Wake escrita por Taís, Juh, Amanda


Capítulo 7
Acordada


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, estamos muito felizes com todos os comentários!
Vocês têm nos motivado e muito!

Estamos surpresas, com o carinho que estão tendo até mesmo com a nossa primeira fic Rehab... Cara se já não escrevemos muito bem hoje em dia, quem dirá há três anos atrás?! Socorro! Auiahsiuash...
Ainda assim tem um pessoal que gosta bastante da estória, agradeço as MP's que recebemos pedindo por continuação, recebemos também cerca de oitenta comentários desde que paramos de postar. Mas aqui vai a notícia: voltaremos em breve! Queremos terminá-la de uma vez... Fora que estamos escrevendo e planejando novas fic's num estilo bem diferente, estamos nos segurando pra não postar ainda e terminar estas daqui... Então, só queremos mesmo agradecer por tudo!

Tenham uma boa leitura!



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Ler demais sempre nos faz enxergar as mulheres largadas e bregas completamente lindas, não faz?

Não, não faz!

Sakura estava mesmo à minha frente, só que completamente mudada...

Os olhos estavam contornados de preto, na mesma cor do vestido justo que usava até o meio das belas coxas, também tinha um leve decote, que foi o suficiente para mostrar tudo o que estava miseravelmente escondido em todo este tempo.

Os cabelos compridos estavam soltos e algum de meus miolos provavelmente também.

O que estou fazendo?

Vai ficar de boca aberta só porque descobriu que ela é gostosa? Seja racional, essa é a hora da vingança!

Bati a porta na cara dela sem dó e nem piedade. Essa foi por todas as vezes que me escorraçou de seu moquifo.

Ela merecia!

Voltei para os meus afazeres...

Ela está pensando o que?

 Que pode participar de um destes programas de transformação e vir até minha casa na madrugada só para...

O que ela veio fazer aqui mesmo?

 Não, não me interessa!

Tá pensando que pode vir até a casa dos outros a esta hora e ainda por cima sem avisar?

Não, não pode!

Concentrei-me novamente nos papéis, dando uma rápida olhada em meu notebook que tinha um aviso de nova mensagem no e-mail.

"Estou indo até sua casa, doutor."

Enviada há trinta minutos.

Certo, ela me avisou, mas e daí? Estou bem resolvido, e já decidi que quero ficar longe dessa encrenca.

Mas simplesmente percebi que não dava mais para me concentrar em droga nenhuma!

Então fui até a porta, dando-me por vencido e espionei pelo olho mágico.

 Ela estava agachada tateando o chão?

 É uma maluca mesmo!

— Eu não escondo minha chave debaixo do tapete! — disse de maneira óbvia ao abrir a porta.

Como ela pôde pensar que alguém no universo faz isso além dela? Humf!

 Então ela se levantou passando as mãos pelas laterais do vestido, em seguida ficou mexendo nos próprios dedos, olhando-os como se realmente estivesse ocupada ao brincar com eles, e então suspirou me olhando de uma vez.

— Será que... Eu posso entrar? — perguntou e eu ainda meio contrariado lhe dei passagem.

Quando passou por mim, pude sentir o quão bem ela cheirava. Estava incrivelmente sexy com aquele salto alto que revelavam bem o entorno das pernas. Droga, Sasuke!

— O que quer professora? — indaguei sem rodeios, fazendo-a me encarar.

— Você... Não tem ido às aulas mais... Por quê?

— Porque precisávamos dar um tempo.

— Dar um tempo? — perguntou incrédula. — Que tipo de psicólogo fajuto é você? Não deveria desistir assim tão fácil...

— Você não me deu alternativas! Eu corri atrás de você feito um maluco! Dei em cima de sua amiga Ino, fiz amizade com o síndico do seu prédio e me tornei parceiro de sua vizinha maluca, então não venha contestar meus esforços, porque se nenhum deles funcionou, foi por culpa única e exclusiva sua.

