Minha casa...

Giovana olhava desconsolada para as chamas da sua casa recém-explodida. Nada mais fazia sentido. Sua mãe explodiu junto com a casa (ou não), duas pessoas apareceram do nada na sua casa, sendo que uma também morreu; e agora ela estava no seu colégio, que também é a casa de um de seus amigos. Que por acaso estava ali também, junto com uma das pessoas que apareceu na sua casa.

Jade havia parado de chorar, e estava sentada em uma cama, bebendo água. Seus olhos ainda estavam vermelhos, e mesclavam tristeza e raiva. Cada vez que olhava para Dave do seu lado (Dave do presente), ela voltava a chorar. Ele tentava falar com ela, mas não conseguia. Ela só chorava mais.

Dave não sabia o que fazer. Duas mulheres (bem gostosas) apareceram do nada no seu quarto. Aquilo estava fora do seu conhecimento de poderes. A garota do seu lado havia lhe causado um efeito sobrenatural, uma atração instantânea. Ela era simplesmente muito bonita. Porém, a reação dela às suas ações o deixou um pouco acuado. Depois de tentar algumas vezes, foi falar com Giovana.

– Hey.

– Sup.

– Sabe o que está acontecendo?

– Na verdade, não.

– O que aconteceu, caramba?

– Cara... muita coisa. Minha cabeça ainda tá girando. Deixa eu respirar.

– Ah, ótimo.

Ele virou-se para ir ao computador. Atrás dele estava Jade. Ele se assustou e o ficou sem palavras.

Os olhos dela eram grandes. Pareciam que entravam no fundo da sua alma. Ainda assim, pareciam que serviam exatamente para aquele tipo de rosto, com a boca pequena e tudo. O cabelo liso e escorrido parecia apenas melhorar as coisas

Puta que pariu, Schuldiner.

– A mesma reação. - Ela disse, enquanto ainda olhava profundamente. Ele não respondeu. - A mesma reação, Dave Schuldiner. Você não muda. - Ela lhe deu um tapa, que lhe fez cair no chão. Seus sentidos de luta haviam falhado, não sabia como. Apenas pensou "caramba, que garota estúpida!".

– O que? Como? - Ele se levantou, e a encarou.

– Puta nostalgia. - Ela disse. - Você vai encarar? Vem então, gatinho.

– Não me provoque. Você não me conhece, não sabe do que eu sou capaz. - Recuperou um pouco da razão nesse momento.

– Ah não, outra briga. - Disse Giovana, enquanto lamentava.

– Ah. Eu sei sim. Muito bem. - Disse Jade.

– Não, você não sabe - respondeu Dave - você pode ser gostosa e tudo mas não me conhece. Eu nunca te vi na vida.

– Seu nome é Dave John Schuldiner, você nasceu em 2 de março de 2360 no meio de um cassino em New Vegas. Você é um dos lutadores de Nanto Seiken, descendente do mestre que lecionou nesse local, e uma das três pessoas nesse mundo que sabe usar Hamon. Seu stand se chama The Courier e seu poder é ver claramente o alvo a ser batido, conseguindo calcular exatamente a probabilidade de acertar o tiro. Correto?

Dave estava sem palavras. Quase tudo estava certo.

– ...eu não tenho stand.

– Não? Oh, está um pouco cedo. Que dia é hoje?

– 31 de janeiro - disse Giovana - ou melhor, 1º de fevereiro.

– Ano?

– 2376.

– É, ainda cedo. Mas nem tanto. Em alguns dias você acorda.

– Ainda bem. Eu sou o único que não tem stand. - Dave retrucou.

– Pena que já está um pouco tarde. Ainda bem que voltei no tempo. Não devia ter brigado com ele. Bem Giovana, acho que lhe devo algumas explicações. Me resolvo com você depois, sunglasses. Ok, vamos lá.

