Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Eu estava meio desanimada de escrever por que sei que nenhum fã Brittana gosta de pensar na nossa Santana com outra garota. Eu também não gostaria! Mas é melhor a gente se acostumar. Titia Ryan pode fazer o que quiser e é bem capaz de sambar na nossa cara arrumando uma namorada vadia pra San! Pelo menos na minha fic as coisas podem ser mais românticas. Pensem assim ;)



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Santana acordou cedo, havia perdido o sono várias vezes durante a noite. Lembrar de seus momentos com Brittany a deixava triste. Na noite passada ela não conseguia parar de relembrar o dia em que elas haviam se beijado pela primeira vez depois de descobrir que a paixão era recíproca e como ela havia se sentido quando seus corpos se tocaram, num amasso as cegas, a primeira vez beijando garotas para ambas. Naquele momento não existia nenhum problema, nada que faria Santana desistir desse amor, de ficar próxima daquela loira para sempre. Porém, foi só a mãe da latina chegar em casa para chamá-la a realidade e perceber a loucura que ela estava fazendo. Ela se assustou muito com o risco de quase ser pega com outra garota na cama, quase nuas. Depois desse acontecido voltou a fechar-se no seu mundo secreto. Guardava o amor para si, e soltava ódio para os outros.

Só com Brittany seu coração não aguentava e deixava escapar o amor que prendia. Com a BritBrit ela nunca era cruel ou dizia coisas rudes. Lembrava daqueles olhos azuis tristes no dia seguinte a declaração, quando se encontraram na escola e Santana pediu para que ela esquecesse o que havia acontecido, fingisse que tudo havia sido um sonho. A loira apenas assentiu. Britt sempre foi boa para entender sentimentos, proporcionalmente ligado a como era péssima em entender as matérias da escola. E ela havia visto o medo nos olhos da latina quando quase foram pegas “se amando”.

Depois desse dia, elas raramente falavam sobre sentimentos. Santana tentava sair com o máximo de caras possíveis, para encontrar a possibilidade de “se curar” do amor por Brittany, mas sempre, de um jeito ou outro elas acabavam juntas no quarto, aos beijos e no dia seguinte, não se falava mais nisso.

 A latina não parava de remoer essas lembranças mesmo depois de ter acordado totalmente e seu humor estava péssimo logo pela manhã. Já havia sido grosseira com Rachel que mais uma vez criticou seu trabalho de garçonete e sugeriu que ela fosse dançar em NYADA, em aulas para não-alunos. Santana achou a ideia legal, mas estava mal humorada demais para admitir, então ela simplesmente mandou a coitada calar a boca. Mas anotou mentalmente que iria fazer a inscrição o mais rápido possível. Era um meio de sentir-se uma artista, se especializar em algo.

A latina agora se encontrava na cozinha tomando café da manhã sozinha. Tinha a cabeça apoiada nas mãos, em expressão de puro tédio enquanto bebericava sua caneca de café amargo e comia algumas bolachinhas murchas que havia encontrado no armário. Lembrou-se de Jessica, e seu convite do dia anterior para ajudá-la a terminar os cup cakes que ela mesma havia comprado para a ruiva. Respirou fundo tentando convencer a si mesma que ela não se permitiria estragar seu dia por pensamentos do passado. Mas hoje, ela só queria ficar sozinha.

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Jessica não acordou em melhores situações. Era raro para ela acordar de mal-humor, porém a noite anterior foi repleta de lembranças doloridas do seu tempo de orfanato, tempo em que ela vivia se martirizando por ser “diferente”, gostar de garotas. Isso a fez ficar melancólica. O presente era bem diferente, ela agora era independente, realizara seu sonho de vir a New York, era feliz com sua vida atual, porém ainda se sentia sozinha. O sentimento de abandono que sentia na infância nunca havia lhe deixado por completo.

