Heart Attack escrita por ariiuu


Capítulo 21
Traços pálidos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Desculpem a demora. Estou com muuuuuito trabalho, mas como sempre, dou um jeito pra postar. O capítulo está grande mas cheio de coisas surpreendentes!



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Heart Attack


Traços pálidos





...




“Eu queria entender quando foi que ele perdeu o sorriso... Por momentos caminhou sozinho a noite, procurando interminavelmente por um meio de juntar os pedaços do que costumava ser... Mas de repente eu senti, que ele não tinha mais nada...
Me perguntei se o sonho dele havia desaparecido. Não parecia valioso no final... Mas estava disposta a fazer com que ele entendesse... Que mesmo o inverno mais frio não conseguiria congelar seu coração por completo... E mesmo as nuvens mais negras abrirão espaço para dias mais claros...”





...




Ela podia sentir uma gota de suor escorrendo por sua testa. A mesma sensação de apreensão e nervosismo tomou conta de seu corpo novamente.

Nami estava frente a frente com Arlong desde que o mesmo quase lhe tirou a vida. Mas diferente daquele dia...

Ela estava armada. Com seu Clima Tact.

Law havia devolvido as três partes que compunham o bastão quando a ruiva ainda estava no laboratório. Desde então, ela teve de esconde-las muito bem, para que nenhum dos Dragões Celestiais a confiscassem.

– Você acha mesmo que pode me deter com essa arma...? – O tritão desdenhou das intenções da ruiva.

– Você sempre dizia que minha inteligência era meu maior álibi... Tem ideia do que tive que passar pra roubar cem milhões de Berries durante oito anos...?

– Shahahahaha! A única coisa que sei é que se fosse mesmo inteligente, teria arrumado outras formas de salvar aquela vila repugnante...

Nami sorriu ternamente e Arlong pôde jurar que durante todos os anos que conviveu junto dela, nunca a viu sorrir daquele jeito...

Um sorriso calmo e jovial.

– Eu visitei a sua terra natal... – Nami principiou tal sentença para se silenciar logo depois.

Automaticamente Arlong arqueou uma sobrancelha, estranhando tal revelação.

– E daí...? A Ilha dos Tritões é um ponto turístico de muitos piratas... E todos eles passam por ela para chegarem ao Novo Mundo...

– Há muitas coisas que você não sabe, Arlong... Mas... Saiba que eu não tenho o mesmo ódio que possui dos humanos... Eu não odeio os tritões... – Dessa vez o sorriso se desfez e um aspecto de seriedade se formou.

– Você é um ser completamente inferior pra entender o que é ódio Nami... – Respondia com indiferença.

– Eu não quero ter o mesmo ódio que você, mas sei que ainda há esperanças, até mesmo pra alguém tão desprezível como você...

– Esperanças...? Por acaso está curtindo com a minha cara...? – Ele sorriu cínico.

– Há algo interessante que você devia saber... – Nami sorriu de canto. Estava ansiosa em dizer algo que provavelmente faria com que o tritão repensasse sobre o ódio dos humanos.

– O que eu deveria saber...? – Arlong indagou sério.

– Alguém que você conhece, salvou Luffy da morte e... Aceitou fazer parte de nossa tripulação... – A forma como tudo era dito soava ainda mais misterioso. Arlong não sabia sobre quem ela se referia, embora estivesse apreensivo sobre as recentes palavras da navegadora.

– Do que você está falando...? – O tritão perguntava inquieto.


Me refiro ao Jinbei... – Enfim a ruiva revelava de forma cordata, esperando que ele entendesse que enquanto estivesse preso naquele círculo de ódio, outros de sua mesma espécie traçavam a forma mais verdadeira de se viver... Independente se tivessem de conviver com humanos ou não.


Os olhos de Arlong se estenderam em reposta. Após tal revelação, ele não conseguia discernir a lógica daquilo.

Por que Jinbei se uniria aos Chapéus de Palha...?

Depois de um tempo em silêncio, o tritão finalmente resolveu responder.

– Eu sempre soube que Jinbei se deixaria levar pelos humanos... Ele nunca teve as mesmas convicções que nós tivemos... Mas para mim é inaceitável me rebaixar a esse nível... Eu nunca poderia aceitar ter o mesmo destino que ele... Isso é impossível... – A feição do tritão era de insatisfação e desprezo.

