Heart Attack escrita por ariiuu


Capítulo 26
Mentiras dilacerantes


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas... Hoje tive tempo de sobra pra escrever, até por que não tinha bolado tudo na minha cabeça, então saiu no improviso (embora a ideia central do capítulo já estivesse pronta)
Vocês vão se surpreender muito com esse capítulo... Ele está cheio de surpresas legais e exclusivas (Law que o diga).
Então devorem tudo à vontade e divirtam-se ;)



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Heart Attack



Mentiras dilacerantes




“Eu não consigo lidar muito bem com a paixão... E neste jogo do amor é mais ou menos assim... Você vence apenas para perder... E por que raios eu teria de perder novamente!? Eu não estava disposta a colocar o órgão mais importante do meu corpo em jogo, ainda que ironicamente a pessoa ao qual pelejava por minha cerne fosse um perito ladrão de corações... Não no sentido figurado, mas no realista mesmo... Agora preciso esmagar os sentimentos e usar a árdua e tortuosa razão para ter um futuro sem arrependimentos...”




...




O dia havia passado muito rápido. Nami, Bay, Marco, Izou, John e... Law passaram as últimas oito horas esquecendo a vida aventureira e tensa como piratas. Foram mais de sete horas no parque de diversões da ilha fazendo todo o tipo de coisa que jamais sonhavam depois de anos. Montanha russa, roda gigante, karaokê, concurso de glutonaria, onde Bonney vencera, obviamente, peça de teatro e por último e não menos importante...

Patinação no Gelo.

Embora somente Nami e Law tivessem se aventurado na pista artificial do parque, porém... A ruiva apresentava dificuldades em manter o equilíbrio nas pernas. Diferente do cirurgião, que mostrou habilidades exclusivas com os patins.

Bay, Marco e Izou observavam a cena do outro lado da pista, enquanto um grupo de garotas babava desesperadamente ao vislumbrar a destreza do moreno, patinando majestosamente... Afinal... Aquilo fazia parte de sua cultura no North Blue, e por um instante o mesmo esquecera completamente da vida sofrida como um pirata novato.

– Metido... – Nami resmungava baixo enquanto mantinha uma carranca assustadora ao observar Law correndo tão facilmente com aquele par de patins. Ela tentava se equilibrar, mas mal conseguia sair do lugar.

- Vai lá Nami! Não desista!!! Aposto que se alguém tivesse carregando um saco de dinheiro no meio da pista, você já tinha aprendido a andar rapidinho! – John gritava de modo provocante para a navegadora, que naquele exato momento lançara um olhar mortífero para o amigo.

- Eu tenho mais dignidade do que isso, seu idiota!!!

Depois de ver o quanto a Nami se esforçava para se manter de pé, Law sorriu descaradamente com a cena e então correu para perto da ruiva.

- Por que não está patinando...? – A pergunta soava provocativa e cínica.

- Eu estou tentando... Não está vendo...? – A ruiva replicou um pouco constrangida e por um momento o cirurgião notou as bochechas da garota corarem de vergonha. Não ser capaz de patinar na frente daquele ser arrogante era a pior humilhação que a navegadora sofrera.

- Por acaso nunca patinou no gelo...? Você é mais caipira do que imaginava... – E uma vez ele sorriu descarado, fazendo com que a ruiva quase explodisse de raiva.

- Vá se ferrar seu idiota! Posso não ser boa patinando, mas há outros esportes que me dou muito bem...!

- Sei... Beber e apostar em cassinos... Algo bem típico de uma ladrazinha mesquinha e alcoólatra... – Retorquiu em tom de desdém.

- O quê!? Eu não sou alcoólatra! Não posso fazer nada se você é um idiota que não aguenta uma rodada inteira de sakê e já cai bêbado igual a um pato com Mal de Alzheimer!

Law a encarou friamente em resposta.

- Isso não é um esporte, Nami-Ya... Aceitei fazer parte daquela competição idiota apenas para não ser tirado de arrogante pelo bando do falecido Yonkou.

- Que eu saiba ninguém te obrigou... E arrogante você já é de natureza... Deixe de ser hipócrita...

- Que seja... Mas se não quiser ser atropelada, eu sugiro que saia da pista... Está atrapalhando as outras pessoas... – E então o moreno se virou de costa, repudiando a presença da navegadora ali.

- Você não é o dono da pista e eu fico aqui a hora que bem entender! – E após bradar enfurecidamente, Nami patinou com muita dificuldade até onde o cirurgião estava e o empurrou com todas as suas forças no intuito de jogá-lo no chão, porém...

Quem acabou escorregando e caindo foi ela.

O grupo de garotas riu descontroladamente da cara da ruiva, assim como o cirurgião que passou a observar como a mesma parecia medíocre jogada no chão.

A face de Nami ficou coberta em nebulosidade depois de atentar para o sorriso arrogante do cirurgião.





...





- Nami, por que você e o Trafalgar estão brigando tanto hoje...?

- Também queria saber, Bay... – A ruiva redarguia enquanto terminava de sugar pelo canudinho a batida de chocolate ao qual tinha comprado numa barraquinha do festival que haveria a noite.

- Hey, tem uma barraca de tiro ao alvo ali! Todos os prêmios são em dinheiro! – Marco comentava com as duas e no mesmo momento Nami reagiu.

- Vamos carregar a espingarda e ganhar todo o dinheiro da barraca! – E então a garota saiu correndo totalmente eufórica.


Quando a ruiva chegou ao local, reparou que só havia homens. Mas aquilo não a intimidou e logo entrou no meio de todos eles.

