A Irmã De Renesmee escrita por Thatty


Capítulo 32
A verdadeira historia




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Lá estávamos nós a mais ou menos 20 minutos depois do ocorrido.

Os vampiros que nos vigiavam, haviam saído para atender um chamado de Ágata, e pela primeira vez ficamos sozinhas. Lauren estava uma pilha de nervos e eu não estava diferente dela.

—Ele vai nos matar. – Disse andando de um lado para o outro. – Não vai passar de hoje.

—Dá para de pensar nisso? – Pedi com dor de cabeça sentando no chão.

A dor estava me trazendo náuseas.

Eu não sei se era por conta da gravidez, da situação em que estávamos, ou o lugar que nos colocaram. Assim que pus os pés aqui, eu tinha liberado meu lado mais sensível e sensitivo possível sem perceber.

Estava sentindo coisas horríveis agora.

Coisas que tenho plena consciência de que aconteceram a muito anos atrás. Mas parecia que estavam acontecendo agora, bem na minha frente.

Alguém tinha sido torturado aqui, morto, amarrado e açoitado. Eu podia ouvir gritos agora, ver cenas em cada bloco daquela cela. Era um calabouço, coisas ruins aconteceram aqui e estavam me atingindo de jeito.

—Você está bem? – Perguntou se aproximando – Hey!

Lauren estalava os dedos pelos meus olhos, e eu continuava olhando para a frente sem conseguir prestar atenção nela.

—Quanta coisa horrível aconteceu aqui – Sussurrei forçando o ar a entrar nos meus pulmões. – Parece que meu coração vai explodir. Tem gritos na minha cabeça.

—Ah – ela agachou bem a minha frente. – Esqueci que você tem essas coisas.

—É, eu mal consigo te ouvir... – disse tombando a cabeça para o lado enquanto gritos de agonia me assombravam.

Meu olhar focou na cela da frente, onde meus olhos claramente viam um homem idoso ser açoitado até a morte. Eu me contorci agoniada e Lauren virou meu rosto para ela.

—Para com isso – pediu travando meu maxilar com suas duas mãos, me impedindo de me mover.

—Não dá para controlar.

—Então foca na minha voz e nos meus olhos. Ignora o que está ouvindo ou vendo – ela pediu. – Nós temos que arranjar um jeito de sair daqui. E não vai rolar se você estiver perdida na sua própria cabeça.

Eu foquei naqueles olhos e quase chorei. Eles eram iguaizinhos aos de Nicolas, e ele teria dito exatamente a mesma coisa para mim.

—Preciso de sangue. – Pedi – Tenho que sair daqui.

—Eu sei. – Ela concordou. Ficamos alguns segundos em completo silêncio, Lauren parecia pensar em algo. - Que tal, matarmos todos?

Ainda estávamos nos encarando. Lauren segurava meu rosto com força, não me deixando olhar para os lados.

—Nos duas contra os Headkros? Está falando sério, ou quer me distrair?

—Não sei você, mas eu me garanto Cullen – Ela deu um sorriso tenebroso de quem podia destruir o mundo. E eu sabia que ela tinha potencial.

—Eu também me garanto, só que não sei se você lembra, mas eu estou grávida.

Lauren engoliu em seco ainda olhando nos meus olhos.

—Não vai estar mais quando eles matarem você.

Lauren e Nicolas tinham um jeito muito direto de dizer as coisas, sem se importar se aquilo ia me magoar ou não. Uma franqueza que com certeza era de família.

Mas ela tinha razão, não ia sobrar bebê nenhum se ficarmos paradas aqui. Eu tinha que manter o controle, e dar o fora daqui.

—Eu sou mais velha e mais forte que eles, você tem esse negocinho vermelho no seu olho que te faz virar um demônio. – Ela explicou - Eu acho que vai rolar.

Quando vi, já estava concordando com ela.

—Vamos nessa.

Lauren sorriu e soltou meu rosto devagar, se levantando com um sorriso macabro.

—Já tenho o nosso plano. – Disse animada.

[...]

Pov. Vampiro da Guarda Headkros

Eu faço parte da guarda do clã Headkros a centenas de anos, e não existe pessoa melhor que possa descreve-los do que eu.

Já passei por muita coisa com eles e sei o quanto eles anseiam por esta guerra contra os Volturi. Eles planejam isso a tempos demais.

Porém, existe uma verdadeira história por trás de tudo isso. Não é só aquela ladainha.

A história começa com o colar Lunam, que pertencia às famílias da realeza de sangue puro. A história do colar rondou a família Headkros por um breve tempo. Eles governaram Londres, enquanto a outra família, os Roller, reinavam aqui na Itália.

