Descobrindo a própria luz escrita por Marii Weasley


Capítulo 3
Capítulo 3 - Conheço a verdade em meio às sombras


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem!



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 Um barulho imenso tomou conta do local, nos desnorteando e fazendo com que pessoas se jogassem contra o chão.

Nossa vista estava prejudicada, já que algo muito grande em largura tinha sua passagem dificultada e seu corpo seguia esbarrando em vitrines e estilhaçando vidro por toda parte.

Não ficamos parados para conferir qual era a novidade. Seguimos abrindo caminho, a procura da saída para o estacionamento ao ar livre que facilitaria um eventual combate e deixaria outras rotas seguras para a fuga dos mortais do shopping.

Annabeth deu instruções nervosas e nós nos limitamos a correr atrás dela. Ela era a maior chance de sobrevivência de todos ali, o melhor que podíamos fazer era simplesmente a obedecer e tentar não atrapalhar.

Foi então que vimos o fogo. E eu soube, naquele momento, que tudo estava fora de controle.

Fiz um esforço gigantesco para criar coragem e olhar pra trás. Me arrependi instantaneamente, já que congelei de medo. Uma serpente gigante, com mais cabeças do que eu pude contar seguia destruindo tudo ao seu redor na praça de alimentação.

Sua couraça parecia intransponível e era de um verde amarronzado que eu nunca tinha visto antes. Suas patas eram tão grossas que meu olhar foi diretamente direcionado para suas garras, gigantes e curvadas, como as de um dragão nos livros de princesa. Pior que isso tudo: era daquela criatura que o fogo estava vindo. Ela cuspia e rugia, lançando chamas em todas as direções e fazendo com que tudo virasse um verdadeiro inferno.

E então, aconteceu.

Um letreiro se desprendeu do teto e caiu certeiro em uma das cabeças da serpente. Por alguns segundos, nada além do sangue esverdeado espalhado pelo piso brilhante. Porém, um pouco depois, o monstro foi se deformando até que duas cabeças surgissem aonde anteriormente havia apenas uma, causando um calafrio pela minha espinha.

— Hidra – sussurrei. 

Olhei de relance para o lado e meu melhor amigo parecia abismado e surpreendido do mesmo modo.

Ele via a Hidra? Como eu? Como aquilo era possível?

Mas não havia tempo pra isso.

Annabeth, que havia continuado correndo, sentiu a nossa falta e voltou para onde estávamos,  agarrando meu braço e nos forçando a prosseguir.

Ela pulou para atrás do balcão do KFC e a seguimos sem mais delongas. Os caixas já haviam sido abandonados, os primeiros sinais de queimado saídos da cozinha deixando o ar mais fumegante. 

— Como ela me encontrou? – ela balbuciava, remexendo sua mochila como louca. – Os monstros ficam um pouco vingativos com relação aos semideuses que os vencem, para vocês saberem, talvez isso seja um pouco pessoal...

Eu conhecia muito bem Annabeth, sabia que ela estava fazendo aquilo de pensar muitas coisas ao mesmo tempo e agir. Era seu jeito de se manter firme durante um combate. Entender o inimigo para então vencer. 

Ela finalmente encontrou o que buscava e me encarou com um sorriso de puro nervoso. Olhamos para ela espantados, pois o que ela retirava de sua bolsa simplesmente era grande demais para caber ali.

— Se não quisermos matar todo mundo queimado, a nossa melhor chance é conseguir fugir – admitiu. — Não podemos derrotar a Hidra a ferindo, mas podemos ganhar algum tempo. 

Ela jogou sua adaga em meu colo e entregou a faca de reserva para Matt. Entendi o que ela procurava em sua bolsa quando a vi com uma porção de flechas douradas e um arco sacado. Ela odiava lutar assim. E eu pude sentir sua insegurança quando nos mandou sair do nosso precário e provisório esconderijo.

Então corremos, com aquele monstro gigantesco em nosso encalço. Annabeth não era a melhor arqueira, mas lançou saraivadas de flechas em direção ao monstro, mesmo em alta velocidade. Ela conhecia seus pontos fracos e conseguiu atingir certeira uma das grandes pupilas leitosas da criatura, a fazendo rugir desesperada e nos dando alguns minutos.

