Rose E Scorpius - Revenge escrita por Miss Potterhead


Capítulo 26
Stay Alive


Notas iniciais do capítulo

Não me vou demorar nestas notas iniciais, porque sei que querem todos ler o capitulo.
ps: Leiam as notas finais
Boa leitura!



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A garota andava pelos corredores de Hogwarts de cabeça baixa. Não queria olhar para as pessoas porque sabia que estavam a olhar para ela. Alguns, talvez, com raiva, outros com espanto e outros simplesmente afastavam-se dela como se ela tivesse alguma doença contagiosa.


Rose Weasley já não saia do quarto à vários dias, afinal para quê continuar a viver? A sua vida nunca fizera muito sentido, agora muito menos.


Depois daqueles dias todos sem falar ou ver ninguém, finalmente tinha tirado o seu pijama e se arrumado como deve ser. Usava um vestido verde escuro de alças e que lhe chegava quase até ao joelho, o seu cabelo estava preso num rabo de cavalo no cimo da cabeça e usava umas sandálias pratas. Deitara pouca maquilhagem, apenas para tentar disfarçar as olheiras causadas por tantas noites sem conseguir dormir.


Tudo o que vestia lhe lembrava dele. Era como uma homenagem a ele. As cores da casa dele (verde e prata) e o seu cabelo amarrado no cimo da cabeça (uma lembrança da antiga Rose, da garota que ele amara).


Sentia a dor, a culpa, o medo e a tristeza em cada passo que dava. Era como se caminhasse para o inferno. O seu inferno.


Afinal, era isso que ela merecia. Rose Weasley merecia o inferno por cada coisa horrível que tinha feito.


Chegou finalmente ao local onde queria. Sentiu os raios de sol queimarem-lhe a pele clara e ouviu o som de pássaros a cantarem ao longe. Estava nos jardins de Hogwarts. Mas não estava sozinha...


Vários alunos se encontravam ali conversando baixo. Todos com rostos tristes, afinal a ocasião não era para menos.


A ruiva caminhou entre eles e desejou ser invisível, para não a puderem ver. Mas eles viam-na e pelos seus olhares, Rose podia facilmente adivinhar os seus pensamentos. "Culpada", era isso que pensavam. Rose Weasley era a culpada.


A grifinória continuou o seu caminho, podendo já ver o seu destino ao longe. Ouviu, ao fundo, uma mulher loira chorar nos braços do seu marido e teve de respirar fundo para não começar a chorar ali mesmo.


"Culpada" era o que seus colegas pensavam. "Culpada" era o que a mulher loira e o seu marido pensavam.


Finalmente chegou ao seu destino. Olhou para o caixão de madeira e uma lágrima caiu pelo canto do seu olho.


Ele estava lindo. Os seus cabelos loiros continuavam iguais, a sua pele estava tão branca como neve e os seus olhos... como ela queria ver aquele olhos cinzas uma última vez... Mas não podia, porque eles estavam fechados.


Scorpius Malfoy parecia como um anjo, um anjo adormecido. Mas ele não estava dormindo...


A ruiva soltou um soluço alto e começou a chorar.


"Culpada" era o que os seus colegas pensavam. "Culpada" era o que a mulher loira e o seu marido pensavam. "Culpada" era como Rose Weasley sentia-se. E "culpada" era o que Scorpius Malfoy pensaria se ele ainda estivesse vivo.


Mas não estava, porque Rose Weasley tinha morto o amor da sua vida.


(...)


Rose acordou sobressaltada. O seu rosto estava coberto de lágrimas, lágrimas de dor, de medo e de culpa. Sabia que tudo tinha sido um sonho, mas parecera tão real... Tudo aquilo poderia ter sido real.


Ajeitou-se na poltrona onde tinha adormecido. Tinham-se passado o que? Uns 15 minutos desde que a Madame Pomfrey praticamente a expulsara da ala hospitalar e mandara-a dormir. Mas ela não podia. Ela não conseguia. E não era só pela culpa.