Quando finalmente sua vez chegou, ela pegou uma arma e logo mirou numa das garrafas que se encontrava no balcão há seis metros de distância, mas... Uma voz friamente familiar interrompeu sua concentração.

- Até num festival você não perde a chance de ganhar dinheiro...? Você devia ter nascido na família de um Tenryuubito...

E quando Nami ousou olhar para trás, o Cirurgião da Morte a defrontou cinicamente.

- Ninguém quer saber sua opinião... Então suma logo daqui por que sua presença me irrita... Bastardo... – Ela respondeu irada. Já estava cansada de ser provocada o dia todo pelo shichibukai.

Os homens do local logo caíram na risada após o fora que Law recebera de Nami.

- Isso aí Nee-Chan! Bota esse franguinho pra correr!

- Depois dessa eu me enterrava!

- Não, depois dessa eu me afogava mesmo!

As risadas hilárias de todo o público masculino foi o bastante para irritar o cirurgião.

Mas era obvio que toda a sua raiva estava direcionada apenas para ruiva e então... Num movimento impensado ele resolveu se ‘vingar’.

– Boa sorte com sua ganância... Nami-Ya...

E um sorriso de canto petulante surgiu após o mesmo fazer sua espada repentinamente aparecer e então...

- Scan...

Em frações de segundos as roupas de Nami voaram de seu corpo e a ruiva ficou apenas de calcinha e sutiã...


Na frente de todos aqueles homens...


- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO SEU IDIOTA!!? DEVOLVA MINHAS ROUPAS AGORA!!! – Nami bradou desvairadamente enfurecida no meio de todos os homens que se encontravam afoitos após o movimento que deixou a ruiva exposta apenas com roupas íntimas.

- Venha pegá-las... Se conseguir... – Law respondeu cínico, fazendo menção de sair do local e deixa-la a mercê de todos os homens que se encontravam ali.

E mais uma vez a face de Nami se tornou nebulosa, porém, sua paciência já havia atingido o ápice.




...




Havia anoitecido e o festival começado. Haveria uma queima de fogos como nos festivais tradicionais de algumas ilhas.

Nami, Bay e John comiam bolinhos assados no espeto em frente a uma tenda.

Nami manteve a feição esbravecida durante todo o evento, pois seu humor estava incrivelmente péssimo.

- Que que foi Nami...? Os bolinhos estão sem sal...? – John perguntava inocentemente, porém o olhar que parecia atirar lazers foi o bastante para abatê-lo.

- Os bolinhos estão ótimos... O que não está ótimo é a minha paciência que resolveu se ausentar por algumas horas... – A navegadora redarguiu enfadada. Sua expressão estava completamente pesada.

- Acho melhor se acalmar... Se está com raiva, desconte na pessoa responsável por te zangar... Não temos nada a ver com isso... – Bay rebateu satírica.

- Se você vê-lo por aí, me avise... Vou estrangulá-lo até que morra asfixiado... – O olhar da ruiva acendeu de tal forma como se um dragão aparecesse invisivelmente por trás de si... Ainda mais unido a sua incrível aparência...

A ruiva e a azulada estavam vestidas de quimonos estampados e tinham a maquiagem e o penteado como os de uma gueixa.

- Por que estão vestidas como gueixas? Vai ter algum concurso que ganhe dinheiro...?

- Sim... A Nami me chamou pra entrar, pois teríamos mais chances... – A pirata respondeu com um sorriso matreiro. Havia muitas moças bonitas naquele festival que competiriam pelo prêmio.

- Hey, aquela ali não é a Imperatriz Pirata Boa Hancock...? – John Especulou ao perceber uma linda mulher de cabelos negros presos com ornamentos dourados, quimono e olhar penetrante.

- É ela mesma... As Kuja também estão na ilha...? – Bay comentava um tanto duvidosa.

Nami nem mesmo ligou para o que os dois diziam. Estava mais interessada em devorar todos aqueles bolinhos, pois a raiva que sentira de certo shichibukai era o bastante para aumentar o seu apetite. Porém... Mais uma vez a mesma voz indiferente e prepotente tirara sua atenção.

– Esses modos são péssimos para alguém que vai participar de um concurso de beleza... Vão te desclassificar na mesma hora...

Quando Nami olhou para trás, Trafalgar Law estava ali... E mais uma vez ela constatava que seu único objetivo naquele lugar era lhe irritar profundamente.

- Se não quiser ter sua cara grelhada nessa churrasqueira, eu sugiro que saia da minha frente agora... – Nami respondeu de forma sombria. Estava segura que se o cirurgião fizesse mais uma graça, choveria trovões que eletrocutariam até seus ossos.

- Se você fizer isso, aquele grupo de garotas ali atrás vai te linchar... – Law se referia ao grupo que lhe seguira desde que patinara na pista de gelo. E como se não bastasse ser seguido por causa de suas habilidades com patinação, outras garotas haviam se juntado ao grupo por causa de sua aparência refinada. Uma espécie de magnetismo que mais parecia um encantamento.

Várias veias surgiram na testa de Nami quanto concluía sobre tal.

- Qual é a sua afinal!? Por que quer tanto me tirar do sério hoje!!? O que foi que te fiz!!? – A navegadora contestava de forma alarmante.

– A pergunta é... O que foi que você não fez... – O semblante do moreno se desfez em seriedade.

Nami sentiu seu coração sendo o alvo de uma flecha pontiaguda. Ela sabia exatamente do que ele estava falando...

