A Irmã De Renesmee escrita por Thatty


Capítulo 49
Isso é possivel?




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Quase um dia depois...

Depois de percorrer horas naquela floresta maldita, pegar o carro e ter que aturar mais horas de estrada até acharmos um aeroporto, depois mais horas de um voo interminável... Eu ainda não estava sã.

Minha mente me culpava, me banalizava e gritava comigo. Porque eu sabia, eu sonhei, pressenti e mesmo assim deixei acontecer.

Minha mente revivia as palavras de Ícaro na minha cabeça, toda hora me deixando nauseada.

"Minha morte não vai mudar nada"

"Ariel é meu"

O que merda isso significava?

O que foi que eu deixei acontecer com meu filho?

Quando colocamos os pés em Forks e nos 4 chegamos juntos na mansão, completamente derrotados e sem nossas malas. Todos perceberam que havia algo de errado.

Eu me tranquei no quarto com Ariel e Nicolas, assim que cheguei.

Depois de todo esse tempo de viagem só consegui falar e voltar a realidade quando o vi.

Vê-lo e senti-lo em meus braços foi terrivelmente doloroso.

—Acho que agora você pode surtar - Nicolas disso mostrando o pulso dele.

Quando entramos no quarto a primeira coisa que fizemos foi revirar Ariel do avesso. Tirei toda sua roupa e olhei cada parte do seu corpinho para ver se ele estava machucado.

A única coisa que achamos foi uma marca em seu pulso. Como uma tatuagem.

Ela parecia permanente como a do Elo, e tomava uma grande parte do seu pequeno pulso.

E óbvio, eu surtei quando vi aquilo. Meu filho estava marcado!

Agora eu estava com ele só de fraudas, em meus braços enquanto tremia de ódio e medo, sem conseguir raciocinar direito.

— Ah não, não... - Sussurrei - O que é isso no braço dele? O que aquele idiota fez com ele?

Eu gritava e agarrava Ariel com tanta força, que tenho certeza que estava machucando ele.

—Ele poderia estar blefando Liza. - Lauren entrou no quarto, batendo a porta atrás de si.

—Blefando? - Nicolas quase gritou. - Então que marca é essa no pulso dele?

Lauren encarou o irmão por um segundo, depois veio até mim mesmo agarrada em Ariel, ela pegou seu bracinho olhando a marca em seu pulso esquerdo.

Não dava nem para definir o que era aquilo. O desenho, aquele símbolo...

— Estava fácil demais. - Ela suspirou - Ele deixou ser morto fácil demais...

Ela e Nicolas trocaram um olhar preocupado me deixando em pânico.

—Eles falaram onde o encontraram? - Ele perguntou, já que a gente nem falou um oi pra minha família quando chegamos.

Lauren ficou tensa na mesma hora, olhou para mim por um minuto com os sentimentos conflitantes.

Então desviou o olhar engolindo em seco, antes de responder a pergunta.

—Ariel estava em cima de uma pedra. Em uma floresta, depois da reserva. - Eu fechei os olhos com ódio. - Não acharam ninguém por lá, nem os lobos viram nada.

Meu sonho...

—Eu sabia. - Sussurrei tomada por culpa. - Sabia e deixei acontecer. Deixei que acontecesse. Devíamos ter voltado naquela noite.

—Não foi sua culpa. Você não tinha como evitar. - Lauren me olhou tão preocupada quanto o resto de nós. - Se estivéssemos aqui ou não, Ícaro não ia falhar. Ele parecia muito certo disso. Parecia algo que ele estava planejando a muito tempo. Ao menos agora, ele está morto.

—É, matamos a única pessoa que sabe o que realmente aconteceu, e como reverter isso. - Nicolas disse.

—Ele... Amaldiçoou meu filho? - perguntei soluçando enquanto chorava. - Não. Isso nem pode ser possível.

—Não quero assusta-la, mas no nosso mundo... No mundo dos Filhos da Lua, talvez isso seja possível sim. - Ela disse. Nicolas a encarou com raiva.

—Não...

Eu entrei no banheiro e me tranquei lá com Ariel. Queria ficar sozinha com ele.

Ainda não acreditava no que tinha deixado acontecer. Minha cabeça não parava, na verdade não parou desde a viagem, desde o sonho...

Uma maldição? Isso era real? Era possível? Quanto mais eu pensava, mais eu chorava.

