Pov. Elizabeth

Quando eu acordei, eu já estava bem longe de casa.

O efeito daquilo que Ícaro me fez respirar passou bem rápido. O que me fez ter uma reação nada boa ao despertar, e atacar meus sequestradores mais de uma vez.

Tive que ser amarrada e amordaçada durante boa parte do caminho, com cordas de aço, porque as outras cordas, eu quebrei e me soltei quase matando um no processo.

—Assim que eu tiver oportunidade, vou acabar com vocês. – disse enquanto era carregada por dois trogloditas para dentro de um castelo.

—É, você está dizendo isso desde que chegamos. – um deles riu.

—Vocês vão para o inferno! – disse tentando me soltar de novo.

Momentos depois entramos no castelo. Sim, não era algo nem de longe parecido com o casulo dos Volturi. Era realmente um castelo de verdade, enorme que devia caber umas três cidades ali dentro.

Nos ficamos minutos andando por dentro dele. Assim que pus os pés ali meus sentidos me alertaram sobre algo estranho.

Aquele lugar era totalmente estranho e carregado por lembranças e emoções do passado, que me atingiram como dinamite.

Sua construção era exagerada e antiga, rústica e meio gótica, como se tivesse sido construído a mil anos atrás.

Quando chegamos em uma das salas principais haviam três vampiros a minha espera.

O cara que me sequestrou, que eu logo reconheci. E tinha mais duas mulheres com ele. Supus então, que aqueles eram os Headkros.

Os vampiros que me seguravam me soltaram e eu cai de joelhos quase batendo o rosto no chão.

Eu estava tão imersa na energia desse lugar, que parecia ter perdido as forças. Estava desconfortável e apreensiva, rondava um sentimento tão ruim, tão confuso, que era difícil até para mim decifrar.

Imagens inundavam minha cabeça como visões.

Era como se eu não estivesse mais ali, ou melhor, como se eu estivesse só que no passado.

Eu via uma família, eles estavam felizes, empolgados e pareciam muito unidos.

Isso era tão estranho, mas não, essa não era a primeira vez que eu via imagens do passado. Às vezes essas imagens se tornavam visões.

—Elizabeth - uma das mulheres disse meu nome com desgosto. Eu me levantei ainda perdida. - Como foi a viagem?

Ela era parecida com Ícaro. Alta, magra como ele, olhos azuis e seus cabelos eram loiros e longos.

Seu sorriso sarcástico para mim, era como uma intimidação.

—Foi ótima, obrigada por se preocupar - disse devolvendo o sorriso.

—É tão bom te-la conosco. Espero que goste do tempo em que ira passar com a gente.

—Sobre isso, já não posso garantir nada.

—Sou Ágata - disse se levantando - Ícaro você já conheceu, e esta é Cíntia. – disse apresentando a moça que estava ao lado dela.

A mulher tinha os mesmo traços e trejeitos dos outros dois. A única diferença marcante era que seu cabelo era chanel e tão loiro, mas tão loiro, que parecia branco.

—Posso ao menos saber onde estou? – perguntei ainda tentando me livrar das imagens que assombravam meus olhos.

—Itália, e passara um bom tempo conosco. - Ícaro respondeu.

Eu não contive meu desgosto ao ouvir aquilo. Esse país me persegue.

—Itália? Não tinha um lugar melhor não? 

Os 3 me encararam.

—De tantas coisas que você deveria questionar agora, essa e a única que te desagrada? – Cintia falou pela primeira vez.

—Você não faz idéia - respondi com um sorriso debochado.

—Eu não disse que ela era esquisita – então ela entrou na sala.

Eu bufei alto só de ouvir o som da sua maldita voz.

Eu estava contrariada e irritada com a presença dela aqui, mas não era como se eu já não esperasse.

—Lauren. – disse com ódio – Porque não estou surpresa em vê-la aqui?

Lauren passou pelos 3 e andou até minha direção cheia de arrogância.

—Não gostou de me ver cunhada?

—Devo mesmo responder a essa pergunta idiota? – cruzei os braços.

—Não, você não deve querida, sei bem como se sente. – Ágata respondeu por mim.

Ela e Lauren se olharam por um breve segundo, e a garota revirou os olhos. Pelo jeito elas não se gostavam.

—Ok, fui sequestrada. Qual o sentido de me trazerem para ca? – perguntei mudando o assunto e indo onde me importava.

—Ataque surpresa. – Ícaro deu de ombros  – Você é sensitiva e é a maior arma deles. Ajudaria demais se tentássemos um ataque antes do dia determinado. Agora você não esta mais la para ajudar. E sua titia vidente está ocupada demais procurando por você. Todos estarão vulneráveis quando aparecermos. – disse com orgulho de seu plano.

Eu sorri enquanto escutava aquela ladainha.

—É um bom plano - admiti - Mas não vai dar certo.

—Você acha mesmo? – Cintia perguntou  – Mataremos todos. Primeiro os Volturi por tomar nosso lugar por tanto tempo, depois os Roller por ainda terem direito ao trono. E então os Cullen, por se meterem em nosso caminho.

—Vai ser divertido ver vocês tentarem, não vou negar. – disse tentando evitar que eles vissem minha preocupação e que eu deixasse minha raiva sair pra fora. - Onde é meu cativeiro?

—Você é uma boa atriz - Ícaro aplaudiu.

—Sou boa em muitas coisas.

—Não se preocupe pequena Cullen - ele disse se aproximando com um sorriso. - Assim que matarmos sua família, você será a próxima, então não sentira a falta deles.

Eu suspirei o olhando.

