Heart Attack


Cômico, porém trágico


“Diário, hoje estou irritada! Sabe aquela frase feminista e clichê que diz que todos os homens são iguais? Eu quero reforma-la! Todos os homens são igualmente cretinos! Eu estou cogitando a possibilidade de realmente me casar com um velho podre de rico e ser muito feliz com centenas de bilhões de berries. Quem precisa de alguém que te diga o que você realmente não é? Quem precisa de uma sinceridade tão machista e deturpada em relação às mulheres? E o que seria deles se não tivessem suas mães como progenitoras? Será que eles se esquecem que precisaram de uma mulher pra nascer? Isso faz meu rosto arder em chamas e meus batimentos cardíacos acelerarem de tal forma a ponto de ter um ataque! E sabe de uma coisa!!? Fui totalmente ingênua a pensar que conhecia a verdadeira essência masculina. E não me refiro às discussões incessantes com o Zoro, mas a impiedade e frieza daquele maldito shichibukai...”


...


Cascata ao sudeste da ilha de Dressrosa

Nami se encontrava debaixo de uma das cascatas ao sudeste da ilha. Lá ela relaxava depois de todo o susto que havia passado junto com o grupo responsável pelo navio. Todos também já haviam cumprido suas devidas tarefas e em breve zarpariam.

Perdida em pensamentos, ela deduzia a extensão de Dressrosa. Queria desenhar um mapa daquela ilha e faria isto assim que desse um giro pela cidade.


*Gloob, gloob, gloooob*


– Hã...? – Um barulho estranho junto de várias bolhas que saiam de dentro da água chamava a atenção da ruiva. Relutantemente Nami se levantou para averiguar o que poderia ser aquilo.



*Splaaaaaaash*



– AAAAAAAAAAAH!!!

– Aaaah...!

– Zoro!!?

– Nami!!? – O espadachim repentinamente surgiu inesperadamente na frente da ruiva, como se tivesse brotado de dentro da água. O alarme da garota ficara evidente.

– O-O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI!!? – Gritava de forma estridente.

– PARE DE GRITAR SUA BRUXA!!! ESTÁ QUERENDO ESTOURAR MEUS TÍNPANOS!!? – Zoro rebatia enquanto tapava os ouvidos com as duas mãos.

– Não me diga que você veio aqui me espionar, seu tarado!!! – Ela ainda continuava protestando de forma indignada enquanto escondia a parte da frente com as mãos.

– Como é...? Te espionar!!? Você é maluca!!? Eu estava tirando uma soneca, quando caí dentro do rio e me perdi no caminho enquanto nadava! Eu não estava te espionando!!!

– Eu não acredito!!!

– Caia na real Nami... Algum dia dei motivos pra que me chamasse de pervertido...? – O espadachim se virou de costas e abaixou o volume de sua voz. Era notável que ele não mancharia sua honra por algo tão baixo. Já a ruiva ficou sem palavras.

– Aah... Err... Não... Você nunca deu motivos, mas isso não justifica o fato de que você está aqui e que eu estou nua!!!

Zoro virou o rosto e a encarou firme. Nami se sentiu coagida com aquele olhar mortífero.

– Não me faça perder a paciência, bruxa... Eu jamais tentaria atacar uma mulher tão asquerosa e insuportável como você... Prefiro cair num covil de jacarés a tentar algo com você...

Aquilo havia sido o ponto culminante da ira dela. Como ele ousava lhe rebaixar ao ponto mais baixo que existia? Era incrível como sua autoestima alcançava as profundezas do oceano quando discutia com Zoro. Ela já estava farta de ser menosprezada e passada para trás daquela forma.

– Olha aqui... Eu já estou cansada dos seus coices... Aprenda a falar decentemente com uma mulher, ou pelo menos mostre o mínimo de consideração pelo companheirismo que temos!

Zoro sorriu cinicamente. Aquilo despertava mais uma veia na testa da ruiva.

– Eu não estou te desrespeitando... Só acho que você precisa parar de sonhar e sair desse mundinho onde vive um conto de fadas... – Ele ficou em silêncio por um tempo antes de continuar, enquanto a navegadora se sentia cada vez mais apreensiva.



– Você nem é tudo isso que pensa ser...



Silêncio.

