Existe apenas duas coisas que Catherine odeia mais que sangues-ruins: Ser subordinada á alguém e ser traída.

            Nas últimas semanas ela começou a se irritar com a vida de agente dupla que estava levando. Não que seus planos estivessem indo mal, na verdade havia conseguido a confiança de ambos os lados e cada dia ela se aproximava mais do seu objetivo.

            Agora ela estava fazendo um relatório sobre os planos da Ordem para Voldemort.

            “Bem... Eles não têm certeza do que você deseja no ministério, pensam ser apenas uma arma. Embora eu tenha a nítida impressão que Dumbledore sabe exatamente o que é, porém finge não o saber” ela contou fria e entediada “Também crêem que o ataque ao Potter tenha sido tua culpa” completou.

“Muito bom... Vejo que você está os  enrolando muito bem” Voldemort a parabenizou “mais alguma coisa?” Perguntou por fim.

“Neste momento eles estão resgatando o Potter da casa dos tios e o levarão para sede” ela informou desinteressada.

            “E porque não falara isto antes?” Voldemort indagou com um tom raivoso.

            “Bem... Achei que não seria bom para a minha credibilidade se o garoto fosse atacado num plano bolado hoje de manhã, além do mais você não pode reclamar que eu lhe traí, afinal eu contei o plano a você, e lembre-se: Um duelo nos céus tende a chamar a atenção, tanto dos trouxas quanto dos bruxos, imaginei que você ainda deseja trabalhar na surdina” ela respondeu com uma nota de desprezo na voz o encarando.

            “Em resumo tentou me manipular ao seu bel prazer para sair apenas ganhando” ele deduziu passando seu olhar para a varinha nos seus longos dedos.

            “Não...” ela iniciou com um sorriso malicioso “Eu consegui te manipular ao mel bel prazer e saí ganhando com isso” corrigiu com uma risada sádica.

            “Não me provoque!”Voldemort ordenou irritado com a varinha apontando ameaçadoramente para a cabeça dela.

            “Não se irrite, afinal somos iguais se você não lembra” Catherine provocou.

            “Saia da minha frente!” Voldemort a expulsou e a garota saiu sem dizer mais nada.

            Aparatou e apareceu na frente da casa número doze do Largo Grimmauld, claro que se os trouxas ou qualquer bruxo que não seja da ordem aparecesse, só veriam as casas onze e treze.

            Ela andou até a porta e a tocou com a varinha, ouviu alguns ruídos metálicos antes de abrir a porta e adentrar na casa suja e pouco iluminada.

            Trancou a porta á suas costas e se dirigiu à porta aberta da cozinha, onde Sirius Black, Gui Weasley, Severo Snape e o casal Weasley aguardavam os demais integrantes.

            “Boa noite” a garota cumprimentou encostando-se à parede ao lado do armário da cozinha.

            “Cath! Como foi lá? Fico tão preocupada quando você está com ELE!” a ruiva gorducha, pálida, mas com os mesmos olhos doces e maternos, quase uma cabeça menor que a garota, exclamou a abraçando Cath.

            “Já falei para não se preocupar Senhora Weasley, não tenho medo dele” a garota consolou com uma falsa voz doce.

            “Mesmo assim...” ela começou, mas ouviu a porta se abrir novamente, soltou a garota e foi ver quem chegara “é o Harry” avisou indo cumprimentar o garoto.

            Não se passou muito tempo e pôde-se ver os demais membros da ordem adentrando a cozinha.

            Primeiro entrou Quim Shacklebolt, um bruxo careca com um único brinco numa orelha, pele negra e bem alto, em seguida os cabelos grisalhos, nariz faltando pedaço e os olhos distintos de Alastor, vulgo Olhos-tonto, Moody entrou, uma bruxa jovem de cabelos rosa chiclete espetados, olhos escuros e rosto em forma de coração chamada Ninfadora Tonks, ou apenas Tonks.

            Elifas Doge, com seus cabelos prateados, Dédalo Digle e sua cartola roxa, Emelina Vance e seu ar imponente, Ertúrgio Podemore, com seu queixo quadrado e chapéu cor de palha, Hestia Jones, com suas faces coradas e cabelos negros, por fim Remo Lupin, com seus cabelos salpicados de fios prata e rosto jovem porém cansado, todos adentraram e sentaram-se à mesa.

            “Acho que podemos dar um início oficial à reunião agora” Cath informou saindo da parede e sentando-se na ponta da mesa.

Ao fazer isso recebeu alguns olhares de reprovação, afinal é neste lugar que Dumbledore senta quando vem para as reuniões.

“Receio que não seja você quem  decide isso” Moody a cortou.

            “Caro Alastor, eu não decidi nada, só informei o óbvio” Cath retrucou com um sorriso irônico.

            “Primeiro tópico: Quais são os planos de Você-sabe-quem?” Sirius os interrompeu “Seboso, está a fim de começar?”

