A Domadora - Os Prenúncio dos Quatro Elementos escrita por Maria Beatriz


Capítulo 2
Capítulo 1 - Sora


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, o primeiro capitulo, dedicado ao meu leitor que eu-nao-sei-quem-é!
Enfim, esse capitulo, começa quando a Sora está chegando no vilarejo, onde dois dos quatro elementos estão. Lembrando que, a historia nao tem uma data ou ano certo de acontecimento, entao, nao tenho certeza se posso dizer que estamos em um século definido, tipo, pensem em uma arquitetura mais medieval e vitoriana... Ou, esqueçam o que eu disse e usem a sua imaginação. Mas nao arquitetura moderna, tipo, nao é o seculo 21 e nem depois dele.



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Era noite de lua cheia, o tempo estava bastante frio e, permaneceria assim por um longo tempo, já que o inverno chegara a poucos dias. E eu, estava passando pelo portão de entrada de um vilarejo à noite e deveras estava frio demais. Gosto do frio, mas ele em excesso, não é a melhor coisa... Motivos para eu estar aqui? Sou uma Domadora.

Domadores, são pessoas que tem um youkai, são poucas pessoas que ao decorrer da vida desenvolvem seus dons. Somos chamados de domadores, por conseguirmos domar nossos youkais interiores e, assim usarmos a sua “magia” e “poderes” como bem quisermos. No entanto, o meu youkai, não é o mais bem domado... Meio rebelde, diria... Sim, posso me comunicar com o meu youkai, assim como os outros domadores. Mas, apenas eu posso falar com ele, assim, como apenas ele pode falar comigo. Isso é como uma lei, eu também não posso me comunicar com os youkais de outros Domadores, mas na maioria das vezes posso identifica-los. Youkais são espíritos, entidades, com um poder a mais do que os próprios humanos reconhecem, até mesmo domadores desconhecem toda a sua força.

Mas esse não é o real motivo para eu estar aqui, o fato é que uma das anciãs previu uma profecia, na qual, quatro crianças nascem com poderes sobrenaturais, contudo, elas não têm nenhum youkai. Pelo que sei e pelo que me contaram, essas crianças poderão controlar os quatro elementos da natureza. Fogo, água, terra e ar. E eu, fui a domadora escolhida para fazer a proeza de trazê-los até a fortaleza de Argos. Se olhar por um lado, levar essas crianças para Argos, pode ser fácil. Mas é bem mais complexo do que parece. Essas três crianças nasceram em três mundos diferentes, duas estão na Terra, o mundo humano e dos domadores e, as outras, uma está no mundo das Trevas e a outra no da Luz. O que significa que além de ter que proteger os portais para os três mundos – sim, uma das tarefas dos domadores é essa, já que algumas criaturas nada “desejáveis”, as vezes resolvem passar pelos portais e ir parar os outros mundos, não é preciso dizer que ele não se comportam nada bem lá... – vou ter que viajar entre eles. E, que fui a domadora escolhida para cuidar e proteger essas crianças. Irônico isto, não? Eu não sei cuidar nem de mim mesma direito, quem diga quatro... Crianças...

Respirei fundo, tenho mais coisas para fazer no momento.

Coloquei o capuz branco de minha capa e finalmente adentrei o vilarejo. Pisando na longa rua de pedra.

Não havia muitas pessoas perambulando ao redor, pelo contrario, eu poderia contar nos dedos. O que é estranho, já que hoje, se não me engano, é uma dada importante. Dia de Risteys, em outras palavras, o dia em que os três mundos finalmente encontraram o fim para a Grande Guerra, ou seja, todo o ano nessa mesma data é comemorado o dia em que a paz finalmente se reinstalou em todos os três mundos. Pelo pouco que sei, a Grande Guerra começou somente entre o mundo das Trevas e da Luz, com a Terra entre os dois, sem saber ao certo qual apoiar. Hoje é uma data especial – por assim dizer, pois não me importo muito com isso – significa, que de certa forma, irá dificultar o que estou fazendo. Já que fui mandada diretamente para este vilarejo, com a intenção de encontrar dois dos quatro elementos. E o problema, é que isso pode demorar um bom tempo e chegar justamente hoje, significa que posso não encontrar um lugar para passar a noite, acredito que não deva ter uma só hospedaria com vagas. E o fato de eu ser uma domadora e carregar o brasão de Argos comigo, não faz diferença alguma, somos tratados como pessoas normais. Isso é realmente bom, em certas ocasiões...

