Ao Despertar escrita por httpsdiamandis


Capítulo 8
Capítulo 08 - Revelações




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O centro da cidade estava um verdadeiro caos. Repórteres enchiam a calçada do que restava da festa. Uma parte estava inteiramente carbonizada, e no lugar que não havia sido queimado, haviam vários sacos pretos. Estremeci ao pensar no que havia ter dentro deles.

–Aquilo é...? – Não consegui terminar a frase, olhando pasma pela janela escura do carro.

– 3 são vitímas do incêndio que não tiveram tanta sorte quanto sua tia, os outros... – Nathan não foi capaz de terminar.

Arfei e coloquei encostei minha cabeça nos joelhos. Liam Passou a mão que não estava dirigindo nas minhas costas.

–Acalme-se, no ínicio de nossa nova vida, todos cometemos acidentes. – ele tentou me reconfortar.

–Eu por exemplo, quase arranquei a cabeça de Liam quando acordei – Anne riu no banco de trás.

–Eu matei 8 humanos por acidente em minha 1ª caçada - Mathew disse.

–Eu... – Nathan começou.

–Você não vale, até o século passado era o pior Incubbus do mundo – Anne revirou os olhos.

–Estou em reabilitação, não irei mais matar as mulheres depois de...

–Okay! Já entendi, todos cometemos erros – levantei as mãos impaciente.

–Menos o ex-principe aqui – Nathan apontou para Liam.

–Eu não era um príncipe...

–Ok, já entendemos, você era o rei e blá blá blá, ia se casar com uma princesa...– Nathan disse e revirou os olhos.

Virei a cara para Liam antes que Nathan terminasse a frase.

–Hehe saca só isso Mathew – Nathan deu uma risadinha.

–Eu vi aquele desenho em seu quarto da tal princesa, ela era uma gata. Se parecia com aquela garota da escola, como é o nome? Stacy? – O típico humor irritante de Mathew voltou.

Olhei para os três e sem querer me transformei.

–Isso foi no passado! Calem a boca – Liam revirou os olhos, mas ainda sim de brincadeira.

Paramos em frente do Hospital. Abri a porta antes mesmo de pararem o carro. Se fosse humana com certeza teria caído no chão graças ao sapato de salto agulha que Anne me dera. Liam e os outros estariam ao meu lado em um centésimo, se não fossem os repórteres e humanos em grande quantidade ao redor do hospital.

Liam saiu elegantemente do carro preto, exatamente como da primeira vez em que o vi Na verdade eu já havia o visto quando fui transformada e na noite em que quase deixei Stacy paraplégica – Liam estava particularmente atraente naquela manhã. Oh droga! Droga, droga! Eu estava virando a Stacy versão vampiresca? Beijei David ontem e hoje já estava olhando cheia de cobiça para Liam? E o pior, quando me dei por mim ele estava retribuindo meu olhar. Me virei e quase corri para as portas do hospital.

Liam estava ao meu lado em um segundo. Ele se virou para a atendente:

–Juliet Monroe por favor – ele lanço aquele olhar para a pobre mulher.

–Q-quarto 23 – ela limpou a testa de suor com um lenço.

Olhei para Liam enquanto nós dois rodeados por Anne, Mathew e Nathan seguíamos em direção ao elevador.

–Oque? Sem perguntar nome e nem nada do tipo?

Liam deu de ombros e entramos no elevador. Passamos pelos quartos lotados, até chegar ao fim do corredor. Liam deu três batidas rápidas na porta. O Dr. Phillips(pai da Tessa) foi quem abriu a porta.

–Ela está dormindo, mais entrem, sem fazer barulho-ele sussurrou, e sorriu para mim.

Fui em disparada até a cama. Naquele quarto só havia tia Juliet, e imaginei que talvez os Underworld estivessem feito algo para ela ter um quarto privado. Arfei quando vi Tia Juliet. Havia uma faixa enrolada na cabeça dela, e queimaduras que desciam pelo pescoço até dentro da camisola de hospital. Ela também estava com o braço engessado. Olhei para Dr. Phillips confusa.

–Uma viga de um dos brinquedos caiu nela enquanto ela tentava escapar do incêndio, mas nada com que se preocupar – ele tentou me tranquilizar.

Segurei a mão de tia Juliet. –Quanto tempo...?

–Ela precisa de muitos cuidados, então precisa ficar aqui por uma semana no mínimo – ele olhou a ficha dela.

Tia Juliet suspirou, e então, acordou.

–Olá Sarah...- Ela sorriu para mim.