Mais silêncio.

Um silêncio espantoso e completamente irreal tomou conta da garota.

Nami ficou boquiaberta com aquela resposta tão grosseira.

– Você... – A ruiva não conseguiu prosseguir. Ela sentia que as palavras não eram suficientes para expressar sua indignação.

– Não se preocupe... Eu estou indo embora agora e vou procurar ficar bem longe de você... – O moreno pegava fôlego antes de pular num mergulho profundo. Ele não tinha ideia se conseguiria achar os outros, mas para ele já bastava estar distante o suficiente da bruxa desaforada.

Nami ficou ali, em silêncio e inquieta. Seu corpo estava totalmente submerso na água e apenas sua cabeça estava para fora. A água da cachoeira continuava caindo bem atrás de si. Seus olhos estavam queimando em cólera e sentia a vontade de cortar a cabeça do primeiro que aparecesse em sua frente. Tamanha era a sua raiva que seu rosto se encontrava completamente vermelho e a água parecia ferver em torno de sua pele como se estivesse saindo fumaça. Aquilo tirou tanto a sua realidade a ponto de não ouvir os passos de alguém que se aproximava. Ela apenas apertava os punhos com força enquanto tentava digerir a audácia de Zoro e-

– Finalmente te achei... Precisamos nos reunir para discutirmos o próximo passo do plano.

Nami elevou o rosto e encarou o sujeito que estava em sua frente naquele momento: Trafalgar Law.

Ela sequer havia entendido o que ele dissera anteriormente. A única coisa que sua mente processava era...

– HEY, VOCÊ!

Law arqueou uma sobrancelha. O rosto dela estava completamente tomado por uma aura assassina.

Nami não percebia que o mínimo de sanidade não estava vivo em si. Ela ainda não conseguia acreditar nas palavras arrogantes de Zoro. Precisava saber se o que ele estava dizendo era verdade. E precisava saber agora.

– Quero que você me ajude com algo... – A voz da navegadora soava mais grave e ameaçadora. O cirurgião franziu o cenho, não entendendo aonde ela queria chegar.

– No que exatamente você quer que eu te ajude...? – Ele estendeu o olhar até o local onde Nami estava. Ela ainda o encarava de forma estranha.

– Olhe atentamente pra mim... E me diga o que você vê... – O súbito movimento impensado da ruiva fez Law arregalar os olhos além do que podia imaginar, mas sem derreter completamente o semblante gélido. A perplexidade corria pelo olhar dele sem deixar aquele ar de mistério. Nami havia feito nada mais nada menos do que...



Saído do rio e se posicionado na frente do mesmo expondo descaradamente sua nudez.



O ato soava tão espontâneo, que ele ficou em silêncio por um longo tempo, completamente desacreditado por uma ação tão impensada.

Mas o silêncio dele estava matando gradativamente a navegadora que esperava uma resposta imediata.

– Você vai ficar olhando pra minha cara até que horas!? Eu estou perguntando o que você acha do meu corpo... – A ruiva foi direta. Ela não parecia ligar se quem estava na sua frente era um homem. Ela só queria ter certeza se o que o Zoro havia dito antes era realmente verdade. Se não fosse, então com certeza ele estaria mentindo, pois até aquele shichibukai sério que mais parecia uma estátua viva, seria capaz de dizer algo. Uma frase. Uma palavra que demonstrasse o contrário e provasse que ela era sim, incrivelmente sensual.

Law continuou em silêncio e analisou a garota da cabeça aos pés. Sua expressão era indecifrável.

Ela estava completamente encharcada. Seus cabelos estavam um pouco embaraçados e a água que escorria dos mesmos praticamente escorregava pela cintura escultural e as pernas delineadas. Depois de muito observar, ele resolveu dizer algo.

– Eu vejo... – Deu mais uma longa pausa antes de continuar.



– Uma garota louca ficar nua de repente sem nenhum motivo.



Nami ficou em silêncio e por dentro uma perturbação queimava intensamente. Aquela voz seca, ríspida e sem nenhuma emoção lhe incomodava de forma absurda. Era por isso que ficar nua na frente daquele cara não fazia a menor diferença. Ele não pertencia aquele planeta, ou melhor, ele não parecia homem, pois aonde já se viu dizer isso para ela? Justo para ela?

