A Domadora - Os Prenúncio dos Quatro Elementos escrita por Maria Beatriz


Capítulo 10
Capítulo 9 - Partida




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–Então, aquele rapaz que estava com você ontem, ele é o responsável pelos gêmeos, que são os dois elementos? O garoto se chama Yume e é o elemento terra, e a garota de chama Yoru, e é o elemento ar? - Terence disse calmo enquanto assimilava o pequeno resumo que eu dera sobre o que acontecera em minha viagem, enquanto o mesmo sentava-se em uma cadeira em frente mim na mesa da cozinha e tomava um gole de café.

–Basicamente isso - encarei-o e tomei um gole do café que estava em minha xícara. Terence por sua vez apenas me encarou com os olhos castanhos escuros, ele deveria ter uns quarenta anos de idade, se não me engano, talvez quarenta e dois. Seus cabelos eram castanhos e curtos, sempre divididos ao meio com alguns fios lhe caindo sobre o rosto de pele clara, mas também, nada pálida. Era alto, vestia uma blusa de lã na cor cinza e gola alta, usava calças pretas e botas também igualmente pretas, também usava luvas de lã nas mãos. A forma do youkai de Terence era uma onça negra, com a aura em um tom de marrom.

–E agora vocês terão que ir para o mundo da Luz e depois as Trevas? - Ele se levantou e colocou a xícara na pia.

–Sim. - Levantei e coloquei minha xícara vazia na pia também, enquanto Terence lavava algo que não me importei em prestar atenção o que era. Apenas virei de costa e escorei meus cotovelos na beira do armário. - Denzel não acordou ainda?

–Acordou mais cedo, acho que ele já foi para a fortaleza de Argos.

Hm...

– E você, não vai para Argos hoje?

–Eu estava treinando uma turma nova de domadores, mas hoje acho que não terá treino, então acho que não vou. Por quê?

–Nada... - Fiquei pensativa, talvez Terence tenha feito alguma expressão confusa com o que eu dissera, mas continuei a fitar o que havia a minha frente, apenas uma mesa no centro da cozinha com paredes beges e um armário encostado na parede, atrás de mim havia a janela que ficava sobre a pia ao lado dos armários, e por sinal, a janela estava aberta, o que fazia com que um ar gelado entrasse em casa. - Vi Luna ontem... - Comentei, apenas esperando a reação de Terence.

E imediatamente, ouvi o barulho de alguma louça caindo - dentro da pia - e depois ele virou rapidamente, por ultimo ainda acabou chutando uma das portas do armário.

–L-luna? E como ela está? - Ele secou as mãos com um pano branco e colocou sobre o armário.

–Aparentemente, ela deve estar bem - disse. - Serio você já deveria ter dito que gosta dela a um bom tempo... Eu acho ela bem legal e simpática.

–É mais complicado do que parece...

–Complicado? - franzi o cenho e arqueei meu tronco para encara-lo.

–Você não precisa intender. - Ele soltou ar pela boca e fitou os pés.

Ok, agora ele me deixou confusa.

Mas ele parecia um adolescente apaixonado daquele jeito.

–Está bem. Então vou indo. - Falei enquanto pegava minha capa que estava sobre uma das cadeiras ao redor da mesa, em seguida coloquei prendendo-a com o broche como de costume. Coloquei o capuz da capa, que por incrível que pareça, ainda estava bem suja.

–Espere não vá agora. - Parei de caminhar em direção a porta e virei, ficando de frente para Terence a alguns passos de distancia. - Tem uma coisa que preciso falar.

–Sobre...? - Arqueei uma sobrancelha e cruzei meus braços.

–Lembra-se de doze anos atrás? - Não pude deixar de mudar minha expressão de não-me-importo para uma expressão séria, o que ele queria falar afinal?! - Daqui uns dias eles irão soltar Aghata e manda-la definitivamente para as Trevas, caso ela não aceite abdicar da pratica de alquimia, se ela fizer isso permanecerá aqui na Terra.

–E o que eu tenho a ver com ela? - Tentei parecer calma, mas acho que minhas apalavras acabaram saindo ríspidas, talvez, um tanto que, amargas?

Terence respirou fundo, pareceu não ter gostado tanto da minha reação. Mas ora, ele estava falando dela, de Aghata.

