Pode Me Chamar De Percy escrita por bersange


Capítulo 13
Em um banco qualquer


Notas iniciais do capítulo

/bersange/
finalmente a resolução do beijo



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Sábado foi um dia legal. Primeiro porque o Miranda Owls venceu com autoridade, depois porque eu tinha beijado Rachel, claro. Eu estava com receio do nosso futuro (se é que teríamos futuro), mas estava feliz comigo mesmo. Reuni coragem para agir e agi, e isso já era o suficiente para me deixar feliz.

Chegamos de ônibus e fomos recepcionados por algumas líderes de torcidas, Dionísio e as namoradas dos jogadores: Annabeth, Reyna, Juníper, Clarisse e Piper (que não era namorada de fato, mas uma amiga colorida).

- O diretor me mandou aqui recepcionar os heróis do basquete, ou pelo menos foi assim que ele se referiu a vocês - disse Dionísio, mal-humorado. - Parabéns e tanto faz, vocês estão sãos e salvos, mal posso conter minha alegria. Agora se me derem licença, tenho coisas mais importantes do que ficar aqui babando ovo de atleta, fui!

- Sempre uma doçura, não? - ironizou o treinador Hedge. - Cupcakes, vocês estão liberados para descansar um pouco, mas lembrem-se que vocês tem jogo amanhã. Então tentem não dormir tarde ou quebrar algum osso, ok?

- Farei o possível - disse Grover, sorridente. Lentamente nos dispersamos, indo para os nossos dormitórios. Vários alunos que passavam nos corredores nos cumprimentavam pelo jogo.

Ao chegar no quarto com Tyson e Grover, encontramos Nico lendo uma história em quadrinhos do Batman. Ele mal levantou os olhos para nos felicitar pela vitória, de tão concentrado que estava. Quando eu pedi para usar o laptop dele, ele mal abriu a boca para responder que sim.

Entrei no computador e chequei meu facebook. Na verdade, queria falar com Rachel e, por sorte, ela estava online. Eu a chamei. Ela respondeu e eu disse que queria falar com ela. Ela me mandou encontrá-la na praça em quinze minutos e eu concordei.

- Aonde você vai, Percy? - Grover perguntou, ao me ver saindo.

- Vou dar uma volta, só isso - respondi, evasivo. Saí dali rápido antes que algum deles fizessem mais perguntas ou que quisessem me acompanhar.

Eu tive o cuidado de colocar uma bala halls na boca antes de encontrar a ruiva. Só para garantir, pensei. Quando cheguei, Rachel já estava sentada em um dos bancos. A praça estava razoavelmente movimentada: Connor e Travis Stoll jogavam cartas com Castor e Pollux Wine (um duelo de gêmeos, talvez?), Jason e Reyna conversavam com Thalia, Leo e Piper, no outro lado Dionísio fumava enquanto conversava com outros dois inspetores (um jovem e bonito com jeito meio descolado e outro grande, forte e ameaçador) e vários outros alunos viviam suas vidas alheios a mim. Mesmo com tanta gente, Rachel sentara sozinha no banco e eu percebi que isso era comum, eu nunca a vi conversando com ninguém.

- Rachel Elizabeth Dare - cumprimentei.

- Percy Jackson - ela respondeu.

- E então...?

- Temos que conversar - ela disse, séria. - Sobre o nosso beijo

O modo que ela disse foi tão natural que me deixou desconcertado. Eu me sentia incapaz de falar sobre namoradas, beijos ou amores sem quase derreter de timidez.

- BATI! HAHAHA! - gritou Connor, do outro lado, forçando um riso. A dupla de gêmeos começou a discutir. Voltei-me para Rachel.

- Eu, hã, não sei o que dizer, Rachel - falei, sem conseguir encará-la por muito tempo.

- Eu acho que sei.

- Se sabe, então me diz - supliquei.

- Eu acho que você deve falar sozinho, sem ajuda.

