Vivo Por Ela escrita por MayLiam


Capítulo 6
O guardião


Notas iniciais do capítulo

O NYAH ME DEIXOU POSTAR AAAAAAAAAAA
FINALNALMENTE!!!!!!!!!
AMANHÃ TEM A ATUALIZAÇÃO DE ELE II E RAINHA DO EGITO PESSOAS.... BEIJOS!!!!! ESTAVA COM SAUDADES.



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Os dias estavam se passando e meu me sentia um pouco melhor. Embora o médico não me deixasse sair muito ainda. O inverno aqui é mais frio do que pensei. Eu nunca fiquei bem em climas assim. Estava a espera de Stefan. Ele estava pra chegar dentro de alguns dias e eu estava empolgada, por que, desta vez, ele me garantiu que ficaria por um bom tempo.

Outra coisa menos ruim era o fato do Duque estar se portando mais amigavelmente comigo. Enfim estava começando a me sentir melhor nesta casa. Sage era muito prestativa, assim como o senhor Finn e Kol. A única que ainda nutria uma antipatia por mim era Rebekah, mas ela sabia disfarçar bem isso. Inacreditavelmente a melhor coisa do meu dia era quando eu recebia um bilhete do Duque. Talvez esse fosse o problema a cerca do mau humor de Rebekah. Acho que ser a moça dos recados não lhe caia muito bem.

“Espero que tenha acordado mais bem disposta esta manhã. Muito embora, eu deva dizer que, não me agradou nada o fato de não ter jantado ontem. Já sabe que sempre vou saber o que faz aqui, certo? Não quero que meu irmão encontre uma noiva pálida e desnutrida o que irá pensar de mim?

D. Salvatore.”

“Pare de assinar seu nome. Já sei de quem recebo estas ordens. Nunca cansa de mandar nos outros Duque? Ou é apenas uma mania irritante que nutre através de mim?”

“Não seja esnobe senhorita Gilbert. Deve comer. Ainda está em recuperação.”

“Tomei um café muito bem reforçado. Não tenho problemas com comida. Apenas ontem ainda estava cheia demais para jantar e quis dormir cedo. Estava me sentindo cansada.”

“Sente-se mal outra vez? Quer que mande chamar o médico?”

“Não vai ser necessário. Por favor, não exagere.”

“Mas se está indisposta é melhor chamar, o médico pediu para ficar de olho.”

“Duque. Eu realmente não queria ter que entrar em detalhes, mas sua insistência me inquieta. São coisas de mulher, que acontecem todos os meses por sinal. Sei que vai me entender.”

“Oh! Perdão. Mesmo assim tente comer melhor. Precisa repor ah... Você sabe, ficar forte.”

“Não se preocupe. Poderia descer e caminhar comigo.”

“Sabe que não saio ao sol.”

“Nem sequer há sol. É inverno.”

“Não insista.”

“Há alguma outra forma de mantermos um diálogo? A pobre Rebekah está diante de mim cansada. Embora seja apenas uma escada, devo admitir que costumamos trocar muitos bilhetes durante o dia.”

“Até amanhã senhorita Gilbert. Tente se comportar por hoje.”

“Sim senhor, caro Duque.”

Estou sorrindo quanto entrego a Rebekah a última resposta. Ela sai de meu quarto pisando fundo e é uma visão engraçada. Vejo Sage entrar com um pouco de chá para mim.

–Quase não tocou no café da manhã. Pensei que quisesse se recuperar logo, para poder sair por aí.

–Não como muito bem quando estou assim. – ela sorri e me passa o chá. – Sage... – ela me olha. – Por que o duque não sai ao sol?

–Ele é doente.

–Sim, mas nem em dias nublados?

–Ainda há emissão de raios de sol senhorita, apenas não podemos ver.

–Isso é discutível.

–Por que a pergunta?

–Queria que ele saísse para uma caminhada comigo.

–Nem a senhorita nem ele podem fazer isso. A senhorita por que ainda está muito frio e o médico pediu para evitar e ele pelo o que eu já disse.

–Ouço ele tocar as vezes, o piano. Ele toca tão bem. Tenho vontade de subir e ouvir de perto. Por que ele não deixa ninguém entrar lá? O que ele tem afinal de contas Sage?