–Tia, vai ficar tudo bem – eu fiquei sem saber oque fizer, e olhei para ela, exasperada.

Tia Juliet riu. – Ei, Sarah, está tudo bem, só algumas fraturas – ela deu de ombros, e fez uma careta de dor.

Eu sorri de volta.

–Uma semana, tudo bem – fechei os olhos e suspirei, preocupada.

–hm, Sarah, me desculpe, mais está na hora dos medicamentos... Você pode vir visitá-la depois – Dr. Phillips disse.

–Ah, ok, até mais tia – eu beijei a testa de tia Juliet.

–Até mais.

Nathan, Mathew, Anne e Liam se apresentaram á tia Juliet, desejaram melhoras e então nós saímos do quarto.

–Você está bem? – Liam me perguntou.

–Claro, eu só...Não sei, estou com uma sensação estranha – toquei as tatuagens do meu pescoço inconscientemente.

–Eu sei do que você precisa, caçar – Mathew disse apertando o botão do elevador.

–É claro que não! Eu fiz uma chacina na cidade, depois eu coloquei tudo pra fora, ai eu tomei tipo todas as bolsas de sangue do mundo antes de virmos pra cá!- protestei.

–Ela está certa Mathew, Sarah já bebeu sangue demais, ela precisa de um tempo para se recuperar dessa coisa de bebe sangue, depois “coloca tudo para fora”- ela riu do termo que eu mencionei.

A porta do elevador se abriu, e saímos.

–Vocês podem me levar para casa? – perguntei.

–Claro – Liam sorriu para mim, me fazendo corar. Mathew cutucou Nathan e os dois trocaram um sorriso malicioso.

–Venha jantar em casa hoje, assim poderemos falar sobre... os últimos acontecimentos – ela disse, tomando cuidado para que os humanos á nossa volta não nos ouvissem.

–Ok.

Entramos no carro. Fechei os olhos e encostei a cabeça na janela. Eu só queria sair de toda aquela bagunça, voltar no tempo em que eu era só uma adolescente normal, que não saia por ai fazendo chacinas, desejando matar os próprios amigos porque a sede de sangue tomava conta de mim.

**************

Vc tá lgl? K

Olhei a mensagem de Dave no meu celular. Suspirei e respondi.

Claro...Sem contar tia Juliet no hospital, está tudo bem J

Não demorou muito para ele mandar outra mensagem.

Ela vai ficar quando tempo no hospital?

1 semana ou mais –respondi.

Vc tá sozinha?

Sim.

Ok... ;)

Não precisav ser nenhuma vidente para saber que meia hora depois, David apareceu na minha porta.

–Oi – ele abriu um sorriso assim que abri a porta.

–Oi –Dave entrou e eu fechei a porta.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, eu sabia que David estava formulando alguma pergunta.

–Então, onde você foi? Quer dizer, depois, lá, com Liam – ele franziu a testa.

–E-eu não me lembro – respondi. Aquilo era meio verdade, e me fazia querer contar toda a verdade para David, mais o pensamento de que na noite passada eu havia matado tipo, muitas pessoas, me deteve.

–Você ficou desaparecida por 3 dias, contando hoje – ele pareceu não se convencer.

Minha boca se escancarou.

– 3 dias??? – minha voz subiu três oitavas.

–Sim, o Halloween foi na quarta, eu não te vi desde aquela noite, e hoje já é sabádo.

–Espera, que dia é hoje?

–Dia 2 de novembro. Então...?

–Ah, eu...Acho que...Eu não me lembro, me perdi no meio do incêndio, eu me lembro de dormir na floresta e quando amanheceu eu achei o caminho de casa. Depois Anne me ligou falando sobre tia Juliet, e desde então eu tenho ficado lá, desculpe não falar com você antes – as mentiras vieram com uma facilidade incrível, o que me fez sentir culpada.

–Ah... – David disse sem parecer se convencer.

Eu o abracei, tentando fazer com que se esquecesse da minha mentira descarada.

–Dave? –murmurei contra seu pescoço.

–S-s-s-sim?? – ele gaguejou. Eu ri.

–Me diga o que aconteceu durante estes três dias – eu o puxei para o sofá.

–Ah, ok –ele pareceu decepcionado com o meu pedido, talvez porque estávamos nós dois, sozinhos, sem NINGUÉM POR PERTO...

Eu corei automaticamente e tentei(sem sucesso) não parecer que estava pensando naquilo e tentar prestar atenção em David.

–E-então...? O que aconteceu? – perguntei, me sentindo patética.