Ok, a culpa estava a consumi-la por dentro, a destruir cada pedacinho da sua alma. Mas era mais que isso... era dor! Uma dor constante, uma dor maior do que ela alguma vez sentira. Uma dor que depois se tornava num vazio completo quando ela pensava na possibilidade de Scorpius Malfoy nunca mais acordar.


Quando deu por si, já lágrimas grossas caiam pelos seus olhos, borrando a sua maquiagem. Não que ela se importasse, por aquela altura, a sua maquiagem já devia estar toda borrada. E ela não queria saber, nem um pouco.


Levantou-se da poltrona e saiu do salão comunal da Gryffindor.


Sabia que não devia voltar à ala hospitalar, sabia que não haviam novidades e sabia que ele ainda não tinha acordado. Mas ela precisava de estar lá. Precisava de vê-lo, precisava de lhe pedir desculpa, mesmo que ele não lhe pudesse ouvir.


Sussurrou "Lumos" e uma luz fraca apareceu na ponta da sua varinha e ela caminhou pelos corredores escuros em silêncio.


Quando chegou ao 5ºandar, caminhou pelo corredor até chegar à ala hospitalar. Logo que viu Madame Pomfrey, andou até ela.


– Eu preciso de vê-lo! - afirmou a grifinória encarando a mulher. A madame Pomfrey ainda não deixara ninguém ver Scorpius, a curandeira apenas dissera que ele não estava bem o suficiente para receber visitas - Por favor - acrescentou a ruiva sentindo as lágrimas novamente a escorrerem pelo seu rosto.


– Senhorita Weasley, eu não tinha dito para a menina ir descansar? - perguntou a curandeira - O senhor Malfoy bateu com a cabeça com muita força e tem várias costelas quebradas, ele não vai acordar já. - explicou na forma mais calma e simpática possível, não queria alarmar Rose, mas a verdade é que o estado dele era grave.


– Eu sei que ele pode morrer! - Rose explodiu de raiva - Eu sei que é mais que isso, eu sei que o estado dele é grave. Ele não vai acordar do dia para a noite, eu sei, mas eu preciso vê-lo. - a sua voz começou a falhar e as lágrimas não paravam de cair - Eu preciso - acrescentou soltando um soluço alto.


Madame Pomfrey acabou por acenar positivamente com a cabeça. Percebia o quanto Rose estava a sofrer e tinha pena da garota. A verdade é que estava a fazer tudo o que podia, tinha administrado várias poções ao garoto, mas até agora, não estava a fazer efeito.


– Tudo bem, tem 5 minutos - afirmou a curandeira e afastou-se.


A grifinória limpou as lágrimas e entrou. Caminhou entre as camas vazias até chegar à dele.


A primeira coisa que reparou é que ele estava muito branco, quase como no seu sonho. Haviam vários machucados espalhados pelo seu corpo. Machucados que ela fizera. Porque ela era a responsável, só ela e mais ninguém.


Sentou-se numa cadeira ao lado da cama dele e agarrou na mão de Scorpius. Estava tão fria, quase como se ele não estivesse mais ali, como se tivesse partido.


Mas ela sabia que não, sabia que ele ainda estava ali, a lutar pela sua vida. A lutar, como sempre fizera. Afinal, fora ele que lutara sempre pelo amor deles, quando Rose já não acreditava que era possível.


E o que ela fizera? Ela quisera destruir aquele amor, ela quisera matá-lo! Como ela podia ter feito aquilo? Era isso que se questionava desde o momento que o vira a cair daquela vassoura.


Como fora capaz daquilo? Como tinha chegado tão longe naquela sua vingança boba e idiota? Quase matara uma pessoa!


Merlin, ela sabia o quanto os sonserinos a tinham feito sofrer, especialmente Scorpius por ser aquele que ela amava, mas nada justificava o que ela tinha feito. Nada justificava a pessoa que ela se tinha tornado.


Soltou outro soluço e ficou a olhar para o rosto dele por uns segundos. Ela sabia que o amava, não sabia bem quando tinha começado, mas sabia que aquilo não iria embora. Ela tinha lutado tanto contra aquele amor, mas acabara por fazer o oposto. Amá-lo cada dia um pouco mais.


