Mal Feito, Feito! escrita por Anne Lestrange


Capítulo 1
Maratona à meia noite


Notas iniciais do capítulo

Metade do mundo não consegue compreender os prazeres na outra metade. (Jane Austen)



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A sessão reservada estava às escuras e o ar gélido, duas jovens observavam a prateleira mais alta da última estante.

— Eu cuido disso! — Disse a garota de cabelos castanhos encaracolados, a outra jovem tentou impedir, pois sabia que os feitiços da amiga sempre saíam às avessas, mas Anne já havia sacado a varinha. — Wingardium Leviosa! — Em menos de cinco segundos livros e livros foram arremessados ao chão.

— Eu disse pra você deixar a magia comigo. — Falou a garota loira em falso tom de irritação ao mesmo tempo em que girava a varinha em direção a porta murmurando: — Abaffiato! — Antes que todos os livros tocassem o chão com um estrondo.

— E agora o que a gente faz? Duvido que a gente ache aquele livro nessa bagunça! — A voz de Anne soava culpada. — Imagina quando descobrirem que todos os livros foram parar no chão. — Após observar a porta para ter certeza de que ninguém as ouvia, Alyx voltou sua atenção para os livros.

— Qual é mesmo o nome do livro? — Perguntou ela pegando um dos livros que estava caído no chão. Sua capa era marrom com grandes letras douradas reluzentes. Era uma linguagem estranha a qual Alyx não compreendia, então ela jogou o livro sobre a pilha.

— “Como se tornar um animago” Já disse mil vezes, você nem presta atenção no que eu falo, né? — Anne pegou o livro do topo da pilha e tentou tacar na cabeça de Alyx, porém, a garota agiu instintivamente colocando a cabeça de lado para não ser atingida. Em seguida parou para refletir.

— Já sei! – Murmurou ela. — Accio Animagus Livrus. — Um livro enorme de capa preta voou na direção de Alyx.

— Agora, por favor! Vamos dar o fora daqui. — Quando Anne terminou de falar já estava abrindo a porta. — Dá pra vir logo, esse lugar me dá arrepios.

— Psit! Fique calada. Eu só vou... — Mal havida terminado a frase e ouviu-se barulho de passos. — Acho que alguém está vindo. CORRE! — Disse ela saindo em disparada pelos corredores.

Apesar de Anne já estar na saída, demorou alguns segundos para entender o que a amiga havia dito, tempo suficiente para que antes que ela pudesse correr um braço a segurasse, era Slughorn.

— Oi professor! É sempre um prazer revê-lo. — Disse Anne tentando dar o seu melhor sorriso.

Alyx no meio do caminho percebera que não estava sendo seguida pela amiga. Ela então voltou para a biblioteca e viu Slughorn segurando o braço de Anne. Como o professor estava de costas foi tudo muito fácil. Ela deu um mínimo giro com a varinha e o professor tombou como se estivesse dormindo. Ela deu um pulo para trás para fugir do homem corpulento.

— Você a-ta-cou um professor! — Anne olhava atônita para o professor estatelado no chão. — Vão expulsar a gente. — A garota começou a correr acompanhando Alyx. — Que demais! Isso foi a coisa mais emocionante que Hogwarts já viu.

A loira olhou séria para a amiga.

— Você tem problemas, sérios problemas. — As duas estavam em um corredor quando Alyx esbarra em alguém.

— Hey, você não... Six? — Alyx estava olhando para um garoto de cabelos propositalmente bagunçados e olhos azul-acinzentados, ele a encarava com um leve sorriso no rosto.

— Alyx, o que você está fazendo nos corredores da Grifinória? — Ela olhou-o espantada.

— Grifinória? — Depois olhou severamente para Anne.     

— E o que você está fazendo andando pelos corredores há esta hora? — Anne olhou interrogativa para o garoto como se fosse a pessoa mais inteligente do mundo.

— Eu pergunto o mesmo para você, Senhorita Lestrange. — Ele deu aquele sorriso maroto que Anne e Alyx conheciam bem.