Considerando que eu vivia em um mundo de vampiros e lobisomens, onde eu era uma híbrida, filha de uma humana com um vampiro. Descobri recentemente uma nova raça de vampiros que são os Filhos da Lua, do qual eu tenho Elo por um e me casei com ele, e tivemos um filho...

Bom, não me sobrava dúvidas de que haviam mais coisas no meu mundo que eu não conhecia.

E agora, Ariel estava envolvido nisso.

Mas quais as possibilidades do que isso poderia ser? Ou do que poderia acontecer com ele agora?

Uma maldição. Ok, mas maldição do que exatamente?

Será que ele estava sentindo dor? Será que doeu? O que isso significava? Quais as consequências a longo prazo na vida dele?

O que isso ia fazer com ele?

Essas possibilidades martelaram na minha mente por dias, semanas e meses. E continuaria, por provavelmente minha vida toda.
.

[...]

Pov. Nicolas

Os dias que seguiram depois que voltamos a Forks, foi pior do que eu poderia tentar descrever.

Mas vamos lá. Elizabeth estava fora de si. Protetora demais, ao extremo.

Não deixava ninguém chegar perto do bebê. Estava neurótica e estressada, ficou dias e dias com os olhos vermelhos enquanto vigiava Ariel como uma leoa.

Quando vinham visitas em nossa casa, ela se trancava no quarto com ele,  não deixava ninguém nem vê-lo.

Mas o tempo foi passando e com a ajuda e apoio de todos, ela foi voltando ao normal. E nós, bom, começamos a surtar coletivamente em família depois disso.

Até porque Ariel estava marcado, e aquilo não saiu dele com o tempo.

Muito pelo contrário, parecia crescer uma linha nova no desenho em seu pulso a cada dia, conforme ele crescia.

Fizemos exames, pesquisas e tudo que possam imaginar, tudo que estava no nosso alcance. Nada foi encontrado sobre a marca.

Lidar com o desconhecido estava matando a gente aos poucos.

A princípio tudo parecia em ordem. Ariel estava crescendo normalmente, uma criança normal, na maior parte do tempo, é claro. Mas conforme ele crescia, a marca continuava se expandindo.

E então começou, por volta do seu primeiro ano de idade o que achávamos que seriam os sintomas. Ariel chorava a noite inteira, gritava as vezes. Ele só parava quando dormia com a gente, mas no geral ele não conseguia ficar sozinho por muito tempo.

Ele foi crescendo e entendemos o porque disso. Ele dizia que via coisas, e na maior parte do tempo ele parecia estar nas nuvens. Por várias vezes encontrávamos ele sozinho nos lugares, falando com alguém que não existia.

Uma tal de moça de branco, que ele dizia ser melhor amiga dele. Carlisle dizia ser só um amigo imaginário, mas eu não tinha certeza disso.

Ele dizia que sentia dores de cabeça, no braço onde estava a marca e tinha pesadelos que faziam ele querer vomitar em algumas noites.

Em alguns momentos ele tinha crises difíceis de lidar para uma criança. Eram crises como as que Liza tinha.

Seus olhos azuis eram domados por um fundo vermelho e ele perdia o controle, igual a mãe. Isso acontecia quando via alguma coisa que não víamos, ou quando estava estressado demais por não conseguir dormir por conta dos pesadelos.

Era diferente por que Elizabeth começou com isso na adolescência, já com ele é desde que nasceu. Não era fácil lidar com uma criança assim. E mais difícil ainda para ele, por não entender nada.

Agora com 5 anos, a marca estava a quase 2 palmos do seu pulso, quase alcançando seu cotovelo.

Foram 5 anos muito difíceis para nós. Mas tanto ele, quanto eu e Elizabeth, nos acostumamos com essa vida turbulenta, já que não tínhamos achado uma solução ou explicação ainda.

Nos mudamos de Forks quando tudo começou a piorar com ele. Acabamos nos distanciando das pessoas, principalmente dos Cullen. Nem todos sabiam lidar com as crises que Ariel tinha.

E nos ainda estávamos atrás de respostas. Ficar em Forks não era o ideal.

Por muito tempo fomos só nos 3. Aguentando entre nós toda essa loucura.

Mas bom, agora fazia quase 1 ano que estavamos morando na Austrália com minha família, que recentemente se empenhava em nos ajudar.

Era uma bela casa. Enorme e no campo, bem longe da cidade. Era um lugar de paz, parecia uma fazenda. Ariel adorava aqui.

—Acorda - Ouvi ela sussurrar no meu ouvido, enquanto passava os braços pelo meu corpo, me puxando para ela.