– Eu não acredito! Qual o problema de vocês homens!? Uma linda mulher está nua na sua frente e essa é a sua reação!?? O que está acontecendo!!? Eu não sou bonita!!? Ou será que você é tão gay a ponto de assumir mostrando essa reação ridícula!!? Preciso valorizar quem realmente me percebe... – A última frase foi dita mais baixa que as outras.

Law sorriu petulante.

– Então vai dar uma chance ao Perna Negra...? – Ele desdenhava de forma pretenciosa. Aquilo conseguia irritá-la ainda mais.

– Não! Eu só queria entender por que meu corpo não te desperta nada! Você é realmente gay!?

Law a encarou seriamente. Aquela garota estava começando a lhe irritar.

– Eu já abri centenas de cadáveres das mais belas e sensuais mulheres. Por que acha que vê-la nua me despertaria algo? Isso não é nenhuma novidade pra mim, então não seja convencida. Essa sua pose só faz com que pareça mais patética do que já é... – Mais uma vez aquele maldito timbre gélido e sem emoções. Ok, o fora que Zoro havia lhe dado sequer chegava perto do que aquele cirurgião acabara de lhe dar. - Quer dizer que cadáveres lhe despertavam mais do que uma mulher viva e nua que estava bem diante de si? – Pensava ela.



Mas a ruiva não ficaria por baixo. Ele teria o que merecia ali mesmo.



– Aah... Agora já entendi... Traffy-Kun... – Nami deu um meio sorriso cínico e Law franziu o cenho.

– Não faço ideia do que essa sua mente fútil entendeu, mas seja como for, precisamos voltar para o navio e-

– Todas as suas experiências foram com cadáveres, não é...? Imagino a sua frustração e isso explica sua reação... Nunca avistou uma mulher nua que estivesse viva e bem na sua frente não é...? Mas não precisa ficar constrangido... Eu prometo não contar a ninguém! – A navegadora sorriu vitoriosa.

Law fechou os olhos em reprovação. Uma gota surgia espontaneamente em sua testa. Aquela garota era uma das mais problemáticas que já havia visto em sua vida. Mas ainda não havia ganhado o primeiro lugar. Porém...


A navegadora atrevida precisava de uma lição.


Nami arregalou os olhos e sentiu um violento frio na barriga quando viu a auréola rodear uma das mãos do cirurgião.

– Room...

Ela deu alguns passos para trás e permaneceu assombrada pelo que vira. A essa altura além de não lembrar que ainda estava nua na frente dele, a indignação havia desaparecido e dado lugar ao medo. O que ele faria com ela se fosse pega naquele círculo?

O olhar assombroso dele causou aversão nela. Segundos depois, um macabro sorriso de canto pôde ser visto.

– Não... – Ela disse quase num sussurro, completamente alarmada.

Em frações de segundo o círculo se expandiu e a única coisa que Nami conseguiu fazer foi pular para dentro do rio e mergulhar fundo no intuito de sair dali. Mas aquilo não a protegeria, afinal... Ele era forte o suficiente pra tirá-la de lá num instante.

Law desembainhou sua espada e com poucos movimentos cortou o rio em muitos pedaços. Terra e água se dividiram e subdividiram em estilhaços. A paisagem havia desmoronado por completo dentro do círculo.

E Finalmente ele havia conseguido o que queria.

O corpo da ruiva foi dividido em várias partes e a sensação foi a pior possível. Ela sentia seus membros individualmente em distintos efeitos e a cabeça dela havia sido arremessada numa rocha perto dali.

Law passou a segurar uma das mãos dela e comicamente a pousou em seu rosto, como se quisesse fazer um carinho em si mesmo. Nami protestou extremamente revoltada.

– DEVOLVA A MINHA MÃO E MEU CORPO, SEU MISERÁVEL!!! – A cabeça afoita derrubada na pedra gritava com todas as suas forças.

Law sorriu ousadamente de canto mais uma vez.



– Vou pensar no seu caso... Nami-Ya...



“E aquela foi a primeira vez que o maldito cirurgião pronunciou o meu nome com aquele sotaque que soava mais sexy do que sarcástico. Eu juro por mim mesma que esse miserável terá o que merece... E muito em breve!”