— Ah... é... a gente... Pois é, a gente tem que ir dormir... — Anne começou a puxar a amiga antes que Sirius falasse alguma coisa. Alyx começou a ser puxada por Anne tão bruscamente que deixa o livro cair. Sirius imediatamente o recolhe.

— Aham, o que é isso? — Perguntou ele como um professor que acaba de encontrar uma bomba de bosta.

Alyx se livrou do puxão de Anne e tentou recuperar o livro sem sucesso, Sirius o levanta impedindo. Ele olhou para cima lendo o título do livro.

— Animagia? O que vocês querem com isso? — Perguntou ele em tom de ironia.

— Não... é... da... sua... conta! — Respondeu Alyx entre pulinhos. Ela tirou a varinha do bolso. — Expelliarmus! — O livro voou da mão de Sirius enquanto Anne corria e o pegava.

— Ah, droga! — Disse a garota enquanto segurava firme o livro no peito. — CORRE! — Uma luz no fundo do corredor indicava que havia um professor por perto.

— PERNAS PRA QUE TE QUERO?! — Gritou Sirius enquanto corria pelo corredor. Anne e Alyx começaram a correr atrás do garoto.

— O que a gente faz? — Alyx perguntou para Anne e Sirius ao se depararem em um vão de três corredores.

— Vamos nos separar. — Disse Sirius. Alyx foi para o lado direito, Sirius seguiu reto e Anne foi para o lado esquerdo.

Os três prosseguiram correndo e cada um subiu uma escada diferente. Sirius estava subindo uma que levava de encontro a um retrato, Anne, uma que subia diagonalmente para uma porta antiga, e Alyx uma que levava para o banheiro masculino. Quando as duas estavam na metade da escada, elas começaram a se mover em direção ao retrato, parando com estrondo. Na mesma hora, Sirius sussurrou algo para a mulher pintada no quadro, e uma passagem se abriu. Anne e Alyx não pensaram duas vezes e entraram seguindo Sirius pela passagem.

— Por Merlin! O que foi isso? — Comentou Anne quando parou para respirar. Curvou-se e colocou as mãos sobre os joelhos tentando pegar ar.

— Nunca mais repita isso, An. Nunca mais! — Disse Alyx, com uma mão na parede, também buscando encontrar algum oxigênio. As duas notaram finalmente que tinham parado de correr, mas não sabiam onde estavam. Quando as duas se entreolharam uma voz cortou o silêncio.

— Diabos! Alguém pode me dizer o que vocês duas estão fazendo na Sala Comunal da Grifinória? — Perguntou Sirius, irritado e ofegante. Ele estava jogado em uma poltrona vermelha olhando para as duas garotas.

— A GENTE TÁ NA SALA DA GRIFINÓRIA! — Anne falou paulatinamente, ignorando a pergunta de Sirius.

— Isso daqui é bem menor do que eu pensei. — Disse Alyx olhando ao redor e empinando o nariz.

A sala em que os jovens se encontravam era praticamente toda vermelha, e muitos dos objetos e móveis que ali se encontravam possuíam um brasão com um leão. Sirius olhou para Alyx com um sorriso maroto nos lábios.

— E você esperava o quê?

— Ora, o da Sonserina é duas vezes maior. — Sobressaiu-se Anne, olhando as paredes e mexendo em um vaso sobre uma mesinha de madeira clara, com uma toalha redonda vermelha sobre ela.

— O da Sonserina é duas vezes maior. — Sirius imitou a voz de Anne com um tom agudo bem semelhante ao da jovem bruxa. — Isso não vem ao caso. — Argumentou Sirius à contra gosto. — Vocês têm que sair daqui.

Foi então que seus olhos caíram sobre um objeto retangular, repousado sobre um sofá na frente da lareira. Seu título crispava a luz das chamas. Anne havia-o largado ali em cima quando chegou à sala vermelha, Alyx seguiu o olhar de Sirius e viu o livro. Não sabia o que fazer. Pegava o livro e saia correndo para algum lugar? Ou dava explicações a Sirius? Sirius percebeu que Alyx também estava olhando a capa reluzente.