Essas duas famílias nunca se gostaram, sempre estiveram em batalhas terríveis por território e outras coisas, mas no ano exato de 1795 a paz parecia habitar entre eles.

Eu era o servo mais próximo de Ícaro, o seu braço esquerdo e direito. Ele sempre confiou em mim, e eu sempre o servi com toda a sinceridade.

No ano de 1798 sua mulher, Serena, morreu de uma doença rara, Ícaro ficou devastado e suas irmãs inconformadas. Mas também felizes, já que eles não tinham filhos, o colar passaria para uma delas, Ágata ou Cíntia.

Mas não aconteceu.

A mulher de Damon Roller, veio visitar nosso palácio após receber a notícia da morte de Serena. Ela era uma mulher boa, tinha um coração puro e uma alma linda. Sua compaixão pelo próximo era tanta que conseguia ser palpável, sem contar com sua beleza extraordinária. Cabelos longos e negros, olhos verdes esmeralda e uma pele de porcelana.

Mesmo sabendo das desavenças das famílias, ela foi prestar solidariedade para os Headkros, que perdera um parente, e a Ícaro que perdera sua esposa.

Naquele mesmo dia descobrimos que o colar era seu. O colar que estava nas mãos de Ícaro brilhava tão forte como a Lua no seu ponto alto, e foi assim que ele mostrou sua nova portadora.

Ícaro se revoltou e logo voltou à briga entre as famílias.

Ele por obrigação deixou o colar com ela, com seu coração sangrando e se sentindo derrotado por ter que entregar o colar aos seus rivais. Então ele prometeu a si mesmo que o teria de volta a qualquer custo, e que enterraria sua mulher com aquele colar nem que fosse a última coisa que fizesse.

Desde então ele me fez ir até Itália, me fingir de um vampiro soldado querendo ajudar a proteger o reino italiano. A família Roller me aceitou de braços abertos, depois disso passei a ser o informante de Ícaro por centenas de anos.

A família Roller foi consolidada naquela época, primeiro por terem concebido 3 filhos da lua, o que era muito raro de acontecer e depois por Suzana virar a portadora do colar. Os Roller foi a família que estiveram mais tempo no poder.

Eram uma família modelo e a mais antiga de toda a espécie, eles tiveram um reinado impecável e honroso, devo admitir.

Damon foi o Rei mais empenhado em sua função, e passava isso muito bem a seus 3 filhos.

Suzana Roller. Esse era o nome de sua esposa. Tão bela e tão frágil para uma mera humana. O casal teve Nicolas o mais velho e o herdeiro direto ao trono, em seguida Lauren a segunda mais velha e por último Lucinda.

Cada um tinha uma personalidade diferente.

Nicolas o mais velho, era um grande guerreiro, cobiçado pela maioria das mulheres do reino. Já era tratado com a importância que tinha, o herdeiro de tudo aquilo. Do nosso mundo e do que éramos. Mas também era intimidador e explosivo. Todos o respeitavam absurdamente, sua palavra as vezes valia mais que a de seu próprio pai, e o reino ficava tranquilo em saber que alguém com o pulso firme como ele, seria o próximo sucessor.

Lauren, a segunda filha mais velha, muito bela como a mãe, chamava atenção por onde passava. Era um pouco temperamental e desobediente, sempre ia para as guerras escondida, mas era a melhor lutadora entre eles, e conhecida por seus joguinhos psicológicos. Mas apesar da má fama, se podia ver bondade por trás do seu jeito duro e cômico.

Lucinda, a mais nova, essa sim era a cópia fiel de Suzana. Ela era gentil, uma moça muito simpática e elétrica, onde ela ia espalhava felicidade, podia se ver que ela era completamente dedicada à família, diferente de seus irmãos que estavam focados nos problemas do reino e em guerras. Mas mesmo Lucy tendo seu lado mais meigo, assim como os irmãos, ela tinha seus momentos de frieza e era sempre muito franca com qualquer um independente da situação.

Os três irmãos mesmo jovens naquela época, já eram muito temidos, e são até hoje. Por serem filhos de um Filho da Lua. Por fazerem parte da família mais forte da espécie. E por serem Filhos da Lua!

Em uma batalha, Damon acabou morrendo, o que acabou sendo a chave para Ícaro começar a entrar na história dessa família de novo.

Lauren se rebelou depois da morte de seu pai. Ícaro aproveitou esse momento e fez a cabeça dela para ficar contra sua família, a prometendo dinheiro, poder, e claro o reino.

Na noite de 1875, Ícaro invadiu o castelo envenenando Lauren. Depois matou Suzana.