Nami suspirou impaciente. Sabia que aquilo apenas lhe causaria ainda mais aversão.

Arlong nunca se renderia aos humanos.

– A Ilha dos Tritões está sob o domínio do meu capitão... E posso te garantir que tudo o que a rainha Otohime e Fisher Tiger fizeram não será em vão... Independente do seu ódio, haverá um dia que humanos e tritões conviverão juntos... Quer você queria ou não... – E assim a navegadora encerrou seu discurso, completamente convicta e segura de que esse futuro chegaria.

– Isso é apenas uma Utopia idealizada pela própria rainha Otohime! Isso é impossível de acontecer! Enquanto existir humanos nesse mundo, os tritões jamais poderão viver em paz! – Ele bradou tais palavras com fúria. Tudo o que a ruiva lhe disse soava incômodo e também inaceitável.

– Isso é só o que você pensa! – Ela respondeu com determinação.

– Se depender de mim, isso nunca acontecerá! – E após o término da frase, Arlong partiu para cima da ruiva. Aquela era a chance que tinha de se vingar da mesma.

Nami já havia preparado o golpe que nocautearia Arlong. Ela sabia que não poderia ser uma reles técnica, afinal, ele era um tritão.

Ao redor da mansão, havia uma porção de nuvens negras. Finalmente a técnica estava no ponto.

– Sorcery Clima Tact... – Ela disse em baixo tom enquanto erguia uma parte da arma para frente.

Quando finalmente Arlong se aproximou, uma rajada tempestuosa foi liberada.

Gust Sword!

E finalmente Nami desatou a imensa rajada de vento que em frações de segundo fez com que o corpo do tritão foi arremessado para o alto.

Ele não teve tempo de se esquivar do que viria em seguida...


STORM CLOUD!


Um relâmpago colossal atingiu com precisão o tritão que ainda de encontrava no alto.

Ela não pôde medir com exatidão os milhões de volts que o corpo do tritão havia sofrido com aquele golpe, mas sabia que aquilo era o bastante para abatê-lo permanentemente, fazendo com que o mesmo desistisse de tentar se vingar, pois agora ela não somente era uma adversária a altura, como também estava pronta para mata-lo, se tentasse algo novamente.

Do lado de dentro da mansão, vários escravos se assustaram com o barulho do estrondo nos corredores de fora.

Nami guardou as partes do Clima Tact e saiu correndo daquele lugar.

Os Dragões Celestiais e todos que se encontravam naquela mansão pensariam apenas que um raio atingiu o tritão acidentalmente, pois ninguém ali tinha conhecimento das técnicas da garota.

Exceto uma pessoa.




...




O sol estava quase se pondo do lado de fora e o cirurgião transitava livremente pelos corredores da mansão.

Sempre com uma feição sombria.

– Hey, você aí! – A voz do Tenryuubito pôde ser ouvida e Law se virou, atendendo a ordem do mesmo.

– Onde está o seu superior!? Preciso que ele escolte os empregados que foram buscar as minhas mercadorias. – O homem dizia tal coisa com um tom ofensivo.

– Me desculpe, mas ele não se encontra mais na mansão. Ele voltou para Impel Down a pedido do Diretor Chefe... – Law replicou calmamente.

– O quê!? Aquele maldito do Magellan passou por cima das minhas ordens!? – O dono da mansão contestou furioso.

– Eu estou responsável por todos os soldados da mansão, então eu mesmo escoltarei seus empregados. Já está tudo pronto...? – O cirurgião continuou dizendo tais coisas tranquilamente.

– Sim. Eles estão esperando do lado de fora.

– Estou indo para lá agora. – E por fim o moreno se retirou da presença do Tenryuubito, que após fita-lo de costas, pareceu desconfiar de algo.


Do lado de fora da mansão, vários soldados contestavam a tal ordem dada pelo Diretor Chefe de Impel Down e dita pelo próprio cirurgião.

Ele havia escondido todas as provas da suposta morte do soldado responsável pela permanência dos demais naquela mansão.