–Tome seu chá e fique quieta. Deixe o duque em paz. É triste, mas é melhor.

–Vocês todos tem tanto medo dele.

–Não é medo. É respeito. – agora tome o chá e não reclame. Vou descer e ver como anda o almoço.

Bufei vencida.

...

–Bom dia senhor.

–Sage você sabe que não a chamo aqui certo?

–Sim, apenas Rebekah.

–Então sabe que é uma ocasião especial?

–Imaginei senhor, o que deseja?

–Você passa mais tempo com a noiva de meu irmão. Ela se queixou hoje de manhã por não ter estado bem ontem no jantar. O que ela tem?

–Apenas indisposição.

–Ela comeu?

–Não muito, tem se alimentado pouco estes dias.

–Mas não pode e sabemos disso.

–Sim, senhor.

–A faça comer.

–Como?

–Sei lá, lhe pergunte o que gosta, o que prefere. Nossa comida pode não ser a que está costumada.

–O senhor Stefan já me passou todos os gostos da senhorita.

–E mesmo assim não tem adiantado?

–Não.

–Ela vai ficar doente outra vez.

–Ela está comendo. Só pouco, por causa de como tem se sentido, mas não deve durar mais que um dia.

–Ela disse que são coisas de mulher, então por ser mulher, acredito que saiba o que diz.

–Sim, senhor. Mas alguma coisa?

–Sim. Ah... Procurei minha capa ontem e não encontrei... Você a tirou daqui?

–S-Sim a um tempo... O senhor nunca usa.

–Posso precisar dela muito em breve, pode trazer de volta, por favor?

–C-Claro...

–É só isso Sage.

Sage saiu do quarto desnorteada. Primeiro pelo fato que o próprio Duque destacou tão bem, ele a chamou. Desde que saiu do hospital nunca o fez. E segundo porque estava perguntando por sua capa. Nos primeiros dias depois da volta do hospital, o Duque ainda se permitia sair vez ou outra pelos cômodos da casa, sempre com sua capa. Ela era o símbolo de sua locomoção. Sage não podia deixar de associar seu pedido ao fato de estar pensando em sair e andar pela casa. Era uma coisa surpreendente e, ao mesmo tempo, intrigante. Ela já havia ficado muito surpresa com a saída dele na manhã que salvou Elena. Com toda certeza a presença daquela moça na mansão estava estabelecendo novos hábitos no Duque. Sage estava feliz. E chegou sorrindo na cozinha. Onde encontrou sua sobrinha e marido ansiosos por respostas.

–O que foi? – Finn quis saber.

–Fala tia! – insistiu Rebekah.

–Ele só queria saber sobre a senhorita Gilbert. – ambos respiraram frustrados – E perguntou sobre sua capa. – os dois pares de olhos diante dela estavam petrificados. A boca de Finn se abriu em um “o” e o sorriso de Rebekah, depois dos segundos de perplexidade, daria para aquecer todos na cozinha. Todos, e não só Sage, sabiam o que o pedido significava.

–Acho que é por causa dela. – Finn falou olhando pra mulher.

–Eu também acho querido.

–Bem, seja pelo que for, ele vai sair. E provavelmente andar por aí. Ler na biblioteca ou na lareira. Jantar à mesa. Vai ser muito bom pra ele.

–Sim, vai. – disse Finn a sobrinha.

Como o duque pediu, Sage providenciou sua capa. O resto do dia fora calmo na mansão, a não ser no cair da noite, quando estando todos na mesa, para o jantar, Rebekah e Kol, Finn e Sage, ouviram uma voz aflita gritar...

–Sage! – o grito foi estridente, alto demais, ecoou pelas peredes da grande mansão como um eco perturbador. Todos congelaram.

–Senhorita Gilbert. – Kol ofegou. Após alguns segundos de entendimento Sage pulou da cadeira, Rebekah a seguiu. Ambas subiram para o quarto da moça. Alvoroçadas encontraram Elena de pé, inclinada sobre sua mesinha de escrever, pálida e trêmula.

–Senhorita, por Deus! O que foi? – ela nada respondeu, de seus olhos apenas súplicas silenciosas refletiam, dos lábios trêmulos apenas um pedido.

–Me ajude! – saiu num sopro de voz e o corpo dela foi ao chão.

–Elena! – Sage gritou por puro instinto.

