Depois que Phill sumiu no ar, eu fiquei alguns minutos apenas absorvendo todas aquelas informações que ele me deixou. Olhei para Landon, indefeso, ali naquele chão frio e úmido, ainda era noite e eu precisava dormir, não tinha ideia do que aconteceria amanhã quando nós acordássemos.

Eu olhei ao meu redor e tentei achar um lugar confortável para deitar e tentar dormir de alguma forma. Depois de muito olhar ao redor assumi que eu não queria deitar naquele chão e sozinha.

Aproximei-me de Landon e me deitei do seu lado. Apesar de Phill garantir que ele estava bem eu ainda me sentia mal por ele. Eu ainda sentia uma pontada de raiva dele, ele, que me tirou da minha casa e me colocou no meio dessa loucura que a cada dia se provava ser mais sem sentido ainda. Aquilo era clichê.

E também era clichê eu dizer que apesar de tudo eu ia sim ajudar Landon. Não só Landon como meu irmão.

Deixei os pensamentos de lado e dormi.

****

Uma claridade conhecida atingiu meus olhos e eu enruguei meu rosto jogando um braço por cima dos olhos e me concentrei em dormir novamente. Foi em vão o esforço, eu olhei o meu redor e me dei conta que Landon já tinha levantado e estava...

Peraí onde ele estava?

Fui dominada pelo medo. Vários pensamentos vieram a minha mente. E se ele tivesse ido embora e me deixado? Meio impossível, mas ainda estava valendo.

Eu olhei em direção ao lago e por um momento eu me tranquilizei quanto vi as roupas dele jogadas na beirada do tal lago e ele certamente estava tomando banho... MEU DEUS! Se ele estava tomando banho no lago sem suas roupas, então nós passaríamos por um pequeno embaraço.

Mas não era necessário ter algum tipo de embaraço se eu, educadamente, saísse dali e fosse me lavar mais abaixo na lagoa. E foi exatamente o que eu fiz, mas eu não me aventurei a tirar toda a roupa e entrar no rio. Eu simplesmente lavei meu rosto e tomei água.

Era um fato que eu estava morrendo de fome. Demorei mais um pouquinho onde estava e caminhei de volta até o local onde eu provavelmente encontraria Landon.

Ele já estava vestido e estava sentado embaixo da árvore onde nós dormimos na noite passada. Eu me aproximei dele meio envergonhada e fui treinando para ter o que falar quando eu chegasse perto o bastante.

Ele ouviu meus passos e levantou-se. – Onde você estava? – Foi logo perguntando.

– Eu fui me lavar logo abaixo. – Eu expliquei. Ele se aproximou de mim e me fitou, deixando-me tímida sob o seu olhar. – Por que está me olhando assim?

– Você acha mesmo que eu poderia esquecer-me da sua bruxaria?

– Que bruxaria? Pra você que acredita em imortalidade eu não me espanto com sua pergunta sem lógica.

– Você sabe do que eu estou falando Quenella. Diga-me logo, você é uma bruxa?

– Deixe de loucura. Nem eu mesma sei de onde o Phil veio. Eu estava chorando, depois que... – Eu parei quando estava perto de dizer que estava chorando por causa das coisas horríveis que ele me disse, mas lembrei de que a culpa não era dele e ele não estava agindo por si mesmo, mas sim por uma maldita maldição sem sentido.  Só para alimentar o ego de uma velha fogosa. – Bem como eu disse eu estava chorando, aí minhas lágrimas começaram a ficar brilhantes e depois você viu o que aconteceu. Você bateu em Phill e acabou apanhando e só acordou hoje.

– Isso é coisa de bruxas do mesmo jeito. – Ele disse.

– Landon, escuta… você precisa de mim do mesmo jeito que eu preciso de você. Phill me contou sobre Talita. – Pude perceber que ele ficou tenso com o nome daquela mulher. – E me contou que você estava todo esse tempo enfeitiçado por ela.

– Esse Phill acaba de provar que não sabe é de nada.

– Como não? Ontem você disse coisas terríveis. Você até disse que matou meus pais!

Pude perceber que a tensão de Landon se intensificou.

– O que?! Eu nunca disse isso!

 – Você disse, e Phill só fez te ajudar. Por isso ele te bateu daquela forma, hoje você não está mais sobre a “névoa” do feitiço, eu sei quem matou meus pais e eu preciso da sua ajuda, se não puder tê-la quero pelo menos a sua colaboração.  

– Como o que?

– Eu preciso voltar pra minha casa. Foi Trevor quem matou meus pais. E Phill disse que ele tem algo que ela precisa e que ele sabe como lidar com essa mulher, eu preciso que você me leve de volta para casa. Vou falar com Trevor, tenho certeza que ele vai nos ajudar.

