Be Your Everything escrita por Rainy


Capítulo 5
Capítulo 4 - Bela Adormecida


Notas iniciais do capítulo

Atualização: 19/03/2015



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Uma semana nesse maldito país e eu já não via a horar de voltar para casa.

A convivência com Niko era simplesmente insuportável. Nesse meio tempo ele fez questão de trazer sua namoradinha irritante em cada noite, obrigando-me a dormir no sofá da sala. Além de ficar pegando no meu pé o tempo todo. Juro. Até a proliferação de mosquitos no nosso quarto ele me culpou, já que eu tinha deixado à janela aberta. Mas o idiota não entende que aqui na Califórnia faz um calor do inferno e a janela precisa ficar aberta para ventilar. Não... Ele é muito burro para entender isso.

Além, é claro, das constantes brigas por conta da comida. Sério, quem nega comida para visita? O idiota do Niko, óbvio. Minha sorte era que a mãe dele, a Ania, não era tão débil quanto o filho, o que me faz pensar de quem ele puxou isso. Ou ele ficou tempo demais na barriga da mãe, o oxigênio não veio e isso retardou alguns neurônios. É. Essa explicação tem mais a cara dele.

Mas, falando de assunto bom, me dá certa dor no rim de admitir, pois não sou do tipo que fica elogiando os outros — tirando o senhor Perfeição, claro —, mas a Ania é até que bem legal. Quer dizer, ela lava minhas roupas e não reclama de fazer isso e a comida dela é di-vi-na. Muito boa mesmo. Parece que minha barriga sorri cada vez que vê a comida da Ania. Ela não me irrita quando vou dormir tarde ou quando acordo tarde. Sempre se dispõe a me ajudar, mesmo que eu não precise, então ela não é uma pessoa que você consiga odiar. Bem diferente do filho dela. Esse você já odeia só de estar compartilhando o mesmo ar e, acredite, ter que compartilhar as coisas com o Niko é uma tarefa quase que impossível.

Noite passada, por exemplo, enquanto eu estava no banho, Niko foi até o disjuntor e desligou a luz do banheiro. Motivo? Eu estava demorando muito e ele queria usar. É claro que eu não ia deixar isso barato e o fiz dormir na minha cama improvisada, enquanto me apossava da cama dele. Não via a hora de o meu maldito quarto ficar pronto!

Percebi uma movimentação perto de mim e notei que Niko estava acordando. Um pensamento maldoso passou por minha cabeça e tratei logo de pô-lo em prática.

Peguei meu travesseiro e bati com ele na cabeça de Niko, acertando-o em cheio.

— Bom dia, Bela Adormecida. — falei, cínica. — Dormiu bem aí no chão?

— Não enche o saco, Katherine. — murmurou, passando a mão pelo lugar que o tinha atingido.

— Credo. Que mau humor logo de manhã.

Ele me xingou, mas foi coisa que fiz questão de ignorar. Levantei-me da cama e fui pegar minha necessaire e roupas para tomar um banho, mas Niko interrompeu meu processo:

— Não! Cai fora. — se levantou em um pulo, se metendo entre mim e a porta do banheiro. — Eu vou tomar banho primeiro. A não ser que você queria uma água bem gelada logo de manhã.

— Maldito! — bufei, voltando a me deitar na cama. Esse garoto me tira do sério.

(...)

— Bom dia, mãe. — Niko disse, adentrando a cozinha.

Eu tinha me cansando de esperar o príncipe tomar banho então acabei usando o banheiro de Ania. Ela, como de costume, não se importou nem um pouquinho. O ruim de tudo isso foi que tive que colocar um short, pois o calor de matar da Califórnia aniquilava qualquer esperança de se usar calça.

O idiota se sentou ao meu lado no balcão e não soube disfarçar nem um pouco ao olhar para as minhas pernas. Tarado.

— Boa tarde, você quis dizer. — Ania deu um risinho para o filho. Ela colocou um prato cheio de panquecas com mel na nossa frente e eu e o imbecil começamos a brigar por elas. Ania, percebendo isso, riu mais uma vez. — Querem que eu faça mais?

— Não. — respondi, já colocando outro pedaço de panqueca na boca. — Como eu sou visita e seu filho é uma pessoa tão gentil, ele vai dividir suas panquecas comigo. Não é mesmo, querido? — quase gargalhei com a cara de desgosto que Niko fez. Eu sabia que ele não ia recusar meu pedido, até porque Ania sempre brigava com ele quando isso acontecia.

— Claro, Katherine. Eu sei como crianças em fase de crescimento tem que comer bastante. Só cuidado com as gordurinhas. Elas já estão ficando aparentes. — ele deu uma apertada em minha barriga e logo tratei de dar um tapa em sua mão.

Lançamos sorrisos falsos um para o outro.

— Sabe — Ania voltou a nos chamar a atenção —, fico feliz que vocês estejam se dando tão bem.

Ai, coitada. Se ela ao menos soubesse...

— Mas, enfim, o que vocês pretendem fazer hoje? — perguntou Ania, enquanto pegava algumas panquecas de Niko e as colocava no meu prato. Deus. Eu amo essa mulher.

— Vou pra pista de skate. — respondeu Niko. — Sozinho.

Por mim ele pode ir até o inferno sozinho. Até parece que eu, Katherine Elizabeth Moore, ia querer ficar numa pista de skate, sem saber andar de skate, num calor horroroso, rodeada por garotos suados e...

Espera.

Bati com as mãos no balcão, chamando a atenção dos dois.

— Eu vou com você! — exclamei.

Niko balançou a cabeça negativamente.

— Não. Não vai não.

— Vou sim. — retruquei. — Já se passou uma semana que eu estou aqui e não dei uma volta se quer. E, além do mais, eu gosto de skate.

