Finalmente chegou a hora do intervalo, tudo bem que só duravam 30 minutos, mas pelo menos era alguma coisa, o refeitório estava lotado, parecia um formigueiro, não havia nenhuma mesa sobrando, foi aí que me lembrei do jardim, eu costumava ir até lá e passava o intervalo inteirinho com a Manuela e o Felipe – segurando vela —, mas eu ficava ouvindo música, então eu nem me importava muito, eu costumava ficar observando todos que passavam por ali, e acidentalmente acabei cruzando meu olhar com um salgueiro que ficava nos fundos da escola, e automaticamente me veio a cena da Caroline beijando o Gustavo – meu ex ficante, quase namorado —.

Com isso, acabei lembrando-me da vez em que eu estava caminhando no jardim da escola, com meus fones de ouvido, e sem querer me esbarrei em uma garota, que era a Caroline, eu pedi desculpas e com isso começamos a conversar, deixei a Manuela um pouco de lado,e eu me lembro de que ela me avisava que a Caroline não prestava, mas eu nem liguei e comecei a andar somente com a Caroline, até que viramos melhores amigas e eu me apaixonei por um garoto chamado Gustavo, eu costumava contar tudo para a Caroline sobre ele, e de como eu me sentia e ela sempre me dava conselhos, até que chegou um dia em que eu e o Gustavo ficamos,eu sabia que ele era galinha, mas eu sinceramente pensei que comigo iria ser diferente, e estávamos quase namorando, até que uma semana depois de nós termos ficado vi ele e a Caroline aos beijos no salgueiro do colégio, ao ver aquela cena eu não sabia se eu chorava de decepção por ver minha "melhor amiga" e meu quase namorado se beijando, ou de raiva pelo mesmo motivo, como sou impulsiva, optei pela raiva, e antes de pensar duas vezes cheguei perto dos dois os separando e acertei um soco no olho do Gustavo que eu sabia que iria ficar roxo, mas eu não estava nem ai, e na Caroline, bem, além de xingar ela dos piores nomes existentes eu chutei a barriga dela com o meu joelho, ela gemeu de dor e caiu no chão, com lágrimas nos olhos eu falei:

— Seus filhos da puta! – Caroline estava ainda no chão com a mão na barriga,e o Gustavo com a mão no olho esquerdo, me virei para ir embora, e foi aí que eu ouvi:

— Você me paga Lucinda Thompson! – Era a Caroline tentando me meter medo, pena que foi em vão.

Cheguei em casa transtornada e comecei a quebrar várias coisas no meu quarto, eu estava com muita raiva, eu havia sido traída pelas pessoas que eu mais confiava! Depois disso, eu jurei pela minha mãe que jamais me deixaria ser levada pelo sentimento ridículo do amor.

************************

— Lucy ?! – era uma voz feminina, especificamente da Manuela.

Quando me dei conta, havia apenas eu, a Manuela, o Felipe e o merda do Pedro parados na minha frente, o jardim estava vazio.

Depois de meio que recuperar minha consciência falei:

— O que diabos vocês estão fazendo aqui?

Eles fizeram uma cara de alívio e a Manuela falou:

— Você ficou paralisada, como se tivesse visto um fantasma, ficamos preocupados, o sinal já bateu a quase 10 minutos e você parecia nem ter ouvido. – Disse ela com um tom curioso e preocupado.

Foi aí que me dei conta que relembrando aquele passado trágico eu havia perdido a noção das coisas.

— Ah, nossa, já estou bem agora, vamos para a sala. – Eu disse,olhando para a cara do Pedro que parecia não estar entendo porcaria nenhuma.

Retornamos até a sala, e graças a Deus eu e a Manuela conseguimos trocar de lugar, a má notícia era que agora era aula de matemática, um tédio mortal, abaixei minha cabeça e esperei o tempo passar.

***********************

Depois de um longo tempo de uma aula super chata e entediante de matemática, finalmente o sinal havia batido para ir para a casa. Me despedi da Manuela e fui para o estacionamento esperar o Pedro que havia desaparecido após bater o sinal, imaginei que ele tivesse se perdido – quem me dera —, depois de cinco minutos esperando, ele finalmente apareceu, mas para a minha surpresa ele estava acompanhado! De nada mais, nada menos que Caroline Jordan, confesso que não soube como agir quando vi eles andando em minha direção, juntos.

— Iai maninha – disse ele cinicamente pegando a chave do carro em seu bolso.

— O que essa garota está fazendo aqui? – ignorei ele e fui logo ao ponto.

— Quanta educação Lucinda! Oras, estou apenas esperando o Peu ligar o carro e me levar em casa – Ela disse isso com um sorriso sarcástico no rosto, argh! Aquilo me irritou pra caralho.

— Vai se fuder Caroline! Ele não vai dar carona porra nenhuma a você!