–Hm, por onde eu começo...? Ah, sim... Uma das barracas pegou fogo tipo do nada, e as barracas e pessoas em volta também. O fogo chegou a um dos brinquedos, a roda gigante, que deu pane e matou mais da metade das pessoas que estavam lá em cima. Como se isso não fosse o bastante, parece que tem um canibal serial killer louco, que matou 14 pessoas. Fiquei morrendo de preocupação – ele afagou meu braço.

A culpa me tomou por completo. Tentei não transparecer.

–Mas pelo menos você está bem – forcei um sorriso(que provavelmente virou uma careta).

–Ei, não chore, está tudo bem, nenhum dos nossos amigos foi ferido, e tia Juliet vai sair logo do hospital – ele enxugou as estúpidas lágrimas que caiam sem parar.

–Está tudo bem –balancei a cabeça positivamente.

Mas não.

Não estava tudo bem.

Eu havia perdido a mim mesma, havia matado pessoas sem dó ou piedade.

E o pior de tudo: é quem eu sou agora, e se eu não matar pessoas, morrerei de sede.

–Então... Quer almoçar? Estou morta de fome –levantei do sofá, puxando David comigo.

Pela sua expressão, ele sabia muito bem que eu estava tentando não chorar.

**********

David me olhou com uma cara de “talvez ela esteja pirada”, enquanto eu atacava meu 5º bife mal-passado.

–Ah, me desculpa- eu limpei minha boca no primeiro pano que encontrei, que foi a toalha da mesa. – Ah, cara, eu sou tão sem educação...

David riu.

–Não! Está tudo bem!Pelo menos você não é igual aquelas garotas piradas e frescas que não comem e.. ah.. você me entendeu – ele riu outra vez.

Revirei os olhos e recolhi os pratos. Lavei e David enxugou e guardou. É claro que aquilo acabou virando uma guerra de água, o que me fez esquecer por um momento meus problemas. David havia trazido uma coleção de filmes de ação com explosões e sangue falso por todo lado. Ficamos assistindo, e eu secretamente odiei, na metade do filme Dave dormiu.

Estávamos deitados no sofá da sala, David estava babando e falando um pouco durante o sono. Eu sorri e descansei minha cabeça em seu ombro. Aquilo quase me fazia sentir ser humana outra vez.

A verdade é que eu realmente queria ser humana. Queria não ter vontade de matar os que eu amo. Queria me formar, e com o tempo notar rugas se formando pelo meu rosto. Queria ter filhos e netos, e ser uma pessoa normal.

Mas aquela era minha realidade: paralisada eternamente nos 16. Droga. Tinhas suas vantagens, é claro: força, rapidez, sentidos aguçados, beleza sobrenatural... Era uma espada de dois gumes.

Mais valia a pena?

Fechei os olhos, tentando esquecer tudo. Mas eu estava cheio de problemas, e mais um me veio em mente: Aislin. AAh, cara, eu só queria esquecer daquilo, nem que por algumas horas. Afundei na inconsciência aos poucos, desejando poder recomeçar o segundo ano.

************

Abri os olhos para um lugar familiar. Tão familiar que quase acordei, em choque. Eu estava em minha antiga casa, na Flórida, o lugar em que morei antes do acidente que havia matado meus pais.

Eu estava no quintal dos fundos, que dava para um gramado, e mais á frente, á praia. O sol estava se pondo, e estranhei que não me machucasse os olhos.

Entrei na casa por impulso. Tudo continuava igual, os mesmos móveis cor da caramelo na cozinha, a mesma fruteira, a mesma toalha verde. Fui até a sala, tudo também parecia intocado. Ouvi vozes, que vinham do segundo andar. Subi as escadas de piso claro, e continuei pelo corredor, seguindo a voz. Mas parei em frente ao meu antigo quarto, que estava com a porta aberta. Havia uma garotinha de costa, sentada no chão brincando com uma loira. Ela devia ter quatro anos no máximo, e a loira 7. Em choque percebi que a garotinha era eu, e a loira era Emily, filha de tia Juliet que havia morrido aos 7 anos, durante...Uma visita á minha casa. AH, DEUS, ELA ESTAVA PRESTES Á MORRER!

Cara, que confusão...Tentei reformular os fatos: eu estava revivendo algum momento do meu passado, e com certeza não estava ali á toa.