— Acho que vocês não responderam a minha pergunta. — Disse ele maliciosamente. Anne que estava observando o brasão desenhado nas cortinas com certo ar de nojo, olhou para os dois sem entender.

— Que pergunta?

— O que vocês querem com esse livro? — Sirius mantinha os olhos fixos nos de Alyx.

Ele podia sentir a respiração dela se acelerar, e seu lábio tremer levemente. Este era um de seus defeitos, seu lábio sempre tremia quando ficava nervosa e sua única saída era mentir. Claro que ninguém, exceto Anne sabia desse probleminha, senão ela já teria se dado mal há muito tempo.

— Ah. — Anne olhou para Alyx e seguiu seu olhar que ia em direção ao livro que havia deixado em cima do sofá compreendendo o espesso clima do lugar.

A garota não podia falar a verdade.

— "O saber é uma grande virtude." — Anne leu em um pergaminho que estava em cima da mesa. — Agora se não se importa a gente vai indo, porque essa não é...

Ela falou isso enquanto pegava o livro. Mas era claro que o garoto não ia deixá-las sair sem dar uma explicação.

Alyx olhou para Anne ao mesmo tempo em que Sirius, as duas sabiam muito bem que não sairiam dessa sem dar uma boa explicação, ou contar uma boa mentira. Sirius segurou o braço de Anne, e retirou o livro de sua mão. Ela não poderia fazer nada a não ser deixar, afinal, era uma sonserina na sala da Grifinória. Se fizesse um escândalo, os alunos que dormiam acima de sua cabeça acordariam, e fariam tanta algazarra que chamaria a atenção dos professores. As duas levariam uma bela detenção por estarem fora de suas casas, e terem entrado na Sessão Reservada no meio da noite.

— Escute, esse livro é para um... um trabalho do professor Slughorn. — Respondeu Alyx rapidamente, num ato desesperado e em meio a uma descarga de adrenalina provocada pelo excesso de hidromel que tomou em Hogsmead.

Anne bateu a mão na testa em sinal de me rendo. Sirius olhou seriamente para Alyx que tremia igual vara verde, pois sabia que tinha inventado a pior desculpa da sua vida. Ele ficou esperando que a resposta real aparecesse, enquanto balançava o livro na mão.

Alyx sabia que não conseguiria sair dali sem o livro e a boa vontade de Sirius.

— Está bem, queremos nos transformar em animagas. Satisfeito? Agora devolve o livro. — Ela jorrou as palavras como uma torneira. Então, estendeu a mão, esperando. Sirius paralisou, e Anne ficou de boca aberta. Essa cena permaneceu por alguns segundos até que as garotas foram surpreendidas pela gargalhada de Sirius, deixando-as espantadas.

— Ah, droga! Odeio os Black's. — Anne disse enquanto sacava a varinha e conjurava o feitiço. — Accio Animagus Livrus. — Em momento o garoto tinha sobrancelhas e no outro elas não estavam mais lá.

— Devia praticar mais isso Anne. — Disse Sirius, aparentemente sem perceber o efeito que o feitiço da garota havia causado nele.

— Tenho mesmo. — Disse Anne fazendo uma careta. — Agora se você não se importa pode nos entregar o livro pra eu poder ir praticar na Sala Comunal da Sonserina. — As últimas palavras foram faladas em um tom de superioridade.

Sirius suspirou e entregou o livro à Alyx, aparentemente temendo que Anne fizesse algum feitiço que realmente causasse um efeito perceptível. Alyx pegou o livro e olhou séria para Sirius, havia algo em seus olhos, mas em um instante ele os desviou. Anne acabou com o momento puxando Alyx pelo braço até a saída. Ela parou e notou que não poderia sair, começou a empurrar, puxar e até tirou a varinha para fazer um feitiço. Alyx imediatamente baixou sua varinha, olhando da amiga para Sirius com ar de suplica.



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Notas finais do capítulo

Aos poucos os personagens como Severus, Lilian, os "Black", marotos, vão aparecer na história. Comentem se gostaram! Deixem idéias para novos capítulos.