– Gio, eu sou alguém do futuro de vocês. Mais do dele do que de vocês. - apontou para Dave. - Meu nome é Jade Harris. Eu vou jogar esse jogo com vocês. Ou melhor, meu eu do presente vai jogar com vocês, eu já joguei. Porém, quando nós jogamos, algumas coisas aconteceram, que não deviam.

– Tipo? - Giovana perguntou.

– Sua mãe lhe mataria a algumas horas.

Giovana ficou de boca aberta.

– Como?????

– É. Sua mãe pertence a algo bem maior. Ela é bem mais forte do que todos os jogadores agora. Ou era. No futuro de vocês, ou meu breve passado, vocês serão tão forte quanto. Quer dizer, eu acho. O tempo muda. Acontece que você era muito fraca na época, como você é agora. Você liberou seu stand recentemente. Nem sabe o que ele faz direito.

– Bem... é, uma espada... corta coisas e tal...

– Puta que pariu. - Facepalm. - Tá, fora isso.

– Era pra fazer mais?

– Normalmente. Talvez só corte coisas mesmo.

– Então como eu descubro o que ela faz?

– Lutando. Você terá tempo pra isso. Porém, aprenda pelo menos a manejar uma espada.

– ...ok

– Depois da sua morte, tudo deu errado. Algo maior iria acontecer, e aconteceu de forma errada. Quase todos que iriam jogar morreram. Sobraram os 2 dos mais fortes. Os 2 que sobreviveram. Ele tinha que voltar no tempo pra te salvar.

– Caramba, sou tão importante assim?

– Você é a líder da sessão. Sem você, os eventos não desencadeiam. Líderes diferentes, sessões diferentes.

– E esse jogo é tão importante assim?

– Nem faz ideia.

– Tá, outra coisa: essa espada... e o gato da minha mãe... stands, né?

– Sim.

– Você tem um?

– Bem... tenho. Mas não posso mostrá-lo aqui sem destruir esse teto.

– Wow. Mas o que ele faz?

– Cospe fogo e voa, nada muito especial. Só o esperado.

– Um dragão???

– É, um dragão.

Dave já estava puto com aquele papo de stands. Ele saiu do quarto, batendo a porta. As garotas prestaram atenção naquilo.

– Triste, ele é o único que ainda não tem.

– Mas lá em casa... ele ficou fazendo aquele negócio de aparecer... e também tinha aquele cara atrás dele. Era um stand?

– Sim, The Courier. Falei dele ainda pouco.

– Mas isso não explica como ele desaparecia.

– Aquilo não tem nada a ver com stands. É um poder que veio só dele. Tipo, a gente faz as mesmas coisas, mas de formas diferentes.

– É, o seu faz barulho.

– Certo. Dave é o Ladrão do Tempo. Ou Thief of Time. Tanto faz. Ele literalmente rouba o tempo. Quando ele desaparece, ele na verdade está roubando o tempo que ele se movimentou. No caso, o tempo dele. Quando ele aparece, ele já fez o movimento.

– E você?

– Amazona do Espaço. Acho que dá pra você entender. Espaço e tal.

– Oh, ok.

– Agora, vai dormir. Hoje é um dia fatídico. Muito acontece, pouco se entende.

– O que acontece?

– O que não aconteceu direito na minha época. Alguns jogadores necessários morreram. O inimigo, a deusa e o corsário. Seus amigos, os três.

– Como é? - não entendeu, mesmo.

– Oh... Lá vamos nós de novo. É o seguinte: tem uma profecia. Muito antiga. Basicamente falava de um poder maligno resurgindo. Besteira, na minha opinião. Teoricamente era pra ter acontecido. Mas não aconteceu. Porém, pode acontecer agora. Embora ache que não vai. Novamente, Dave sabe melhor. Ele nunca me contou isso direito também. Vai dormir. É o melhor a fazer.

Dave voltou ao quarto. Ele acomodou Giovana em um dos quartos do prédio. Jade não quis ir. Ela apenas ficou lá no quarto, olhando para a fumaça do prédio. E vigiava Dave também.