- Aah, por favor... Eu não estou a fim de discutir sobre as loucuras de um bêbado... – A navegadora rebateu com um semblante imperioso.

No mesmo instante o olhar do cirurgião se alargou e ele se aproximou da ruiva, pegando o pulso dela e lhe arrastando para fora do festival.

- Me larga!!! O concurso vai começar daqui a pouco!

- Eu não quero saber se você vai perder esse concurso idiota... – Replicou enquanto segurava firmemente o pulso dela, lhe guiando para um lugar onde não houvesse ninguém.

No momento em que Law arrastava Nami para fora do festival, Hancock atentou para a presença do cirurgião no mesmo instante.

Repentinamente ela ficou tensa, pois ainda estava receosa se o shichibukai guardaria ou não o seu segredo, porém... Percebeu que ele parecia extremamente nervoso e ainda por cima acompanhado de uma garota vestida com trajes típicos daquela competição.

- Hebihime-Sama... Disseram para as concorrentes esperarem naquela tenda... – Uma das companheiras da Imperatriz interrompia sua atenção.

- Certo... Estou indo imediatamente...

Hancock passou a andar na mesma direção que sua companheira, porém olhando para trás, tentando entender algo que não fazia muito sentido...

Por que Trafalgar Law arrastaria uma garota daquela forma para longe do festival? Se ele era um homem totalmente desafeiçoado...? Se ele resistira até mesmo ao seu charme imbatível, haveria outra pessoa que pudesse lhe abater...?

Aquela dúvida tão inocente havia roubado totalmente a atenção da pirata.

Ou talvez ela estivesse ficando louca...




...




- Será que dá pra você me largar!!? Está me machucando!!! – Nami protestava enquanto puxava seu pulso preso na mão do shichibukai.

- Precisamos conversar... – E quando por fim chegaram a um lugar que não havia ninguém, ele soltou o pulso dela.

- Ótimo! Vamos conversar, mas depois do concurso! – Nami deu meia volta no ímpeto de voltar para o festival.


– Então dinheiro é mais importante do que a resposta que espero de você...?


Nami parou os passos e seu olhar se estendeu. Uma batida fortemente possante foi o suficiente para lhe arrancar a paz...

Seu coração estava reagindo...

- Resposta...? Mas que resposta...? O que você quer que eu lhe responda...? – Ela contestou para logo depois suspirar impaciente. Ele estava de fato falando sério naquela noite...?

- Eu só vou dizer mais uma vez Nami-Ya... E se você fugir de novo... Nunca mais voltarei a falar sobre isso novamente...

Ele ficou em silêncio para logo depois terminar, o suficiente para fazer com que o ar dos pulmões da ruiva se ausentasse a ponto de não ter mais fôlego para respirar.


– Você se tornou alguém especial e presente em minha vida... E é por isso que preciso saber se você sente o mesmo...


Mais uma vez Nami ficou sem resposta, assim como da vez em que ele esteve embriagado. Assim como da vez em que se reencontraram no Quebra Gelo.

Assim como da vez em que quase morreu em seus braços... E quando tentou ampará-lo da escuridão que lhe perseguia...

Mas ela tinha de dar uma resposta a ele, porém seus instintos de defesa imploravam para serem usados no lugar dos anseios mais profundos e íntimos de seu coração.

Tudo estava confuso... Sentimentos e pensamentos tão caóticos quanto uma pintura abstrata de um renomado pintor. O que ela teria de fazer...? O que teria de dizer...?

– Eu... – Ela começou para logo depois terminar de modo impensado.


Não tenho certeza se sinto o mesmo... Me desculpe...


E por dentro Nami sabia... Que aquelas palavras eram tão irreais quanto às atmosferas inconstantes da Grandline.

O cirurgião já sabia que ela lhe daria aquela resposta. Estava apenas confirmando para que tivesse cem por cento de certeza, porém...

Law concluía que algo tão complexo como paixão, atração e amor não combinavam com sua personalidade e caráter, por que além de sentir patético, tinha a forte impressão que havia regredido ao estágio mais fraco como homem.

Mas seu orgulho queimava intensamente e algo dentro de si gritava... Como se as palavras da ruiva fossem apenas...


Mentiras dilacerantes...


Ele sabia que aquelas palavras eram equívocas. Tudo o que a ruiva passou junto dele nos últimos tempos fazia com que repensasse sobre as recentes palavras dela.

Ainda contemplando o olhar tão pesado e imponente da navegadora, ele passou a se aproximar mais uma vez dela.

Nami não reagiu. Apenas fitou o chão, querendo escapar do olhar cinzento que reluzia funestamente.

Quando Law finalmente estava próximo e parado em sua frente, delicadamente ergueu o rosto dela no intuito de que a mesma olhasse no fundo de seus olhos.

Nami relutou por um tempo, mas sabia que seria constrangedor se não o fizesse, e quando finalmente abriu os olhos, se deparou com algo surpreendente.

O mesmo sorriso descarado que ele havia exibido durante todo o dia apenas para lhe irritar.

E após vislumbrar o sorriso dele, o cirurgião inclinou o rosto e beijou a testa dela, para logo depois encerrar definitivamente aquela conversa.


– Eu odeio quando sou obrigado a aceitar mentiras como se fossem verdades... Então vou esperar pelo dia que você seja sincera comigo...


A feição de Nami mudou drasticamente. Como ele podia saber que ela estava sendo imprecisa com suas palavras...?

Como ele sabia que era mentira...?

- Você...-

- Não precisa se dar ao trabalho de dizer mais nada... Eu já entendi... – E um sorriso confiante pôde ser visto em seus lábios.