Claro que ainda haviam coisas que ela odiava nele, como o facto de ele ter-lhe feito sofrer e te-la tratado mal por tanto tempo mas depois... Havia o sorriso dele, sempre presunçoso e cheio de segundas intenções. E haviam os olhos cinzas que pareciam estar sempre voltados para ela. E haviam tantas outras coisas... a forma como ele lhe tirava o fôlego, como a deixava sem chão e a fazia sentir especial. Os beijos dele que a levavam tanto ao céu como ao inferno, as palavras dele que a deixavam sem fala e às vezes... era como se ele adivinhasse os seus pensamentos.


Rose nunca acreditara em histórias de amor de contos de fadas, nem almas gémeas e todas essas coisas bobas que só aconteciam nos livros que Lily lia. Mas o que ela sabia era que, por mais que ela e Scorpius fossem diferentes, por mais que brigassem e se odiassem, acabavam sempre por voltar um para o outro. Talvez fosse destino, ou talvez fosse apenas e só o amor que sentiam que não os permitia estarem separados.


A ruiva soltou um suspiro triste e deitou a cabeça no travesseiro dele, bem junto do rosto do garoto. Só queria estar ali, junto dele, segurando a sua mão e dando-lhe forças para lutar, para ficar bem.


– Tu precisas de acordar - sussurrou perto do ouvido dele. Parou e engoliu as lágrimas, tentando que a sua voz não falhasse - Eu amo-te, por favor acorda e perdoa-me por tudo.


Ele não reagiu nem respondeu, mas a ruiva sabia muito bem que isso não ia acontecer. Mas ele ia acordar, ela sabia que sim.


Acabou por adormecer, ali, junto a ele.


(...)


Na manhã seguinte, Rose acordou com o som de vozes. Não falavam assim tão alto, mas ela acabara por acordar.


Ajeitou-se na cadeira acabando por morder o lábio ao sentir uma dor nas costas por ter dormido numa posição tão desconfortável. Mas não se importava, uma pequena dor era nada comparado ao que merecia.


As vozes continuaram e ela pôde ouvir um choro baixo. Levantou-se sem fazer barulho e aproximou-se da porta, podendo ver de quem se tratava e sobre o que falavam.


Era a mulher do seu sonho, Astoria Malfoy, mãe de Scorpius e o seu marido, Draco Malfoy. Rose não os conhecia assim tão bem, só os vira algumas vezes em Hogwarts. Afinal, Malfoys e Weasleys não se davam tão bem assim.


Astoria e Draco conversavam com a Madame Pomfrey e Rose não precisava ser um génio para saber o porquê: Scorpius.


A ruiva tentou se concentrar nas vozes, tentando perceber o que diziam. Só queria saber se havia novidades sobre o loiro.


– O estado dele é assim tão grave? - perguntou Astoria, tentando controlar as lágrimas que queriam cair pelo seu rosto. Sabia que devia manter a postura, mas não conseguia, não quando o seu filho estava em risco de vida.


– Temo que sim - afirmou Madame Pomfrey - As poções que preparei de pouco ou nada serviram, se ele não melhorar... - não conseguiu continuar, porque logo Draco Malfoy a interromper.


– O que está a querer dizer com isso? - perguntou o homem mantendo a sua postura fria e séria, mas havia preocupação nos seus olhos.


– Se ele não melhorar, teremos de transferi-lo para St. Mungus. Temo que não haja mais nada que eu possa fazer e lá ,talvez, ele tenha um tratamento melhor. - afirmou a curandeira, apesar de manter a postura formal, estava preocupada com o garoto.


Astoria Malfoy soltou um soluço e abraçou o marido que continuou com a sua postura séria mas acabou por abraçar a mulher. Apesar da sua postura, também ele estava bastante preocupado com o filho.


– Como é que isto aconteceu, Draco? - perguntou a mulher entre soluços e lágrimas.


Rose quis morrer. Ela realmente quis. Para além de ter feito Scorpius sofrer e a si mesma, também fizera mal a tantas outras pessoas. À família dele, aos amigos dele, todos iriam sofrer e a culpa era sua.