...




Costa da Ilha Hera.

Navio dos piratas de X-Drake – Centro Cirúrgico.

– Como ela está? – O capitão logo foi perguntando ao adentrar ao local.

– Ela está fora de perigo. Mas se não a tivéssemos socorrido a tempo, provavelmente teria morrido por conta de uma hemorragia. – O médico respondia com convicção.

– Por que a trouxe pra cá capitão...? – Um dos companheiros indagava sobre a decisão de Drake.

– Não podíamos larga-la ali...

Foi tudo o que ele respondeu. Drake concluía que não era preciso pensar muito pra resgatar alguém que estava morrendo, deixando nítido para seus companheiros que seu senso de justiça ainda estava fortemente vivo.

– E o que fará quando ela acordar...?

– Quando ela recobrar os sentidos e tiver condições de falar, conversaremos sobre isso.

– Certo, mas... Não acho que devemos confiar, pois ela é uma pirata... – O médico do navio redarguiu.

– Mesmo sendo a glutã Jewelry Bonney, eu duvido que ela tentaria algo estando tão debilitada... Não se preocupem com isso. – Drake sorriu ternamente. Por ora ele estava mais tranquilo ao ver que a vida da garota havia sido salva.




...




Já havia anoitecido e novamente o cirurgião caminhava pelos pontos onde os soldados costumavam fazer rota.

Ele naufragava em pensamentos sombrios. Lembranças às quais tentou esquecer, mas que vinham à tona durante todos aqueles dias...

Afinal, quando aquela fase iria passar...? Por que ele sentia que aos poucos estava sendo esmagado pela força maçante de cicatrizes passadas?

Por um momento ele fechou os olhos e se segurou em uma das paredes. Law sentia evidências de uma suposta vertigem e sua respiração passou a ficar ofegante. No final, até mesmo ele sabia que toda aquela pressão estava lhe fazendo mal, a ponto de enfrentar os efeitos colaterais.

– Está passando mal...?

O cirurgião semicerrou o olhar, observando o dono da voz...

Que estava bem em sua frente...

– O que quer aqui...? Doflamingo...? – O moreno respondeu de modo plácido. Em outro tempo, estaria tenso por se encontrar com aquele que provavelmente pretendia lhe matar. Mas naquelas circunstâncias, talvez não fosse uma má ideia...

– Seu estado é decepcionante... Você se rebelou contra mim para se transformar em alguém tão fraco...? Vejo que a aliança com o Chapéu de Palha não está te fazendo bem... – O shichibukai replicava sarcástico enquanto sorria cinicamente de canto.

Law sabia que ele lhe instigaria em todos os sentidos. Doflamingo fazia parte daquele passado tão funesto, e provavelmente sentia prazer em relembrá-lo das terríveis coisas que havia feito... Por não ser capaz de ter tido controle de seus próprios sentidos...

– Você não deveria se culpar por todas aquelas mortes... Eram pessoas insignificantes no final... – O loiro principiou resquícios de fatos que somente os dois sabiam.

– Eu queria entender por que até agora não tentou nada... O que você quer...? – Law indagou impaciente. Estava contanto as horas para sair daquele lugar.

– Ora Law... Você devia saber que não pretendo desistir tão fácil de um subordinado ao qual fiz de tudo para ensinar tudo o que sabia... Eu havia preparado o trono do coração em Dressrosa para você...

Law estendeu o olhar. Ele sempre soube os planos reais de Doflamingo e no final... Sempre quis se ver livre dele e de toda a insanidade que o mesmo possuía...

– Eu não quero mais ser o empregado de um psicopata como você... – Ele disse com um sorriso modesto e irônico no rosto.

– Ahahahaha, é justamente por isso que não posso abrir mão de você! É muito valioso para se perder sozinho pelo Novo Mundo junto com esses novatos inexperientes...

– Seria muito melhor morrer na tentativa de conquistar algo, do que estar ao lado de alguém tão indeciso como você... Já estou cansado de seus joguinhos no Submundo...

– Isso é profundo... E tenho muito orgulho de ter tido um discípulo tão obstinado como você... Eu sabia que você derrotaria até mesmo Vergo quando o mandei para Punk Hazard... Tudo sempre saiu conforme os meus planos... E você sabe que não tem escolha... Então, antes de dizer qualquer coisa, tenho uma missão para você...

