinha, como teria ocorrido caso fosse eu ali.

Também não me importei quando colocou a massa no forno, esperando por alguns minutos antes moldá-la. Mas, no final, eu teria que fazer alguma coisa – Olena deixara isso claro.

Então, acabei ficando, novamente, com o trabalho braçal: Amassá-la.

–- Por Deus – Christian resmungou – o que a massa de pão te fez, Rose? – Ele disse, analisando meus movimentos. – Ela parece que sangrará.

Ele tinha razão. Após misturar os ingredientes e bater tudo, formando a massa, Olena havia me deixado com a função de amassá-la. Eu sabia que o intuito daquilo era massageá-la até que estivesse no ponto, mas eu passara a descontar toda a minha frustração da noite passada nela.

–- Mais devagar, Rose. – Uma voz rouca disse. – A massa precisa da sua paciência, não o contrário. – Olhei por cima do ombro para Dimitri, que havia acabado de aparecer na cozinha. Ele me encarava com uma expressão serena, os braços cruzados sobre o peito, encostado no batente da passagem do corredor para a cozinha.

–- Está se oferecendo para ficar no meu lugar? – Respondi para ambos. Em parte, era verdade. Após vinte minutos, meus braços começaram a ficar doloridos. Não que eu fosse me queixar disso, uma vez que passara por coisas piores ao ser treinada por Dimitri, mas era incômodo o suficiente para que eu agradecesse a alguém que assumisse meu lugar.

Alguém – Dimitri – suspirou atrás de mim, e virei minha cabeça novamente, a tempo de vê-lo balançando a cabeça. Então, caminhou até mim, colocando suas mãos sobre as minhas, e controlando meus movimentos.

Minhas mãos deixaram de estarem fechadas como punhos, e então começaram a tratar a massa como ela deveria. Eu deveria estar concentrada em como bater nelas, não no calor que emanava do corpo de Dimitri para o meu.

Mas, diabos, por que ele tinha que ficar tão próximo de mim? Ele era o cara que havia desisto de mim, afinal.

Forcei meus olhos a se concentrarem em como ele batia na massa, e não no modo como suas mãos apertavam as minhas.

–- Enrole-a, e depois estique. – Ele disse, repetindo o movimento várias vezes.

–- Mais alguma dica? – provoquei. Ele ergueu o canto do lábio em um sorriso, se afastando de mim.

–- Agora é com você. – Ele disse. Voltando a se apoiar no batente. Christian me lançou um olhar desafiador, e então em esforcei ao máximo para repetir os movimentos que Dimitri havia feito por mim.

Eu havia prestado atenção em algo, afinal. Mesmo assim, o ponto onde suas mãos tocaram as minhas queimava. Era como se meu corpo houvesse reconhecido o dele, e acendido uma chama que eu havia proibido.

–- Excelente. – Olena elogiou. Eu não notara que ela havia voltado, ainda empenhada em mostrar para Christian que eu não era uma completa inútil. – Agora, você pega a massa, e a enrola. Como um todo. – Olhei para ela, como se pedisse mais instruções. isso? Enrolar a massa como um todo. Tudo isso?

–- Eu faço isso. – Dimitri se prontificou, caminhando até o lugar em que eu estava. Dei passagem, indo para o lado de Christian.

–- Não foi dessa vez, Hathaway. – ele comemorou. Eu estava ao lado do saco de farinha usado para fazer a massa do pão, de modo que poderia mergulhar a mão ali, e jogá-la na cara dele em um único movimento.

E foi o que fiz.

Não que isso fizesse diferença, os Moroi eram pálidos por natureza. Porém a farinha foi parar por todo o cabelo preto de Christian, e em parte na sua camisa azul favorita. Dei um sorriso provocativo para ele, que me fulminou com seu olhar.