— Não diga isso, doutor... Desde a última vez em que nos falamos, eu tenho seguido o cronograma que deixou em minha agenda à risca. — Uhum... Pura mentira né? Rá... Só de pensar nela se alimentando direito e acordando cedo já me dá vontade de rir. — E eu vim aqui porque quero aceitar o tratamento. Quero ser sua paciente. — Ra- rá, e agora ela vem com este papo para cima de mim de que quer ser...

O QUE?

Ela disse... Aceitar o tratamento?

 Ser minha paciente?

— O que disse? — perguntei surpreso.

— Que horas acordou hoje, doutor? — rebateu me ignorando.

— Às... Sete... Por quê? — quis saber, estava ficando confuso.

— Perfeito. Estou acordada desde as seis! — comemorou dizendo mais para si mesma do que para mim.

— O que isso tem a ver?

— Vinte e quatro horas... Eu nunca fiquei acordada por um dia inteiro. Sempre tentava, mas sempre acabava pegando no sono antes de completar, então... Você vai me manter acordada, doutor. — disse de uma vez sorrindo abertamente. Fiquei pasmo!

Quem é você? O que fez com a professora rabugenta? Com as roupas de cortina dela? E principalmente, com o bichinho de estimação dela... A preguiça, hein?

— Vamos, doutor! Se puder, coloque calças e uma camiseta, ok? Não quero que as pessoas da rua pensem que é um tarado! — falou ao me encarar apenas de cueca boxer preta. Vendo o quão constrangida ela estava, peguei uma almofada no sofá tampando meu amigão.

— Onde pretende ir? — perguntei, vendo-a pensativa.

— Bem... Isso é com você. As melhores coisas da vida são comer e dormir... Mas como a segunda opção está fora de jogada, então...

— Certo, me espere aqui... — pedi, apressando-me em ir ao meu quarto, mas antes parei para lhe dar uma orientação. — De pé, ok? Espere-me de pé! — disse e fui procurar uma roupa para vestir.

Coloquei uma calça jeans e uma camisa azul marinho, calcei meus sapatos, vesti uma jaqueta e antes de sair do quarto dei uma olhadinha no espelho ajeitando meu cabelo... Ótimo, estou lindo como de costume.

Peguei as chaves do carro e fui para a sala rezando para que a professora não tivesse desabado de sono no meu sofá. Mas para o meu alívio, ela estava em pé entretida analisando a porcaria de um vaso que ganhei da minha mãe.

— Seu apartamento é bacana, doutor... Só a sala leva minha casa toda! — disse me percebendo ali, apenas sorri. E qual cobertura não é bacana, hein? — Vamos?

— Oh, claro... E vamos para onde? — perguntei abrindo a porta para ela sair primeiro.

— Tenho uma lista de coisas que ainda não fiz... Eu nunca fumei maconha, nunca fui numa rave, nunca pulei de bug-jump e nunca fui para Disney, mas estou com fome e nunca comi nada mais suspeito do que o churrasquinho do tio da esquina do meu prédio... Que tal comermos alguma comida estranha? — sugeriu feliz da vida, e na minha condição de psicólogo não poderia negar. Saquei na mesma hora o que ela pretendia...

Querendo viver uma vida em menos de três meses.

Diria que foi a coisa mais sensata que ela decidiu fazer, se não fosse pelo anseio em comer comida estranha.

Sendo assim entramos no elevador indo para a garagem, entramos no carro e no caminho fui pensando aonde levaria a professora para comer essa tal comida estranha.

 E claro, alternava meus olhares para ver se ela já havia dormido no banco do carro, mas ela parecia persistente e em momento algum bocejou ou espreguiçou-se. Ótimo!

 Por fim, decidi levá-la num restaurante Chinês, porque se tem um povo que gosta de comer tudo de mais esquisito e o que tem quatro patas, é aquele!