Encostou-se à porta e deixou-se escorregar até cair no chão. Ver a mãe de Scorpius naquele estado partiu-lhe o coração. Aquela mulher não merecia perder o filho e Scorpius não merecia morrer.


Recomeçou a chorar, mas desta vez em silêncio pois não queria que ninguém a visse. Ela chorou por Scorpius, chorou por Astoria, até por Draco que apesar da sua frieza, também estava a sofrer. E chorou por si mesma, por todas as besteiras que fizera que não tinham perdão e jurou a Merlin, que nunca voltaria a ser a garota malvada e sem coração que machucava e usava as pessoas só para se vingar. Ela não voltaria a ser assim. Nunca mais!


(...)


– Sabes alguma novidade sobre o Malfoy? - perguntou Louis ao namorado quando entraram no salão principal.


– Eu fui ontem visitá-lo, mas a Madame Pomfrey não me deixou vê-lo - respondeu John preocupado com o amigo.


– Ele vai ficar bem, vais ver que sim - disse o lufano e agarrou na mão de John transmitindo-lhe confiança.


– Espero que sim - respondeu com um sorriso forçado. Estava realmente preocupado com Scorpius, não queria nem pensar na possibilidade de perder o seu amigo.


– Vamos ali com os meus primos? - perguntou Louis apontando para a mesa da Gryffindor - A Rose esteve sempre na ala hospitalar com o Scorpius, talvez a Lily ou o Hugo saibam alguma novidade.


– Vamos - respondeu John caminhando até lá.


– A Rose não dormiu no dormitório hoje? - perguntou Hugo a Lily - Ela deve ter ficado na ala hospitalar.


– Sim, ela está devastada com o que aconteceu - disse Lily com uma carinha triste - Eu nunca a vi assim, se o Scorpius não melhora, tenho medo do que ela possa fazer.


– Olá pessoal - disse Louis se sentando ao lado de Hugo - Vocês sabem alguma novidade do Malfoy?


– Ele continua sem acordar - afirmou Lily - Pelo que parece, a Madame Pomfrey deu-lhe uma poção para ele ficar a dormir e assim recuperar mais depressa, mas ele já devia ter acordado - disse o final num tom de preocupação.


– Mas o que ele realmente tem? - perguntou John e sentou-se ao lado do namorado - A madame Pomfrey só me disse que ele bateu com a cabeça com muita força.


– Ele teve um Traumatismo cranioencefálico, eu não sei bem o que é, acho que é parecido a um traumatismo craniano, mas mais grave. E pode ser mortal... - explicou Lily - Mas não vamos pensar mais nisso, ele vai recuperar, é só isso que temos de pensar. - disse tentando pensar positivo.


John concordou positivamente com a cabeça, mas ficou preocupado. Louis percebeu isso e abraçou-o.


– Ele vai ficar bem, temos de ter esperança - disse tentando acalmar o namorado.


(...)


Rose estava novamente sentada na cadeira junto à cama de Scorpius. Queria estar ali junto dele até ele acordar. Tinha fome e também algum sono, mas não queria pensar nisso. Mais nada importava, só Scorpius.


Ouviu passos, mas nem se virou. Sabia que era a Madame Pomfrey provavelmente para verificar se Scorpius continuava na mesma ou então para lhe dar alguma poção.


– A menina Weasley precisa de descansar - afirmou a mulher aproximando-se da garota - Se não, para além de tratar do senhor Malfoy, vou ter de tratar de si também.


– Eu estou bem - respondeu Rose simplesmente e agarrou na mão de Scorpius ficando a olhá-lo enquanto a sua mente relembrava todos os momentos que tinham passado juntos. Aquilo não podia acabar assim, não depois de tudo...


– Menina Weasley, isto é um ordem! - respondeu a curandeira já um pouco irritada - Vá comer qualquer coisa e vá descansar!


– E se ele acordar? - perguntou a ruiva sentindo os seus olhos começarem a ficar húmidos novamente - Eu preciso de estar aqui quando ele acordar.


– Menina Weasley - chamou a Madame Pomfrey e colocou a mão no ombro da grifinória - Eu vou ficar sempre aqui com ele, se ele acordar, eu mando chamá-la imediatamente - prometeu.


