Sedução Da Noite escrita por Leelan Schaffer


Capítulo 41
Decida: Ela morre ou vive?


Notas iniciais do capítulo

No I'm not saying I'm sorry
One day, maybe we'll meet again
No I'm not saying I'm sorry
One day, maybe we'll meet again
No No No No
— (Closer To The Edge) 30 Seconds To Mars



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Ela estava andando sem rumo há horas, mas seus músculos agora eram fortes como ela nunca imaginou que seriam, e ela não se sentia minimamente cansada.Ao contrário, ela estava exausta. Mas somente emocionalmente.

Era tão estranho como os sentimentos dentro dela poderiam ser ligados e desligados tão facilmente como quando você aciona o interruptor de luz.

Alexya gostava da forma como ela se sentia quando ela simplesmente “desligava” seus sentimentos. Não havia culpa, não havia tristeza, tampouco saudade. Mas também, simples coisas que antigamente a faria feliz, como tomar seu Mocca no Starbucks enquanto olhava pela janela as pessoas indo e vindo, já não despertavam nada nela. Ela ficava tão vazia quanto um aquário sem peixes e era ai que ela resolvia ligar as emoções de novo.

Mas nesse momento ela queria ter uma noite como uma vampira dos livros antigos. Ela se permitiu manter as emoções desligadas e caminhou por entre becos e vielas mal iluminadas imaginando como seria ser um vampiro na época em que não havia energia elétrica para iluminar as ruas.

Tudo era excitante como se ela tivesse jogando um jogo, e ela pulou de cabeça dentro do personagem. Ela andava lentamente, permanecia nas sombras e mantinha em seu rosto um olhar sinistro.

Em um dos becos mal iluminados, ela encontrou um traficante de drogas. Ele estava claramente esperando algum cliente que deveria estar atrasado. Irritação irradiava dele como em ondas.

Alexya decidiu que essa era a sua chance. Além de fazer um lanchinho rápido ela ainda manteria alguém longe das drogas. Ao menos por alguns minutos.

Ela derrubou um latão no fundo do beco escuro de propósito, esperando a reação do traficante. Assim como ela previu, nervosismo começou a se derramar em ondas enquanto ele perguntava tentando soar corajoso:

– Quem esta ai?

Alexya se moveu na escuridão um pouco mais perto do seu jantar. Derrubou outra lata.

– Deve ser só um rato. – O traficante tentava acalmar a si mesmo e Alexya controlava a vontade de rir.

Agora, isso era tão mais divertido do que ter que seduzir um cara qualquer em uma boate.

Outra lata derrubada e o traficante deu um pulo de susto. O coração dele estava tão disparado que logo ele poderia ter um ataque cardíaco. Alexya continuou sorrindo na escuridão enquanto se aproximava mais.

Alexya chutou uma lata que foi rolando até os pés do traficante. Ele olhou para baixo e balançou a cabeça apavorado.

– Que se foda. Eu to dando o fora daqui. – Ele murmurou e se virou em direção a saída do beco pronto para sair correndo.

Mas Alexya já havia previsto isso e com dois saltos ela acabou pousando em frente ao traficante. Ele parou de solavanco ao dar de cara com Alexya e seu coração deu um pulo.

– Ah, você chegou. Por que demorou tanto? – O traficante soltou um suspiro de alivio.

Alexya o considerou por alguns momentos. Ele certamente esperava uma cliente mulher, mas pelo visto não sabia quem ela era ou então não teria dito aquelas coisas para ela. Em qualquer outra ocasião, ela poderia usar aquilo contra ele e tentar descobrir mais sobre a suposta cliente e o que ela iria comprar, mas sentimentos humanos como curiosidade haviam sido desligados juntos com os outros e ela não poderia se importar menos.

O traficante estava se acalmando e se enchendo de confiança por estar novamente em um campo que ele dominava. Alexya não gostava nem um pouco daquilo. Ela queria ele com medo, implorando pela sua vida.

Alexya estendeu suas presas e mostrou-as para o traficante em um sorriso predador.

Os olhos do traficante se arregalaram de medo e seu corpo se retesou. Ele travou momentaneamente com o choque e logo o coração voltou a disparar. Ele estava novamente apavorado.

Assim é bem melhor.

– E-eu não sei o que você quer, m-mas eu não vou dar a você. – Ele gaguejou enquanto dava alguns passos assustados para trás.

Alexya sorriu como quem sabe melhor, expondo mais ainda suas presas.

– Ah, mas você não tem escolha. Vai ser divertido ver você tentar lutar.

Antes que ele pudesse sequer assimilar as palavras de Alexya, ela estava em cima do traficante, prendendo seus braços na parede do beco, seus dentes perfurando a pele do pescoço do homem sem aviso prévio.