Lissa, que passava pelo local naquela hora, parou para analisar a cena. Assim que viu Christian, soltou uma gargalhada:

–- Adorei o novo visual. – Elogiou, caminhando até o namorado emburrado. Dei um passo para o lado, afim de não segurar vela. De qualquer modo, isso não serviu para nada quando Lissa enlaçou seus braços ao redor do pescoço de Chris, erguendo-se na ponta dos pés para beijá-lo.

–- Vocês são terríveis. – Olena murmurou, sorrindo para mim. – Ainda bem.

X

Olhei no espelho novamente. Viktoria havia me dado um de seus vestidos para o almoço. Nada prático. Mas era só um almoço de família, certo? Além das provocações de Denis, o que poderia acontecer?

Nada.

Pelo menos era isso o que eu esperava.

De qualquer forma, eu usava um vestido bege de renda, que caía até pouco acima dos meus joelhos. Um laço estava preso à minha cintura, como se o collant da parte de cima já não evidenciasse meu porte o suficiente. Para terminar, Lissa havia me emprestado um de seus saltos, e praticamente ordenara que eu passasse alguma maquiagem.

Por algum tempo, eu realmente me preocupara com o visual, mas assim que Dimitri me disse que eu deveria me doar aos treinamentos caso quisesse proteger Lissa, deixei a vaidade para trás.

Ultimamente, Lissa estava preocupada em me fazer recuperá-la.

Coloquei uma mexa do cabelo atrás da orelha, vendo-o cair em cascatas nas minhas costas.

–- Você está linda. – Viktoria disse, ao sair do banheiro. – De verdade, Rose. – Ela tinha um largo sorriso no rosto, no entanto podia sentir sua excitação. Ela queria que tudo corresse bem naquele almoço.

E eu também. Tanto por ela, quanto por Nikolai.

Analisei seu visual. Um vestido vinho básico, nada muito extravagante, mas que marcava bem algumas curvas de Viktoria. Mas havia algo mais ali. Ela estava radiante.

Yeva surgiu na porta do quarto, murmurando um som de quem estava satisfeita: -- Vocês ficariam lindas assim lá embaixo – então seu olhar foi para mim – ajudando na cozinha.

–- Já estamos indo. – Vik cantarolou, encarando-se no espelho mais uma vez antes de andar até a avó.

Imitei seus gestos, no entanto fui barrada na soleira por Yeva. Com sua bengala:

–- Trate de manter a boca de Denis calada. – pediu. – Não quero problemas hoje. – Então, sem mais nem menos, deu meia volta e desceu as escadas. Continuei parada. Alguém compartilhava da minha preocupação, afinal. Mas eu não esperava que fosse eu quem tivesse que mantê-lo sob controle.

“Como se alguém pudesse domar Denis”, pensei, disparando escada a baixo. Assim que toquei o piso do primeiro andar, a campainha soou. Gritei para ninguém em especial que atenderia, abrindo a porta e dando de cara com o motivo da minha preocupação.

Denis e Nikolai estavam lado a lado. Eles tinham a fisionomia parecida, mas a personalidade não. Nikolai era calmo, um bom garoto. Já Denis era a representação de tudo o que você poderia julgar ruim.

E tinha um cigarro entre os lábios, para piorar.

Dei passagem a Nikolai, porém barrei a entrada de Denis, assim como Yeva havia feito comigo. Torci o nariz pelo cheiro de nicotina, tirando o cilindro branco de sua boca e o jogando no chão, pisando em cima após.

–- Olá para você também. – Ele murmurou, sem se preocupar em esconder a “checada” que deu em mim. Estalou a língua em reprovação, mesmo que seu semblante demonstrasse outra coisa. – Nada prático, Hathaway. E se um Strigoi aparecesse?

–- Eu ainda lutaria muito melhor que você. – Dei meu melhor sorriso para ele. – Bico calado, Denis. – Avisei, tirando o braço de sua frente.

Antes de entrar, consertou a camisa branca social que tinha no corpo, e então passou por mim, como se fosse alguém superior. Bufei. Idiota.

