Voldemort estava irado, tanto por ter comensais tão covardes, quanto pelo fato do garoto Potter ter escapado quando ele estava quase sendo derrotado.

Passaram-se duas, longas e frustrantes horas desde a hora que o garoto fugira pela chave de portal, havia punido todos seus comensais que vieram a seu encontro agora, mas não mexeram um músculo para procurá-lo quando estava fraco, alguns deles estavam presos em Azkaban e outros não se deram ao trabalho de dar as caras.

            “Mi lorde, Snape chegou e trouxe uma garota muito estranha com ele” Pettigrew anunciou aparecendo na porta do quarto mal iluminado em que Voldemort se encontrava.

            “Traga a garota primeiro, depois me acertarei com Snape” o Lorde ordenou, sem se dar ao trabalho de olhar para seu ‘serviçal’.

            Ele ouviu o ranger da porta ser encostada e logo uma voz fria e autoritária foi ouvida do lado de fora.

            “Eu posso andar sozinha, seu verme imundo, não toque mais em mim se deseja viver mais um dia” a voz ameaçava sem um pingo de dó ou piedade.

             Logo o rangido da porta foi novamente ouvido, sendo seguido por barulhos de salto altos pisando firme, forte e sonoramente no chão, indicando a entrada de alguém confiante e forte, a porta se fechou e os passos se seguiram aproximando sem medo da poltrona dele. Ao se virar para a dona dos passos, se deparou com uma garota de dezessete, talvez dezoito anos, de pele muito clara, alta, mesmo com o salto dava para perceber a altura a cima da média para mulheres, cabelos em ondas perfeitas negros, caindo em cascata pelas suas costas até atingir uns dois palmos a cima da sua cintura fina, era uma garota muito bonita, tanto em corpo, quanto em fisionomia, seus olhos carregavam uma frieza e ambição quase palpáveis e o sorriso gélido que brincava em seus lábios reforçava mais isto.

Ela tinha uma nítida semelhança com um garoto, que de certa forma já morrera, este garoto chamava-se Tom Riddle.

“Imagino que aquele velho tenha lhe mandado aqui” ele começou com sua voz grave e fria, que mais parecia um sibilado “Não é mesmo, Catherine?”.

“Mais especificamente falando, vim por livre e espontânea vontade, às vezes respondo a chamados” e mostrou o pulso esquerdo o qual dava para se ver nitidamente a marca negra “Daquele velhote, tive apenas a permissão” ela completou com sua voz gélida e feminina.

            “Imagino que esta boa ação por parte dele envolva algo em troca, ganhar uma agente dupla para a Ordem, talvez...” Voldemort conversava sem retirar o tom ameaçador da voz, mas um pouco curioso sobre as intenções da jovem garota, que já se mostrava ser muito boa em Oclumência não deixando a mínima brecha, mesmo ambos mantendo o contato visual.

            “Lorde... É meio que óbvio que esta é a condição daquele velhote, afinal que outro motivo ele teria?” ela respondeu com um tom divertido na voz “A pergunta certa seria: De quem eu serei agente dupla, do lado vencedor ou do lado perdedor”concluiu retomando a seriedade.

            “Qual lado você servirá? O vencedor” e ele apontou para si “ou o lado perdedor?” indagou imitando o tom divertido dela e entrando em seu jogo.

            “Não precisa ser um gênio para saber que a herdeira de Slytherin, escolherá o lado vencedor” Catherine replicou abrindo um sorriso interesseiro.

            “Poderei contar com você então.” Voldemort afirmou.

            “Até a morte.” Ela reforçou.

“Você terá que falar absolutamente toda informação, conclusão e plano da Ordem, e nas férias e feriados terá de vir toda vez que a marca arder, afinal se minhas contas estiverem corretas você já tem dezessete anos então pode aparatar quando bem entende” ele informou  “agora, pode voltar para Hogwarts, tenho assuntos para tratar com Snape” a dispensou.

“Como quiser” Catherine se ‘despediu’ e saiu da sala com um sorriso vitorioso.

Passou por Snape sem o encarar ou dirigir a palavra, passou pelos corredores escuros e desceu a escada antiga e barulhenta ao chegar ao hall de entrada foi até a porta a abriu e saiu, ao ver que a mesma se fechou, aparatou.

Sentiu o tão comum vórtice de cores e a desagradável sensação de seus pulmões ficarem sem ar, até que aparecer na frente do pub ‘Três Vassouras’.

Lançou um feitiço da Desilusão em si, ficando invisível, se dirigiu até a, agora fechada, loja de doces ‘Dedos de Mel’.

Abriu a porta com facilidade, lançando um feitiço silenciador no sino sobre ela e após entrar a trancou novamente. Andou até o porão da loja, chegando até a passagem secreta que ela sabia levar para dentro da escola.

Percorreu o longo e baixo túnel a passos rápidos, até chagar no final da passagem, ao abrir a entrada e sair da passagem se viu num dos corredores de Hogwarts, atrás da estátua da Bruxa de um olho só, fechou a passagem e desfez o feitiço da Desilusão.

Caminhou no mesmo ritmo apressado sem olhar ou falar com ninguém, visando apenas chegar ao sétimo andar e com isso á sala do diretor.