Calmamente segui caminhando, de fato a rua estava bastante deserta e mal iluminada, porem, a luz da lua cheia ajudava a deixar o lugar mais claro. Passei por uma estreita rua, também, feita de pedras e cercada por casas simples, agora já era possível ouvir o barulho da festa em comemoração ao dia de Risteys, provavelmente, devo estar perto da praça central, o que significa que o tumulto está próximo.

Continuei caminhando, aos poucos o barulho das pessoas conversando abafado pelo som de musica, ficou mais alto e as luzes da festa pareciam ainda mais próximas.

Respirei fundo pela milésima vez neste mesmo dia, acho que não poderei descansar hoje, até porque, passar alguns dias viajando para um lugar um tanto que longe da Fortaleza de Argos, bem, qualquer um poderia estar cansado.

Tomei folego e encarei o aglomerado de pessoas, realmente eu estava bastante perto da praça central, na verdade, eu acabara de chegar nela, mas não imaginava que havia tantas pessoas... Contudo, a praça estava bonita, havia pessoas em todos os lugares, algumas crianças corriam e brincavam e por incrível que pareça, todos pareciam estar se divertindo, sem brigas ou discussões, tudo calmo demais... Haviam enfeites feitos, aparentemente, a mão, com papeis coloridos, fitas e tecidos. Havia também, desenhos pendurados em linhas de barbante, que atravessavam a praça. Bem, eram desenhos de criaturas estranhas, em outras palavras youkais, pelo menos as pessoas fazem esses desenhos os representando. Dizem que se alguém lhe oferecer um desses desenhos, que sempre estão presentes nos dias de Risteys, significa que terá boa sorte, mas para ter a boa sorte, deverá merecer, sendo assim, passar por dificuldades e saber lidar com elas. Bobagem, as pessoas mesmas que criam esses desenhos e não se importam, caso alguém pegue e dê para outra pessoa...

Comecei a caminhar entre as pessoas apressadamente, eu não estava ali para comemorar uma data especial, eu tinha deveres.

Novamente ajeitei minha capa branca, de forma que o capuz não deixasse a mostra meu rosto. Claro, algumas pessoas poderiam estranhar o que eu fizera, até porque sou estranha por aqui, mas acho que o brasão de Argos que está preso em minha capa, isto já mostra que não estou aqui desnecessariamente.

Finalmente já era possível ver o fim da multidão, por sorte às pessoas abriam caminho para quem estava apenas de passada, alguém como eu por exemplo. Passei ao lado de duas crianças, que no momento, pediam para que um rapaz colocasse os seus desenhos junto aos outros que estavam presos no barbante. Fiquei parada observando, é realmente difícil ver alguém fazer algo assim, tudo bem que aqui a maioria das pessoas é de família, mas mesmo assim... Retomei a postura e voltei a caminhar, não demorou muito e me vi livre da praça, finalmente longe daquele lugar cheio de... Pessoas.

Não, não sou antissocial, mas não gosto de tumultos. E muito menos, festas.

Olhei ao redor, atrás de mim estava à praça e, à minha frente, uma rua praticamente deserta, com poucas pessoas perambulando. Segui caminhando, novamente em linha reta – acho que irei me acostumar logo com isso -, acredito que se eu não achar ao menos uma hospedaria para passar a noite e, pode jantar direito, não descansarei de minha viagem... Preciso de um pouco de sorte.

O barulho da festa que acontecia na praça central, já havia cessado e estava tudo novamente tranquilo, porem, o silencio nunca dura. E logo foi quebrado com algumas pessoas que saiam de dentro de uma das casas, eles pareciam bastante animados e deveriam estar indo para a praça. Eles estavam saindo todos juntos, certo? Então aquela casa poderia ser uma hospedaria? Bem, provavelmente sim.

Parece que está com sorte hoje, Sora.

Continuei caminhando, enquanto meu youkai, Arcano, falava comigo.

Achei que você não iria mais falar comigo. Respondi mentalmente.

Arcano, o nome pode lembrar algo como um anjo, por exemplo. Mas a verdade, é que meu youkai é o espirito de um lobo da neve, mas não sei se ele já foi algo em especial em uma vida passada. Até porque, pelo que aprendemos enquanto estamos sendo treinados para nos tornarmos domadores, é que todos os youkais já viveram, já tiveram uma vida. Mas as suas almas não foram nem para o céu ou para o inferno, ficaram presas na terra, vagando. E assim, tornando-se youkais, a procura de um corpo que possa ser dividido, um corpo que tenha mente e alma semelhantes. Acho que posso dizer que domadores, são pessoas com almas compartilhadas. Todavia, isso foi o que aprendi em meus vinte anos de vida, mas acho que, o que sabemos sobre youkais não passa de teorias feitas pelo homem e, podem estar todas erradas. Ninguém sabe exatamente a origem deles.