Se Sakura havia citado que o espetinho de churrasco fora a coisa mais suspeita que comeu na vida, certamente o cavalo-marinho, as vespas, cigarra, cobras e grilinhos no espeto ganhavam neste quesito. Minha única curiosidade era se aguentaríamos engolir essa comida exótica, porque obviamente eu estava incluso nessa maluquice.

— Tem certeza de que consegue, professora? Dá tempo de desistir... Ainda podemos comer um lanche no Mc dentro do aeroporto. — disse enquanto via a careta que ela fazia ao girar o espetinho sinistro.

— Não vou desistir, doutor. — respondeu me olhando determinada. Então tá né!

— Então vamos lá, professora. Olha pelo lado positivo, não tem nenhuma baratinha no espeto... — observei na esperança de fazer uma piada, mas já que ninguém riu... — Sakura, o segredo está em tapar o nariz e fechar os olhos...

— Então vai você primeiro, doutor! — sugeriu, passando o espetinho para mim.

Olhei todos aqueles insetos mortos.

— Primeiro as damas... — disse empurrando-o de volta para ela.

— Então tá... No três! — cedeu por fim. — Um... Dois... Três... — Deu um suspiro determinado fechando os olhos.

Rapidamente peguei meu celular, posicionando a câmera para ela. Eu tinha que registrar esse momento inédito e inacreditável ou ninguém acreditaria em mim depois, nem mesmo eu!

A professora abriu a boca tapando o nariz com a mão, e aos poucos foi aproximando o espetinho da boca. Fiz uma careta quando ela mordeu arrancando com os dentes o primeiro bicho morto, a cigarra. Mastigou e depois engoliu abrindo os olhos.

Droga, minha vez!

— É crocante, e... Até que não é assim tão ruim, vai. — disse encorajando-me. — Minha avozinha comia insetos também... Ela gostava de Tanajura, dizia que era melhor que chocolate! Meus primos adoravam caçar a formiga para ela nas terras vermelhas. — contou, e por que mesmo que eu não pensei em caçar essa tal formiga com ela? Se for mesmo melhor que chocolate eu engoliria fácil, fácil. Humf!

Então lá vai o Sasuke se ferrar...

 Peguei o espeto das mãos dela, encarando bem a fileira de bichinhos nojentos... Beleza, o próximo era o grilo!

Moleza!

Não tinha inseto melhor para se comer do que o grilo...

Vai nessa, Sasuke.

Engoli seco, contendo a ânsia que estava por vir. Quarenta gotas de dipirona são fáceis, agora eu quero ver é comer espetinho de grilo, vespas e cavalo marinho.

 Fechei os olhos e tratei logo de comer o raio do inseto.

Mordi escutando o "clack" que fez, aquilo foi estranho, mas concordei com Sakura, era crocante e digamos não era assim tão ruim. Poderia comer o cavalo marinho também (mentira).

E quando abri os olhos, vi que a professora teve a mesma ideia que eu. Ela estava com a câmera de seu celular apontada para mim, aproveitei e fiz um sinal de joinha fingindo que ia comer o cavalo marinho também... Até parece que eu comeria... Deixo aqui registrado de que essa experiência nunca mais se repetirá!

— Depois me fala aonde é que se encontra a formiga tanajura, tá? Nada melhor que as esquisitices da nossa terrinha. — murmurei arrancando um sorriso dela e eu sorri com isso, mas logo meu celular tocou. Achei estranho já que ninguém tem o costume de ligar na madrugada...

Olhei o visor e o número era desconhecido, resolvi atender.

— Sim? — atendi e seja lá quem estivesse me ligando, certamente estava numa balada, pois podia escutar a música alta.

— Sasuke? Não te acordei não, né? Desculpe ligar essa hora, mas a Sakura me prometeu que te levaria na minha festa e até agora nenhum sinal de vocês dois! Aposto que essa preguiçosa tá dormindo... — gritou uma voz de mulher, da qual não fazia a mínima ideia de quem fosse.