A ruiva não havia sequer se trocado. Estava ainda de pijamas, os cabelos cor de fogo todos desalinhados, se arrastava até a geladeira com suas pantufas em forma de joaninhas que havia ganhado da Irmã Esperança em sua ultima visita de Natal. Começou a lembrar-se novamente dos seus dias no orfanato e constatou que seu passado havia tirado o dia para torturá-la. Abriu a geladeira e avistou os cupcakes que Santana havia lhe dado e deu um sorriso fraco. Essa morena estava mexendo com ela, mas ela estava cansada de “quebrar a cara” por confiar e esperar das pessoas atitudes que ela teria. Na noite anterior, depois de descobrir que Santana gostava de mulheres também, havia decidido que daria tempo para as coisas acontecerem como deviam ser e não como ela queria que fosse. Não é porque a latina gostava de garotas que iria escolhê-la.

Lembrou que hoje era seu dia de folga do bar mas nem isso a animou. Ela preferia trabalhar a ter que ficar sozinha falando com as paredes em seu apartamento.  Pegou um dos cupcakes e voltou para o sofá tentando não se concentrar em nada além da mastigação do bolinho.

O tempo havia colaborado com seu estado de humor. Lá fora o dia estava cinzento, totalmente nublado e com ventos que faziam as árvores dançarem uma valsa triste. Assim que terminou de comer, resolveu voltar para a cama. Aquele dia praticamente obrigava as pessoas a dormirem até a noite.

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Eram 5 horas da tarde e Santana já havia tentado se distrair com tudo que podia pensar. Ficar sozinha a estava cansando. Olhou para a janela e observou o tempo que agora estava mais escuro e sinistro e notou um relâmpago cruzar o céu. Sentiu um arrepio. Odiava o clima que antecedia tempestades e odiava mais ainda tempestades. Pronunciou um palavrão em voz alta como lamento quando se lembrou de que teria que ir trabalhar com esse tempo medonho. Automaticamente lembrou-se da sua amiga ruiva que lhe faria companhia e pensou que não estaria sozinha para enfrentar a tempestade.

Aliás, ela havia se acostumado a conversar com a garota e ela não tinha dado sinal de vista ainda. Será que ainda dormia? A latina duvidou. Ela era sempre tão disposta. Será que ela havia se assustado com a declaração de Santana a respeito de sua sexualidade? De repente a latina sentiu vontade de conversar com ela, rir, sentir um abraço amigo. Ela não queria admitir que estava com saudades e nem queria que a ruiva soubesse disso. Ela não queria ninguém se achando. Pensou numa desculpa para ir visitá-la, pegou um casaco e saiu, ainda de pijamas.

Jessica despertou com uma batida forte na porta, achou que fosse do correio, a irmã Esperança disse que mandaria um presente em breve pois o aniversário da ruiva estava próximo. Levantou-se pesadamente. Seus olhos estava inchados e um pouco vermelhos pois ela havia chorado bastante antes de pegar no sono. Abriu um vão na porta sem sequer perguntar quem era e corou na hora quando viu que era Santana e se lembrou de que estava parecendo uma mendiga. A latina imediatamente mudou seu semblante de meio sorriso para uma cara preocupada quando viu os olhos da amiga.

- Meu Deus...o que houve? Que erva é essa que você andou fumando?  – Santana ameaçou entrar e Jessica saiu da frente da porta para que ela o fizesse.

- Antes fosse maconha, pelo menos estaria com a cabeça nas nuvens! Não aconteceu nada... você não tem seus dias nublados? – a ruiva dizia enquanto se encaminhava para o sofá evitando encarar a latina.

- Bom, então estamos combinando. Eu não estou para graças hoje também! Veja, até no visual combinamos, ambas de pijamas nada sexies! – Sorriu, mas não foi retribuída pela ruiva que ainda olhava para o chão evitando o olhar da morena.

- Comi um cupcake, se você quiser ainda tem outro... – Olhou de relance para a latina apontando para a geladeira.

- Oh não, obrigada...Na verdade eu queria saber a que horas você vai trabalhar. Esse tempo está deprimente.

- Ai Deus! Não acredito! Esqueci de te avisar que hoje era meu dia de folga! – a ruiva disse enquanto batia na testa – Me desculpa...eu não tive a intenção – e começou a ficar com os olhos marejados.

Santana sentiu um peso no estomago. Não queria trabalhar sozinha com aquele tempo. Havia se acostumado com a companhia de Jessie, mas percebeu que a amiga realmente não estava bem. A conhecia a poucos dias mas sabia que ela normalmente não chorava por qualquer razão então tentou não ser estúpida como havia sido com Rachel mais cedo.