Bati a porta, seguindo para a cozinha ao lado de Denis. Nikolai estava conversando com Dimitri casualmente, e logo os olhos de Denis faiscaram. Ele ainda não acreditava que aquele era, de fato, Dimitri – eu podia ver a chama em seu olhar – e estava disposto a mostrar isso.

Segurei seu braço, fazendo-o me encarar sobre o ombro:

–- Nem pense nisso, Denis. – rosnei. – Estou te avisando.

–- Relaxa, Rose. – ele disse, colocando sua mão no meu braço também, e me puxando para seu lado. – Eu não farei nada que você não faria. – sussurrou, caminhando até Olena para saudá-la.

Revirei os olhos, indo para perto de Viktoria.

–- Tudo parece estar dando certo, não é? – ela disse, torcendo as mãos. Comecei a colocar os pratos na mesa junto com ela.

–- Claro. – resmunguei. Ela me olhou, desconfiada. – Denis me tira do sério. – Me desculpei.

–- Não foi você que foi para Novosibirsk com ele? – Vik me deu um sorriso malicioso.

–- Ela está certa. – Christian apareceu ao meu lado. – Foi você quem foi para Novosibirsk com o cara. Agora aguente.

–- Escutem. Os dois. – alertei. – Ele não acredita que Dimitri tenha voltado mesmo. Então, me ajudem a mantê-lo de bico calado.

O semblante divertido de Viktoria foi de calmo para em chamas. Ela cerrou os punhos ao lado do corpo:

–- Se ele disser algo...

–- Eu fulmino a bunda do cara. – Christian deu de ombros, exibindo um sorriso divertido. – Deixem comigo, eu cuido dele. – Piscou, terminando de ajeitar os copos na mesa, e então partindo para o lado de Denis.

Eu torcia para que Denis falasse algo agora. Seria divertido ver a cena que Christian havia proposto, afinal.

Alguns minutos depois, todos estavam sentados. E eu, que já estava implicitamente dentre o fogo cruzado, acabara por me sentar entre Dimitri e Denis.

Alguém lá em cima realmente gostava de mim.

Como previsto, eu evitei a salada e tudo aquilo que deveria compor o prato de um adolescente saudável. Não, obrigada. Eu mostraria para todos que poderia conseguir essa proeza com minha própria dieta.

Se é que isso pode ser chamado de dieta.

De qualquer forma, Dimitri estava sentado relaxadamente ao meu lado. Ele havia conversado por um bom tempo com Nikolai, então eu suspeitava que tudo já estava acertado. E, se não estivesse, eu o lembraria das palavras da noite passada.

Infelizmente, a pessoa que estava sentada ao meu lado esquerdo não estava tão relaxado assim. Entre uma garfada e outra, ele lançava um olhar discreto para Dimitri. Nem mesmo Yeva, com todo o seu radar e objeções sobre manter Denis calado, havia percebido.

Talvez ele não estivesse no radar dela, mas certamente estava no meu. De forma que, quando ele começou a abrir a boca – sem erguer o garfo, o que significava que falaria algo indevido – tratei de chutar sua canela.

Ele gemeu, me fuzilando com o olhar. Devolvi na mesma medida.

–- Sim, Denis? – Olena indagou, pensando que ele gostaria de dizer algo. Dei o meu sorriso mais gentil para ele, que devolveu na mesma moeda:

–- Só queria dizer que a comida está divina. – elogiou. Paralisei minha mão na mesma hora, encarando-o. – Principalmente o molho quatro queijos. – Quase engasguei.

Denis sabia elogiar pessoas? Wow. Essa era nova.

–- Obrigada, querido. – ela respondeu, abrindo um sorriso maternal para ele. Denis assentiu educadamente, voltando a comer. – Mas o molho quem fez foi Rose.

Denis me lançou um olhar divertido:

–- Então além de ser uma Deusa da Guerra, muito atraente por sinal, você também cozinha? – Abri a boca para protestar, mas Denis foi mais rápido. – Me admira que ninguém tenha colocado uma aliança no seu dedo. Ainda.