– Ok - respondeu Rose e levantou-se. Olhou para Scorpius uma última vez e depois saiu da ala hospitalar.


Caminhava pelo corredor de cabeça baixa, estava um pouco zonza pois já não comia à várias horas nem dormia. Mas então, ouviu uma voz e levantou o rosto.


– Rose! - Lily chamou a prima assim que a viu e andou até ela.


Rose correu até Lily e abraçou a amiga com força, começando a chorar imediatamente. Lily começou a passar as mãos pelos cabelos da prima, tentando acalmá-la, mas Rose não conseguia parar de chorar.


– Ele não pode morrer - a Weasley falava com dificuldade entre as lágrimas - Eu preciso tanto dele, ele não pode morrer - soltou um soluço alto - Eu amo-o, Lily.


– Eu sei que sim, Rose - Lily falou na sua voz doce e calma, mas também ela estava preocupada - Mas ele vai ficar bem, temos de ter esperança.


– Eu não consigo! - respondeu Rose desesperada - Eu preciso dele, Merlin, eu preciso tanto dele! Eu preciso de lhe dizer que eu o amo, eu preciso de lhe pedir desculpas - continuava a falar enquanto as lágrimas caiam sem parar. A sua voz a falhar várias vezes - Eu preciso dele, aqui, junto de mim, se não... - parou e soltou outro soluço - se não... eu acho que morro.


– Está tudo bem, Rose, ele vai ficar bem - Lily continuava a tentar acalmá-la e continuava abraçada à prima tentando reconfortá-la - Não penses nisso, ele vai ficar bem.


(...)


Na manhã seguinte, Rose acordou com os primeiros raios de sol da manhã. Depois de ter comido e ficado com Lily um pouco, tinha voltado para a ala hospitalar e novamente adormecera junto à cama de Scorpius. Aquilo começava a se tornar uma rotina.


Olhou para ele, com esperanças que ele estivesse diferente, mas não, estava na mesma.


Soltou um longo suspiro de cansaço. Já não tinha uma boa noite de sono à vários dias, mas não podia ser egoísta e se preocupar consigo mesma quando Scorpius estava entre a vida e a morte.


Levou a mão ao rosto dele, fazendo uma carícia. Ele continuava lindo, mesmo quando estava tão mal. Continuou a passar a mão pelo rosto dele até chegar aos seus cabelos loiros, cabelos esses que ela amava tocar.


Esboçou um sorriso triste enquanto brincava com uma mecha dos cabelos loiros dele mas sobressaltou-se quando reparou que havia sangue nas suas mãos. Ele estava a sangrar!


– Madame Pomfrey! - a ruiva chamou a curandeira imediatamente. Aquilo não podia ser coisa boa... Estava com medo, muito medo.


– O que se passa, querida? - perguntou a curandeira que apareceu rapidamente.


– Ele está a sangrar na cabeça... - disse Rose em pânico e afastou-se de Scorpius deixando a curandeira examiná-lo.


Enquanto via a Madame Pomfrey dar-lhe outra poção e examinar a ferida, Rose olhava o loiro desesperada e a única coisa que pensava era que nunca mais poderia dizer-lhe o quanto o amava.


(...)


Uns 15 minutos tinham-se passado, 15 minutos de incerteza, medo e tristeza. Rose não sabia como Scorpius estava, tinha-se afastado e deixado a Madame Pomfrey examiná-lo. E agora encontrava-se no corredor andando de um lado para o outro, desesperada, sem saber notícias do garoto.


Aquela espera estava a matá-la, não saber o que tinha acontecido, se tinha sido apenas mais uma ferida ou então algo mais grave e principalmente, não saber se Scorpius continuava vivo ou não.


Então, viu a Madame Pomfrey sair pela porta da ala hospitalar e praticamente, correu até ela.


– O que se passa? Ele piorou? - perguntou a ruiva aflita. Queria saber a verdade, por mais que machucasse.


– Sim - respondeu a curandeira e passou a mão pela testa, cansada - Já falei com os curandeiros de St.Mungus, vamos transferi-lo para lá, hoje.


Rose concordou com a cabeça e limpou uma lágrima que caiu pelo canto do seu olho.