A navegadora ficou extática. Se perguntava como ele podia saber tanto...? Se questionou se suas reações mostravam o completo oposto...

O cirurgião não pôde deixar de se deliciar com as feições inertes da navegadora. Céus... Como ela conseguia sempre estar tão linda nos momentos mais difíceis onde os dois sempre acabavam discutindo...? Ele não se arrependia de tê-la puxado para aquele lugar, lhe tirando do tal concurso dele beleza... Por que aquela beleza só podia ser vislumbrada apenas por uma pessoa... E essa pessoa era ele...

Aqueles lindos trajes tão magnificentes e a expressão que antes era de espanto, se desfez em cólera... E então o cirurgião saboreou cada segundo em que aquele olhar severo era reforçado pela maquiagem profunda... Os cílios extremamente avantajados e unidos ao contorno delineado dos olhos castanhos chamejantes... A pele de seu rosto demasiadamente alva e os lábios preenchidos com uma cor viva no tom vermelho escarlate.

A navegadora se sentiu ainda mais enfurecida por ver o quanto ele parecia lhe apreciar naqueles trajes... Ela não estava brincando, e aquele momento era importante... Então ele teria o que merecia, pois ela estava com muitas coisas entaladas em sua garganta e prontas para serem jogadas para fora.

Aquele seria o exato momento. O momento que ela havia esperado desde antes de acordar no Quebra Gelo.

- Como posso levar em consideração as palavras de um assassino tão cruel e impiedoso como você...? – Ela principiou sem medo e ele continuou a encarando como antes.

- Isso não vem ao caso. – Retorquiu apático.

- Claro que vem ao caso... Você... Matou um homem na minha frente, despedaçou vários soldados e escravos quando estava prestes a confrontar Doflamingo, retirou meu coração sem minha permissão e... Eu não sei nada sobre você ou seu passado... Não sei quem você é e quando penso sobre isso, tenho medo de realmente não saber do que é capaz... – Nami havia tirado tudo o que estava guardado em seu peito. Um dos fortes motivos para não abrir seu coração para o cirurgião... Embora não fosse a principal causa.

Tinha medo de se entregar ao que sentia e ser golpeada até a morte.

Law a encarou seriamente. Era obvio que mesmo depois de ter lutado junto com ele contra Doflamingo, arriscando sua própria vida, ela ainda não confiava totalmente nele.

Quando Law finalmente entendeu sobre isso, teve a imensa vontade de rir.

- Você ainda tem medo de mim...? Acha que sou capaz de fazer algo contra você...?

- Não sei até onde você chegaria pra conseguir o que quer... Não sei se o que você diz sentir por mim é suficiente pra dissipar todas as trevas que estão presas dentro de você...

Os olhos cinzentos se estenderam. Então ela estava preocupada...?

- Mas não foi você mesma que disse... Que acabaria com o ódio e a tristeza do meu coração...?

Law fez com que Nami se recordasse das palavras ditas quando os dois ainda se encontravam na mansão do Tenryuubito. E de fato Nami havia dito tais coisas.

- Eu apenas... Disse aquilo por que você parecia abalado... E...

- Então você mentiu...? Você mentiu como está mentindo exatamente nesse momento...? – A voz e a feição dele mudaram novamente. Nami se assustou.

- Está vendo!!? É sobre isso que mais tenho medo! Ao mesmo tempo em que você parece estar bem, você mostra o oposto, poucos segundos depois! Você é um idiota bipolar!!! – E num impulso, Nami o empurrou para longe.

O semblante do cirurgião que parecia arder assustadoramente, se tornou institivamente límpido como cristal.

- Certo... Sou um idiota bipolar... Você pode me apelidar do que quiser, porém nada vai mudar... Então vou apenas te dar um aviso...

Nami arqueou uma sobrancelha. Quem ele pensava que era pra decidir as coisas daquela forma...? Mas antes que pudesse expressar qualquer resquício de indignação, ele terminou.

- Não pense que serei paciente dessa vez... Então não demore em dar a sua verdadeira resposta... – Ele virou de costas e passou a caminhar rumo ao festival.

Nami ficou paralisada. O que ele queria dizer em ‘não ser mais paciente?’

A ruiva suspirou impaciente mais uma vez. O que o Cirurgião da Morte faria...? Quando ele desistiria...?




...




Law cruzava uma área repleta de árvores para chegar ao festival. Estava um pouco confuso sobre o diálogo que tivera com Nami, mas algo dentro de si dizia que ela faria exatamente como ele havia dito.

Seria sincera, mesmo que não fosse com palavras...

Mas... Uma voz conhecida interrompeu seus devaneios.


– Ora ora... Veja se não é o Cirurgião da Morte na ilha da diversão... O que está fazendo aqui...? De férias...?


O timbre masculinizado. A silhueta perfeita de uma mulher no auge da juventude. Os cabelos lisos e extremamente rosados. O piercing abaixo do olho esquerdo e... Um pedaço de pizza sendo mastigado, para fechar os atributos que caracterizavam Jewelry Bonney.

Law a encarou indiferente, assim como fizeram com qualquer ser humano que cruzasse seu caminho.

- Bonney... Sempre aparecendo nas piores ocasiões... Mas como prefere ser retalhada hoje...? Acha que me esqueci da última que aprontou junto com aquele miserável do Eustass...? – Ele sorriu de canto enquanto a defrontava intimamente.