–O que tem haver? - indignou-se - Você é sobrinha dela, e mesmo que Aghata tenha usado alquimia aqui na Terra e acabou sendo presa por causa disso, ela ainda continua sendo sangue do seu sangue... E também, me avisaram que ela queria falar com você... - Ele havia desaprovado completamente o modo como eu falara antes.

–Isso não importa - interrompi-o. - Ela sumiu dois anos antes de meus pais morrerem e, não apareceu após a morte deles. Foi encontrada somente três anos depois em uma cidade atacada por rebeldes, e além de ser imediatamente presa, teve mais a acusação de ter praticado a criação da vida humana artificial. Mas todos sabem que no que a criação da vida humana artificial resultou.

–A criação das feras durante a Grande Guerra... - ele pareceu tedioso ao dizer aquilo, como se fosse um assunto repetitivo e, de certa forma, realmente era. - Mas ela ainda continua sendo sengue do seu sangue, ela é a sua única família. Se seus pais ainda estivessem aqui, eles iriam querer que você falasse com ela.

–Você é a minha única família... - murmurei de maneira quase inaudível, talvez ele nem tenha escutado. - Está bem... - suspirei, não acredito no que vou falar. - Eu irei falar com ela... Mas depois que eu voltar.

–Você promete?

–Prometo. Palavra de Maarten.

–E quando você vai voltar?

–Daqui alguns dias. Não tenho certeza exatamente...

–Desejo boa sorte para você! - Ele sorriu de maneira divertida, o que aliviou um pouco a tensão que acabara se espalhando pelo ar.

–Obrigada. - Sorri em resposta.


–x-


Encarei o céu cinzento, hoje não estava nevando, mas a cidade ficara tapada de neve, devido ontem à noite. Os telhados das casas estavam brancos e as ruas só não estavam tanto, pois algumas pessoas perambulavam de manhã e isso fazia com que retirasse um pouco da neve, deixando à mostra a pavimentação de pedra.

Voltei minha atenção ao que havia a minha frente, estava na rua que me levaria diretamente para a entrada da fortaleza de Argos, ou seja, era a mesma rua do mesmo caminho que percorremos ontem ao chegar a Temesia. Apertei meus olhos e tentei ver melhor quem estava no portão de entrada da fortaleza.

Eram eles, sem sombra de duvidas os gêmeos, Denzel e Luna estavam lá.

Acelerei meu passo mesmo que não estivesse atrasada, mas também, não gosto de ser a ultima a chegar e nem a primeira. Não demorou muito, na verdade, alguns minutos para que eu finalmente pudesse chegar aos portões de Argos, desta vez, por sorte, não ouve interrupções - como Mesura, por exemplo.

–Bom dia! - Yoru acenou animada ao lado de Yume, a me ver chegar.

–Bom dia. - Dei uma breve olhada para dentro do pátio da fortaleza, talvez Luke pudesse estar lá e obviamente, ele não estava. Não sei nem ao menos como pude achar que estaria. Mas ele não é problema. Pelo menos, não agora.

–Viu Luke nos últimos dias? - Perguntei a Luna que no momento estava em silencio.

Denzel encarou-me confuso, mas deu de ombros fitando um lugar qualquer ao nosso redor.

–Não. Acho que ele deve estar fazendo algum trabalho para Argalon... - Argalon? Só poderia ser... - Por quê? Gostaria de falar com ele?

–Não, apenas queria saber. - Ela pareceu não se importar com minha resposta à-toa, senti-me aliviada por isso. Até porque, não irei falar sobre o que aconteceu antes de eu encontrar os gêmeos, pelo menos, não acho que será preciso falar agora.

Luna deu uma leve batida na saia de seu vestido, ajeitando algumas partes amarrotadas em seguida suspirou o que havia ao redor e em seguida olhou para mim:

– Acho que vou ir. - Ela fez uma pausa e ficou pensativa. - O grupo que mandamos até o oraculo ainda não voltou se tiverem sorte irão encontrar eles no meio do caminho. - Dizendo isto ela afastou-se de onde estávamos seguindo pela trilha de cascalho do pátio da fortaleza. - Espero que fiquem bem! - Gritou já um pouco mais afastada.

Suspirei e fitei a rua, ainda não consigo acreditar que vou ter que falar com Aghata, não acredito que prometi isso a Terence...