- Tudo bem... eu vou sozinha – A latina deu de ombros. Realmente não teria problema em ir sozinha, não fosse o tempo lá fora.

- Não, já sei! Você também tem direito a um dia na semana de folga. Pode tirar no mesmo dia que eu. Hoje o dia está propício para folgas! Vou ligar para a Tracy, o que acha?

Santana se sentiu mais aliviada e assentiu:

- Mas isso não vai me prejudicar?

- Ah não...explico pra Tracy que moramos no mesmo apê e por enquanto você ainda não se acostumou a ir sozinha e eu estou te treinando no bar. Não tem sentido ir sem mim. Fica tranquila que sou boa de lábia. Além do mais, isso é um direito seu! – a ruiva agora se levantava e ia em direção ao telefone. Santana pode reparar que ela havia se animado um pouco.

A ruiva foi para o quarto falar com a chefe e depois de uns 10 minutos voltou sorridente. Havia tirado o pijama, cabelos presos num rabo de cavalo e os olhos menos vermelhos. Sentou no sofá ao lado da latina virando-se de frente para ela.

- Ah, agora não estamos mais combinando no visual... – Santana fingiu se lamentar. – E aí, o que ela disse?

- Disse que tudo bem. Mas que não é pra você se acostumar. Em dias de tempestade também trabalhamos – Deu uma piscadela para a latina e continuou: - Olha o que você fez comigo, mesmo num dia nublado  e frio fez eu me sentir aquecida! A tristeza até foi embora! E você, porque estava triste?

Santana fez uma careta. Não queria falar sobre sua ex naquele momento.

- Coisas do coração... lembranças do passado – deu um sorriso triste.

- Então é o mesmo problema que o meu!

As duas ficaram se encarando frente a frente. As palavras haviam sumido. O celular de Santana começou a tocar e deu um susto em ambas. Ela viu no visor que era Kurt e estranhou a ligação. Deu um sinal para a ruiva e atendeu.

- Chora Lady Hummel! – falou com voz tediosa

- Meu Deus Santana, pelo visto o seu mal humor ainda não passou hein? – Kurt respondeu com uma voz afetada.

- Não. Não passou. Aconteceu alguma coisa? Vocês nunca me ligam...

- Não, está tudo bem com a gente, mas creio que você tenha visto a tempestade que está chegando. Estamos do outro lado da cidade e o Adan convidou eu e Rach para ficarmos no apartamento dele essa noite, para não pegarmos esse tempo ruim.

- Huuum, sei... tempo ruim! E a Berry vai ficar de vela pra vocês coitada?

- Não seja ridícula...ele é apenas um amigo que se ofereceu para uma caridade.

- Acho que ele quer fazer outro tipo de caridade em você Porcelana...

- Ai Céus, como você é safada Santana! – Kurt tentava disfarçar mas queria rir do que a latina havia dito. – Então, tudo bem você dormir sozinha essa noite? Você vai trabalhar com esse tempo?

- Não, hoje é meu dia de folga! Pode ficar tranquilo, eu me viro aqui sozinha. Use camisinha, e diga a Rach para tomar cuidado para não queimar muito as mãos enquanto estiver segurando a vela!

- Ah Santanás, você não pres... – Santana nem esperou ele terminar a frase e desligou na cara do amigo. Fazia isso sempre, para irritá-lo.

Jessica observava a conversa e notava como a latina era diferente quando conversava com o amigo  e quando conversava com ela. A morena desligou o celular e olhou para a amiga que a observava com olhar de censura.

- Você é assim provocadora sempre?

- Provocadora? Eu tratei ele com carinho! Tava só zuando a cara dele! Você não sabe o que é provar do veneno de Snixx! – a latina voltou a se sentar no sofá.

- Huum, quando será que irei conhecer a Snixx? – Jessie se moveu e aproximou-se mais da latina no sofá. Santana se manteve imóvel. Não avançou, nem recuou e manteve o contato visual.

- Eu acho que você não ia gostar dela. Ela faz garotas más chorarem como menininhas. – Falou isso chegando mais perto do ouvido da ruiva.

- Se a vir, diga a ela que eu não tenho medo de meninas duronas, já domei várias!

Santana arregalou os olhos com a declaração, então a ruiva começou a rir cortando qualquer clima que pudesse estar surgindo.