Ela não se preocupou em fazer com que ele não sentisse dor. Na verdade, quanto mais ele tinha medo e sentia dor, mais doce seu sangue se transformava e aquilo se tornou inebriante para Alexya. Ela estava se esbaldando no sangue do traficante, deixando seus caninos sugarem para dentro dela enquanto ela sentia o gosto também em sua língua e fazia descer por sua garganta abaixo. Sangue também escorria pelos cantos da boca dela, mas ela não poderia se importar menos. Ela se alimentava do medo, da dor e do sangue do homem. E aquilo era melhor do que um maldito orgasmo.

– O que está acontecendo aqui? – Uma voz dolorosamente familiar disse ao lado dela e Alexya se forçou a retirar a boca para longe do pescoço do traficante.

Sem ela para segura-lo no lugar, ele caiu como um peso morto sobre seus pés. Em seu pescoço havia um enorme buraco muito diferente das duas punções limpas que ela havia deixado em Ethan. Lagrimas escorriam pelos olhos do homem. Ele era patético.

– Não, não pode ser. Alexya? – Melanie perguntou e Alexya virou seus olhos para encarar sua melhor amiga.

Melanie usava jeans justos e um moletom preto gola V que Alexya tinha certeza ser aquele que havia criado pernas e fugido para longe do seu guarda-roupa fazia alguns meses. Era um visual incrivelmente modesto, considerando as roupas que Melanie geralmente vestia. Em seus olhos, medo, felicidade e recusa passavam rápido de mais para que Alexya pudesse pensar muito sobre isso. Mas ela não se importava realmente.

– Eu achei que você estivesse morta! – Melanie declarou. – Quer dizer, você estava lá deitada, fria como um defunto e seu coração não batia mais...

Melanie olhou para o rosto impassível de Alexya e deu um passo para perto.

– Mas você ta bem, né? Eles... Eles devem ter feito seu coração voltar a pulsar. Por que você ta aqui, e... – Melanie pegou no pulso de Alexya e se interrompeu.

– Ahn, Lexy... Teu coração não ta batendo. – Melanie começava a irradiar medo e nervosismo e então o maldito traficante gemeu do lugar onde ele estava sangrando no chão. Ela olhou para o rosto de Alexya e pareceu se dar conta do sangue que marcava seu belo rosto ao redor da boca.

A boca de Melanie abria e fechava, mas nenhum som saia. Alexya assistia aquilo com interesse sem se perturbar. Com os sentimentos desligados, Melanie era apenas alguém que Alexya conhecia. Todos os sentimentos que cimentavam a amizade das duas haviam partido e agora só restava um rosto conhecido.

– Eu acho que eu vou... – Os olhos de Melanie giraram nas orbitas e suas pernas cederam. Alexya assistiu enquanto Melanie desmaiava no chão a sua frente e inclinou a cabeça tentando entender o som que ela ouviu quando a cabeça da garota fez contato com o pavimento.

O cheiro do sangue a atingiu antes que ela pudesse ver ele criando uma poça ao redor da cabeça de Melanie. Tinha um cheiro tão sedutor que Alexya teve que se impedir de se ajoelhar ao próxima a poça e beber dali. A pulsação de Melanie soava cada vez mais fraca e mais distante. Ela estava morrendo.

Como se alguém tivesse feito isso por ela, as emoções de Alexya se ligaram novamente. E elas vieram como uma onda quebrando sobre Alexya. Era insuportável a sensação de todo aquele turbilhão girando dentro dela mas ela sabia que apesar de toda aquela loucura ela precisava salvar Melanie.

Cortou seu pulso em uma presa como Lucian havia feito uma vez com ela e forçou a boca de Melanie aberta. Antes que ela pudesse derramar o sangue pela boca de sua amiga, o corte se fechou como se nunca tivesse existido.

Irritada, Alexya pegou um caco de vidro que estava próximo aos seus pés e o cravou fundo dentro do seu pulso enquanto o sangue jorrava. Direcionou a maior parte para a boca de Melanie, mas boa parte respingou nos cabelos e roupa da garota.

Mesmo sem Lucian para ensiná-la, Alexya sabia exatamente quando Melanie havia ingerido sangue suficiente para se formar o vinculo. Ela podia sentir a presença de Melanie dentro da cabeça dela.

– O-o que você fez pra ela? – O traficante perguntou assustado.

Alexya pegou Melanie nos braços e a ergueu como se ela pesasse menos que uma pena.

– Eu a roubei da morte. – Alexya declarou. – E dei a ela um destino igualmente ruim.

Enquanto Alexya corria com Melanie nos braços direto para a casa de Lucian, ela se perguntava se Melanie a odiaria ao acordar.

Se ela o fizesse, então seriam duas.


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Notas finais do capítulo

OMG.