–Você está bem? - Assustei-me ao ver que Yoru estava parada a minha frente, encarando-me com os olhos verdes e pequenos e o queixo apoiado no dedo direito indicador, parecia analisar-me, mas ao mesmo tempo ela ficava um tanto que engraçada daquele jeito.

–Estou. Por quê?

–Sei lá... Você estava pensativa... - Quem me respondeu foi Yume.

–Ela estava pensando em Luke. - Fuzilei Denzel com meus olhos, devido ao comentário irônico que ele fizera.

Que ironia, ele não diria isso se soubesse que você na verdade arrancou a mão de Luke fora... – E pela primeira vez do dia Arcano falou comigo.

Bom dia para você também Arcano!– Ironizei minha resposta e não obtive outra dele.

Caminhamos em direção ao portão de entrada da cidade, o que não demorou muito, na verdade, foi bem rápido. Pois não conversamos e não paramos em momento algum, não havia o sinal de Mesura, o que de certa forma era bom, mas Denzel não havia falado nada ainda, e isso não posso dizer o que significa, pois mal o conheço. Enfim, estou começando a querer encontrar os outros dois elementos logo.

–Como será que eles são? - Yoru quebrou o silencio enquanto caminhávamos a alguns metros de distancia do portão em formato de arco.

–Eles quem? - Questionou Yume.

–Os outros dois elementos... - Ela pareceu tediosa ao dizer aquilo, mas de certa forma, ela parecia ter adivinhado os meus pensamentos quando falou dos dois elementos.

Por algum motivo, também gostaria de saber como eles são.

–Sei lá... - Grande resposta de Yume.

Passamos sob o portão, o que dava uma visão privilegiada da campina que cercava a cidade. Estava tudo completamente branco. Uma imensidão de branco que poderia dar dor de cabeça se se concentrasse por muito tempo em um único ponto, até mesmo as árvores mais próximas, que ficavam bem distantes, estavam cobertas de neve e quase que indistinguíveis entre o que havia ao redor. Poucos raios do sol se faziam presente, mas isso não deixava as coisas menos deslumbrantes, na verdade, as deixavam ainda melhores.

Sim, gosto de neve, talvez pela origem de minha família ou pelos poderes de meu youkai. Não sei dizer o porquê.

–Quem são eles? - Yoru apontou para a nossa frente, apertei meus olhos e tentei ver melhor o que estava acontecendo. Bem distante de onde estávamos, havia um grupo de cinco pessoas se aproximando, não era possível identificar quem, pois estavam longe. Apenas que um deles, aparentemente, caminhava apoiado em outro enquanto fitava o chão.

Imediatamente lembrei-me do grupo que fora mandado até o oraculo.

–Devem ser o grupo que Luna disse ontem... - falei.

–Como tem tanta certeza? - Indagou-me Denzel.

–Não tenho... - Respondi com simplicidade enquanto começava a caminhar um pouco mais rápido do que antes. - Apenas vamos!

Eles não me retrucaram, apenas seguiram-me enquanto atravessávamos a campina coberta de neve. Afastamo-nos da cidade em poucos minutos, o que significa que logo estávamos no meio da campina, entre a cidade e a floresta, já o grupo que pessoas que vinha na nossa direção caminhavam lentamente, embora, já estavam próximos de nós. Era possível até mesmo ver os integrantes do grupo, havia uma mulher alta e morena, que caminhava ao lado de uma garota mais baixa que ela, esta tinha cabelos castanhos avermelhados e curtos. Ao lado direito delas, caminhava um loiro vestindo um casaco longo de cor branca - que estava bem sujo era possível ver isso de longe. E do lado esquerdo delas, havia um homem alto de cabelos negros e curtos, o mesmo ajudava como apoio um garoto que aparentava ser mais novo que ele.

São eles.– Avisou-me Arcano. E por algum motivo, senti-me aliviada em saber disso.