Ao chegar à frente da gárgula que guarda a sala do diretor  se deparou com o casal Weasley que também esperavam ser atendidos por Dumbledore.

“Cath! O que faz aqui?” A senhora Weasley perguntou preocupada.

“Explicarei lá dentro” ela respondeu com um sorriso educado para o casal.

“O diretor mandou-os entrar” a gárgula informou abrindo a passagem e os deixando passar.

            Cath subiu a escada circular rapidamente, sendo seguida pelo casal Weasley, ela entrou sem bater, e viu Moody, Lupin e Dumbledore a encarando, os dois primeiros meio confusos.

“Catherine! Tudo correu bem, eu espero, onde está Severo?” o diretor indagou amistosamente.

“Ele disse que tinha contas a acertar com o professor Snape” ela respondeu fria.

“Senhor e Senhora Weasley! Que bom que puderam vir!” Dumbledore os cumprimentou.

“Dá para alguém me dizer, qual o porquê dessa pirralha estar nesta reunião da ordem?” Moody exigiu mal-humorado.

“Dá para você respeitar os mais fortes?” Cath retrucou seca.

“E você é arrogante a ponto de achar ser mais poderosa que eu? Garota você tem idéia de quem eu sou?” Moody replicou estressado.

“O certo seria eu perguntar se você sabe quem EU sou” ela afirmou gélida.

“Cath, Alastor, parem” Dumbledore mandou fazendo os dois olharem para ele “antes que vocês se matem, vamos às explicações, Cath sente-se ali” e apontou para uma poltrona ao lado da janela “os demais se sentem na frente da minha mesa” pediu conjurando cadeiras para os outros, que se sentaram esperando explicações.

“Primeiro, quero deixar bem claro que confio na Cath, e por mais que o que eu estou prestes a dizer e o comportamento dela diga ao contrário quero que levem meu julgamento em consideração” Dumbledore começou “Há dezessete anos uma garota nasceu, no primeiro dia do ano, ela era filha de Bellatriz Lestrange e Tom Riddle, esta garota recebeu o nome de Catherine Black Riddle e foi deixada às portas do orfanato onde Tom passara a infância quando completou um ano de vida. Esta garota está sentada do lado daquela janela” e apontou para Catherine “ Bem, ela concordou em nos ajudar a espionar seu pai, que há muitos anos adotou o nome de Lorde Voldemort” terminou.

Lupin olhava de Cath para Dumbledore tentando entender exatamente o que se passava, ainda não podia acreditar que Você-Sabe-Quem poderia realmente ter uma filha, o Senhor e a Senhora Weasley estavam em estado de choque, por um lado pela garota que sempre acharam meio, como os trouxas diriam, dark, e por outro por ela nunca ter contado isto a eles.

Mas Moody foi o que teve a reação mais estranha, se levantou e foi até a garota com um olhar assassino “ Você! Sua traidora barata! Com sua pose arrogante, tinha que ser filha dele! Eu sei que assim que souber nossos planos sairá correndo contar para o papaizinho! Sua fedelha! Como você ganhou a confiança de Dumbledore? Lançou uma Imperius? Ou talvez o enganou? Você tem o mesmo sangue dele claro que irá nos trair!” ameaçava.

A garota que desde o momento que Dumbledore começou a contar parte da sua história olhava os jardins de Hogwarts esperou Moody para de acusá-la. Levantou os olhos e com a voz  fria carregada de ironia disse “Se eu fosse os trair, não estaria aqui ouvindo sua ladainha irritante e sim lá com meu papaizinho pensando na melhor maneira de matá-los, e afinal, o que VOCÊ  tem a ver com a MINHA árvore genealógica?” terminou lançando um olhar assassino à Moody e voltou a encarar os jardins como se nada tivesse acontecido.

“Não me importo com o que você ache dela, não confio nesta garota” Moody informou voltando ao seu lugar.

“Nós confiamos nela, afinal Fred e Jorge confiam e isto já basta” A senhora Weasley decidiu se levantou e foi até Cath “Tem certeza de que é isto que você quer fazer? É uma missão muito perigosa para uma garota tão nova” perguntou preocupada.

“Pode deixar Senhora Weasley, eu sei me cuidar muito bem, melhor até que o garoto Potter” Cath respondeu sem tirar os olhos da janela.

“Então podemos contar esta como a primeira reunião oficial da recém formada Ordem da Fênix! Nossa primeira missão será encontrar membros de confiança” Dumbledore anunciou.

“Certo” todos concordaram.

“Agora preciso falar com Moody se não se importarem gostaria que nos deixassem às sós” o diretor pediu e Lupin junto com os Weasleys saiu, Cath demorou um pouco mais, porém acabou se levantando e saindo da sala, não sem antes devolver o olhar assassino que Moody a lançava.

Ela caminhou pelos corredores desertos e silenciosos, sem se preocupar em ser pega por algum monitor, ouvia apenas seus passos e o eco dos passos do casal Weasley e do Lupin.

Demorou um tempo para chegar ao salão comunal da sonserina, que embora ainda fosse meia-noite, estava vazio, encarou a lareira semi-apagada e subiu para o dormitório feminino, ao chegar dirigiu-se para sua cama e dormiu.