- Tô de brink’s! Eu não consigo sequer domar a mim mesma, que dirá uma garota selvagem – Piscou para a latina – Então você vai passar a noite sozinha?

- É... pelo visto sim. É bom para colocar a cabeça no lugar não acha?

- Não sei, eu já fiquei tanto tempo sozinha aqui nesse apartamento que daqui a pouco perco a cabeça de vez! – fez uma cara triste – Caso queira companhia estarei aqui.

- Obrigada! Vou pensar em algo pra me distrair – Santana dizia isso, mas na verdade queria uma companhia. Essa tempestade seria assustadora para encarar sozinha – Não quero te incomodar! Bom, vou indo nessa! Tomar um banho porque hoje me abandonei o dia todo.

- Está linda, mesmo descabelada! – deu uma piscadela enquanto levantava e acompanhava a latina até a porta.

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O relógio marcava 19:30. Jessica decidiu tomar banho. Estava muito frio e  já que ela não teria companhia, havia decidido fazer o que sempre fazia: Depois do banho se agasalhar, entrar embaixo do edredom e assistir um filme de comédia romântica sozinha e se lamentar por esse tipo de coisa nunca acontecer com ela.

A tempestade lá fora havia começado a pouco tempo. O vento assoviava, a água caía com violência nas vidraças e fazia um barulho alto. O ambiente escuro frequentemente se iluminava com relâmpagos, seguidos por barulhos de trovões. A ruiva gostava desse tempo e desde que estivesse segura em casa enquanto ele acontecia, não havia problema.

Foi tirando as roupas pelo caminho, entrou no banheiro e ligou o chuveiro. Entrou embaixo daquela água quente e começou a deslizar o sabonete em seu corpo. Por um momento pensou em Santana, de calcinha e sutiã de renda branco na sua frente e sentiu seu corpo esquentar além da água quente. Sentiu-se envergonhada por pensar em Santana daquela maneira, mas mesmo assim continuou pensando enquanto deslizava sua mão ensaboada até sua intimidade e massageava os seios com outra.

Ouviu um barulho vindo de fora e imediatamente sua excitação foi embora. Assustou-se e apurou o ouvido para confirmar o barulho. Nada. Só o barulho normal da tempestade. Ficou assustada e resolveu acabar logo esse banho. Ouviu novamente um barulho e quase que sincronizado a ele, um trovão estrondoso que fez a eletricidade ir embora. Agora o coração de Jessica estava disparado. No escuro, ouvindo barulhos lá fora. Ela tinha certeza que havia trancado a porta de entrada antes de entrar no banheiro. Passavam mil coisas na sua cabeça. Algum ladrão se aproveitando da tempestade para roubar sem fazer barulho, algum tarado que ela tenha brigado no bar e descobriu seu endereço. Desligou o chuveiro e tateou a parede até encontrar sua toalha. Fechou os olhos e enquanto se secava começou a rezar todas as orações que conhecia. Mais um clarão proporcionado por um relâmpago e lá fora um barulho de algo caindo no chão. Pelo barulho, poderia ser seu abajur da sala. Voltou a rezar novamente e seus olhos começaram a ficar marejados. Ela adorava ver filmes de terror, mas naquele momento lembrar-se das suas histórias não estava a ajudando a encarar a situação. Ela precisava sair daquele banheiro. Respirou fundo, enrolou-se na toalha, fez o sinal da cruz e abriu a porta. A chuva lá fora não dava trégua. Ela tentava enxergar através da escuridão. Nada parecia fora do lugar, exceto o abajur que realmente estava caído no chão, mas permanecia intacto. Decidiu que iria correr até o quarto e pegar o taco de baseball que havia comprado pra situações de risco. Iria meter paulada nesse ladrão/tarado até ver os miolos dele se espalharem no chão.

Decidiu não olhar para nada, exceto para a porta do quarto, atravessou o apartamento em passos largos, andando o mais rápido que podia, quando num desses trocar de passos, já próxima da porta, sentiu seus um dos pés chutarem fortemente alguma coisa. Alguma coisa não, alguém. Porque assim que ela chutou e caiu de cara no chão por cima da “coisa”, ela gemeu um “Aiii!”.


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Notas finais do capítulo

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