- Hmm... Você está diferente... – Ela ignorou a frase que mais parecia ser uma ameaça, pois atentou para o jeito estranhamente curioso que ele expressava.

- É mesmo...? Diferente em que sentido...? – Ele perguntou cínico.

- Você parece mais... Calmo... O que aconteceu...? – Ela perguntava enquanto sorria. Sabia como instiga-lo.

- Nada que você não venha saber um dia... – Ele fechou os olhos em resposta. Jamais diria para ela sobre o que havia acontecido nas últimas semanas.

- Um dia...? Mas por que você esconderia algo de mim por tanto tempo...? Me diz agora... Vai...? – A rosada se aproximou lentamente e Law manteve os olhos fechados. Se ele realmente estava diferente, ela tiraria a prova naquele exato momento.

– Abra os olhos... – Ela sussurrou em seu ouvido.

E foi o que ele fez.

Eles se encaravam e seus rostos estava há poucos centímetros. Bonney manteve a cabeça elevada, fixando o olhar sobre os orbes cinzentos.

Law se encontrava com a cabeça inclinada, olhando atentamente para os olhos lilás que o fitavam curiosamente. E então ele passou a sorrir retraído... Um sorriso tão discreto e galanteador...

- Nossa... É quase impossível ficar perto de você e não sentir vontade de te agarrar... Como você consegue ser tão sexy...? – Bonney fazia uma careta ao analisa-lo tão bem.

- Eu não sei... Talvez sendo eu mesmo... – Redarguia modestamente.

- É verdade... Afinal é você... Aquele que consegue atrair até mesmo o olhar de uma idosa com tanta luxúria... – A devoradora fixou os olhos na imagem do cirurgião e ficou em silêncio analisando todos o seus traços, como se estivesse matando as saudades dos velhos tempos...

- Você vai ficar me olhando até que horas...? – O semblante dele se desfez em frieza.

- Aah, não se faça de difícil Law... Sei que você ama estar assim comigo... – Bonney sorriu matreira.

- É mesmo...? Eu não teria tanta certeza... – Redarguiu apático.

- Não precisa se segurar... Eu estou aqui... Bem na sua frente... – E um sorriso malicioso brotou nos lábios dela. Sabia que a única quem mexia quimicamente com ele era somente ela.


– Sim, você está... Mas isso não me causa mais nada...


Bonney arregalou os olhos em resposta. Ele estava falando sério...?

- Como é...? Não causo...? Não é hora pra piadas, Law... Pode parar... – A glutã fez uma careta horrível em resposta.

- Não causa mais... Acredite... – Ele sorriu ainda mais. Um sorriso tão petulante e garboso que faria qualquer mulher cair desfalecida de amores no chão...

- Não... Você está blefando.

- Não estou. – Respondeu calmamente.

- Qual é Law...? Não me diga que...

O cirurgião arqueou uma sobrancelha em resposta.

– Eu perdi pra Kureha, é isso...? Mas tudo bem, não faz mal, afinal é ela...

- Você está completamente enganada. – Ele afirmou convicto, porém achando a conclusão dela completamente estúpida. Ele se arrependera até a morte por ter tirado proveito das experiências profissionais de Doctorine usando seu charme viril. Mas não havia outra forma... Aquela velha era a mulher mais difícil de persuadir.

- Hã...? Então se não é a Kureha... Espere! A única mulher que você pode ter convivido há tanto tempo e ter desenvolvido alguma afeição só pode ser...

- NICO ROBIN! O demônio de Ohara tem quantos anos mesmo...? – Bonney indagava, suspeitando que a arqueóloga fosse a pessoa mais velha do sexo feminino no navio dos Chapéus de Palha. Ela dizia como se Law tivesse forte preferência por mulheres mais velhas do que ele, e coincidentemente, as mulheres mais velhas acabavam se simpatizando pelo mesmo, por causa de seu jeito assaz e frio.

- Queira me desculpar Bonney... Mas você vai morrer tentando acertar... – Ele cruzou os braços, apenas apreciando a cena ridícula onde a devoradora queimava seus neurônios tentando descobrir quem era a pessoa que supostamente ele havia se apaixonado.

- Mas se não é ela... Então quem é...? - A rosada ficou um bom tempo pensando, mas a imagem de uma mulher veio em sua mente e ela logo foi soltando.

- Espera aí... Não me diga que é a ruiva!?


Law não respondeu.


E pela lógica: Quem se cala, consente.

- É ela, não é!!? – Bonney agarrou o colarinho da camisa que ele trajava, no ímpeto de obriga-lo a dizer, mas... Ele fez uma careta engraçada antes de responder.

– E se for...? – Replicou ousadamente.

Bonney largou o colarinho da camisa e o encarou seriamente. Seus olhos piscaram por longos segundos. Tempo suficiente para discernir a lógica daquilo e então...


- AHAHAHAHAHAHAHHAHAHA, não pode ser ela! Você odeia brotinhos, esqueceu!!? – Bonney caiu no chão, soltando imensas gargalhadas a ponto de ter dificuldades de respirar.


- Pare de ser tão inconveniente... – Uma gota escorria pela testa do moreno.

- Imagine quando o Kid souber disso!!! Vocês vão duelar pra ficar com ela!? – Bonney continuava rindo descontroladamente.

Law ficou parado, apenas ouvindo tais besteiras, tão típicas de Jewelry Bonney...

- Agora me diga... Você é correspondido...? – Os olhos lilás brilharam de curiosidade.

O moreno alargou os olhos em reposta. Agora ela havia tocado num aspecto extremamente delicado.