— Desde quando? — perguntou desconfiado.

— Desde sempre! E não vem falar que é mentira até porque você não sabe nada da minha vida.

— Minha resposta ainda é não.

Ai! Menino chato. Vou ter que apelar.

Olhei chorosa para Ania, enviando uma clara mensagem de “convença seu filho, por favor.”

Por sorte ela conseguiu captar o recado.

— Niko, não seja grosso com a Katherine. Não vai doer nada você leva-la até lá.

— Vai doer sim! Imagina eu aparecer com um gnomo desse em plena pista de skate. Os caras vão tirar sarro da minha cara.

— Niko... — a mais velha falou, em tom de aviso. Nessas horas até eu ficava com medo da Ania. Seu olhar severo também não ajudava muito.

O moreno bufou e eu sabia que a vitória daquela batalha foi minha.

(...)

Já fazia uns bons trinta minutos que Niko tinha desaparecido, mas não dava para me preocupar com isso. Primeiro, porque eu não queria. Segundo, que a visão de garotos lindos e bronzeados interrompia quaisquer pensamentos.

O dia, como qualquer outro, estava bem quente, mas volta e meia um menino tirava a camisa e me abençoava com seu abdomen divino. Vir para a Califórnia tinha que valer alguma coisa.

— Katherine? — ouvi uma voz bem próxima de mim, mas estava absorta demais nos skatistas para responder quem quer que fosse.

Eu podia ficar prestando atenção naqueles garotos para sempre, mas dedos foram estalados na minha cara. Me virei, brava, para encarar o maldito que estava atrapalhando meu momento no paraíso.

Oh, droga. De novo não.

— Ashley! — falei com falsa animação. — O que você está fazendo aqui? — Suma agora, atriz pornográfica. Juro que queria ter falado isso.

— Vim ver o meu namorado, é claro. Meninos como o Niko tem que ser observados de perto.

— Por que se não a carrocinha vem e leva ele? — perguntei sarcástica.

Ela me olhou sem entender.

— Como assim?

— Nada não. — fiz um sinal de descaso com as mãos e voltei a tomar minha Coca-Cola, já nem tão gelada assim. Maldito calor.

Eu queria dizer que tinha ficado livre para voltar a olhar meus queridos e belos skatistas, só que um par de peitos veio parar logo na minha frente.

Ergui os olhos para a criatura.

— Eu posso te ajudar em alguma coisa? — diga que não. Por favor, diga que não.

— Na verdade, pode sim. — droga. — Sabe, Katherine, você parece ser uma menina inteligente — diferente de você, se me permite dizer. —, então eu queria deixar as coisas claras entre nós.

Mexi a cabeça, incentivando-a a continuar.

— De inicio eu não gostei nada dessa ideia do meu namorado dormir no mesmo quarto que outra garota. — ela podia já parar de enfatizar esse “meu”. Parece até que ela está insinuando que... Ah. Espera.

Ah, não.

— Calma aí, fofa. — a interrompi. — Antes que você venha falar merda que eu, definitivamente, não quero ouvir, vamos esclarecer as coisas. Não, eu, Katherine Moore, não tenho nenhum tipo de atração ou desejo sexual pelo seu namorado. Ele é uma ameba. Não suporto esse garoto. Ele é mais inútil que uma lagarta. Entendeu?

Ela balançou a cabeça, parecendo até uma cachorrinha adestrada.

— Que bom. — suspirou. — Não que eu me sentisse ameaçada, nem nada. Quer dizer, meninas com bundas como eu não precisam se sentir inseguras por meninas como você. — o que essa vadia falou? — Mas foi muito bom conversar com você, Katherine. Beijinhos, querida.

Levantou-se, jogando os cabelos loiros ao ar e saiu rebolando.

Mas que merda acabou de acontecer por aqui? Ela estava maluca se achava que podia falar de mim daquele jeito e cair fora sem nenhum arranhão.

Peguei minha latinha de refrigerante e disparei de uma vez só. O tiro foi certeiro e vi quando a cabeça de Ashley foi para frente por conta do baque, quase a fazendo cair.

Senti um par de braços me rodeando e fui tirada da cadeira. Uma mão foi de encontro a minha boca, impedindo-me de gritar e fui sendo arrastada para atrás da food truck que estava.

Ótimo. Era agora que eu morria.

— Mas que mer... Ah! — surpreendi-me ao ver a pessoa. — Por que você fez isso, Fred?

— A Ashley iria te matar se visse que foi você que fez aquilo com ela. A proposito, belo arremesso. — deu uns tapinhas no meu braço.

Sorri, agradecendo-o.

— Mas quem disse que eu me importo com aquela idiota? Acabo com ela em cinco segundos e não vai ter mais silicone pra contar história.

Ele riu, talvez não tão convicto com a minha fala. Afinal, o que uma menina magrela de um metro e cinquenta e poucos iria conseguir? Muito, queridos, muito. Eu garanto.

— Tudo bem, acredito em você, Kit-Kat. — respondeu assim que viu meus punhos erguidos, pronta para soca-lo. — Sabe, que bom que te encontrei por aqui. Queria te perguntar uma coisa.

— O quê? — perguntei, interessada. Vai que era um pedido de casamento... Sonhos podem se realizar.

— Hoje a noite tem uma festa, lá em Venice Beach. Você é nova por aqui e é uma boa maneira de se enturmar. Vai ser divertido, isso eu te garanto. Topa?

Bom, eu nunca fui fã de festas e a única que eu ousei organizar acabou com a minha casa, mas já que meus pais não estão aqui para encher meu saco e caso eu faça besteira e a polícia me pegue, eu dou o jeito de colocar a culpa em alguém, por que não?

Afinal, o que poderia dar errado?


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