–Deus! – Rebekah ofegou.

–Rebekah! – foi o grito do duque. As mulheres se olharam alarmadas. Sage estava diante de Elena, ela estava pálida e muito gelada. O desmaio devia se dever ao fato de não estar comendo muito bem estes dias, e de estar fraca pela condição atual. Ela também notou que ela estava sangrando muito. E sem comer um desmaio seria inevitável.

–Suba rápido e depois volte e me ajude com ela. Ele deve ter ouvido o grito.

–E quem não ouviu? – replicou Rebekah e saiu do quarto indo ao encontro do duque. Mal passou pela porta e foi atalhada.

–O que aconteceu? Que grito foi esse? Ela está bem? – o olhar perturbado dele, também perturbou Rebekah, por mais que ela não gostasse de reconhecer, ele gostava mesmo muito da senhorita.

–Ela desmaiou. – a voz dela saiu afetada, os olhos do duque saltaram. O leve rubor de sua face sumiu e ele deu um passo para trás.

–Chame o médico.

–Senhor é tarde. As estradas ainda estão perigosas com a neve. Não tem como ninguém tentar chegar a mansão sem a luz do dia. – ele bufou inquieto sabendo que era verdade.

–O que ela tem?

–Está fraca, só isso, não tem tido apetite, e no estado que está agora a falta de alimento não ajuda.

–E o que devemos fazer? Ficar olhando ela se matar? Pedi para sua tia alimentá-la! – sua voz adquiriu um tom severo e foi quase um grito.

–Ela o faz, mas o que podemos fazer senhor? Enfiar a comida em sua garganta? Ela come como uma pequena ave.

As mãos do duque passaram por seu cabelo, ele estava visivelmente inquieto, ele olhou para a porta aberta a trás de Rebekah, e começou a ir de um lado pro outro, olhando para saída. Do nada o seu olhar foi pra capa, que estava colocada num dos braços de uma poltrona bem perto de sua cama. Rebekah acompanhou o olhar e compreendeu o movimento seguinte.

–Mas que inferno! – O duque vociferou irritado e foi de encontro a capa agarrando-a e colocando-a. – Desça e prepare uma bandeja com comida. – ele falou deixando o quarto.

...

Meu corpo nunca ficou tão pesado, respirar doi, estou me sentindo tão mole. A luz do quarto está fraca, eu estou fraca, me remexo inquieta para me por sentada, mas meu corpo não responde. Minha última lembrança é de estar prestes a cair no chão do quarto e dos olhares assustados de Sage e Rebekah para mim. Tudo no quarto está instável, girando de leve.

–Eu não posso confiar no que me diz. E isso já está pré estabelecido. – eu paraliso assustada com a voz. Não pode ser. Me movo na cama forçando o meu corpo a sentar e novamente não obtenho sucesso. – Frustrante? – ele provoca. – Bem, se estivesse comendo como deveria estaria mais forte para sentar na cama. – ele repreende.

Ele está aqui. Meu coração está disparado, a atmosfera do quarto é outra, estou trêmula. O tom grave de sua voz é inacreditável. Eu começo a procurar pelo quarto, até que paraliso o olhar para um perfil de pessoa encarando a janela de meu quarto, olhando para fora. Ele está afastado da luz que as velas ao redor de mim emanam. Penso que sua escolha de ficar no lado mais escuro do quarto no momento, é totalmente proposital. Ele está usando uma capa escura, eu só consigo notá-lo por que o tom de suas calças é claro e se destaca no meio da escuridão. Basicamente o que estou vendo dele são suas pernas. Ao menos a parte abaixo do joelho. Mas é ele. Ele está aqui!

–Está me passando um sermão? – pergunto tentando devolver sua provocação e me forçando de novo a ficar sentada, desta vez, com mais empenho eu consigo me recostar nas almofadas da cama, de maneira desconfortável, mas bem melhor que antes. Posso vê-lo melhor assim.

–Você precisa de um? – ele pergunta ainda de costas.

–Minha opinião realmente conta pra esta pergunta?

–Não! – sua voz é severa.

–Onde está Sage?

–Foi ajudar Rebekah a lhe preparar um lanche reforçado.

–Não estou com fome.

–Não me importo. Precisa comer.