– Posso vê-lo? - perguntou reticente - Só para me despedir...


– Sim, mas só por alguns minutos - respondeu a Madame Pomfrey e afastou-se.


A ruiva respirou fundo e entrou novamente na ala hospitalar. Andou até à cama dele que, por aquela altura, já sabia perfeitamente onde estava, mesmo se estivesse de olhos fechados.


Sentou-se na ponta da cama dele e tentou falar, mas quando olhou para ele, foi como se as palavras ficassem presas na sua garganta. O que lhe diria que já não lhe tinha dito naqueles dias todos? Que o amava? Que precisava dele? Que lamentava tudo o que lhe tinha feito? Tudo isso ela já tinha dito, embora ela soubesse que ele não tinha ouvido uma única vez.


Acabou por deitar a cabeça sobre o peito dele com cuidado, agarrou na mão dele e apenas... chorou.


Porque palavras não eram o bastante para explicar o quanto ela o amava e o quanto precisava dele. É o que dizem, só damos o valor quando perdemos e com Rose Weasley não era diferente. Ela sempre soube que amava Scorpius, mas só ali, quando ele estava entre a vida e a morte é que ela percebia que a sua vida sem ele, não era nada, era um vazio, uma escuridão completa.


E então... ela sentiu-o. Foi por apenas um segundo, mas ela sentiu. Scorpius tinha agarrado na sua mão!


Ela levantou a cabeça do peito dele, ficando a olhar para o garoto com o rosto cheio de lágrimas e sentindo o seu coração aos pulos.


– Rose... - ela ouviu-o sussurrar o seu nome e abriu um grande sorriso. O seu rosto voltou a encher-se de lágrimas, mas desta vez, de felicidade. No seu peito, sentia o maior alívio da sua vida. Scorpius estava a acordar! Ele estava vivo!


Então, o garoto começou a abrir os olhos. E Merlin, Rose pensava que nunca mais voltaria a ver aqueles olhos cinzas novamente.


– Como te sentes? - perguntou a ruiva preocupada e agarrou na mão dele transmitindo-lhe confiança - Eu pensei que te tinha perdido...


– Estou confuso... - respondeu o garoto um pouco desorientado - Doi-me a cabeça, o que aconteceu? - perguntou olhando para a grifinória. Mesmo que estivesse zonzo e desorientado, vê-la ali, preocupada com ele, deixava-o muito feliz.


– Está tudo bem, tu caiste da vassoura, mas agora estás bem - disse a garota aliviada e aproximou-se dele e deu-lhe um beijo na bochecha. - Tudo vai ficar bem agora - respondeu e levantou-se indo chamar a Madame Pomfrey para avisar que Scorpius tinha acordado.


(...)


Algumas horas tinham-se passado. Rose tinha apenas saido da ala hospitalar para comer e contar as novidades aos seus primos. Queria tanto falar com Scorpius a sós, mas os pais de Scorpius não saiam de junto dele nem por um segundo.


John tinha aparecido junto com Louis para ver Scorpius e até Evanna tinha estado ali por uns 10 minutos.


Rose tinha falado com a Madame Pomfrey que lhe tinha dito que Scorpius não tivera nenhuma sequela o que era quase considerado um milagre, depois da queda que tinha tido e do tempo que estivera a dormir.


Já a meio da tarde, Astoria e Draco Malfoy foram-se embora, mas antes de sair, a mulher veio ter com a garota.


– És a Rose, não és? - perguntou a mulher analisando-a. Astoria reconheceu Rose rapidamente, aqueles cabelos ruivos só significavam uma coisa, que aquela garota era uma Weasley, mas ao contrário do seu marido, Astoria não tinha nada contra os Weasleys.


– Sim, sou - respondeu a ruiva um pouco confusa pela mulher estar a falar com ela.


– Vi que estiveste o tempo todo com o meu filho, deves gostar muito dele - disse Astoria no seu tom formal - Ele chamou por ti, disse que queria falar contigo.