– Como você pode dizer tudo isso tão calmamente? Você acaba de confessar que seu próprio irmão matou seus pais e você age como se ele não fosse um assassino e... 

– Fique quieto Landon. Você é um sequestrador, e eu ainda tenho a ousadia de confiar em você. Trevor também merece minha confiança.

Ele me encarou ofendido e disse que me ajudaria a voltar para casa. Mas disse que nós já tínhamos passado por uma cidadezinha e que seria mais rápido se nós fossemos em direção a cidade onde poderíamos comer e depois pegar uma carona com algum caminhoneiro.

– Certo. – depois de concordar, fomos andando em direção a cidade, Landon sempre na frente me bloqueando com seu ombros largos. Quando o sol estava quase se pondo nós chegamos à cidade. Fomos andando devagar e descansando em quase todas as sombras das árvores por isso a demora pra chegar à cidade.

A primeira coisa que fizemos foi procurar um restaurante o mais próximo possível e comer, estávamos os dois mortos de fome.  Só depois de ter comido bastante eu me preocupei em como pagaríamos a conta. Landon vendo minha preocupação tomou a frente e foi conversar com a dona do restaurante depois de uns minutos de conversa ele me da um sinal e saímos de lá como se fossemos os cidadãos mais honestos do mundo.

– O que você falou pra moça? – Eu quis saber.

– Mistério. – Eu bufei com a resposta e continuamos andando. Estávamos indo em direção aos postos de gasolina para ver se conseguíamos uma carona. A cidade era silenciosa e quase não possuía habitantes. O posto era a maior parada; uma vez ou outra passava um caminhão, mas indo em direção contrária a minha casa.

Landon foi conversar com uma moça que trabalhava no restaurante do posto e depois acenou para que eu me aproximasse.

– Vamos dormir aqui hoje. Monica disse que terão muitos clientes amanhã que seguirão em direção ao norte, ela nos doou seu quarto que fica atrás do restaurante, talvez ela tenha alguma roupa para lhe emprestar para você tomar um banho.

Eu fiquei tentada a pensar que ele não disse aquilo insinuando que eu esteja fedida. Nós rodeamos o restaurante (que não merecia o respeito de ser chamado de “restaurante”.).

Entramos no quartinho da tal Monica, ela foi muito amorosa e emprestou um dos seus simples vestidos e roupas de baixo, apesar dela ser quase do tamanho da Bia em comparação mim, era natural que seu vestido que para ela ficava na altura do joelho, pra ficaria no meio das minhas cochas. Sexy. Mas eu não estava nem um pouco a fim de estar sexy.

Quando eu entrei no quartinho novamente, já de banho tomado e com minhas botas limpas, vi Landon deitado em um sofá em mal estado. Foi inevitável, mas seus olhos caíram diretos em minhas pernas sedutoras com aquele vestido.

Ele levantou, se aproximou de mim, sempre com o os olhos nos meus. Chegou perto o bastante para um sussurro e disse baixinho – Agora sim... Está cheirosa como uma moça.

Eu fiquei tão vermelha que parecia um balão de festa de aniversario.

– Eu não estava fedendo antes.

– Que seja. Olha eu arrumei sua cama. – Ele disse apontando para o sofá em que ele estava deitado.

– Está brincando? Eu não vou dormi ali!

– Que engraçado. Eu também não vou. Se você não quiser dormir no sofá pode deitar no chão.

Eu não sei explicar o motivo, mas me subiu uma raiva tão grande que eu nem vi a hora em que levantei a mão para acertar o rosto daquele arrogante. Mas ele foi mais rápido e segurou minha mão a centímetros de seu rosto. Nós ficamos ali… um olhando nos olhos do outro. Eu ofegante de tanta raiva e ele com o rosto e olhar indecifráveis.

Foi quando aconteceu. Ele olhou para os meus lábios e foi aproximando seu rosto do meu. Enquanto seu corpo também se aproximava, fechei meus olhos, e quando seus lábios roçaram nos meus um tremor percorreu todo o meu corpo. Por ser o primeiro beijo da minha vida, foi tão estranho… nós estávamos brigando com as bocas. Os meus magoavam os deles e os deles magoavam os meus.

Landon mordeu meu lábio inferior com tanta força que chegou a correr um pouco sangue eu gemi com o ato e a dor, e nós nos afastamos. Eu olhei para ele abismada.

– Desculpa... – Ele pediu.

Eu fiquei sem saber o que dizer e por esse fato só o puxei para mim e meu intuito no momento era descontar a mordida.