Ponto de vista do Pedro:

Eu não conseguia parar de olhar no relógio, eu já estava ficando preocupada com a Lucy, por mais que nós não nos dermos bem, ela era tecnicamente minha irmã mais nova - por mais que eu não a visse assim -, eu meio que me sentia responsável por ela, como eu fui capaz de a deixar vir de ônibus? Que tipo de irmão mais velho sou eu?

–Pedro? Por que você olha tanto para o relógio? Tem compromisso hoje gato? – Disse Caroline me tirando dos meus pensamentos negativos.

–Hã, ér... Não, não é estranho a Lucy não ter voltado para a casa até agora? Será que aconteceu alguma coisa?

Caroline revirou os olhos e disse:

–Ai gato, não se preocupa com ela não, aquela garota maluca sabe se cuidar!

–Não fale dela assim, ela não é maluca – na verdade ela era um pouco, mas deixa quieto – querendo ou não, ela é minha irmã mais nova!

–Ta que seja! Mas ela já é bem grandinha, já sabe se cuidar, agora cuidar de nós que é o que interessa – Disse ela pulando para o meu colo e tentando me beijar.

Nesse momento, ouço a porta abrir e me viro para ver quem era, e era a Lucy, mas espera! Ela estava acompanhada de um cara que eu nunca tinha visto, quem seria aquele mane?

–Até que enfim! Já estava ficando preocupado, imagine como iria pegar mal se o seu pai chegasse e não te encontrasse em casa! Aonde você estava ?– Eu disse, eu estava me sentindo incomodado com aquele cara ao lado da Lucy.

–Ah foda-se Pedro, se você realmente se preocupasse não me deixaria vir de ônibus! – Ela disse parecendo bem irritada.

–É cara... se eu não tivesse chegado a tempo poderia ter acontecido uma coisa trágica ! – Disse um mane parado na porta, por que diabos ele estava se metendo? O que ele quis dizer com coisa trágica?

–Como assim coisa trágica? – perguntei curioso e preocupado, se alguém coisa tivesse acontecido com ela, acho que eu me culparia para sempre!

–Nada, só dois caras me assaltaram e se o...ér... o... – ela parecia não saber o nome dele.

–Scott – o garoto falou.

–É, isso, se o Scott não tivesse chegado a tempo, provavelmente eu não estaria aqui agora!

Droga! Se eu não tivesse dado aquela maldita carona a Caroline nada disso teria acontecido, que imbecil que eu sou!

Caroline estava na sala nem um pouco chocada com o que poderia ter acontecido com a Lucy, tava na cara que elas não se davam bem, deve ser por isso que ela preferiu vir de ônibus ao invés de vir de carro comigo e com a Caroline.

–Agora se me dão licença, vou para o meu quarto.

–Espera! Quem é esse cara? – perguntei antes que ela se virasse para ir pro quarto.

–Esse é o Scott, meu... ér.. Bem... Meu ficante! – COMO ASSIM FICANTE? Ela parecia mal saber o nome dele e agora ele é o ficante dela?!

–Somos o qu... – ela não deixou o tal do Scott terminar de falar e foi puxando ele pelo braço, o arrastando para o nosso quarto.

Fiquei muito perturbado com aquela situação, me sentei no sofá e a Caroline sentou no meu colo novamente.

–Ai Caroline dá um tempo!

–O que eu fiz príncipe? A Lucy já chegou, você não tem mais com o que se preocupar. – disse ela tentando ser meiga e querendo me beijar.

–Nada, nada, já não está na hora de você ir pra casa?

Ela ficou sem entender muito, mas foi embora, e a Lucy e o tal do Scott ainda estavam trancados no quarto, me deitei no sofá e fui ver TV, ainda muito irritado com o que acabara de acontecer e curioso para saber o que eles estavam fazendo lá dentro - por mais que eu já estivesse ideia do que poderia ser -.

Ponto de vista da Lucy:

Ah, como era bom andar de moto, eu sentia como se estivesse voando, mas como tudo o que é bom dura pouco.. Depois de alguns minutos cheguei em casa, infelizmente.

–Está entregue! – disse o garoto me encarando com aqueles belos olhos verdes.

–Valeu cara, nem sei como agradecer.

–Por nada, mas... Eu sei como você poderia me agradecer – disse ele chegando perto de mim, nesse momento eu gelei, eu esperava que ele fosse me agarrar ou coisa do tipo – Será que você poderia me dar um copo de água, por favor? – Disse ele sorrindo como se já soubesse o que eu estava pensando.