–Você nunca cansa de mandar em todos a sua volta? Se não percebeu, não sou um de seus serviçais.

–Não! Eles são mais inteligentes que você. – bufo irritada.

–Veio até meu quarto me insultar e repreender. Realmente não preciso disso.

–Fez por merecer.

–Estou cansada Duque.

–Claro que está. Não come!

–Como sim.

–Não o suficiente.

–Sei do que preciso.

–A julgar pela condição que se encontra agora eu diria que não sabe não.

Meu corpo começou a ficar quente, o calor da pequena discussão que se formou entre nós estava me irritando e inquietando demais. Vire para mim!

–Não precisava sair de sua fortaleza intocável para vir até aqui.

–Achei que estava ansiosa para estar diante de minha agradável companhia. – ele ironiza.

–Não no momento. Não com o tom com o qual está me tratando.

–Como eu disse. Você fez por merecer.

Ele é inacreditável! Jogo os lençois para longe de meu corpo e jogo as pernas para fora da cama.

–Nem pense nisso!

–Preciso ir ao banheiro.

–Espere Sage ou Rebekah voltarem.

–Não estou inválida. – faço uma careta pra ele, ou melhor, pras suas costas e forço meu corpo pra frente e fico muito satisfeita por conseguir ficar de pé. Talvez a raiva momentânea que sua forma grossa de falar me causa tenha reestabelecido um pouco de minhas forças.

–Senhorita Gilbert... – sua voz é uma ameaça contida, ou uma prevenção. – Ainda está fraca.

–Ainda posso me mexer. – falo pegando meu robe nos pés da cama e passando ele por meus ombros. Ele permanece de costas pra mim. É alto, a pouca luz não me deixa notar muita coisa, mas sua altura é notável. Seu porte é esbelto, um pouco menos que o de Stefan, mas acredito que seu estado de saúde sempre frágil, segundo Sage, é uma das razões. Dou as costas para ele e sigo para a direção do banheiro, meu estomago doi, e minhas articulações estão vacilando, no caminho para o banheiro percebo com desanimo que ele tem razão. Estou fraca, me arrasto até uma poltrona próxima e gemo de cansaço pelo pequeno esforço que fiz. Que coisa ridícula.

Fecho os olhos e me inclino para sentar, o quarto gira ligeiramente ao meu redor e volto a gemer, solto o ar dos meus pulmões e puxo ele de volta. De olhos fechados, antes de sentir o alcochoado da poltrona, ouço passos apressados vindos até mim e mãos quentes e fortes em seguida seguram minha cintura. O tremor que passa por meu corpo me faz arregalar os olhos.

–Você é muito teimosa! – ele diz, e, perto de mim, agora eu consigo sentir todo o seu calor, mas sua capa e capuz não me deixam ver muito além de sua boca contorcida de irritação. Num movimento ágil e forte, ele me pega no colo e me coloca de volta na cama. Está tenso e eu, não paro de tremer. Ele se inclina sobre mim e coloca os lençois de volta. Eu me esforço contra a vertigem e contra o tecido escuro que cobre seu corpo me impedindo de vê-lo melhor.

–Desculpa. – ofego, tentando manter os olhos abertos. Sua mão vaga até minha testa e ele resmunga algo que não escuto, só para ele.

–Você está gelada. Fique embaixo das cobertas e não se mexa até Sage voltar com sua comida. Será que pode fazer isso? – ele está inquieto e irritado.

–Odeio me sentir assim.

–Então não se deixe ficar assim. Tem culpa nisso e sabe. Não come!

–Eu como.

–Não o suficiente.

–Não vou começar com isso outra vez, não leva a nada.

–Tem razão. Sabe que estou certo, pare de remanchar.

–Não estou remanchando.

–Não. Está sendo orgulhosa, teimosa, inquieta e caprichosa.

–Mais alguma coisa?

–Está me irritando.

–Eu queria ouvir algo novo.

–Não tem graça alguma. Prometi a meu irmão que cuidaria de você. No entanto, está doente, se afogando em lagos de gelo, sofrendo desmaios e se negando a comer como se deve.

–Você é um péssimo guardião.

–Não se pode fazer muito quando a protegida não segue as regras.

–Há regras?

–Sempre há, não?

Nossa discussão é interrompida pela porta e Sage passa por ela com uma bandeja em mãos.