Na manhã seguinte a filha não se lembrava de nada. Tinha brigado com a mãe na noite anterior e acordou com uma faca em suas mãos, e sua mãe morta na cama cheia de sangue.

Todos, e quando digo todos, digo inclusive ela, pensaram que ela tinha surtado e matado a mãe.

Como Lauren não se lembrava de nada, a garota ficou em choque por alguns meses, depois acabou aceitando que a culpa era dela.

Na cerimônia, o colar não foi herdado pelas filhas de Suzana, o que foi uma surpresa, até mesmo para Ícaro.

Nicolas foi o mais afetado de toda a história. Jurou nunca mais pôr os pés em sua antiga casa onde reinava dor, angustia, ganância e lembranças horrendas. E assim ele fez. Só que ele era o guardião do colar, e o garoto sumiu no mundo deixando Ícaro furioso.

Depois de anos descobrimos que Lauren também queria o Lunam e recentemente em um encontro arquitetado por Ícaro, ela nos contou que ele estava com Elizabeth Cullen.

Que por acaso, ou por uma coincidência divina, é o Elo de Nicolas.

Um Roller, descente direto do trono.

E lá vai mais uma família entrar para essa linda história.

Os Cullen - sinônimo de problema – Elizabeth Cullen – o nosso problema.

Depois que descobrimos que a garota era uma híbrida com uma história totalmente estranha, filha de um vampiro com uma humana. Veio a descoberta de que ela também possuía dons incríveis, e era perseguida pelos Volturi e tudo isso ficou estranhamente interessante, e também mais complicado.

A garota era impulsiva, determinada e não estava colaborando conosco, sei que os Headkros ainda não a mataram por que querem ver os Roller e os Volturi sofrer, e sentir sua vingança.

Ou seja, concluindo toda essa história. Ícaro já tem tudo planejado, trouxe a garota para cá achando que Nicolas não a acharia, e se achasse, ele não entraria aqui, assim como jurou anos atrás.

Ícaro já tem sua vingança preparada, ele irá matá-la na frente de todos, como um ritual em uma cena de vingança. Isso acontecerá em mais ou menos algumas horas.

Então é melhor ela ter alguma saída, porque ela entrou em uma história complicada demais, e vai pagar por coisas que nem tem a ver com ela.

E será morta... Como Suzana também foi.

[...]

Agora que terminei meu turno por volta do castelo, vou voltar para vigia-las no calabouço, e ficar atento para que nada saia do planejado.

[...]

Quando voltei o outro vampiro trocou de lugar comigo.

Posicionei-me em meu lugar olhando o relógio em meu pulso. Faltavam 40 minutos para Ícaro voltar e a festa começar.

De repente ouvi um grito.

Era Lauren dentro da cela, quando fui olhar a garota híbrida estava desmaiada com sangue por todo lado.

—Socorro! – Lauren pediu desesperada – Você precisa fazer alguma coisa!

—O que houve? – Perguntei sem entender aquela quantidade de sangue.

—Ela quis se matar! – Gritou parecendo irritada – Anda, faça alguma coisa para ajudá-la! Vá chamar alguém! Ou me ajude a levá-la daqui.

—Não posso chamar alguém, meu ajudante foi caçar e a metade do clã também. Sabe que não posso fazer nada.

Muita coisa ia rolar hoje, todos deveriam ter muita energia.

—Vai deixá-la morrer? – Perguntou entre dentes – Eu sei do plano eu fazia parte dele, sabe o que Ícaro vai fazer com você quando souber que deixou ela morrer, e tirou o direito de vingança dele?

Se ela morrer antes da hora, eu morrerei.

Ícaro já disse que ele mesmo quer fazer isso, principalmente depois que a garota quase o deixou sem pênis. Ele quer ter sua vingança, se ela morrer antes isso não vai acontecer.

—Vou leva-la para cima, mas sem gracinha. – Avisei tirando a chave do bolso.

—Depressa ela está perdendo muito sangue. – Disse indo até o corpo da garota.

Tirei a chave do bolso e a coloquei na fechadura. Eu não tive tempo de girar a chave e abrir a cela. Em uma fração de segundos Lauren já passava suas mãos pelo espaço das grades e prensava meu corpo contra a mesma.

Ela tinha uma força tão absurda que eu senti meus pulmões se esmagarem me tirando o ar.

—É eu sei que todos foram caçar – ela sorriu apertando ainda mais meu corpo contra a grade – Idiota.

Então ela bateu minha cabeça na parede ao lado, com uma força extraordinária que não tive como reagir, ela era uma Filha da Lua.

Aquilo foi o suficiente para que eu perdesse a consciência. 

 


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Notas finais do capítulo

(E)