—Mesmo que me matem, eu ressurjo do inferno pra pegar cada um de vocês.

Lauren gargalhou colocando a mão no peito.

—Isso é bem sua cara – ela sussurrou.

Só de olhar para a cara dela me fez explodir de raiva.

—Não fala comigo sua ordinária. Como tem coragem de fazer isso? Planejar a morte da sua própria família com essa gentinha? – perguntei gesticulando pra eles e ela recuou um passo.

—Gentinha? – Agatha perguntou.

—Não estou falando com você intrometida! - disse a assustando também. Olhei para o irmão dela com ódio. - Sinceramente, querem me matar? Matem agora, ou eu juro que farei desse tempo um grande inferno na vida de vocês!

—Você pensa que está falando com quem? - Agatha ainda estava brava.

—Com a puta que te pariu...

—Tira ela daqui! Sério, antes que eu estrague o plano Ícaro! - ela pediu tremendo de raiva. - Sou uma Headkros, nossa família não está acostumada a perder.

É porque ela não conhecia a minha.

—Que fofa, mas tudo tem sua primeira vez. Você acostuma.

—Se não tirarem ela daqui, vou mata-la, eu juro - Ela gritou de novo me fazendo rir.

—Tenta a sorte - disse despreocupada.

Ícaro respirou fundo vendo a situação sair do controle. Eu estava tranquila por fora e queimando por dentro.

Só queria me manter sã, por mim, pelo bebê. Eu não podia perder o controle agora.

—Lauren você cuida dela. - Ícaro ordenou.

Lauren me encarou pasma.

— Por que eu?

—Porque estou mandando.

Então ele saiu da sala com suas duas irmãs atrás dele.

Lauren me olhou com nojo quando já estavamos sozinhas, e eu retribui o olhar na mesma intensidade.

—Vamos.

Eu a segui até uns 3 andares acima de onde estávamos, foi uma longa caminhada. O castelo não tinha energia elétrica, era tudo a base de candelabros e lustres cheios de velas. Tudo muito antigo.

Ela parou em um quarto isolado do resto do andar, bem no fim do corredor. E então abriu a porta para mim.

Eu entrei sem esperar ela mandar. Foi como colocar os pés no passado.

Era um quarto grande, antigo e muito bonito. No canto do quarto havia um quadro com o retrato de uma mulher. Seus cabelos negros e ondulados iam até a cintura, olhos verdes claros, e um largo sorriso espontâneo.

Olhei em volta do quarto e olhei para Lauren. Ela me olhava com uma expressão sem sentido, então observei o quadro de novo.

—Essa é sua antiga casa, certo? – perguntei e ela não respondeu. – E aquela é sua mãe? – perguntei apontando para o quadro. – Esse era o quarto dela.

Conclui porque no quadro envolta do pescoço da mulher, muito bem retratado na pintura, estava o meu colar.

—Parece uma cigana charlatã. – disse revirando os olhos - Parabéns, acertou. Quer ler a minha mão e adivinhar meu futuro?

—Não preciso ler sua mão para adivinhar a droga do seu futuro, mas se quiser faço numa boa. - dei de ombros - Por que me trouxeram exatamente para ca?

—É o único lugar que Nicolas não te procuraria. E se te achasse, ele não entraria aqui. – explicou andando pelo quarto como se tivesse conhecendo o lugar novamente.

Eu não conseguia engolir isso.

—Porque tortura ele desse jeito?

—O que? - ela parou de andar.

—O que ganha me sequestrado Lauren?

—Poder? – falou mais em forma de pergunta.

—Não sente falta dos seus irmãos? Da sua verdadeira família? Você ganha poder e fica sem ninguém. Do que adianta? – perguntei revoltada. - Eles só estão usando você. Vão te jogar fora na primeira oportunidade. Disseram que iam matar os Roller porque vocês ainda tem direito ao trono, e você é tão idiota que não percebeu que eles estão te usando para continuar no comando. Eles tem medo de vocês sua burra.

Lauren me olhou de cima a baixo com a expressão ficando amarga e ranzinza.

—Você não tem noção de quantas vezes eu quis voltar para casa. Ou para meus irmãos. Pedir desculpas não é o suficiente para retomar minha antiga vida. Eu não sou mais a mesma pessoa...

— Eu sei o que é isso - a interrompi - Olha pra mim e vê se eu tenho cara de quem se encaixa no padrão perfeito de ser uma Cullen? Não me encaixo. Ninguém merece viver sozinho Lauren. Até mesmo uma pessoa como você. – Quando ela me encarou eu arregalei os olhos surpresa. – Meu Deus, estou dando conselhos a mulher que quer me matar.

Essa gravidez literalmente está mexendo comigo.

— Aproveite seu novo quarto  – ela sussurrou saindo do quarto e me trancou para dentro.

Esperei um tempo e depois fui até a porta tentar abrir ou arrombar. Mas ela era forte demais, parecia aço, e eu tinha a impressão de ter algo por trás dela para reforçar.

Ótimo.

Vou morrer grávida nesse fim de mundo. Era um castigo, eu sabia.

Agora eu só conseguia pensar em Nicolas.

Ele já sabia? Meus pais já sabiam? Será que não é melhor eu ficar por aqui mesmo? Porque em vez dos Headkros me matarem, serão Edward e Bella a fazer isso.

Mas não, eu preciso sair daqui. Não posso me entregar, não se trata só de mim agora.

E eu já sei quem vai me ajudar a sair desse fim de mundo, não sei se vai dar certo (provavelmente não). Mas não posso contar com ninguém além dela.

Lauren.