Aproximei-me da porta de madeira marrom, fora dali que o grupo de pessoas saíra e, havia uma pequena plaquinha colocada na porta, escrito: “HÁ VAGAS” Senti-me aliviada com aquelas palavras.

Subi alguns degraus que estavam em frente a porta e finalmente a abri, sem me preocupar. Entrei e fechei a porta atrás de mim, enquanto retirava o capuz de minha capa. Olhei ao redor, havia apenas uma pessoa ali, que estava atrás de um balcão e de costas para mim fazendo algo que não me imporei em prestar atenção o que era, ao julgar pela aparência, deveria ser uma garota.

Aproximei-me e dei dois toques sobre o sininho que estava no balcão. Fazendo com que ela rapidamente vira-se na minha direção e parasse de fazer o que estava fazendo antes.

Ela me encarou com os olhos castanhos confusos.

–Ah... - ela parecia perdida, acho que a assustei. - O que quer?

–Vi a placa na porta. Achei que poderia passar a noite aqui.

–Espere só um momento. - Ela virou-se de costas para mim novamente e voltou a procurar alguma coisas nas pilhas de papeis que estavam nas prateleiras atrás do balcão.

Cruzei meus braços e os apoiei sobre o balcão de madeira. Ainda não consigo intender porquê de me mandarem até aqui... Ok. Mandaram-me diretamente para onde acreditam que esteja dos dois “elementos”, isso facilita a minha busca, mas ainda não me disseram os lugares exatos dos outros dois. E claro, precisavam alguém que fosse de confiança dentro da fortaleza Argos, nada melhor do que a filha de dois domadores renomados, certo? Maya Maarten, minha mãe foi uma grande domadora e teve um posto alto, treinando novos domadores e comandando alguns grupos. Lembro-me que ela me contara que seu Youkai tinha a aparência de uma águia e, que ela podia tomar a forma dele, transformando-se também no mesmo animal. Mas a conheci pouco, já que quando eu tinha cinco anos de idade, a cidade de Temesia – lugar onde se localiza a fortaleza Argos – a cidade foi atacada por um monstro ainda desconhecido e, lembro-me muito pouco daquele dia, não sei nem como descrever a forma desse tal monstro, somente sei que ele fora preso e trancafiado no subterrâneo da fortaleza Argos. Meus pais morreram naquele dia, lutando contra aquele animal desconhecido. Minhas lembranças podem ser turvas, mas o pouco que me lembro, é que as casas estavam pegando fogo e, o que aparentemente estava pondo fogo nelas, era algo que sobrevoava nos céus. Estranho, não? Pois é, ainda tenho duvidas, alguns dizem que foi um dragão, mas dragões não existem e foram extintos há muito tempo. Naquele dia, meu pai também morreu lutando para salvar a cidade, seu nome era Lions Hill, também foi um grande domador e tinha um posto alto dentro da fortaleza Argos. Acho que o seu youkai, também era um lobo, porem, era negro e seus olhos vermelhos, enquanto Arcano, é um lobo de pelagem branca e olhos azuis. Não lembro muito mais coisas sobre meus pais, já que fui criada desde então por Terence - um domador amigo deles e meu padrinho - ele também lutou naquele dia. Sei muito pouco sobre o passado de meus pais, somente que herdei a aparência da família de minha mãe, ou seja, olhos de cor cinza e cabelos igualmente da mesma cor, e claro os sobrenomes, o que significa que meu nome é Sora Maarten Hill.

–Assine aqui, por favor? - encarei confusa a garota. - Você está bem?

–Hã...? Ah sim, estou bem. – Céus, por quanto tempo fiquei fora da realidade, pensando em coisas totalmente desconexas com o agora?

Ela me entregou um caderno, com vários outros nomes anotados, mas não me importei em saber quais eram.

–Você estava pálida, parecia em outro lugar... - Ela comentou.

–Eu estava pensando... - Assinei o meu nome e entreguei novamente o caderno a ela.

Ela leu o que estava escrito.

–Prazer Sora - sorriu. - Pode me chamar de Mary.

Assenti, acho que ela iria falar mais alguma coisa, porem fomos interrompidas pela porta sendo aberta bruscamente e em seguida entrou dela, ou melhor, foi praticamente atirado para dentro, um rapaz. Era o mesmo que eu vira antes, na praça.

–O que você fez agora, Denzel? - Perguntou Mary indignada. - Não acredito que arrumou briga novamente... - Lamentou-se enquanto colocava uma das mãos na testa.