–O que devo fazer, Juliet? – ouvi a voz de minha mãe vindo do quarto no fim do corredor. Quase corri em direção á ele, e derrubei um vaso se flor que estava em cima de uma mesa encostada na parece. A “outra Sarah” veio até o corredor e olhou bem em minha direção, mais naquele sonho maluco eu era aparentemente invisível.

Fui até o quarto de meus pais, onde minha mãe e tia Juliet estavam conversando, tensas. Tia Juliet estava sentada na cama, dez anos mais nova, mas seus cabelos ruivos e enrolados continuavam os mesmos. Minha mãe andava pelo quarto. Ela também era ruiva, mais tinha cabelo liso. Fiz um esforço sobrenatural de não correr para abraçá-la e fingir que estava tudo bem. Mas aquilo não impediu que as lágrimas rolassem pelo meu rosto.

–Rebecca, não há com o que se preocupar. Ela é diferente, é como nós, talvez demore mais para que os poderes dela apareçam. Se acalme. – tia Juliet se levantou e afagou o braço de minha mãe.

–Eu sei que não é isso, eu sinto. Eu não devia ter feito aquilo, agora Sarah vai pagar pelos meus erros – ela começou a chorar.

Fiquei paralisada. De que diabos elas estavam falando?

–Não é uma maldição Rebecca. Ela foi escolhida, nós sabemos que não é. Você só está tentando achar uma justificativa plausível para que ela não seja a mais poderosa desde Aislin.

AH.MEU.DEUS. Aquilo não poderia ser sobre mim, ah, que ótimo! Mais problemas.

As duas irmãs se sentaram na cama. Minha mãe parecia mais calma. Eu ainda não tinha conseguido ver seu rosto.

–Sarah! Querida, venha aqui – ela chamou a Sarah do passado, que veio correndo, puxando Emily pela mão.

–Sim tia? Ah, mamãe, oque aconteceu? Porque você está chorando? – Ela sentou no colo da minha mãe, que levantou o rosto.

Foi ai que eu vi. No lado esquerdo do rosto da minha mãe, havia uma tatuagem preta feito tentáculos que iam apenas até o pescoço dela. Mas o que???

–Hm...Emily? Vai buscar a bolsa da mamãe lá embaixo? – tia Juliet pediu.

Emily saiu correndo pelo corredor. Eu sabia exatamente o que iria acontecer. Emily iria pegar a chave do carro para abri-lo e pegar a bolsa, mas havia um vazamento de gasolina, e o carro iria explodir.

–O que é tia? – a outra Sarah perguntou á tia Juliet, percebendo algo estranho. Eu me lembrei daquilo com em um flash, lembrei daquela cena com precisão.

–Fale da mulher que nós conversamos para a sua mãe – ela sorriu para Sarah.

–Ah, é...Ultimamente eu tenho conversado com uma mulher, nos meus sonhos, e ás vezes ela aparece, ah, ela está aqui agora – Sarah apontou para um canto do quarto. Eu nem precisava olhar,pois tinha a imagem nítida em minha memória: Aislin estava para no quarto, sorrindo para a Sarah do passado.

–Q-qual o nome dela? Sobre o que vocês conversam? – minha mãe perguntou deserperada.

–Ela se chama Aislin. Nós conversamos sobre o meu futuro, sempre – eu e a Sarah do passado falamos a frase ao mesmo tempo, eu estava em choque eu lembrar de tudo aquilo, me lembrar de... De ter visto meu futuro, um futuro em que eu segurava um espelho(um espelho que parecia uma janela para um campo de...Flores vermelhas) e falava em uma língua desconhecida.

Minha mãe arfou em choque. Ao mesmo tempo, um tentáculo negro da tatuagem cresceu no braço de Sarah. Ouvimos uma explosão.

–Emily! – tia Juliet gritou enquanto descia as escadas, seguida por minha mãe.

–Ainda não é a hora, minha pequena- Aislin disse para a outra Sarah, que assentiu e seguiu mamãe e tia Juliet.

A cena ondulou, e de repente eu estava de volta ao bosque de folhas vermelhas, me lembrando de minhas conversas com Aislin.

–Porque eu? – perguntei á ela.

–Você é sangue do meu sangue, querida, a mais poderosa desde a primeira linhagem de bruxas. É apenas você quem pode me libertar – ela tocou meu rosto e sorriu.

Então eu acordei. Olhei para a janela, já estava escuro e David tinha ido embora, e deixado um bilhete:

Desculpe eu ir assim, minha mãe ligou, e eu não queria te acordar, me liga.

Olhei para o relógio e já eram 6 horas. Anne havia me convidado para jantar na casa dos Underworld, ah, que droga.


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