— Desculpe, mas quem é que está falando? — perguntei, e a curiosa da Sakura já estava com o ouvido colado no meu aparelho também.

— Sou eu, a Ino, tá lembrado? Sakura me passou teu número... — disse e eu lancei um olhar pra Sakura que sorriu culpada na hora. — Então, tá rolando a minha festa de aniversário e resolvi te ligar já que você é o psicólogo dela, e a pessoa mais capacitada para arrastá-la até aqui... Ela me prometeu que viria...

— Ino, pode deixar que eu levarei sua amiga sim. Pode nos esperar! — disse e encerrei a chamada para falar com a professora.

— Droga, o aniversário dela é hoje... Por sua causa eu me esqueci de anotar na agenda, já que você ficou dias com ela! —  me acusou.

— Foi apenas dois dias, tá bom?

— Que seja, eu esqueci completamente e o pior é que nem comprei um presente... Prometi a ela que iria e te levaria comigo também. — ela disse nervosa, e rapidamente pedi a conta pagando pela comida horrorosa.

 Fomos para o carro e Sakura me deu o endereço da festa. Dirigi meu BMW a milhão para chegarmos à festa antes dos parabéns, afinal, estava destinada a mim a missão quase impossível de deixar a professora acordada durante 24 horas.

— Será que dá para você ir mais devagar? Você fica dirigindo que nem um louco e fez com que eu borrasse a folha... Nem dá mais para entender o que ta escrito! — reclamou e só então percebi que ela estava concentrada em escrever sei lá o quê com papel e caneta em mãos, apoiados nas pernas desnudas. É melhor assim, pelo menos ela não dorme, ué!

Diminuí um pouco a velocidade para que ela conseguisse terminar as anotações, até que chegamos ao tal endereço. A rua estava cheia de carros estacionados, a música bem alta e as pessoas entrando levavam a casa em que estava acontecendo a festa.

Desci do carro junto com a professora e fomos nos juntar a aglomeração que adentrava no local... Não conheço muito a Ino, mas percebia-se que ela sabia dar festas.

Entrei segurando a mão de Sakura para não nos perdemos um do outro, o lugar estava lotado. A música eletrônica inundava o ambiente cheio de pessoas dançando feito doidos. As luzes pisca-pisca cruzavam-se iluminando o globo de luzes pendurado no centro do salão.

Passamos no meio do pessoal tentando achar um rosto conhecido e logo a amiga loira da Sakura surgiu agarrando-a para um abraço apertado.

— Não acredito que vocês vieram! — gritou e depois deu uma boa olhada na Sakura, ficando estática em seguida. — Olha só para você, amiga... Tá parecendo gente de novo!

— Pois é, resolvi que estava na hora de aposentar minhas roupinhas... — Sakura comentou sem graça, mas logo Ino desgrudou a atenção dela voltando-se para mim, me olhando como se eu fosse algum tipo de salvador, e na verdade eu sou sim, mas Ino não precisava me dar aquele abraço de urso.

— Fico feliz que você tenha vindo também, doutor Sasuke! — falou libertando-me. Parou um fulaninho que passava por nós com dois copos na mão, tomando-os dele, Ino deu um para Sakura e o outro para mim. — Fiquem à vontade na minha festa, viu! Vida de anfitriã não é nada fácil, mas eu já volto... Aproveitem à festa, bebam bastante e dancem também. — ela disse e se afastou, mas antes de sumir na multidão piscou pra mim.

Virei minha bebida num gole só, depositando o copo na mão de um cara bêbado que tentou beber percebendo que estava completamente vazio. Olhei para Sakura vendo que ela se divertia balançando a cabeça no ritmo da música, peguei em sua mão levando-a para o meio da pista de dança. Estava mais que na hora de saber se ela arrisca uns passos de dança, sabe...

Girei-a no ritmo da música algumas vezes soltando-a para que dançasse sozinha. Ela balançava a cabeça, mexia os braços e corpo graciosamente e eu a acompanhava, dançando do meu jeito, é claro.