— Nossa Lucy, educação mandou lembrança. – Ela estava me tirando do sério com aquela voz irônica de vadia!

— E eu mandei você se fuder! Pelo amor de Deus Pedro, você acabou de conhecer esse garota e já vai dar carona a ela? – Eu estava indignada com aquilo!

— Ér.. eu.. bem.. é qu... – Ele não conseguia responder, antes mesmo que ele continuasse a gaguejar eu falei:

— Tá Pedro, já entendi.Se fodam vocês dois, eu pego um ônibus. – Eu disse me virando e indo em direção a porta do colégio.

— Lucy espera!! – Disse Pedro, mas eu nem me virei para respondê-lo, apenas mostrei o meu dedo do meio e saí.

Aquela situação realmente havia me deixado com muita raiva. Fui andando até o ponto de ônibus, era um pouco longe da escola, mas eu não estava nem aí, qualquer coisa era melhor do que ir no mesmo carro com a puta da Caroline. O caminho até o ponto de ônibus era meio vazio, o que me fez ficar um pouco com medo, mas logo o medo foi embora e finalmente eu já estava chegando, o ponto de ônibus para a minha surpresa estava vazio, geralmente ele ficava tão cheio, – que estranho — pensei, ao chegar no ponto me sentei em um banquinho e fiquei aguardando o ônibus, que por sinal estava demorando muito para passar, logo chegou uma moça que se sentou ao meu lado, começou a chover, e logo a chuva foi engrossando e quando percebi já estava chovendo forte, o ônibus da moça já havia chegado, fiquei sozinha no ponto novamente, e nada da droga do meu ônibus passar, eu já estava pensando em ir pra casa a pé, por mais que a distância até a minha casa fosse um pouco longa, mas logo desisti dessa ideia pois a chuva estava forte de mais.

De repente chegam dois garotos usando um boné que quase cobria os rostos dos mesmos, e cada um sentou de um lado meu, me deixando meio que cercada, nessa hora eu já fiquei meio tensa e só conseguia pensar no pior, até que um deles deu voz de assalto:

— Passa tudo que você tiver de valor, e nem pense em fugir, pois pegaremos você – Disse o mais alto deles, que estava do meu lado direito.

Droga!— pensei. Comecei a pegar algumas coisas na minha bolsa, na verdade eu não tinha nada de valor, até o meu celular eu havia deixado em casa, tinha apenas o meu MP4 que entreguei ao cara mais alto, quando pensei que eles iam me deixar em paz, um deles passou a mão na minha coxa, eu , impulsiva como sempre dei um tapa na mão dele, o fazendo ficar furioso.

Quando eu percebi o que eu havia feito, eu apenas fechei os olhos e esperei pelo pior, que por sorte não aconteceu, abri os olhos e vi um garoto com uma pedra na mão se aproximando de mim. ÓTIMO! quase fui estuprada por dois garotos, e agora vou ser morta por outro.

— Você está bem? – Disse o garoto ficando de joelhos na minha frente para conseguir ver o meu rosto, ele havia largado a pedra.

— Ér... sim, estou... você não vai me matar?

O garoto me olhou meio confuso, e respondeu:

— Ué, por que diabos eu iria te matar? – Daí ele se deu conta que eu estava falando da pedra – Ah sim, a pedra, eu usei para assustar aqueles dois babacas, eles fizeram algo com você?

— Ah, não, apenas roubaram meu MP4, mas já estava velho mesmo... – respondi me levantando, eu iria para casa a pé mesmo, não aguentava mais ficar naquele maldito ponto. – Obrigada, já vou indo.

— Sozinha? Está de brincadeira não é? Eu estou com minha moto aqui, me diga para onde você quer ir e eu a levarei.

Confesso que aquilo foi tentador, andar numa moto com um garoto lindo, ele realmente era muito lindo! Seus cabelos eram de um tom castanho bem escuro quase preto, seus olhos eram verdes, sua pele branca, mas não tão branca, ele usava uma calça jeans e uma blusa verde musgo de manga. Eu resolvi aceitar a carona, por mais que tivesse vindo de um desconhecido, mas ele não parecia ser uma má pessoa, caminhei ao lado dele até chegarmos ao local onde sua moto estava estacionada.

Ao chegarmos, vi ele chegando perto de uma vespa preta . Aquela vespa era tipo um sonho de consumo meu! Ele subiu na moto pegou um capacete e colocou na cabeça, e me deu outro, subi na moto e ele pegou minhas mãos e colocou em volta da sua cintura, acho que naquele momento eu devo ter ficado da cor de um pimentão de tanta vergonha, mas ainda bem que eu estava usando capacete e não daria para ele ver.

Ele ligou a moto, eu expliquei para ele onde era a minha casa e fomos.