–Ah, ér... Claro – eu disse, eu estava meio sem graça.

Fomos andando até a entrada do meu edifício, ele havia estacionado a moto bem na frente dele, eu pedi que o porteiro desse uma olhadinha na moto, ele assentiu, e eu e o garoto fomos até o elevador, que ainda bem que não demorou muito de chegar, nós entramos, eu morava no 14º andar, mas o elevador era bem rápido.

–Então... Qual o seu nome? – disse ele quebrando o silêncio, ele falava me encarando de um jeito encantador, mas que me deixava muito sem jeito.

–Ah, Lucy e o se... – antes que eu terminasse de falar chegamos até o meu andar, eu perguntaria o nome dele depois.

Peguei a chave na minha mochila e abri a porta, e após entrar em casa me deparei com uma cena que, certamente era o que faltava para o meu dia se tornar oficialmente uma bosta. Estava ali, Pedro sentado no sofá e a Caroline sentada em seu colo, isso mesmo, a C-A-R-O-L-I-N-E estava sentada no colo do imbecil do Pedro, na porra da minha casa e na porra do meu sofá!

Ao me ver Pedro logo empurrou a Caroline que só depois de um tempo percebeu que eu havia chegado, e o Pedro deu um pulo do sofá, eu arqueei a sobrancelha, e de repente todos haviam ficado em silêncio, até que Pedro resolve quebrar aquele silêncio:

-Até que enfim! Já estava ficando preocupado, imagine como iria pegar mal se o seu pai chegasse e não te encontrasse em casa! – disse ele olhando com cara feia para mim e para o garoto que eu até já havia esquecido que estava ali, quer dizer então que ele estava preocupado com o que meu pai iria achar, não com o que poderia ter acontecido comigo! Que puto!

–Ah foda-se Pedro, se você realmente se preocupasse não me deixaria vir de ônibus! – eu disse bastante irritada com tudo aquilo.

–É cara... Se eu não tivesse chegado a tempo poderia ter acontecido uma coisa trágica! – Disse o garoto .

–Como assim coisa trágica? – Perguntou Pedro com a cara de idiota de sempre.

–Nada, só dois caras me assaltaram e se o... – Nesse momento me lembrei de que eu ainda não sabia o nome do garoto, até que ele percebeu e sussurrou:

–Scott.

–É, isso, se o Scott não tivesse chegado a tempo, provavelmente eu não estaria aqui agora! – conclui minha fala.

– Pedro ficou encarando o Scott como se quisesse mata-lo, e meu olhar para a Caroline não era diferente, eu precisava sair dali agora, não agüentava mais olhar para a cara daqueles dois.

–Agora se me dão licença, vou para o meu quarto. – Disse quase me virando, quando ouço o Pedro falar.

–Espera! Quem é esse cara? – ele parecia meio... estranho e furioso, se nós não nos odiássemos eu juraria que ele estava com ciúmes.

–Esse é o Scott, meu... ér.. Bem... Meu ficante! – Ai meu Deus! Esse foi o cúmulo do meu impulso, como assim ele era meu ficante?! Eu mal o conhecia!

– Sou o qu..– não esperei o Scott terminar de falar e fui logo puxando ele para o meu quarto.

Assim que entrei, larguei o braço do Scott e fechei a porta.

–Cara me desculpa, eu não sabia o que responder, é que eu fiquei com muita raiva e... – Eu disse tentando me explicar, mas logo ele me interrompeu.

–Ah, não, tudo bem – disse ele rindo um pouco do meu estado. – Mas, ele é o que seu? Ex-namorado?

–Hã? Claro que não! É o idiota filho da minha madrasta.

–Sério? Nossa... – disse ele meio que surpreso ao saber que o Pedro era meu meio irmão. – Acho que já vou indo... Mas então, o que você acha da gente se encontrar um dia desses?

–Ah claro, ai caramba, esqueci que você queria água! – disse me lembrando do verdadeiro objetivo que fez o Scott vir até aqui.

–Que isso, não se preocupe, na verdade eu nem estava com sede mesmo – disse ele sendo sarcástico – e então, me passa o seu número que eu te ligo para marcarmos algo.

Eu assenti com a cabeça, e ele me entregou seu celular, eu salvei o meu número e entreguei o celular de volta, fui levar ele até a porta, e quando fui até a sala não havia mais ninguém, eu apenas ouvi o barulho do chuveiro e logo assimilei que fosse o Pedro, me despedi do Scott, fechei a porta e fui direto para o meu quarto, eu iria tomar um belo banho, hoje havia sido um dia muito cheio para mim...