– Eu não disse que voltaria a trabalhar pra você, Doflamingo... – Law respondeu sério. Sua situação atual não estava nem mesmo lhe deixando raciocinar direito. Que dirá argumentar com Doflamingo.

– Chega de conversa e vamos direto ao assunto... Eu quero que você... – Ele pausou a frase apenas para enfatizar as palavras seguintes.


Acabe com o bando do Chapéu de Palha...


O shichibukai jogou direto e Law sabia que o mesmo falava sério, pois era nítido que o olhar por trás dos óculos transparecia seriedade.

– Está louco...? Você sabe exatamente por que me uni a eles... – Ele respondeu frio, como de costume.

– Sei exatamente quais são seus planos e também sei que você vai traí-los no futuro, então pare de agir como se fosse um pirata experiente... Você é só um pirralho que mal saiu das fraudas... Irá fazer o que eu mandar e sabe que não tem escolha... – O loiro contrapôs de modo ameaçador.

– Eu não farei nada do que ordenar... Esqueça... – Law passou ao lado do shichibukai, como se o que tivessem conversado soasse indiferente. Porém...


Ele sentiu suas pernas paralisarem.


Doflamingo se aproximou e passou a dizer coisas quase inaudíveis.

– Eu serei claro... Você fará o que eu disser... Mas antes que tudo volte a ser como era, eu exijo uma prova de fidelidade...

Law o encarou de canto. Sabia que não teria outra opção senão obedecer.


Ele sabia desde o início que seu maior inimigo era Doflamingo e que o shichibukai jamais o desconsiderou como um aliado... E que enquanto não cumprisse todos os planos traçados, jamais se veria livre dele...


– Qual é a prova que você quer...? – Ele redarguiu apático. Teria de obedecer a contragosto.

– Uma prova extremamente difícil... Mas que mostrará o quão leal você ainda é a mim...

– Diga logo o que você quer... – O moreno retorquiu de forma impassível.

Quero que você...

Os lábios do shichibukai se moveram e formaram palavras absurdamente ardentes... Os olhos cinza acenderam por um momento considerável. A recente frase havia lhe arrancado uma forte constrição no estômago. Algo que não estava preparado para ouvir...

Doflamingo percebeu a reação do moreno, tal como esperava... Ele concluía que o cirurgião havia se tornado uma pessoa extremamente transparente.

– Não precisa dizer nada. Te darei algumas horas. Amanhã à meia noite me encontre em frente à mansão e faça o que eu te mandei...

E finalmente ele se retirou, deixando o moreno em completo estado de choque.

Pela primeira vez na vida, Law havia sido encurralado da pior forma possível...




...




Nami passava pelos corredores de dentro da mansão, temendo ser vista por um dos Dragões Celestiais. Ela havia entrado em vários quartos, procurando pelas chaves reserva dos portões da frente da mansão. Precisava roubá-las, pois secretamente havia traçado um plano, caso Law não cumprisse com o que havia prometido. Ela havia tomado tal decisão após ver que o cirurgião era alguém demasiadamente inescrupuloso, porém...

Dentro de si algo gritava desvairadamente... Que ela não podia simplesmente desistir dele e entrega-lo para Doflamingo...

Estava difícil de entender as repentinas ações, mas por enquanto ela não o questionaria. Resolveriam tudo mais tarde.

Nami também diria a Luffy o que viu e daria sua opinião. E se seu capitão continuasse com a aliança, então...

Ela se esqueceria de tudo...

Uma decisão que não tinha a menor lógica, mas que curiosamente lhe fazia se sentir mais tranquila, pois no fundo...

Era impossível perder tudo o que havia descoberto ao lado dele... Ainda que tais sentenças soassem como incógnitas...


Ela continuou andando pelo lugar. Estava com as três partes do Clima Tact escondidas por dentro do uniforme de escrava.

Enquanto trafegava silenciosamente pelo corredor principal que se encontrava extremamente escuro, a ruiva sentiu uma mão tapando sua boca e outra apertando seu pescoço, lhe puxando violentamente para um dos quartos, fechando a porta rapidamente em seguida.