            “Sim” Snape, entendendo a deixa de ‘fala algo antes que eles tentem se matar de novo’ que Sirius deu, se levantou e começou a recitar com seu ar superior que usava especialmente para humilhar o Black “ O Lorde das Trevas está começando a trabalhar mais arduamente em conseguir o que quer no Ministério do que em  conseguir aliados.”

            “Mas isso não quer dizer nada, afinal o grupo que ele mandou para as montanhas está estabelecendo contato com os gigantes e os Lobisomens também estão pendendo para o lado dele, especialmente o bando de Grayback” Cath continuou, e ao mencionar o nome do lobisomem Lupin franziu a testa “Os planos para recuperar os comensais presos também está em pauta, mas este não esta sendo dado muita importância no momento” finalizou quando a Senhora Weasley entrou silenciosa e se sentou ao lado do marido.

            “Então Hagrid tem que ser rápido... Quem exatamente ele está usando no ministério?” Lupin perguntou.

            “Bem ele adora usar a influencia do Malfoy, porém ele não é útil quando o quesito é o Departamento de Mistérios... Crabbe e Goyle também são bastante usados, mas nenhum sabe da informação que ele deseja” Cath começou.

            “Mas temos certeza de que o Lorde sabe exatamente onde o que ele quer está” Snape finalizou.

            “Mais nada?” O Senhor Weasley indagou.

            “...” Tanto Cath quanto Snape ficaram em silencio.

            Então passaram para os planos de vigilância no Departamento de Mistérios.

            Liam as plantas e bolavam planos, decidiam quem ficaria de tocaia e quando e por quanto tempo, também viam rotas de fuga e meios de comunicação.

            “Ainda não entendo o porquê de tanta preocupação com uma porta a qual ambos os lados demorarão a entrar, vocês deveriam estar mesmo é fazendo um conhecimento do inimigo, ou melhor pegar todas as informações que tem da última guerra e tentar formar o padrão que Voldemort atua! Quanto mais familiar e bem conhecido o inimigo for mais fácil de esmagá-lo!” Cath comentou seca.

            “O que você quis dizer com isso?” Sirius inquiriu interessado.

            “Vocês ainda não perceberam que uma guerra se resume ao um simples jogo? Um jogo em que os movimentos são feitos visando as reações prováveis do inimigo, deixando poucas escolhas cada uma com uma armadilha pronta no final, exatamente como num jogo de xadrez, um longo e mortal jogo de xadrez” Cath explicou séria.

            “E como isso nos ajudaria?” Gui perguntou também interessado.

            Cath deixou escapar uma risada fria e sarcástica “ Bem... Voldemort é o jogador por trás do tabuleiro inimigo, os comensais são as peças cuidadosamente movimentadas, ele tem um padrão de ataque e uma estratégia inteligente, vocês precisam conhecer a personalidade dele” ela completou sem emoção.

            “Obrigado pela opinião, mas estamos indo muito bem do jeito que estamos” Moody falou irritado.

            Com mais uma risada sarcástica Cath se virou para o bruxo encarando-o desafiadoramente “Pois eu digo que estou vendo brechas nítidas que permitirão um xeque–mate a qualquer hora” ela pausou um pouco e com um tom sombrio completou “São atitudes como esta que um dia lhe custarão caro, Alastor.”

            “Você por acaso sabe que estratégia ele usaria?” Moody provocou.

            “Por um acaso eu sei, só pela personalidade dele, deixa claro que ele primeira fará uma base muito bem protegida, e tentará abrir brechas no inimigo e na melhor oportunidade atacará sem piedade aniquilando qualquer peça que apareça em seu caminho” ela respondeu seca.

            “Bem, acho que já acabamos a reunião por hoje” Gui decidiu atrapalhando a discussão.

            Snape saiu rapidamente e os outros foram para a entrada terminar de discutir algumas coisas, Cath ficou sentada perdida em pensamentos enquanto o Senhor Weasley e Gui arrumavam as coisas.

            Não demorou muito para ouvir um TRABUM, o que significou que Tonks havia derrubado o porta guarda-chuva, segundos após o guincho do quadro da mãe de Sirius, retratada em tamanho e mau-humor natural e presa por um Feitiço Adesivo Permanente.

            ”Ralé! Escória! Filhos da sordidez e da maldade! Mestiços, mutantes, monstros, sumam deste lugar! Como se atrevem a macular a casa dos meus antepassados?” a velha berrava.

            Cath apenas se levantou e fez menção de sair da cozinha.

            “Aonde vai Cath?” Gui perguntou a encarando por cima dos rolos de pergaminho.

            “Jantar fora” ela respondeu indiferente.

            “Porque não fica para o jantar?” a Senhora Weasley indagou entrando na cozinha.

            “Não estou a fim de responder as perguntas do Potter” ela respondeu sincera e saiu do cômodo, andou sem prestar atenção em nada que acontecia à sua volta ou por quem passava até chegar à porta da frente. Saiu da casa, aparatando assim que o cheiro de lixo da rua encheu suas narinas.