– Hum, então, eu vou falar com ele - afirmou a Weasley um pouco na duvida. Será que Astoria estava a querer dizer que ela não devia falar com Scorpius? Ou seria o contrário? Era dificil saber o que a mãe de Scorpius estava a pensar.


– Sim, acho que devias fazer isso - respondeu a mulher e Rose achou ter visto um vislumbre de um sorriso.Talvez, só talvez, Astoria até gostasse de Rose.


Mas a mulher foi-se logo embora com o marido e Rose foi ver Scorpius.


Quando entrou pela porta, o loiro logo se virou para ela e abriu um sorriso. Rose acabou por também sorrir e aproximou-se dele.


– Estás melhor? - perguntou a grifinória ainda preocupada, apesar de Madame Pomfrey ter dito que ele estava bem, mas que ainda ia levar algum tempo para recuperar totalmente.


– Estou - respondeu o loiro - Então, eu cai da vassoura no jogo de Quidditch? Aposto que perdemos - fez uma careta - Não sei como cai, não me lembro bem, mas eu sempre fui otimo em cima da vassoura, não sei como isto aconteceu - afirmou pensativo.


Rose ficou uns segundos em silêncio. Não sabia que dizer, na verdade, sabia o que tinha de dizer, mas precisava de coragem. Quase perdera Scorpius e agora que ele tinha acordado, se lhe contasse a verdade, ia perdê-lo para sempre.


– O que se passa, Rose? - perguntou o garoto reparando na expressão dela.


– A culpa não foi tua... - disse a ruiva quase num sussurro - Fui eu! - admitiu mordendo o lábio nervosa.


– Como assim? Foste tu? - o sonserino encarou-a confuso sem perceber o que ela queria dizer - Explica, por favor.


A ruiva respirou fundo e contou.


– Desde o Baile de Inverno que a única coisa que eu queria fazer era me vingar de ti, do John e Evanna. E tu sabes perfeitamente o porquê - disse se referindo ao tempo em que eles a humilhavam - Depois do que a Evanna me fez no Baile, eu sabia que tinha de me vingar. Só que eu nunca pensei que me vingar, significava me tornar um monstro. Fui eu que espalhei as fotos da Evanna e do John pelo salão principal, fui eu que envenenei a Evanna, fui eu que contei a toda a gente sobre o John e o Louis serem gays. Fui eu que dormi com vários garotos que nem sabia os nomes porque... porque sim. Porque queria te machucar, porque queria ser uma pessoa diferente, uma pessoa fria e sem sentimentos. E foi por isso que dormi com outro garoto logo depois de ter dormido contigo, porque tu fizeste-me sentir tantas coisas que eu não queria sentir... Eu fiz tantas coisas horríveis, eu tentei destruir-vos e em parte consegui, mas também me destruí - passou as mãos pelos cabelos e desviou o olhar dele, não podia encará-lo, tinha vergonha - E... fui eu... que lancei um "confundus" e te fiz cair da vassoura e quase morrer.


Scorpius ficou estático, sem conseguir se mover ou falar. Estava incrédulo, esperava tudo, menos aquilo... Podia perdoar ela ter-se tornado uma vadia, podia perdoar o mal que ela fizera a ele e aos amigos. Mas não podia perdoar ela o ter tentado matar.


– Diz alguma coisa - sussurrou a garota sentindo a culpa consumi-la por dentro.


– Como foste capaz? - perguntou Scorpius olhando para ela mas sem conseguir acreditar no que ouvia. Quem era realmente Rose? Ele não sabia. Sempre achara que ela era bondosa, divertida, sincera, um pouco inocente e ingénua até, mas ela tinha mudado tanto... se transformado numa pessoa capaz de matar outra.


– Por favor, perdoa-me - pediu a garota finalmente levantando o rosto e encarando-o. Haviam lágrimas nos seus olhos, mas nos dele também.


– Tu não me podes pedir isso, não agora... - afirmou o garoto - Sabes que isso é grave demais.


– Mas eu amo-te! - Rose afirmou soluçando - Eu amo-te e tu também me amas. Por favor, perdoa-me - pediu. Se precisasse de suplicar, ela o faria. Só queria que ele a perdoasse.