–Trouxe um lanche.

–Achei que não ia chegar nunca. – o duque reclama indo em sua direção. – Faça ela comer. Não quero ter que sair de minhas leituras por uma segunda vez esta noite. – eu odeio esse jeito dele.

–Não fale de mim como se eu não estivesse aqui.

–Você não está. Não para mim, no momento. – ele responde sem me olhar e logo depois sai do quarto.

–Ai! Ele é terrível! – Sage sorri e trás a bandeja pra perto de mim. -Não estou com fome.

–Senhorita, por favor. Tem que comer. Desmaiou, está fraca e precisa recompor o que está perdendo. Faça um esforço.

–Ele saiu do quarto. Que milagre! – ironizo e ela sorri outra vez.

–Estava preocupado. Nunca o vi tão inquieto. Achava que você estava morrendo, quando chegou aqui a viu pálida e gelada no chão. Sua roupa estava manchada. Ele achou que estava com hemorragia até lembrar de algo que você o falou pela manhã. – corei com a lembrança do bilhete que lhe enviei e depois sorri lembrando de sua resposta encabulada. – Coma! Vai se sentir melhor.

Sage esperou eu terminar a refeição, recolheu tudo e saiu. Ao passar pela porta eu a ouvi se surpreender com alguém. Ele ainda estava lá, esperando para var se ela tinha feito o que ele disse. Depois de ouvir uma confirmação, ambos saíram e eu me permiti descansar.

Na manhã seguinte, depois de já estar a espera de minha refeição no quarto. Rebekah me surpreende, me dizendo que recebeu ordens para me servir na mesa de jantar. Ela estava mais radiante do que de costume e eu fiquei um tanto intrigada. A decisão de fazer as refeições no quarto foram minhas, por que odiava ter que comer sozinha naquele cômodo enorme.

–Eu não como lá Rebekah.

–O duque solicitou. Ele já está lhe esperando para o café. – eu não pude esconder minha cara de surpresa, ela deu as costas e saiu. Eu me peguei sorrindo de perplexidade.

Levantei e fui até o espelho. Olhei minha face pálida e fiz uma careta. Meus cabelos estavam meio desalinhados, eu tentei por um pouco de ordem no caos de minha aparência, mas eu não me satisfazia com os resultados. Bufei! Pra que isso afinal? Não é como se eu fosse descer pra ir tomar café com Stefan. E o duque mal me encarava. Pus um casaco de golas felpudas por cima da camisola, prendi seus botões na cintura e, me sentindo bem aquecida, desci.

–Bom dia Sage! – cumprimentei e notei o duque já sentado à mesa. Vestindo sua capa, de costas pra grade janela que dava para os jardins, novamente, não consegui ver nada que não fosse suas mãos e parte do queixo. Notei que o meu lugar na enorme mesa era justamente o ponta oposta a dele. A mesa era enorme, ficaríamos de frente um para o outro, mas na distancia de cinco pessoas e a luz que vinha da janela era perfeita para ele se manter seguro na sua escuridão. Nessa posição, contra o sol, eu via muito menos dele. – Duque! – falei tomando meu lugar à mesa.

–Acordou melhor?

–Sim, obrigada!

–Ótimo! Coma!

–Resolveu voltar atrás na decisão de me acompanhar em refeições e passeios?

–Na de lhe acompanhar nas refeições sim, pois você precisa de supervisão. Na dos passeios nossos horários não batem.

–Nunca vou entender isso.

–Não é difícil. Não posso sair durante o dia e você não pode sair durante a noite.

–Por que não pode sair durante o dia?

–Tenho certeza que meu irmão já lhe disse isso. – Sage começa a nos servir e em seguida sai e ficamos apenas ele e eu.

–Me explique. Não faço ideia do que seja fotossensibilidade.

–A luz do sol me faz mal.

–Como a um vampiro? – o ouço sorrir abafadamente, mesmo com nossa distância à mesa é um som bem nítido.

–Seria mais apropriado o posto de conde à duque para mim então. – sorrio.

–Você fazendo piada.

–Eu também não costumo sair de meu quarto. Você visivelmente me força a romper a minha rotina.

–Não o forço a nada.

–Tem razão. A promessa que fiz de manter o olho em você me força. Alguma notícia de meu irmão?