- É ou não é...? Responda... – Ela passou a cutuca-lo com o cotovelo, apenas para irritá-lo ainda mais.

O cirurgião ficou em silêncio. Não sabia o que dizer... A única coisa que sabia e que era extremamente difícil de assumir para si mesmo e principalmente para ela é que...


Estava perdidamente apaixonado pela ruiva...


- Me deixe adivinhar!!! Você não é correspondido!? Mas que hilário, ahahahahahaha, essa garota subiu no meu conceito! – E mais uma vez a glutã passou a rir desvairadamente, arrancando o olhar furioso do cirurgião.

- Você não existe... – Ele finalizou, se afastando imediatamente da glutã. Queria entender por que de todas as mulheres no mundo, Bonney era a única que conseguia lhe deixar acuado em certos momentos. Porém, antes de sumir dali e deixa-la rindo como um macaco com disfunções hormonais, a rosada o interrompeu.

- Espere... Não vá embora... Por que não fazemos um teste...? – Ela se levantou segurando a barriga que doía por causa das gargalhadas.

- Teste...? Mas que teste...? – Por mais que achasse idiota, Law estava curioso sobre o que a glutã iria sugerir.

- Se ela sente algo por você... Então mostrará isso quando tiver que lidar com o seu mais recente problema...

- Mais recente problema...? – Ele indagou desconfiado, mas...

Era tarde demais, pois... Em frações de segundos...



O cirurgião virou uma criança de cinco anos.



Tal fenômeno era inacreditavelmente inexplicável.

Tudo aconteceu tão rápido que nem mesmo Law entendera o que de fato havia acontecido.

Bonney olhou para o pequeno garotinho que afastava as roupas largas de seu corpo infantil e era obvio que ele se encontrava perdido naquela situação.

Suas lembranças se tornaram vagas... Mas ele não esquecera completamente de tudo, porém seu raciocínio não era mais de um homem de vinte e seis anos.

O mundo e o sentido de tudo havia mudado totalmente para ele.

A glutã se agachou, dizendo algumas coisas que o garotinho não compreendera de imediato.

- Ela vai cuidar de você... Vai mostrar muito amor fraternal... E se ela for extremamente cuidadosa e zelosa, então significa... – Bonney deu uma longa pausa antes de continuar.


– Que ela te ama.


O menino olhava confuso para a glutã. Os olhos cinza que expressavam a mesma frieza de quando adulto, mas presos numa expressão extremamente angelical.

- Mas se isso não acontecer, então você ficará para sempre assim... Tá...? – E então a devoradora se levantou e fez uma careta horripilante, no ímpeto de assustá-lo.

– Espere... – A voz de Law saia mais aguda que o normal. O timbre de um típico menino de cinco anos...

- Não se preocupe... Vai dar tudo certo... – Bonney sorriu marotamente e então correu para longe, deixando-o sozinho naquelas circunstâncias.

O garoto olhou ao redor assustado. Embora tudo soasse novo, ele sabia que já tinha vivido uma vez daquele jeito, porém... Era como se todos os medos que havia superado tivessem retornado e ele não soube o que fazer.

Caminhou lentamente sem saber o que fazer e a quem procurar, mas... A imagem de uma pessoa lhe veio à mente, e provavelmente era ela quem ocupava intensamente seus pensamentos antes de ser transformado.

Quando se recordava dela, a primeira característica marcante eram as suas longas madeixas ruivas que resplandeciam como fogo. Os olhos castanhos intensos e tão vívidos que sempre lhe hipnotizaram. A dona daquilo que batia freneticamente por dentro de seu peito...

– Nami-Ya...





...





- Onde você estava!? O concurso já está terminando e você perdeu a chance de ganhar o grande prêmio em dinheiro!

– Eu estava... Resolvendo alguns problemas... – Nami respondia a John. Era óbvio que nem mesmo o dinheiro importava naquele momento. As coisas entre ela e o cirurgião estavam ficando cada vez mais complicadas.

- É Nami, sinto dizer, mas você perderia de qualquer forma... Havia muitas mulheres bonitas e a ganhadora foi a Shichibukai Boa Hancock... – Bay dizia em tom melancólico, apenas para incitar a ruiva de modo negativo.

- Vem cá... Até quando vocês vão dizer o tempo todo que perdi um prêmio de cem mil berries!? Se vocês me prendessem numa roleta e me girassem de cabeça pra baixo até o amanhecer seria menos doloroso do que ouvir que perdi toda essa quantia por causa daquele idiota!!! – A ruiva protestava extremamente zangada.

Em meio ao estardalhaço que Nami dera por causa do prêmio que não havia ganhado, Marco repentinamente se aproximou da azulada e disse coisas em baixo tom.

- Bay... Precisamos conversar agora... – A expressão da fênix era de espanto.

- Por que está com essa cara...? O que aconteceu...?

- Você precisa achar a sua amiga Jewelry Bonney o mais rápido possível...

- Por quê...? – Bay arqueou uma sobrancelha, totalmente desconfiada.

- Vamos voltar para o navio agora e peça para Nami vir junto...

- O que está acontecendo Marco!?

- Avise a Nami imediatamente... Por que o Trafalgar... Está com problemas...





...





Todos que se encontravam ali, passaram a olhar para a criança que estava sentada no meio do convés. Embora ele se sentisse mal com tantos olhares curiosos, pior era ouvir as risadas incessantes de vários piratas que olhavam a situação como a mais grotesca e engraçada que existisse.

- Eu não acredito que aquele marmanjo virou esse pirralho!