Finalmente alcançamos o grupo, agora era possível ver quem eles eram. Randy era o loiro que usava o casaco que deveria ser branco antes, ele estava com o rosto manchado com terra e havia alguns arranhões também. Cellesty era a mulher alta e morena, seu rosto não estava tão arranhado quando o de Randy, mas ela estava com a manga da blusa rasgada. A garota que estava ao lado dela, não conheço, mas acho que deveria ser Amelia Roxane, como Luna dissera antes. Rezon era o homem alto que usava óculos, ele era o mais velho do grupo, sendo que deveria ter uns vinte e cinco anos. O garoto que estava com ele, identifiquei como sendo Ciel Becker, mas não pude ver seu rosto, pois estava abaixado fitando o chão, mas seus cabelos eram negros e repicados, com a franja cobrindo ainda mais seu rosto, juntamente com a gola alta do casaco que usava.

–O que aconteceu? - Não pude deixar de perguntar ao pararmos de caminhar, estávamos de frente para eles e de fato, estavam em um estado deplorável.

–Um “Oi, tudo bom? Estão bem?” seria legal, sabe... - Ironizou Randy. Dei de ombros, mas não pude deixar de notar que ele estava bastante cansado.

–Estamos voltando do templo do oraculo. - Rezon se pronunciou. - Trouxemos isto. - Ele retirou de dentro do bolço interno de seu casaco um colar. Tinha o cordão de outro e o pingente de rubi, era uma joia muito bonita e aparentava ser bem antiga. - É a joia sagrada que nos mandaram buscar.

Peguei com cuidado o colar, parecia que a qualquer momento iria se desmanchar. Encarei a pedra de rubi por alguns instantes, era definitivamente uma joia muito bonita.

–E deu muito trabalho conseguir ela, por isso e bom você cuidar bem dela, está bem? - A bendita ironia de Randy. Apenas dei de ombros novamente.

–Cala a boca! - Vociferou a garota de cabelos castanhos avermelhados.

Agradeci mentalmente por ela ter dito aquilo por mim.

–Arcádio disse que vocês também deveriam matar duas feras, além de ir até o oraculo. Como foi lá?

–Matamos as duas feras como foi mandado. - Rezon ficou pensativo, como se estivesse tentado recordar-se de algo. - Também descobrimos que, quando você for matar uma fera, arranque a cabeça, apenas isso. Mas, não fale para o conselho, não tenho certeza se eles irão acreditar.

–Mas... Matar uma fera apenas arrancando a cabeça... não é impossível fazer algo assim?

–Eu também achava isso. Mas deu certo. E sobre o oraculo...

–Elas não são nada simpáticas. - Randy intrometeu-se, recebendo um olhar desaprovador de Rezon.

–Não é bem assim como Randy disse. Oráculos são pessoas complicadas, e ela também disse que queria conhecer quem vai usar essa joia. Ou seja, você. - Disse Cellesty.

Ok. É estranho imaginar que um oraculo queira me conhecer...

–E como funciona essa coisa? - Perguntei, ora, eu não faço a menor ideia como viajar de um mundo para outro apenas com uma joia, até porque, isso é um pouco estranho.

Eles se entreolharam, menos o garoto que estava fitando o chão. Pareciam estar tentando escolher qual iria responder, ou, não sabiam como aquilo funcionava. O que seria um problema, de fato.

Amelia -acho que é esse nome - caminhou na minha direção sem dizer nada. Em seguida encarou a joia com seus olhos carmesim.

–Eu acho que você deve coloca-la... - Ela pegou segurou o pingente de rubi, sendo que eu ainda segurava o cordão de outro. - O oraculo disse que deveria imaginar o lugar que quer estar no outro mundo, seja ele qual for. E que se você for viajar com alguém, essas pessoas tem que estar o mais próximas possível de você quando for. - Ela soltou o pingente e se afastou.

–Obrigada...

–Amelia Roxane. Mas me chame apenas de Amelia. - Ela sorriu.

Com cuidado abri o fecho do colar, passei-o em torno de meu pescoço e coloquei, fechando o fecho novamente em seguida. Pensei em que lugar deveria estar o elemento água. Imediatamente pude ver o pingente irradiar uma luz branca, que aos poucos foi aumentando, ficando assim ao meu redor. Senti meus olhos doerem devido à claridade, mas ao mesmo tempo também pude sentir que Denzel e os gêmeos aproximarem-se de mim e a luz branca nos envolveu por completo.

E quando finalmente ela se desfez, estávamos em um lugar completamente diferente.


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Notas finais do capítulo

Duvidas? Criticas? Elogios? Serio, se vocês não falarem nada eu deleto a fic em uma semana ¬¬