–Bem, ele está para vir e ficar por um tempo.

–Isso é ótimo. Você se porta melhor com ele aqui. Faz as poses de boa moça.

–Está me chamando de hipócrita? – ele não responde e eu bufo tomando um gole de chá. Do nada ele começa a tossir, inicialmente parece apenas um engasgo, mas a crise se prolonga e ele levanta da mesa se afastando da luz. – O que foi?

–Nada demais. – fala ofegante, arfando. – Sage! – ele grita. Ela logo aparece. – Preciso de mais mel e limão no chá.

–Claro. – diz e me olha sorrindo resignada antes de sair. Ele continua tossindo, mas aos poucos se recompõe e senta de novo na mesa, devagar, movimentos calculados para não deixar a capa revelar mais do que deve ao sol.

–Está tudo bem?

–Estou me resfriando. – ele diz seco.

–Oh! Aqui é muito frio.

–Água gelada entrando pelas narinas também não ajuda. – ele reclama para si mesmo, mas consigo ouvir.

–Como disse?

–Coma senhorita Gilbert. Eu estou tomando minhas precauções, ficarei bem.

–Repetiremos isso?

–O que?

–Fazer as refeições juntos.

–Você quer? – reluto. Eu quero? Sim, eu quero!

–Sim.

–Então faremos isso. Além do mais você come bem enquanto me bombardeia com perguntas. Se sua curiosidade for o gatilho para comer, eu aguento. – ele diz e noto que comi bem mais do que andava comendo. Fruta, queijo, suco e algumas mordidas na torrada.

–Você não tem problemas com comida, pelo que notei. – ele come muito e com muita vontade.

–Nunca tive problema com comida. Um dos maiores prazeres na vida é comer.

–Isso é discutível.

–Não, não é.

Sorrio vencida e não querendo reiniciar uma discussão sobre quem tem razão. Como ele me prometeu fizemos as refeições juntos, almoço, lanches e janta. Só nos reuníamos à mesa, o resto do tempo ele passava na biblioteca, horas e mais horas lá. No final da noite eu tinha uma questão na cabeça, enquanto Sage me ajudava a me acomodar na cama, tive que compartilhar com ela minha cisma momentânea.

–Sage, hoje de manhã, no café o duque fez um comentário que me inquietou.

–Sim? Do que se trata?

–Eu lhe disse que aqui é muito frio e por isso é mais fácil resfriar e ele disse que inalar água gelada não ajuda. Não entendi.

–Talvez ele só tenha tomado algo gelado durante o dia.

–Inalar não tomar.

–Talvez tenha se arrependido de tomar um banho frio recentemente.

–Foi esquisito.

–Bem, você precisa dormir.

–Boa noite Sage!

–Boa noite senhorita.

...

Na manhã seguinte a nova rotina se repetiu, depois do chá da tarde, Elena estava sentada na sala e encarava inquieta a porta de entrada para a biblioteca. Ela gostava de ficar lá por horas também, mas agora com o duque lá não sabia direito se seria bem vinda, sentia saudade de seus clássicos. Respirou fundo e resolveu arriscar. Ele andava de bom humor, ao menos nas últimas horas.

Hesitante ela entrou na biblioteca, não o viu de primeira deu alguns passos para dentro do cômodo.

–Você não consegue ficar longe? – ela saltou com a voz, levando ao mão ao peito.

–Nossa! Você me assustou.

–Acontece com frequência. – ela procurou ele seguindo a direção do som da sua voz e o encontrou, encarando alguns livros e organizando outros no andar de cima da biblioteca, estava sem a capa, finalmente. Elena notou que não tinha luz a não ser uma que vinha da janela na parte de baixo, a cortina estava um pouco aberta, o resto da iluminação era por velas. – O que quer?

–Ler um pouco. Literatura inglesa sempre foi um de meus pontos fracos.

–Entendo.

–O que está fazendo?

–Colocando algumas coisas no lugar. Você andou mexendo nos livros aqui certo?

–Algumas vezes...

–Encontrei algumas coisas fora de lugar.

–Desculpe!

–Não faz mal, estou apenas me ocupando um pouco.

Ele encara um pouco mais os livros e então vai em busca de sua capa, a coloca e desce até o andar de baixo.

– Não há quase nada de luz aqui. Não precisa da capa.