– Rose... - ele soltou um suspiro e passou a mão no rosto dela - Eu amo-te - afirmou com um sorriso triste - Mas não posso te perdoar sem tu antes te perdoas a ti mesma.


– Perdoar? A mim mesma? - perguntou a garota sem entender o que ele queria dizer.


– Tu culpas-te pelo que fizeste e bom, tens razão para isso. Mas também ainda estás muito confusa e ainda não sabes quem realmente és. - afirmou o garoto - E eu estou furioso e também não sei quem realmente é a garota que eu amo. - falou numa forma calma e sincera - Nós precisamos de tempo, para sarar as feridas, para nos perdoarmos e para nos encontrarmos.


– Então... não me perdoas? É isso? - perguntou a ruiva e mordeu o lábio triste.


– Não, não perdoo. - respondeu e puxou-a para perto de si e deu-lhe um beijo na testa. - Por agora - acrescentou.


Rose concordou com a cabeça quando percebeu o que ele realmente queria dizer. Estavam demasiado confusos, machucados e precisavam de tempo. Porque afinal, o tempo curava tudo, até as feridas mais profundas.


(...)


Rose Weasley estava deitada na cama com o seu caderno preto à sua frente. Já o tinha lido e relido umas 3 vezes, embora soubesse perfeitamente tudo o que estava lá escrito. Estavam ali escritas, todas as coisas horríveis que ela tinha feito.


Depois de sair da ala hospitalar, tinha vindo para o seu dormitório e escrito sobre Scorpius, sobre o quase ter morto, os motivos e o quanto estava arrependida.


Mas sentia que ainda havia algo que não estava bem... Scorpius tinha dito que ela precisava se encontrar, descobrir quem realmente era e se perdoar.

Bom, só havia uma maneira de fazer isso. E precisava começar por se livrar daquele caderno.


Não, não ia atirá-lo no lixo e esquecer tudo o que fizera. Não podia fingir que isso não acontecera, ela realmente fizera aquilo tudo e precisava ser castigada.


Agarrou no caderno com a palavra "Revenge" escrita em letras grandes e saiu do seu dormitório. O salão comunal da Gryffindor estava praticamente vazio, o que era normal àquela hora, provavelmente estavam todos a jantar.


Atravessou o quadro da mulher gorda e andou pelo corredor.


Aquele era o primeiro passo para se perdoar, tinha algum medo de como as pessoas iam reagir, tinha medo que nunca a perdoassem, mas sabia que era a coisa certa a fazer.


Iria ser expulsa de Hogwarts? Provavelmente. Mas valia a pena, afinal estava a ser sincera e verdadeira, o que já não era à muito tempo. Ia levar as culpas pelo que tinha feito, ia sofrer tudo o que tinha a sofrer, porque tinha esperanças que no final, tudo valesse a pena e pudesse ser feliz finalmente.


Quando percebeu, já tinha chegado ao gabinete da Diretora McGonagall. Deu duas batidas na porta e ficou à espera.


Estava na hora. Era hora da diretora saber tudo o que ela fizera, era hora de entregar aquele maldito caderno, se redimir e seguir em frente.


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Notas finais do capítulo

Um traumatismo cranioencefálico ocorre quando uma força externa causa um ferimento traumático no cérebro. E sim, pode mesmo ser mortal (se alguem tiver interesse em saber xD). Não, não sou médica, gente, usei o google xD Tive de pesquisar né, para descobrir que lesão o Scorpius teria e tinha de ser algo grave.
Este é o penúltimo capitulo, o proximo não sei quando sai e gostaria que fosse antes da fic completar 2 anos, mas não sei se vai ser possível.
quem achou mesmo que o scorpius tinha morrido? acredito que muita gente, o objetivo era esse mas... não, nunca pensei em matá-lo, só fazer a rose sofrer e perceber que tinha sido uma idiota.
achei este capitulo um pouco mais chato porque tambem nao tem muitas emoções pois centra-se só na rose preocupada com o scorpius.
eu sei que todos querem que eles façam as pazes, mas o scorpius acabou de descobrir que quase morreu por causa dela, não lhe pode perdoar na hora né...
até ao proximo capitulo, quem está ansioso? *o*



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