- Eu, hã, não sei aonde você quer chegar...

- O que um garoto legal que convive com uma garota também legal deve perguntar depois que se beijaram? - ela disse, como se explicasse o óbvio a uma criança.

- Eu acho que entendi - falei. Senti minhas bochechas ardendo com vergonha e meu estômago parecia estar dando cambalhotas. Eu já sabia a pergunta que devia fazer e já tinha certeza que a resposta seria positiva, mas ainda assim me sentia um idiota incapaz de falar. Respirei fundo, reuni toda minha bravura e desembuchei: - Rachel, você quer namorar comigo.

Ela sorriu ternamente, colocou os braços em meus ombros em um abraço displicente e se aproximei. Coloquei a mão em sua cintura quase que por instinto e a beijei. De forma suave e rápida, apenas. Após nos separarmos, ela olhou para mim, com um sorriso que transmitia vida e disse:

- Não.

Esperei algum tempo para que ela começasse a rir, mas ela não riu. Se manteve impassiva e senti algo parecido como um murro na cara.

- Eu... não... saquei... - falei, sem fôlego.

- Sinto muito, Percy. Mas vou te dizer uma coisa pra você agora que eu nunca disse a ninguém. Eu sou uma artista de verdade, e faço obras sobre o que observo da convivência de alguns colegas. Por isso eu sei o nome de todo mundo e ninguém sabe quem eu sou. Evito que meus sentimentos atrapalhem meu julgamento o máximo possível.

- Rachel, isso é... - eu procurei a palavra certa. - Surreal.

- Surreal é Salvador Dalí, entende? - ela retrucou. Em outro momento, eu teria rido, mas me mantive incrédulo. - Desculpe, Percy, mas em nome da arte eu não devo me envolver.

- Mas arte não é se envolver? Não é expor seus sentimentos? - perguntei, sem acreditar direito no que estava discutindo.

- Mas tem os sentimentos representados na minha arte. Mas não os meus, não posso me envolver - ela disse. Eu sorri, subitamente já sabia o que dizer. O jogo havia virado. - O que foi?

- Você já se envolveu.

- Não entendi.

- Você já se envolveu, foi mal.

- Como assim?

- Naquela festa na primeira semana de aula, você veio falar comigo. Repito, você veio falar comigo, você quem quis falar. Ali, você já se envolveu e você deveria saber disso - eu falei, com expressão vitoriosa no rosto.

- Foi um erro... - ela mordia o lábio inferior, nervosa. - Eu me simpatizei com você... Eu não...

- Agora, já era. Você já se envolveu e não tem mais volta - eu disse, balançando a cabeça. Aproximei o meu corpo do dela e disse em tom de sussurro, como se desse um concelho. - Agora, se eu fosse você, mergulharia de cabeça. O caldo já entornou, nós já gostamos um do outro, oras.

- Eu gosto de você, Percy. Mas não sei...

- Somos tipo um casal agora - eu disse. Ela virou pra frente e encarou o horizonte. Eu coloquei a minha mão em cima da mão dela.

- Droga, Percy, você estragou minha arte, espero que você valha a pena.

- Você vai descobrir que sim - eu disse, confiante.

Ela sorriu e me beijou novamente. Somente nesse terceiro beijo que nosso namoro foi selado. Um novo casal foi formado. E, naquele momento e para mim, nós éramos uma dupla tão importante quanto Brad Pitt e Angelina Jolie. E éramos tão apaixonados quanto Romeu e Julita, Sid Vicious e Nancy, Rony e Hermione, Scott Pilgrim e Ramona Flowers e tantos outros casais que me fizeram acreditar que o amor era possível.

- E agora? - ela perguntou.

- Eu acho que a gente deveria sair em um encontro.


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Notas finais do capítulo

/percy/
não contem a ninguém, mas rachel é minha primeira namorada. eu já tinha ficado com uma ou outra garota, mas namorar mesmo, nunca.
mas é segredo, não contem a ninguém.