- Olhem só como ele parece estar com medo da gente!? Por que não aproveitamos a ocasião pra nos vingarmos de todas as vezes que ele deu uma resposta mal criada e tivemos que engolir!?

- Calem a boca agora seus idiotas. – Bay chegava, botando ordem na bagunça que havia começado desde que Law retornara ao navio junto com Marco, que coincidentemente o encontrou perdido pelas redondezas do festival na forma de criança.

O garotinho mantinha os olhos mais abertos que o comum, mostrando o quanto tudo aquilo era confuso e ao mesmo tempo assustador.

A azulada se aproximou e fez uma pergunta de modo amigável.

- Trafalgar... Você sabe quem somos...?

O menino a observou atentamente. Tinha dificuldades de colocar as lembranças em ordem, mas sabia que já havia estado ali antes.

- Não... – Respondeu timidamente, mas sem deixar aquele natural aspecto frio e indiferente que formava o jeito de ser do Cirurgião da Morte.

Bay e Marco se olharam preocupados.

- Quantos anos acha que ele tem...?

- Uns cinco... Ou talvez seis... – A fênix indagou analisando a estatura da criança.

- Seria muito mais fácil se ele tivesse oito anos ou mais... Porém, uma criança de cinco anos não conseguiria ter uma mente ordenada...

- Estão tendo dificuldade de falar com ele...? – Repentinamente Nami apareceu no convés, e ciente da situação se aproximou até avistar o cirurgião da morte...

Preso na figura de um lindo menino de cinco anos.

Quando Law olhou para a ruiva, automaticamente ele soube quem ela era. Embora tudo estivesse vago e desfocado demais, o menino sabia que aquela pessoa era alguém conhecida e que...

Podia confiar nela...

Nami o encarou atentamente e ao se aproximar ainda mais, se agachou.

– Você sabe quem sou eu...?

E em longos segundos, um sorriso confino e inocente se formou, arrancando uma feição perplexa da ruiva.

Ainda que Law fosse uma criança... Aquele lindo sorriso infantil derreteu por completo o coração da navegadora, que antes se encontrava extremamente petrificado.

– Nami-Ya... – Ele articulou timidamente e a navegadora se sentiu desmontada com aquele pequeno e simplório gesto.

- Acertou... Sou a Nami... A pessoa que vai cuidar de você até que tudo se ajeite...

E então a ruiva respondeu simpaticamente para o garoto com um sorriso adorável. De alguma forma ela sabia que tinha uma forte ligação com crianças e que era fácil lidar com elas...

Não poderia ser diferente com o Mini-Trafalgar Law...

- Por que estamos aqui...? Eles são piratas...? – Ele indagou um pouco mais tranquilo, já que estava perto de alguém que sentia ser próxima e confiável.

- Sim... Eles são piratas...

– Eu... Também quero ser um pirata um dia... – O garoto respondeu com grande convicção em seu rosto.

Comovidos, Bay e Marco olharam um para o outro admirados. Já Nami sentiu uma sensação diferente depois de tudo.

– Você já é... Um grande pirata... Traffy-Kun...





...





- E então...? Ele pode nos receber ou não...?

- O capitão está ocupado tratando de assuntos importantes. Não pode atender no momento...

- Então, acho que teremos de usar outros métodos para vê-lo... – A mão da fênix passou a ser consumida por chamas azuis, mas antes que pudesse fazer qualquer movimento impensado, Bay o conteve.

- Pare com isso. Não vamos arrumar encrenca com mais um novato...

- O que vocês querem que só possa ser dito pessoalmente com ele!? – Um dos homens de X-Drake replicava de modo arrogante.

- Não queremos nada com ele... Só queremos que ele pare de encobrir a Bonney, por que essa idiota está se escondendo de mim e precisamos que ela conserte o estrago que fez a um de nossos hóspedes... – A azulada esclarecia sobre o porquê estavam ali.

- De novo essa maldita glutã aprontou!? Eu vou agora reportar isso ao capitão!

- Ótimo. Diga a ele para não escondê-la, senão teremos que tomar medidas drásticas. – E então a Bruxa e a Fênix desceram do navio após darem tal mensagem.

- Não podemos machuca-la... Ela é protegida do ruivo... – Marco replicou impaciente.

- Eu não vou machuca-la... Ela é uma conhecida antiga, mas quando age como uma criança me tira dos nervos... – Bay respondia, familiarizada com o jeito de ser da rosada.

- E como estão as coisas com o Trafalgar...?

- A Nami o levou para passear agora de manhã... Os dois parecem estar se dando bem... – Bay sorriu irônica.

- Quem sabe assim eles não se acertem...? – O loiro também ironizava.

- Eu acredito que ela prefira a forma adulta dele, afinal... Seria impossível para ela conviver com ele como criança o tempo todo...





...





Nami e Law se encontravam num local, onde muitos turistas consideravam um dos mais belos da ilha de Hera: Um bosque movimentado e repleto de árvores de várias espécies e tamanhos.

A ruiva estava vestida adequadamente para a ocasião. O cabelo preso numa longa trança que caia sobre seu ombro junto de um largo chapéu de palha com uma fita verde no meio formando um laço. Um longo vestido branco com estampas neutras de flores e sapatilhas brancas. Já o garoto trajava uma camiseta preta, bermuda jeans e sapatos.

Logo pela manhã ela o levou para passear no intuito de ganhar tempo até acharem a glutã, e a obrigassem a desfazer o estrago, mas...

Na medida em que Nami convivia com o cirurgião, preso no corpo e na personalidade tão pura e inocente de uma criança, ela sentia que havia ganhado um presente especial...

