Capítulo 20 – Heart Attack

–Obrigada – disse Elena, quando saímos da escola.

–Não tens de quê – falei e passados alguns segundos acrescentei. – Katherine é um inimigo em comum. Ou deverei dizer “era”?

Elena riu e baixou o olhar.

–Não tinhas que o fazer.

–Bem, eu não gosto de Katherine, isso é uma certeza. Não ia deixar alguém morrer pelas mãos dela.

–Jo – a sua voz arrepiou-me. Acordou cada célula que eu tinha no meu corpo.

Virei-me. Elijah.

–Vou deixar-vos sozinhos – murmurou Elena para mim, afastando-se num passo rápido, mas discreto.

–O que estás a fazer aqui? – indaguei. – Pensei que tivesses ido embora.

–E fui. Mas voltei. E ouvi a tua conversa com Elena. O que aconteceu?

Sem aviso prévio, os meus olhos encheram-se de lágrimas, mas recusei-me a deitar lágrima alguma fora.

–Katherine tomou a Cura.

–Lamento imenso – disse, ao fim de alguns momentos.

–Eu tinha-a, Elijah. Eu tinha-a no meu bolso – continuei. – Estava na escola a pensar quando é que deveria tomá-la, quando é que deveria telefonar-te para te dizer e de repente… aconteceu tudo tão rápido! Era a única forma de parar Katherine; ela ia matar a Elena!

Elijah acenou.

–E não é como se eu e a Elena fossemos BFFs, mas o meu ódio em relação a Katherine é tão grande que eu tomei uma decisão precipitada. Talvez pudesse ter assistido Elena de outra forma e a esta hora estaria a tomar a Cura…

Uma lágrima escapou do meu olho e ele deu dois passos lentos na minha direção. Não me afastei e ele abraçou-me carinhosamente.

–Lamento muito, Jo – murmurou ele, beijando o topo da minha cabeça.

–Está tudo bem – disse e notei o meu tom triste. Eu estava triste. Sim, sem dúvida. E ninguém me poderia consolar.

–Eu sei que não é a melhor altura, mas eu vim fazer-te um convite.

Ergui a cabeça e afastei-me um pouco dele, mas nem por isso ele tirou as suas mãos da minha cintura.

–Que convite?

–Quero convidar-te a juntares-te a mim em New Orleans.

–O quê? – pisquei os olhos, não tendo a certeza do que ele me tinha dito.

–Eu sei que é muito precoce, especialmente depois do que te aconteceu, mas eu gostaria muito que considerasses o meu convite.

–Elijah, eu… eu não posso.

–Não precisas de tomar uma decisão já – negou.

–Eu sei – dei um passo atrás e nós separámo-nos. – Mas eu não pertenço a New Orleans. Eu pertenço aqui.

–Jo…

–E não é só isso. Tu és a minha fraqueza. Eu mudei por ti. Eu comecei a tratar do meu cabelo, a pintar as unhas, a usar maquilhagem e perfume. Eu mudei e não me arrependo, mas eu não posso estar perto de ti. Desculpa.

Ele não disse nada por muitos momentos. A ruga entre as suas sobrancelhas cresceu há medida que os segundos passavam.

–Não entendo.

–Tu partiste-me o coração. E eu percebi que não posso amar um homem que ainda tem outra mulher na cabeça.

–Mas isso não é verdade.

–É sim, Elijah – discordei. – Por isso, podes sempre contar comigo, mas nós acabámos.

Aproximei-me cautelosamente dele e dei-lhe um beijo na face, afastando-me lentamente dele.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto e não era pela perda da Cura.

Abracei-me a mim mesma e não era por estar frio. Era porque tinha frio sem ele.

©AnaTheresaC