Estávamos tão perto do estacionamento que cheguei a acreditar que sairíamos a tempo. Que tudo ficaria bem. Foi quando senti um arrepio e uma rajada de fogo tomou conta da porta de emergência. 

Instintivamente, nós três viramos para o outro lado, percebendo que estávamos encurralados.

A Hidra estava em nossa frente, nos observando com a flecha gravada em seu olho ferido e o maxilar escancarado. A predadora havia capturado as presas. Era o fim.

A aljava de minha irmã jazia no chão, vazia. Com nenhum treinamento e armas de curto alcance, não tínhamos a menor chance de sair dali. Mesmo assim, entreguei a adaga para Annabeth e segurei em sua outra mão.  Sabia que ela morreria lutando.

Com um rugido de vitória, o monstro cuspiu fogo em todas as direções, me fazendo encolher e respirar pesado, aterrorizada. 

Segundos antes das chamas nos atingirem, entretanto, percebi que algo estava acontecendo. O ar se tornou subitamente mais denso e toda a praça de alimentação escureceu. Um frio congelante tomou posse do local, mesmo que esse estivesse cercado por labaredas. Agarrei Matt com a outra mão, instintivamente, completamente assustada.

A criatura me encarou, como se soubesse o que estava acontecendo, mesmo que eu própria não pudesse explicar. A frustração nítida em sua expressão.

E, abruptamente, a escuridão nos engoliu. Fui atingida por um vento forte que fez cada célula do meu corpo tremer e com que eu fechasse os olhos com força. Havia um formigamento estranho na barriga, e pensei que fosse desmaiar. Fomos sacudindo e sendo sugados de um forma totalmente inexplicável até que eu perdesse a noção do tempo e não conseguisse distinguir meus próprios pensamentos. Quando estava a beira da própria loucura, senti as coisas mudando de intensidade. 

Aos poucos, tudo foi voltando ao normal e o ar se estabilizando a minha volta. Porém, ainda não tinha coragem parar abrir os olhos e ver o que tinha acontecido. 

Até que Annabeth deu um suspiro estranho e sussurrou alguma coisa inaudível. Suas mãos escaparam da minha.

— Hei, esta tudo bem agora —escutei Matt dizer.

Abri os meus olhos devagar, mas não consegui enxergar muito além de dele. Nem do ar de um lugar onde eu nunca havia estado antes. 

Minha irmã e uma garota ruiva com uma armadura completa de guerreira olhavam para nós dois, estupefatas. Atrás delas, uma porção de adolescentes desciam uma pequena colina em nossa direção, causando um grande alvoroço. 

— O que diabos aconteceu, Annabeth? Eu estava aqui sozinha e vocês simplesmente... apareceram — a menina estava totalmente chocada. 

— Eu não sei, Clarisse.

— O que...? — Comecei a perguntar.

— Eu não sei — Annabeth repetiu com mais insistência.

Então entendi muito bem algo que não podia ser facilmente compreendido. Olhei a minha volta e soube onde estava e o que implicava estar ali. 

Aquele era o Acampamento Meio-Sangue. E um de nós, ou algo muito poderoso, havia nos permitido viajar mais de quatro mil quilômetros até ali. E, no momento, ninguém tinha uma explicação para isso.

Minha irmã ia falar mais alguma coisa, mas uma luz despertou nossa atenção: um símbolo dourado pairava acima da cabeça de Matt que me olhava pálido, cansado e confuso.

Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. E, aparentemente, nenhum dos outros campistas que fitavam a atípica situação também.

— O que foi, gente? — Matt arriscou perguntar, pois todos o encaravam. 

E a situação só ficou cada vez mais esquisita. Pois quando ensaiei tentar lhe explicar o que estava acontecendo, os rostos se voltaram em minha direção.

E instantaneamente soube que havia um símbolo diferente pairando em cima de mim também.  

Estávamos sendo reclamados.  

E esse foi o meu ultimo pensamento lógico antes de tudo ficar escuro. De novo.

 


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram??

Só postarei meu próximo capitulo na segunda que vem. De que deus os dois são filhos pra vocês??

Quero opiniões sinceras.



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