Toda vez que o fitava discretamente, observando todos os seus gestos ao falar, brincar e até mesmo quando dormia, uma nova sensação preenchera seus sentidos... Era aconchegante... Não era como se estivesse presa à tensão de conviver com medo que ele lhe pressionasse em relação aos seus sentimentos ou por causa dos fantasmas de seu passado...

Aquela nova forma do cirurgião era totalmente diferente... Ainda que tivesse mantido seus traços físicos e também resquícios da personalidade fria e indiferente, ele se mostrava uma criança temerária e extremamente afetuosa...

Se Trafalgar Law realmente era daquele jeito como criança... Então havia sido uma criança adorável...

– Nami-Ya...?

Quando a navegadora se virou, atentou para a imagem onde o garotinho estendia um girassol amarelo em sua direção.

- Que Girassol lindo! Onde você o achou!?

- Ali... Perto daqueles pinheiros... – Ele apontava na direção exata.

- Eu adoro a cor amarela! Essa flor é linda...! – A ruiva observava a cor viva do girassol enquanto sorria ternamente.

- Eu a peguei pra você... – E mais uma vez Law estendia a flor em sua direção, esperando que a ruiva aceitasse seu presente.

- Pra mim...? Obrigada...! – Nami apanhou o girassol pelo cabo e logo em seguida foi surpreendida por algo extraordinário.


Ele se aproximou enquanto a mesma se encontrava agachada e a abraçou fortemente.


– Traffy-Kun...? – Ela indagou maravilhada. O abraço dele foi tão espontâneo que automaticamente seu coração passou a palpitar rapidamente.

– Eu gosto de você... Então prometa que não deixará que eles me levem...

– Eles...? – Nami contestou suspeita.

- Eu não gosto deles... – Ele dizia com voz temerosa.

- Traffy-Kun... Quem são eles...?

– Vergo e... Doflamingo...

Nami se espantou pelas últimas palavras do garoto. Ela não conseguia ter uma vaga ideia do que Doflamingo fizera com Law no passado, mas apenas aquelas palavras eram o bastante para que a ruiva apertasse o abraço e se sentisse na obrigação de protegê-lo de quem quer que fosse.

– Não vou deixar nada nem ninguém te ferir... – E então Nami o envolveu completamente com seus braços, fortalecendo ainda mais os sentimentos fraternais que foram despertados desde que ele sorriu pela primeira vez para ela naquela forma. Estranhamente a ruiva se sentia ainda mais unida ao cirurgião, ainda que aquela situação não fosse a mais adequada.

E quando o abraço se desfez, ele a fitou com mais um sorriso em seu rosto. O típico sorriso de um garoto que parecia ser traumatizado por fatos obscuros, mas que o brilho da ingenuidade e pureza parecia encobrir por completo qualquer mácula.

- Por que está me olhando assim...?


– Nami-Ya... Você é linda... Muito mais linda do que todos os girassóis do mundo...


Embora fosse a conclusão de uma criança... De tudo o que Nami havia ouvido do cirurgião em todo o tempo que conviveram juntos, ela sentiu que a última frase foi a mais sincera de todas...

Ela o abraçou mais uma vez e o pegou no colo.

- Vamos voltar para o navio... Vou preparar uma comida deliciosa pra você...

E então Nami passou a caminhar com ele em seus braços, sendo correspondida com outro toque afetuoso quando o mesmo a cingiu de volta da mesma forma com seus braços, estreitando ainda mais o contato.

Mesmo que a situação pudesse mostrar o contrário, a ruiva estava amando viver aquela sensação prazerosa de conhecer um lado ao qual ela jamais sonhara que Law pudesse ter...


Quando a navegadora e o cirurgião se ausentaram dali, do outro lado do bosque que dava acesso à margem, muitos habitantes que usavam binóculos para verem de perto os pássaros daquele lugar, se espantaram com o que viram do outro lado do mar.

- Mais um navio pirata à vista! – Um homem gritava enquanto observava tudo pelas lentes do objeto.

- E de quem é esse símbolo pirata...? – Outro especulava.


- São os piratas do Eustass Capitão Kid!


E então o navio do novato de braço metálico havia cruzado a linha do oceano, se aproximando finalmente para ancorar.


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Notas finais do capítulo

Kid chegou! Pronto, agora as fãs dele vão reaparecer pra deixar reviews! *eu espero
O Law como criançaaaaa, que fofo *-* Eu mesma amei escrever essas cenas onde ele interage com a Nami de modo tão afetuoso... Desde o começo da fic eu tinha tido a ideia de usar a Bonney pra transformá-lo em criança e que a Nami ficasse responsável por ele, pois assim a relação dos dois iria se desenvolver mais e alguns nós iriam se desfazer... Mas não se preocupem por que no próximo ele volta ao normal =D
O final do capítulo ficou bem diferente do começo... A Nami literalmente estava prestes a estrangular o Law... E convenhamos... Ele estava insuportável... Não estava aceitando a ideia da ruiva ficar em silêncio sobre a declaração pré-ressaca do capítulo anterior... É como se ele tivesse implorando pra ser amado (Agora lembrei do Gu Jun Pyo do Boys Before Flowers implorando pra Jan Di gostar dele... Quem assistiu esse dorama comenta aí xDD)
Reviews... Pra que te quero...? Pra deixar a ficwriter mais estimulada e empolgada, não acham!? Então não esqueçam os reviews, leitores ingratos... u_ú
Nos vemos no próximo ^/