Wake escrita por Taís, Juh, Amanda


Capítulo 6
Sermão


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um...

Boa- leitura!



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Depois que a gente quebra muito a cara, aprende a valorizar o rosto!

Quando você é nocauteado por uma maluca com uma panela em mãos, eletrocutado com uma arma de choque e escuta previsões malucas, um tanto improváveis de uma assassina metida a vidente, não sendo o bastante, ainda recebendo uma batida de porta na cara, já me eram sinais suficientes de que eu deveria dar no pé antes do prédio virar a cena de um crime.

Estava sendo mais complicado do que eu esperava convencê-la a se tratar. Ou ela era dura na queda ou eu estava ficando muito ruim no que faço.

A segunda opção certamente é a falsa.

Então durante a semana, ocupei minha mente nas pesquisas que nessa brincadeira toda, ficaram de lado e totalmente atrasadas.

E mesmo dando uma folga para a professora, enquanto trabalhava e resolvia alguns assuntos do meu consultório por conta das minhas férias, tratei de botar este meu coração bondoso pra trabalhar, e troquei todos os números de sua agenda por contatos úteis, àqueles que eu sabia serem os únicos contatos que ela realmente precisa: meu celular, meu telefone, endereço e e-mail.

Sakura deveria se sentir privilegiada afinal, são poucas as mulheres que sabem onde me encontrar!

E ela já estava sentindo saudades que eu sei...

Pois bem, numa bela manhã ensolarada, recebi um e-mail da professora, já imaginava do que se tratava, então não me assustei com as seguintes palavras em Caps Lock: "DEVOLVA! DEVOLVA AGORA AS PÁGINAS DA MINHA AGENDA, SEU DOUTOR DESGRAÇADO!". Acho que ela estava um pouco brava quando escreveu isto.

Seu e-mail foi visualizado, ignorado e humilhado com sucesso!

Quando finalmente chegou a tão desejada sexta-feira, acordei mais cedo que o habitual, e me preparei para mais um dia na escola.

 Ao chegar, estacionei meu carro na mesma vaga da semana passada. Procurei pelo fusca da rabugentinha não o encontrando. E então entrei na escola cumprimentando a tia da cantina. Aproveitei para elogiá-la dizendo que estava mais magra do que há sete dias. Logo surgiu um sorriso nos lábios da coroa, confirmando que estava de dieta e que só eu havia reparado... Esse truque sempre funciona, mesmo sendo uma pesada mentira, uma vez que a mulher parecia estar sofrendo uma mutação genética de tão volumosa, mas... Pelo elogio, ganhei um cappuccino grátis.

Falei brevemente também com Hinata e Ino, seguindo para a sala da diretora Tsunade. Afinal, eu havia chegado bem mais cedo que o combinado, precisava fazer alguma coisa para passar o tempo...

E céus, Deus criou os peitos nas mulheres para que tivéssemos algo para olhar enquanto conversamos com elas!

Comprovei isso enquanto Tsunade tagarelava pelos cotovelos. Por sorte consegui sair de lá sem ser asfixiado por suas almofadas assassinas, seguindo para sala da professora Sakura.

E não sei por que, mas não me assustei ao entrar na sala vendo o cenário da terceira guerra bem diante de meus olhos, e a professora Sakura...

 Alguém aí disse dormindo? Pois é... Acertou!

Enquanto isso, passava um filme autoexplicativo do qual ninguém prestava atenção.

 Tive que agir diante aquele caos, peguei o apagador da mesa e o taquei com força na lousa, bem onde haviam desenhado a professora com os cabelos rosa e espichados, com dois chifrinhos na cabeça.

 Imediatamente os pestinhas se sentaram em seus respectivos lugares, calando a boca, e eu percebi que o problema não eram bem eles.

Aquelas crianças precisavam de um educador com o pulso firme para botar ordem na bagunça, alguém disposto a ensinar, e nitidamente Sakura não era essa pessoa.

— Ah, você aqui? — ela resmungou espreguiçando-se. Estava abarrotada e com seu coque mal feito.

— Sentiu saudades, professora? — ironizei sorrindo, e ela revirou os olhos acomodando-se na cadeira. — A noite de sono foi tão ruim assim, que você teve de terminá-la por aqui, é? — perguntei só para provocá-la mesmo, porque sabia que ela havia dormido melhor que qualquer pessoa dessa escola.

— Eu não estava dormindo... — disse visivelmente desconfortável buscando uma desculpa. — Apenas estava tentando sufocar o mosquito que entrou no meu olho.

Certo, ela já estava conseguindo torrar a minha paciência e isso não era nada bom. Precisava dar um basta nisso!

Ao longo das aulas fui anotando o que precisava ser melhorado, basicamente só...

 Tudo!

 Sakura continuou com suas preguiceis, e apenas pediu aos alunos que fizessem um resumo do filme, nada mais. Quando o sinal bateu anunciando o fim das aulas, acompanhei a professora até o estacionamento.