Dessa vez, eu realmente engasguei.

–- Me admira que você não tenha se lembrado de que eu tenho dezoito anos. – Lancei um olhar mortal em sua direção. – E que nem mesmo pense nisso.

–- Ah, vamos lá, Hathaway. – um brilho de atrevimento passou pelo seu olhar. – Ninguém? Nenhum Deus da Guerra russo?

Dessa vez, eu chutei sua canela novamente. Com toda a minha força.

–- A não ser que você esteja se candidatando, nenhum. – Dei um falso sorriso bondoso a ele, voltando a comer.

–- Pode apostar. – ele resmungou. – Amanhã mesmo te levo na capela. – disse, esfregando a canela. Yeva me lançou um olhar aprovador.

Quem diria que a velha bruxa do Oeste aprovaria um ato impulsivo?

Quem estava se divertindo com a situação era Christian. Ele abandonou seu prato por um momento, lançando-me um olhar maldoso. Sussurrei um “não” em sua direção, fazendo com que ele desse de ombros.

Se eu queria que ele queimasse a bunda de Denis? Sem dúvidas. Mas não agora. Pelo menos, não enquanto Dimitri me olhava desconfiadamente.

–- A comida vai esfriar, camarada. – Alertei.

–- Sem apetite, Dimitri? – Denis caçoou.

–- Você que o diga. – Ele murmurou, voltando a comer. Na mesma hora, o telefone de Denis tocou. Ele revirou o bolso de sua calça jeans, pedindo licença e indo até a sala para atender. Dez minutos depois, sua aparência não era das melhores:

–- Vou ter que ir. – ele avisou. – Alguém atacou Tamara.

–- Alguém? – Viktoria perguntou.

–- Um Strigoi. – Denis respondeu secamente. – Bom, não é o primeiro que passa por Baia. – Disse, lançando um olhar irritado para Dimitri.

Bati o copo contra a mesa, murmurando a todos que eu levaria Denis até a porta. Antes que ele passasse, eu o segurei novamente:

–- O que eu te disse sobre ficar de bico calado? – rosnei. De fato, ele havia passado dos limites.

–- Você ouviu o que eu disse? – ele parecia inconsolável. – Atacaram Tamara. Já passou pela sua mente que Dimitri estar aqui seja algo perigoso? – abaixou o tom de voz, aproximando-se de um sussurro – Os amiguinhos dele podem aparecer para tentar fazer justiça. É por isso que quero você por perto, Rose. Para protegê-la.

Eu não o respondi, de forma que Denis apenas me deu um beijo na bochecha e murmurou que entraria em contato mais tarde. Fechei a porta, atordoada com o que havia ouvido.

Dimitri tinha muitos inimigos? Sim. Mas ele não era o responsável pelo perigo em Baia. E, independente disso, Denis não havia dito que Dimitri fora o primeiro. Ele não era louco.

Seu olhar fora para indicar que era culpa dele – não para provocá-lo. Então... que diabos isso poderia significar?

O que quer que fosse, não era nada bom. Disso eu tinha certeza.


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Notas finais do capítulo

HELLO GENTE BONITA! ~não me apedrejem, por favor ~ eu estou morrendo de saudaaade de vocês mas bom... Domingo tive uns probleminhas familiares. Mas ca estou eu linda divonita e cantante!
E ameaçadora.
Sabe aquele personagem lindo maravilhoso e provocador chamado Denis?
Bom... MEU! assim como Ibrahim Mazur u.u
Não cheguem perto de nenhum dos dois u.u se não... minha mente maligna como a do Abe entrará em ação!
AGORA voltando... DENIS NÃO É UM LINDO? e o que acharam do nosso russolícia ajudando a Rose com o pão? todo lindo :3 e que acham sobre o que Denizito disse?
MUAH ♥ comentem o que acharam e o que esperam! nos vemos nos reviews ♥
Beijos Girls!