O quarto estava tão escuro quanto o corredor, mas o brilho trágico da lua iluminava levemente o cômodo.

Havia sido pega por alguém que provavelmente percebeu sua presença e então...

Quando abriu os olhos na tentativa de encarar a pessoa que havia lhe encurralado, teve uma ligeira surpresa ao dar de cara com ninguém menos que...

– Law...?

– O que está fazendo há essa hora nesse lugar...? – Ele a soltou logo em seguida, mas continuou a fita-la intensamente.

– Eu estava... Apenas reforçando algumas coisas... – Nami respondeu sem jeito enquanto abaixava a cabeça. Estava difícil olhar dentro dos olhos dele. Desde a terrível cena onde o soldado havia sido morto em sua frente, ela simplesmente não conseguia ser a mesma em sua frente.

– Reforçando algumas coisas...? Que coisas...? Quer estragar tudo o que planejamos...? – A voz do moreno ressoava de forma tenebrosa. Um tom melancólico e sombrio.

– Não seria pega por nenhum deles... Então não precisa se exaltar... – Nami respondia em baixo tom, temendo que ele se irritasse caso agisse normalmente. E o seu normal nada mais era do que contestar todas as decisões egoístas e arriscadas do cirurgião. Porém...

Mal sabia ela que na verdade sua reação pacífica é que estava o enfurecendo aos poucos...

Law sentiu que desde que matara na frente da ruiva, ela não foi mais a mesma. E aquilo estava lhe irritando profundamente. Por que ela...

Estava mostrando tanto medo...?

Foi então que o cirurgião agiu impulsivamente. Havia estourado todos os níveis de paciência que ainda restava, e então...

Ele ergueu o queixo dela de modo violento, lhe forçando a olhar diretamente em seus olhos.

Nami alargou o olhar. Os olhos castanhos cintilaram em temor extremo. Era possível notar o quanto os orbes resplandeciam de forma alarmante a situação em que a mesma se encontrava diante dele naquele momento.

– Está com medo...? – Ele replicou com a voz rouca e tão grave e após a pergunta, Nami se viu forçada a encará-lo, ainda que por dentro se sentisse estremecida... Estava com medo e tinha vontade de correr para bem longe, mas por que naquele instante ela sentia que... Queria justamente o contrário...?

– E-eu... Não estou com medo... – Ela redarguiu com a voz um pouco trêmula. E aquilo fez com que o olhar dele queimasse ainda mais em cólera.

As reações da ruiva tinham o efeito contrário.

– Por que você está sempre fazendo coisas que me irritam...? Por que se esforça tanto pra que eu a odeie ainda mais...?

Nami continuou o fitando sem desviar os olhos por nenhum momento. Aquele olhar mortífero, triste e tão frio que parecia lhe congelar mortalmente por dentro...

O aspecto dele estava extremamente aterrorizante. Desde o semblante aos atuais trajes, que basicamente era uma farda negra com o emblema de Impel Down.

E a cada segundo que passava ele reparava no reflexo dos olhos castanhos que reluziam como duas pedras âmbar... Que não restava mais nada residindo em seu coração a não ser um imenso vácuo... Nenhum calor... Nenhuma luz...

Ele procurava desesperadamente por um milagre...

– Me desculpe... – Foi tudo o que ela conseguiu dizer enquanto o mirava de modo alarmante. Ela sentia uma atmosfera triste que emanava aflição, dor, suplício e agonia... Variantes do mesmo significado, mas vista de perspectivas distintas.

Irado com aquela resposta, ele a empurrou contra a parede, ficando em sua frente e aos poucos encurtando a distância entre ambos de forma que seus corpos ficassem completamente colados.

Ele abaixou a cabeça, apoiando-a no ombro feminino.

Gradativamente a respiração ofegante do cirurgião era notável e...

Em seus suspiros... Nami ouvia gritos...

Havia um lugar que ele desejava ir... E uma vida que ansiava em conhecer... Mas os danos e as feridas eram muito mais intensos... Elas tinham a profundidade de um abismo...

Quem o resgataria...?

E toda vez que pensava a respeito, sentia que somente ela podia lhe amparar...