— A carona está de pé, topa? — não custava nada perguntar já que íamos para o mesmo destino, embora ela não soubesse ainda. Meus planos começariam a ser executados ainda hoje.

— Estou de carro, doutor. — respondeu ao me dar as costas, e seguiu na direção do seu fusca.

 Sendo assim entrei em meu carro, dando partida. Antes de sair do estacionamento parei o carro ao lado de sua lata velha, que ainda tentava dar partida inutilmente.

— Tem certeza de que não aceita a carona, Sakura? Olha, se quiser eu posso guinchar seu carro... — propus sentindo pena da professora, que insistentemente tentava fazer seu fusca azul ridículo pegar no tranco.

— Não, doutor. Na sexta ou sétima tentativa meu carro irá funcionar, não precisa se preocupar... Já pode ir. — recusou. Então tá, assim dava tempo de eu passar no supermercado.

Levantei o vidro seguindo, mas antes de sair, certifiquei-me de que nenhum celular fosse tocar para me atrapalhar, e novamente acabar atropelando alguém.

Tudo certo.

 Então segui para o supermercado o mais rápido possível. E com a lerdeza daquele automóvel que, aliás, era a cara da dona... Teria tempo de sobra!

Assim que cheguei à frente o apartamento da professora, peguei a chave no bolso para abrir a porta, mas para minha surpresa... Não abria mais!

Sakura havia trocado a fechadura de sua porta... Merda!

Por essa eu não esperava.

 Maldita professora, acabou com meus planos! Humf.

Suspirei, sentindo-me frustrado.

Guardei novamente a chave dentro do bolso, percebendo que o cadarço de meu tênis estava desfeito. Deixei as compras no chão a fim de amarrá-los, quando notei o tapete abaixo do meu pé.

Sorri revirando os olhos...

Como não pensei nisso antes?

Isso, Sasuke!

É claro que a maluca deixaria uma cópia debaixo do tapete... Todo mundo faz isso! Inclusive minha bisavó. Tsc!

Levantei-o, achando a cópia da chave que a professora deixara ali. Então sem dificuldades abri a porta entrando com as compras. Fui direto ao seu armário e geladeira, jogando todas as porcarias fora substituindo-as por comidas de verdade. Frutas, legumes e verduras... Parecia outra cozinha!

Quando terminei, fui para a sala sentar-me em seu sofá. Fiz algumas últimas anotações em sua agenda e a coloquei sobre a mesinha com seus novos hábitos e horários, por fim dando uma olhada no relógio. Aquele fusca é mais devagar do que eu supunha, dava na mesma se ela optasse por vir a pé!

Foi então que coisas sobrenaturais começaram acontecer. A TV ligou sozinha no mesmo instante em que se iniciava um filme inédito.

 Na cozinha, o barulho do microondas e os primeiros barulhos de milho de pipoca estourando.

 Assim que apitou fui buscar o pacote, prestando atenção no cara que corria de um policial em alta velocidade.

Encostei-me nas almofadas ansioso para saber se o carinha iria ou não conseguir se safar de ser preso, ao mesmo tempo em que sem despregar os olhos da tela, apreciava o sabor quatro queijos que tinha aquela pipoca. E quando dei por mim a porta havia sido aberta e Sakura dizia algo como: “O QUE ESTÁ FAZENDO NO MEU SOFÁ, ASSISTINDO O MEU FILME E COMENDO A MINHA PIPOCA?"

Levantei as mãos para o alto, pensando se conseguiria correr como o carinha do filme, ou se ficava e encarava a fera. Pior que aquele sofazinho da preguiça estava tão bom...

— SAIA JÁ DAI! — ordenou tocando-me para fora.

— Acalme-se, por favor! — pedi sendo escorraçado sem dó.

— Eu troquei a fechadura da minha porta, como é que você já está aqui dentro? — perguntou ao entrar comigo dentro do elevador.

Vi quando Karin tirou uma foto dela avançando para cima de mim. Tentei implorar por socorro, mas a porta já havia se fechado.

— Não faz mal, vou mostrar a tua cara pro síndico, e nunca mais vai conseguir invadir meu apartamento. — disse enfurecida, puxando-me pelo braço completamente enfezada, indo em direção a recepção, onde estava o sindico Sai, o tal paciente do qual eu não me lembrava.

Segurou meu rosto a fim de mostrar bem o meu rostinho para o síndico que mal ela sabia, diga-se de passagem, era meu chapa.

Ele estava aguardando para saber o que a professora se preparava para dizer, enquanto me preparava pra levar um chute no traseiro e ser expulso daquele prédio.

Mas o olhar de Sakura ficou estático atrás de mim, e quando finalmente piscou, aproximou meu rosto que estava sendo segurado por sua mão em direção a seus lábios.

A professora me tascou um beijo.

 Um beijão!

Imprevisível e interminável.

Como ela não fazia menção a parar, puxei sua cintura mais para perto de meu corpo e até tentei colocar minhas mãos em seus cabelos, mas o maldito coque não permitia.