 Dançamos várias músicas, e por vezes roubávamos bebidas das pessoas distraídas com seus copos em mãos. Não só eu, como Sakura estava se divertindo muito na pista de dança.

Ríamos sem motivo e dançávamos feito dois doidos, e ela nem parecia aquela rabugenta preguiçosa de semanas atrás, era outra Sakura ali.

Eu sabia que estava ficando piradão por causa de tantos copos que virei junto com Sakura, enquanto dançávamos. A cerveja e a cachaça são os piores inimigos do homem. Mas sabe como é... o homem que foge dos seus inimigos é um covarde. Então eu virava tudo sem um pingo de dor na consciência.

Sakura enlaçou os braços no meu pescoço e diminuímos o ritmo da dança, por conta de uma música mais lenta. Segurei em sua cintura guiando-a na dança. Sentia sua pele macia, seu cheiro era bom também, e isso tudo era o efeito das bebidas que tomei...

Pisquei algumas vezes, decidindo que estava na hora de um descanso, então fomos nos sentar perto do bar e foi quando vi Naruto e Hinata, os dois cumprimentaram Sakura num misto de surpresa por ela estar na festa, mas só Hinata falou comigo... Naruto ainda estava com raiva por causa dos exames forjados. Logo os dois foram embora, nos deixando sozinhos novamente.

Pedi um copo de água para Sakura, afinal, não era uma boa ideia ter uma bêbada como companhia, principalmente se ela quisesse permanecer acordada. Enquanto ela decidia se deveria beber ou parar de rir, Ino apareceu.

— Acredita que o vocalista da banda que chamei para tocar ao vivo passou mal? A banda está toda aí, menos ele! Merda! — reclamou irritada e eu balancei a cabeça numa tentativa de dar apoio moral.

— Eu preciso achar o banheiro, Sasuke... Me espera aqui, ta bom?— Sakura avisou e eu assenti.

Enquanto via ela se distanciar meio cambaleante na multidão, Ino ficou na minha frente tapando minha visão de Sakura. Jogou os cabelos numa tentativa de fazer charme, sorriu desistindo de reclamar e ajeitando o vestido curto.

— Ainda não consigo acreditar que conseguiu trazer Sakura para cá. Você é incrível, doutor! — ela disse sorrindo aproximando-se, mais um passo e ela se sentava no meu colo. — Que tal me contar como você faz? — perguntou insinuando-se para mim, e logo senti seu bafo de cachaça... Ino estava mais bêbada que Sakura e eu juntos!

— Só marcando uma consulta para saber, e infelizmente estou de férias... — respondi ao unir as sobrancelhas quando vi que atrás dela, bem lá atrás, Sakura cambaleava na direção do palco.

 Isso vai dar merda!

— Mas vamos parar de falar de mim agora, vamos falar sobre você. Além de me achar incrível, o que mais você faz da vida? — perguntei qualquer coisa só para fingir que prestava atenção. E enquanto ela tagarelava a resposta, eu via Sakura engatinhando para chegar ao palco, depois com a ajuda de alguns bêbados conseguiu subir.

 Droga, falei que ia dar merda!

—... Hein? Está me ouvindo, doutor? — perguntou Ino fazendo-me encará-la. Apenas apontei para o palco e rapidamente ela se virou vendo que a música parou de tocar.

A maluca da Sakura estava em cima do palco de costas conversando com os integrantes da banda que Ino contratou. Depois se virou com o microfone e uma folha em mãos. Deu três batidinhas no microfone antes de falar...

— Um, dois, três, testando... Som! — disse vendo que o microfone funcionava.

Ergueu a folha e depois voltou a olhar a plateia.

 — Olá, gente! — falou e todo mundo vaiou porque estavam pedindo por música, não por uma doida chapada no palco.

Ele ignorou, se é que percebeu, continuando a falar.