–Preciso.

–Não, não precisa. A menos que esteja se escondendo de mim.

–Não seja ridícula, não tenho por que fazer isso com você.

–Realmente, comigo não, mas com o resto do mundo talvez.

–O que está querendo dizer? – ele disse parando no pé das escadas, quase que diante de mim.

–Não existem fotos suas nos registros da cidade, nada na imprensa, em lugar algum. Até mesmo Stefan não possui uma foto sua. Isso não é se esconder?

–As coisas são mais complexas que isto senhorita Gilbert. – ele fala e avança indo na direção da porta passa por mim com a cabeça baixa e as duas mãos enfiadas nos bolsos de sua capa. O Capuz não me deixa ver nada além de tecidos escuros. Bufo irritada e avanço contra as janelas ele hesita um pouco antes de parar na porta. – O que está fazendo? – ignoro sua pergunta e agarro as cortinas da frente e as escancaro. – Está maluca? – ele grita procurando a sombra mais próxima.

–Não consigo ler no escuro e ainda há luz lá fora. – falo e continuo abrindo as cortinas das três grandes janelas do cômodo, escancaro a segunda.

–Pare com isso! - ele corre pra direção oposta à luz e alcança de novo as escadas voltando pro primeiro nadar. Este está menos iluminado que o térreo.

–Não tem fotossensibilidade, certo? Você apenas quer se esconder. Por que?

–Feche as malditas cortinas senhorita.

–Não!

–Senhorita Gilbert. Eu tenho feito o possível para tornar nossa convivência agradável. Por meu irmão, eu sinceramente quero manter minha palavra, mas será difícil se, no meio do percurso, eu desenvolver um sentimento de ódio por você.

–E por que me odiaria por eu estar tentando por mais um pouco de luz na sua vida?

–Não preciso disso, não posso me expor à luz, isso é tudo.

–Isso é mentira!

–Não. Não é!

Avanço contra as escadas e vou em sua direção.

–Eu emito algum tipo de radiação solar?

–Que pergunta estúpida é essa?

–Bem, você faz o possível para se manter longe de mim o suficiente para que não o veja. É como se estivesse olhando pro sol.

–Não tem por que me ver.

–Mais uma evidência. Você está se escondendo. Por que?

–Fique onde está. – ele está encurralado contra as prateleiras de livros, braços erguidos para mim, tentando me fazer ficar longe.

–Do que tem medo?

–Nada!

–Tire esta capa Duque. Gosto de olhar nos olhos de quem converso.

–Para que?

–Para ter certeza de que não mentem para mim. Não há luz aqui, tire a capa.

–Não! – sua voz está menos sombria e soa mais assustada.

–Não seja infantil. Sua desculpa é a luz do sol, não vejo um raio sequer aqui, você estava sem ela aqui mesmo a poucos minutos, eu já disse que a menos que eu seja o próprio sol em pessoa isso não faz sentido. Seu argumento não tem fundamento.

–Não posso!

–Mentira! Não quer!

–Me deixe passar e sair daqui.

–Vai passar pela luz lá embaixo?

–Eu corro.

–Ela não é o problema. O problema sou eu. Por que não posso lhe ver?

–Não seja tola, não é nada disso.

–Então tire a capa.

–Não!

–Ou você me tira do caminho ou tira a capa, por que sei que não tem nada contra a luz do sol. Só contra as pessoas olhando pra você.

–Ridículo!

–Prova!

–Não preciso. Saia da frente.

–Não! – ele me dá as costas e soca as prateleiras, me fazendo pular de espanto. – Muito maduro.

–Mas que inferno! – ele grita.

De repente ele vira pra mim, sua respiração alterada, ele avança contra mim e segura meus ombros. Estou paralisada, não consigo ver muito de seu rosto, ele solta uma das mãos e puxa o capuz para trás, mostrando seu rosto.

–Satisfeita?! – ele grunhe num tom sombrio. Ai meu Deus! Eu não acredito...


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Notas finais do capítulo

VOU POSTAR OUTRO AQUI, POR QUE ESTAVA DEVENDO E NEM COMENTO NADA DE ELE II :$ MAS ESTOU CONSEGUINDO POSTAR GRAÇAS AO MEU BOM DEUS KKKKKK XERU!



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