Me virei e encarei a mulher da minha vida. Era incrível como apesar de todos os problemas e todo esse tempo, eu a amava mais a cada dia.

— Bom dia. - disse depois de beijar sua testa. Ela sorriu animada.

—Ótimo dia.

A puxei para mais perto e ela subiu em cima de mim, passando suas pernas pela minha cintura.

Beijei calmamente seus lábios, mas ela afundou suas mãos no meu cabelo, aprofundando o beijo e ficamos assim por um tempo.

Quando o ar foi solicitado por ela, nos soltamos.

—Vamos nos atrasar. - disse batendo no meu peito.

Hoje era dia de festa e Liza estava empolgada, como eu nunca via a tempos.

Era a renovação de votos dos seus pais. Edward e Bella se casariam de novo hoje. Nossa presença era exigida na nova casa dos Cullen.

Elizabeth não via a hora de vê-los, ter que abrir mão deles pelo conforto do nosso filho, foi a decisão mais difícil que ela já tomou.

Lucy bateu na porta segundos depois. Liza saiu de cima de mim em um salto e foi abri-la.

Minha irmã segurava o telefone.

—Bom dia crianças - ela sorriu intrometida, acenando para mim da porta. - Liza sua avó está no telefone. Quer saber que horas vão chegar?

—Diz a ela que vamos chegar quando chegarmos. - Liza respondeu e eu ri - Odeio ser pressionada.

—Ok. Mas se querem chegar lá hoje. Se apressem, tem uma criança lá em baixo ligada nos 220 volts. - Lucy saiu batendo salto pela casa.

No mesmo segundo, ouvimos algo de vidro se quebrar no andar de baixo e uma gargalhada ecoar pela casa.

Eu e ela nos encaramos.

—Vai tomar banho - ela apontou o dedo para mim. - Vou lá em baixo pegar aquela criança.

Eu ri quando ela saiu do quarto com pressa, vestindo minha blusa toda errada.

[...]

Pov. Liza

Quando desci as escadas, Sarah e Daniel estavam tomando café em frente a lareira.

Segui para a entrada da casa e sorri com a imagem que vi.

Tyler estava apanhando de uma criança de 5 anos. Lauren estava sentada num tronco de árvore apenas observando os dois.

Seu cabelos agora grandes, cobriam seus olhinhos azuis. As bochechas, estavam incrivelmente vermelhas por estar correndo mais que o normal, elas davam a ele um ar de anjinho.

O que ele estava longe de ser.

Tyler o pegou no colo e o pendurou em seu ombro o fazendo rir.

—Não vale tio - Ariel disse tentando se soltar.

—O que? Você quebrou a janela seu pestinha... - Tyler fez cócegas nele.

—Ponha-o no chão Tyler. - Pedi me aproximando. - Ou vamos chegar atrasados.

Quando Tyler me viu chegar colocou Ariel no chão, no mesmo instante ele veio correndo até mim.

Eu o peguei no colo o enchendo de beijos.

—Bom dia mamãe. - ele me beijou de volta. - Eu quebrei a janela, mas foi sem queler...

Eu olhei o sorriso forçado dele e me reconheci naquele pequeno gesto. Tentei não rir e me manter séria.

—Eu ouvi lá de cima - disse encarando a janela. - A vovó não vai ficar feliz com você.

—E seu disser que amo ela?

—Pode ser que ajude - disse sincera e ele riu. Droga, deveria estar brigando com ele. - Que horas você acordou criatura?

—Não lembro mamãe - disse tirando o cabelinho dos olhos - Acho que foi quando a tia Ness ligou. Ela disse que vai me levar pra fazer pininique no parque quando chegarmos...

Ele estava enpolgado. Ri do jeito que ele falou.

—Tenha certeza que sim. Mas agora entre, pede para o papai te dar um banho. Nosso vôo é daqui uma hora. Não quer chegar atrasado, quer?

O coloquei no chão e ele voou para dentro de casa, esbarrando e quebrando coisas no percurso.

Encarei o jardim de casa, enquanto o sol nascia atrás das flores e suspirei me preparando. Eu amava a calmaria daqui, o tempo fresco de nem frio nem calor, a vista da nossa casa...

Mas não via a hora de voltar pra bagunça. Eu era completamente apaixonada pela minha família, e só me dei conta disso quando tive a minha.

Eu amava dar problema a eles, sentia falta disso. Mas tudo bem, porque família Cullen, eu estou voltando.

 


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Notas finais do capítulo

(E)