Suas roupas enormes também não me ajudavam em nada, parecia uma fortaleza contra qualquer homem que tentasse lhe encostar a mão.

 Assim mesmo aprofundei o beijo que foi separado aos poucos. Sentia sua respiração contra o meu rosto, e seu corpo meio molenga apoiado entre meus braços...

Isso foi uma reação ao meu beijo?

 Não é possível que ela esteja com tanto sono assim, né?

A professora parecia tonta e me olhava com intensidade por trás daqueles óculos de armação feia.

— Sakura... — chamou uma voz masculina atrás de nós.

 Então com um de meus braços ainda envoltos a sua cintura, me precavendo de que ela não fosse cair no sono ali mesmo, me virei.

— Sa-Sasori? — disse ela com surpresa na voz.

— Está namorando? Eu não sabia... Quero dizer, você não comentou nada. Há quanto tempo não nos falamos não é mesmo? — perguntou o ruivo que alternava o olhar também surpreso entre mim e a professora maltrapilha.

— Sou Sasuke Uchiha, como vai? — me apresentei erguendo a mão para segurar-lhe firme. — Conhece minha namorada? — questionei.

— Sakura e eu éramos noivos. — disse o ruivo.

 Agora está explicando... O porquê do beijo repentino que a maluca me deu.

— Isso já faz muito tempo, agora sou namorada do doutor Sasuke. Estamos muito felizes juntos, não é amor? — perguntou encarando-me com um olhar quase que implorativo.

— Feliz? — perguntei olhando para Sasori, em seguida para Sakura e em seguida sorri amplamente.

Eu estava com a faca e o queijo na mão.

Quem é que manda agora, hein preguicite?

— Só tenho a te agradecer por ter se separado dessa mulher maravilhosa... Devemos a você toda essa felicidade cara, toca aqui... — disse estendendo a mão vendo a cara de bosta que o tal de Sasori ficou.

— É toca aqui... — disse Sakura empolgada. Só lhe lancei um olhar e ela recolheu a mão. — Digo, o que te trouxe até aqui? — perguntou pigarreando.

— Oh... Eu? Não, nada... É que eu pensei que... De repente, eu... Bom, deixa para lá. Eu tenho que ir... — disse o ruivo indo embora. — Foi bom lhe ver. — ainda disse por último, mal nos olhando e sumiu.

É claro que esse cara tinha ido ver a Sakura.

 É claro que a idiota se aproveitou do meu corpo maravilhoso para se safar de encontrar o ex estando por baixo.

É claro que estou furioso por ela ser tão estúpida a ponto de abandonar a si mesma por causa de um otário que provavelmente terminou o relacionamento com ela.

E é claro que estou dando murro em ponta de faca...

— Pode me explicar o que foi isso, professora? — perguntei sacudindo-a.

Estava paralisada há minutos com o olhar na direção pela qual o ruivo foi embora.

Pronto, morreu em pé...

Só o que me faltava!

— Vamos! Não é por nada não, mas já estou bem cansado de insistir com você. E não precisa de explicações, se entregou a problemas emocionais por causa desse cara? Francamente! Acha bonito agir dessa maneira? Acha mesmo que é correto escolher um nerd para escrever na lousa o nome dos alunos que ficaram de pé quando você sai para tomar seu cafezinho? Eu estou aqui perdendo o meu precioso tempo com você! Logo com você, que não usa o pouco do tempo que lhe resta sequer para dar atenção às amigas. Não se importa com seus alunos... Você está desperdiçando não só o tempo da sua vida como a deles também, sabia? Leve-os para fora daquele cubículo, ouse! Procure de fato se relacionar com os alunos, pare de dar atividades prontas e fáceis de corrigir, ou passar estes vídeos autoexplicativos só para te poupar gastar a tua voz. — disse irritado ao lhe dar as costas, mas antes lhe olhei bem dentro dos olhos. — Sabe de uma coisa? As coisas não melhoram por aqui porque você é um cadáver!

Acabaram-se minhas fichas... E um bom jogador sabe à hora de parar.

Fui um completo idiota achando que me daria bem com essa história que inventei, e agora estava aqui, com um prazo limitado para terminar a porcaria dessa tese e nenhuma ideia do que fazer.

Já fazia quase duas semanas que não via a professora desde o sermão que lhe dei.

 Bobeira minha pensar que valeria de alguma coisa!

E também não fui fazer o acompanhamento da aula de sexta-feira.

Tudo o que eu queria era encher a cara de coca-cola enquanto me debruçava sobre a papelada de minhas pesquisas. Eram 01h37min da madrugada de sexta-feira, quando minha campainha tocou.

Sem vontade alguma, abri a porta deparando-me com a última pessoa que pudesse estar acordada a esta hora...


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Notas finais do capítulo

Nós responderemos a todos os maravilhosos comentários que recebemos nos capítulos anteriores amanhã pela manhã, só passamos rapidinho pra postar!
Mas e ai... O que acharam???
Comentem *--*