Se a ruiva oferecesse salvação, ele correria para seus braços... Ansiando que ela preenchesse aquele espaço unicamente vazio...

Ele desejava que aquela noite durasse uma vida... Apenas para estar com ela...

As trevas que o cercavam... Margens de um oceano lunar... Mas ele desejava imergir como o sol atrás do horizonte...

Mesmo presenciando todos aqueles gestos plangentes, Nami não soube o que fazer ou dizer. Ela sabia que ele estava sofrendo... Era nítido depois de tudo aquilo.

Mas ela se manteve parada e em silêncio, presenciando o desconhecido, pois não sabia a origem e nem o motivo das dores dele, mas por que simplesmente ela sentia...

Que era a única que podia acalmar todo aquele ódio e tristeza destrutivos...?

E se não o fizesse, com toda a certeza tal o devoraria. E quando Nami pensava na possibilidade... Um imenso pesar invadia violentamente seu coração. Mas por que tudo aquilo estava acontecendo...?

Por que ela precisava ser o trovão que quebraria as nuvens negras naquele céu tão perfeito...?

Você... É muito mais fraco do que imaginava...– Ela arriscou depois de tudo. Se ele era um assassino, então ao menos teria tido a chance de trazê-lo de volta.

Ele levantou a cabeça e a mirou frontalmente. Por que repentinamente a navegadora parecia ter voltado a ser quem era...?

– Fraco...? É só isso que consegue dizer depois de tudo...? – Ele contemplava o rosto dela que era facilmente contornado pelo brilho soturno da lua.

– Você pode apenas ceder e chorar o quanto quiser... Me deixe pelo menos uma vez fazer algo de verdade por você... – A voz dela soou séria e ele sorriu. Mas aquele sorriso era satírico demais para a ruiva suportar.

– Por que acha que pode fazer algo...? Ou será que você realmente pode...? – Ele indagava confuso. Estava totalmente perdido.

– Eu tentaria... E faria de tudo para saber quem você realmente é... – Ela afirmava perfeitamente, ansiando em desvendá-lo inteiramente, ainda mais quando insistia em mergulhar naquele oceano cinzento de seus olhos que parecia estar imensamente congelado.

Era impressionante como a ruiva conseguia lhe surpreender. Como ela poderia converter o suposto medo em forças, apenas para defendê-lo...?

Completamente incitado pelas recentes palavras da ruiva, ele se aproximou ainda mais do rosto dela, ansiando tocar um dos lugares mais belos que admirava nela...

Seus lábios...

Percebendo tal ação tão impetuosa e perigosa, ela virou o rosto...

Por mais que quisesse, não devia acontecer daquele jeito... Law estava abalado... Estava um tanto fora de si...

– Por que está fugindo...? – Ele replicou arrogante.

– Por que você está sendo precipitado... – Redarguiu imperiosa.

– Não estou...

– Está...

– Por que acha que estou aqui...?

– Você veio me salvar... A pedido do Luffy... – Ela respondeu circunspecta.

– Sabe que não é só por isso... – O cirurgião dizia de forma incitante e Nami sentia que aquilo estava tomando um rumo inesperado.

– Eu não sei do que está falando... – Contestou no ímpeto de escapar.

– Você sabe... Está apenas mentindo pra mim e pra si mesma... – Ele revidava obstinado. Estava cansado da postura introvertida da navegadora.

– Vamos parar por aqui... Por favor... – Dizia no intuito de escapar daquela conversa tão crítica. Era óbvio que se sentia estranha naquela relação tão conturbada que tinha com o cirurgião, mas aquela não era a hora propícia para conversarem sobre o assunto.

– E se eu não quiser...? - Law não quis aceitar as palavras da ruiva e mais uma vez agiu por impulso.

Nami apenas pôde sentir os lábios dele tocarem repentinamente seu pescoço. Um toque puro e doce que aos poucos passou a se tornar selvagem e abrasivo.

– Pare... – A ruiva protestava em meio à carícia.

– Tente... – Law redarguiu ousado. Não estava disposto a larga-la depois de tudo. Ele precisava desesperadamente dela, como se a mesma fosse a única luz que se mantivesse acesa e tão viva dentro de si.

