“Nem tudo acontece do jeito que gostaríamos. As coisas mudam, as pessoas mudam, e dependendo, sua vida também. O que antes parecia uma linda história de amor, de dois amantes que se reencontraram, virou o pior pesadelo possível, porque a pior coisa do mundo é você ver a pessoa que você ama, ser corrompida”.

Um dia, durante o jantar, recebi uma carta de Yubaba:

“Chihiro, você não deve sair do Reino do Sul até tudo terminar. Tenha sempre um segurança de confiança por perto, quando sair do castelo ou algo do tipo. A Casa de Banhos foi destruída e perdemos vários trabalhadores. Fomos para um esconderijo subterrâneo em uma vila vizinha.

Não sabemos onde está Haku, vimos ele da ultima vez lutando com Dark. Desde então, tem um mês que ele esta desaparecido. Não contamos antes, com a esperança de encontrá-lo, mas agora isso parece impossível.

Sentimos muito, Yubaba.”

Meu estomago começou a revirar, não conseguia falar nem respirar. Comecei a me sentir extremamente tonta. O ódio e o desespero me consumiram.

– Querida, o que houve?- Disse Zeniba, me segurando para eu não cair da cadeira.

Mostrei para ela a carta. Ela leu e me disse seriamente :

–Chihiro, me escute. Você não vai para lá. Tenho certeza de que Haku esta bem! Ele é forte e esperto!

Comecei a ter uma crise de choro.

–Zeniba, demorei tanto tempo para vê-lo! Não posso deixar que tirem ele de mim! Tenho certeza de que Haku foi capturado por Dark!

– Querida, nós nem sabemos se isso que você disse é verdade. Vamos esperar mais um pouco.

– Já tem um mês que ele esta desaparecido! Isso é bastante tempo para se esperar!Eu tenho que ir pra lá!

– Querida se acalme, você deve pensar em seu filho!

Olhei para a minha barriga e comecei a fazer carinho nela.

– Eu sei, eu amo muito meu filho. Mas não quero perder o Haku, não quero que meu bebê perca o pai. A pior coisa no mundo é perder a mãe e o pai! Sei disso por experiência própria! Não quero perder mais ninguém! É como se abrisse um imenso buraco negro em seu coração, que suga todas as coisas boas, deixando só pensamentos tristes. É a pior sensação do mundo!

Zeniba me encarou com um olhar triste mas ao mesmo tempo de compreensão.

– Você tem certeza de que é isso que você quer?- perguntou ela.

– Tenho medo de me arrepender se não for.

– Pois bem, vou pedir para que o Rei guardas para nos proteger.

No dia seguinte partimos em direção do esconderijo,chegamos após duas horas.

Lin e Yubaba vieram nos receber, mas sem nenhum sorriso no rosto, o que era compreensível, já que não tinha clima para a felicidade, pois o cenário que encontrei ao chegar, era desolador. Muitas famílias perderam seus parentes, a maioria das casas estava destruída, corpos estraçalhados amontoados no chão para serem enterrados assim que localizassem os familiares, a terra perdeu a vida, a grama não era mais verde, e sim marrom. Enfim, era um verdadeiro cenário de guerra.

Quando cheguei mais perto, as duas encararam a minha barriga.

–V... você está grávida?- gaguejou Lin chorando.

Só consegui balançar a cabeça afirmando, porque deu um nó tão grande em minha garganta. Me ajoelhei no chão e comecei a chorar muito.

Lin me abraçou ainda chorando e me disse:

– Sinto muito! Não pude ajudar o Haku. Ninguém pode.

–Não é culpa de vocês.- disse.

Yubaba colocou sua mão direita em minha cabeça e disse:

– É nessas horas de tristeza que nasce a esperança. O seu filho é a esperança por um futuro melhor. Só agora percebi que o dinheiro de nada vale, quando percebemos o sofrimento. Sinto muito por tudo, mas principalmente por não ter conseguido achar o Haku. Mas tenha fé, ele é esperto, eu o treinei muito bem, ele conseguirá se virar sozinho, onde quer que esteja. Nós vamos encontrá-lo.

Isso acabou me deixando um pouco mais calma.

– Você pode ficar aqui, mas quando for sair do esconderijo, deve ser sempre acompanhada pelos guardas, para a sua proteção e a de seu filho.- disse Yubaba.

–Tudo bem.

No dia seguinte, Yubaba organizou buscas pela redondeza a procura de Haku. Enquanto isso, eu ficava no esconderijo com as mulheres, cozinhando, limpando e cuidando das crianças. A cada dia que se passava, minha barriga ficava um pouquinho maior, já estava com 5 meses e 2 semanas, isso me deixava muito feliz. Mas junto com a felicidade veio também a tristeza, pois a cada dia que se passava, as tropas de busca não tinham nem sinal de Haku, isso me deixava muito aflita, e toda noite eu acabava chorando antes de dormir.

Muitos de nossos soldados tinham virados prisioneiros de Dark e eu temia que Haku fosse um desses.

Eu não fazia parte das tropas de buscas,mas eu implorei tanto para Yubaba e Zeniba me deixarem ser que um dia elas acabaram deixando:

– Por favor! Talvez eu consiga achá-lo!

–É muito perigoso!- falou Yubaba.

Zeniba olhou para mim, deu um suspiro e disse:

– Ela precisa passar por isso. Se ela for com os guardas não correrá perigo.- disse ela convencendo a irmã.

. Fiquei no grupo 2, que só procurava por sobreviventes pelas redondezas, assim seria menos arriscado para mim e para meu filho. Yubaba me deu o uniforme da minha equipe: blusa e calça verde escuro, botas da cor marrom e uma mochila com garrafinha de água, pote para por a comida, corda e equipamento de primeiro socorros.

Todos os dias encontrávamos sobreviventes feridos ou já quase morrendo. Levávamos eles para a enfermaria que ficava no esconderijo, e voltávamos para procurar por mais pessoas, mas nunca encontrávamos Haku.

A minha aflição era tanta que eu não conseguia dormir e nem comer direito. As vezes eu desistia, pensando que Haku tinha morrido, mas ao olhar para minha barriga, eu criava forças para seguir em frente, para não perder a esperança.