 — Hoje é o aniversário da minha grande amiga, a Ino. E... Droga! A vida é tão injusta, professores ganham tão pouco que mal pude comprar um presente para ela, e eu gosto muito dela! Por isso vou te dar algo que veio do fundo do meu coração! Essa que compus vai para você, Ino! — disse apontando para uma gordinha em frente ao palco que sequer era loira pra ser confundida... Humf!

Então, virou-se de novo para banda como se fizesse o sinal para que eles começassem a tocar.

Levantei-me seguindo junto com Ino para perto do palco junto da multidão que prestava atenção nela. A música de repente se iniciou e a professora maluca fechou os olhos segurando o microfone.

Tento me apoiar,

Acabei de acordar,

Tão bêbada hoje estou

E a cachaça acabou...

E fui...

 Procurando mais bebidas pelo armário

E não...

Não sou mais uma coisa sem valor.

Mas isso não é viver,

Eu não posso mais beber...

Independente do licor.

Só tenho que engolir...

Um suco natural de limão.

Se o vinho acabou,

A pinga no fim chegou

E a cachaça não me faz bem...

O que eu preciso é seguir...

Sem desmoronar no chão.

Cantou a letra todinha sem desafinar e algumas vezes olhava na folha, mas aposto que era por estar enxergando duas dela. Encerrou de uma vez a música, mas como se não bastasse o show, ainda fez brotar um copo de cachaça em sua mão, do qual ela não titubeou em celebrar.

— Um feliz aniversário pra Inoooooo! — gritou, sendo imitada por todos. — Este brinde, é pela vida! Vamos viver cada segundo como se fosse o último, galera! — disse mandando um beijo pra gordinha da frente enquanto Ino ficava de boca aberta com a ousadia da amiga, que ao descer do palco se jogou em meus braços.

— Acho que já está na hora de irmos... — anunciei ao se despedir de Ino. E quando saímos daquela festa, pude ver que já estava amanhecendo.

 Entramos em meu carro, no qual coloquei um rock bem alto, de maneira que Sakura pudesse gastar suas últimas energias chacoalhando-se a meu lado.

Dirigi o mais rápido que pude até o apartamento dela. Passamos pelo síndico que me lançou um sorriso dando-me um joia com o polegar. Subi direto com ela, esforçando-me para pegar sua chave e poder abrir a porta, quando fomos cumprimentados pela vizinha que com um sorriso nos deu joia com o polegar.

Entrei sustentando o corpo de Sakura que já estava no limite, caminhei com ela até seu quarto, deitando-a na cama, quando me puxou com os olhos entreabertos.

— Que horas são? — perguntou-me completamente exausta.

 Olhei em meu relógio de pulso verificando.

— Seis e doze. — respondi vendo-a sorrir.

— Obrigada, doutor... — sussurrou. — Era meu sonho. Eu nunca me diverti tanto em toda a minha vida... — disse sorrindo quando por fim fechou os olhos se entregando ao sono.


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Notas finais do capítulo

Quando tínhamos 11 anos de idade, desenhamos nós mesmas bem (naquele estilo de pauzinhos), numa folhinha de papel e a colocamos numa capinha de CD, e dai pensamos... Por que não começamos a compor músicas? Vai ser um sucesso! Então batizamos nosso CD de "Desgraças" e começamos a compor as músicas, que eram paródias de algumas besteiras que escutávamos na época e todas estavam relacionadas a alguma forma do ser humano se dar bem mal. Essa que a Sakura cantou se não nos falha a memória era o 3° ou 4º single de desastre total da nossa coletânea, iahsiuahs... Cobrávamos um real pra cantarmos pros nossos amiguinhos... Aaisuhaisu ( já éramos meio vigaristas )...

Nós três já pagamos muitos micos nesta vida, mas percebemos que todos eles deram em fic... Muaaah!

Bem, voltando ao cap, Sakura finalmente acordou! O que acharam?

Preparem-se para maluquíces!

BeijOs *--*