Ele continuou beijando o pescoço feminino de modo voraz, expandindo seus sentidos e sentindo-se estremecido diante daquela que aquecia inexplicavelmente seu coração.

– Por favor... Pare... – Ela sussurrava amenamente. Não podia negar o quanto aquilo era extremamente prazeroso, até por que, cada vez mais era notável o quanto estava envolvida por ele... O quanto queria estar próxima o suficiente para dizer que o mesmo causava algo tão desconhecido, a ponto de se sentir tentada a desvendar totalmente tal significado.

Ela sabia que ele não pararia. Mas precisava detê-lo. Ou ambos estariam totalmente inertes aos toques tão propensos à inclinação mútua.

Foi então que ela elevou as mãos à nuca dele e carinhosamente acariciou os cabelos negros.

Law automaticamente atentou para aquele carinho tão meigo e fitou novamente os olhos castanhos.

Nami também mirou e apreciou o olhar cinzento que despontava um mar de dúvidas. Ela se sentia tentada ao perceber a elegância dos fios negros pousados desproporcionalmente sobre sua pele, o rosto tão perfeito e simétrico, embora houvesse evidências de olheiras e o aspecto lívido... Traços pálidos...

– Eu vou acabar com o ódio e a tristeza do seu coração... Então não desista... Eu estou aqui... – E finalmente a ruiva sorriu ternamente primorosa.

Pela primeira vez em todo aquele tempo Law sentiu algo extraordinário...


Seu coração passou a bater completamente descompassado.


Aquela era a maior prova que tivera... Que não havia desfalecido... Algo que ainda o mantinha vivo... Algo que acelerava seus batimentos cardíacos... Um sopro de vida...

E por instinto, a resposta daquela revelação tão gentil foi...


Um abraço...


Finalmente ele pôde fazer algo que sempre foi impedido. Envolvê-la totalmente a si. Prendê-la e não soltá-la. Cingi-la com seus braços e sentir seu corpo totalmente preso ao dela por um momento considerável. Ele fechou os olhos diante da presença que estava muito mais viva do que qualquer outra sensação que tivera.

Nami se surpreendeu novamente com tal aproximação. Seus olhos se estenderam e ela relutou por um momento, mas... Não poderia resistir...

Ela correspondeu ao abraço.

O abraçou firmemente, testificando a si mesma o quanto aquilo era essencial e o quanto o cirurgião era de fato importante para ela...

Talvez mais que qualquer outra pessoa...

Nami sorriu docemente satisfeita.

Law apertava cada vez mais o abraço, sentindo-a mais perto e tão unida a si. Mas ele já havia tomado sua decisão...

Quando se recordou da missão que Doflamingo havia ordenado anteriormente...


Quero que você mate a navegadora do Chapéu de Palha...


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Notas finais do capítulo

Doflamingo é o maior vilão que existe... Falou uma coisa pra ruiva, depois manda o Law mata-la? Que cara mais sem noção e_e
O Drake salvou a Bonney, perceberam? Logo mais revelo o que aconteceu com ela... Aliás, até hoje não revelei quem foi a primeira paixão da Nami não é? Vai ter uma cena bem legal sobre isso no futuro =P
E o Arlong teve que o merece... Saber que o seu ex-companheiro de navio aceitou fazer parte da tripulação que o mandou para a prisão deve ter sido humilhante 8D
Estou esperando os reviews de todos. Quero a opinião de vocês!
No próximo capítulo é o clímax dessa fase! Finalmente chega o dia em que Marco e Bay vão ajudar no resgate da ruiva. Spoiler presente: O cão do Akainu dará as caras juntamente com toda a coja da marinha, mas uma tripulação forte estará lá para detê-los. Vocês já sabem qual é =P (Não são os Mugiwaras e nem o bando do Kid) Lembrando que isso acontecerá no mesmo dia e horário que Doflamingo pede a prova de lealdade ao Law. O que será que ele fará? Poupará a vida da Nami ou a matará? No próximo teremos essa grande revelação! Vai acontecer tudo de uma vez! Então deixem o máximo de reviews aqui e quem sabe o capítulo não saia mais cedo =P