Denzel... Então, era este o nome dele? Agora de perto, ele aparentava ter mais ou menos a mesma idade que eu, uns vinte, vinte e um anos. Cabelos pretos e curtos ligeiramente desarrumados, e olhos castanhos. Vestia-se com uma blusa de mangas compridas na cor azul marinho e por cima, uma camisa aberta de mangas curtas, na cor cinza. Usava também um colar, com uma corrente de elástico preta e um pingente que aparentava ser uma aliança dourada. Suas calças estavam sujas e seus sapatos também, aparentemente, parecia ter rolado no barro, bem mais sujo de quando eu vira antes...

–Oi...! Alguém está me ouvindo? - Sim, e só agora reparei que eu ficara o encarando enquanto ele fazia o mesmo... Estou me sentindo ridícula. - Denzel, você brigou de novo?

Ele coçou os cabelos antes de falar.

–É... Acho que sim. - Disse confuso.

Mary revirou os olhos.

–Eu já deveria saber... Quem foi desta vez?

–Uns covardes que estavam incomodando duas crianças. - Hm, será que também eram as mesmas que eu vira antes?

–Você briga, mas tem o coração bom. -Mary diminuíra o tom de voz, mas ainda aparentava estar indignada. - Mostre a ela o quarto, e depois vá tomar um banho, você está sujo. - Por fim ela entregou uma chave à ele. Provavelmente, a chave para o meu quarto.

Ele assentiu enquanto pegava o objeto feito de ferro e depois, sem falar nada, seguiu caminhando em direção a algumas escadas que haviam ali, como não reparei nisto antes...?

–Veio de Argos? - Perguntou enquanto subíamos os degraus.

–Sim... Como sabe?

–Vi o brasão, que está preso na sua capa. - Ah sim, quem não iria reparar nisto, certo?

Fiquei em silencio, não por ser mal educada, mas é que não o conheço e, nas minhas ordens, devo chegar encontrar as duas crianças o mais rápido possível e voltar para Argos. Sem atrasos ou demora, mesmo que eu não tenha um tempo exato, mesmo assim, conheço muito bem as leis de lá.

Chegamos ao fim dos degraus da escada, à nossa frente havia um corredor com varias portas, provavelmente, eram os quartos. Denzel seguiu caminhando, até a última porta do lado direito do corredor. Ele parou em frente a ela.

–Você teve sorte... - disse enquanto abria a porta – É o último quarto vago.

Ele entregou-me a chave.

–Obrigada. - Falei enquanto, finalmente, entrava no quarto. Céus, a única coisa que quero agora é dormir...

–De nada e boa noite.

–Boa noite. - Falei e enquanto fechava e porta e em seguida, tranquei-a.

Fitei o quarto, era exatamente o que eu estava precisando. Havia uma cama de casal, uma cômoda e um armário, era um quarto pequeno, mas eu não estava precisando de um lugar grande e espaçoso. Tinha também, uma porta do lado esquerdo do quarto e, provavelmente, deveria ser um banheiro.

Tirei minha capa branca e a joguei em qualquer lugar, depois coloco em um lugar descente. Caminhei em direção e cama e joguei-me sobre ela. Em seguida, virei-me e fiquei fitando o teto de madeira.

Não sabia que você ficava cansada assim tão fácil... - Novamente, a voz grossa de Arcano se fez presente em minha mente.

Foram três dias viajando até aqui, a pé. Passando de cidade em cidade, vilarejo em vilarejo e floresta... – Está bem, isto é exagero.

Mas acho que você não terá muito tempo para descansar.

Por quê?

Sinto a presença de outro youkai por aqui

E qual é o problema? Terence deve ter mandado alguém para me ajudar.

Terence não mandou ninguém, esse domador não está com boas intenções...

Senti meu coração apertar.

Esta difícil localizar o exato lugar que ele está, mas acho que você deveria voltar para à praça central.

Meu corpo gelou, as coisas estavam fáceis demais...

Rapidamente levantei-me da cama. Corri meus olhos pelo quarto, sobre a porta de entrada, havia um relógio e os ponteiros mostravam que era meia noite e meia. Caminhei até minha capa que estava jogada no chão e a recoloquei novamente, destranquei a porta e sai do quarto. Guardei a chave dentro do bolso de minha calça cinza escuro e corri em direção às escadas, desci rapidamente, passei correndo por Mary que continuava remexendo em alguns papeis e finalmente cheguei à rua.

Continuei correndo até a praça. Era tudo o que eu precisava... Bufei. Mas continuei correndo em direção a praça, que alias, estava um caos. O que estava acontecendo?

Com toda a certeza, isso não é nada bom.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Entenderam? Duvidas? Quem será esse tal domador mal intencionado? O que sera que ele vai fazer? O que será que a Sora vai fazer? Descubram nos próximos capítulos!