Heart Attack escrita por ariiuu


Capítulo 18
Puro e melódico toque


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Aqui estou eu de volta com mais para vocês.
Quero agradecer os reviews de todos e pedir para que continuem enviando seus comentários. O futuro da fanfic também depende das sugestões dos leitores. A preferência de vocês é muito importante :]
O capítulo está bem diferente dos outros. E é inteiramente do casal principal. Conclusão? Todas as cenas são deles, sem interferência de terceiros ;D
Divirtam-se!



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Heart Attack


Puro e melódico toque




...




“Estava enxergando tudo extremamente escuro e parecia que muitos anos haviam se passado. Me sentia evaporando... Um véu de fumaça foi no que me transformei... E estava sendo soprada para longe... Bem longe de tudo... Algo tão inexplicável... Que não havia nada que as palavras pudessem dizer... ”




...




A ruiva finalmente abriu os olhos, mas com muita dificuldade. A princípio, tudo estava desfocado e por mais que forçasse a vista, não conseguia enxergar nada nítido. Seus olhos se mantiveram semicerrados por um longo tempo até que se acostumaram com a forte luz que vinha da lâmpada. Um ventilador de teto que girava logo acima também pôde ser visto.

Ela sentia um cheiro distinto... Cheiro de remédios...

E aos poucos... Tudo se tornou mais nítido. Fitou o teto por um breve instante e logo depois as paredes daquele lugar. Havia muitos armários, uma pia, duas camas ao lado e uma porta no canto esquerdo que dava acesso a um banheiro.

Ela ouviu o barulho de algo caindo e parecia ser algum objeto feito de metal.

Foi então que a ficha finalmente caiu e ela abriu os olhos abruptamente, levantando seu corpo rapidamente. O que mais lhe chamou atenção foi a figura de um homem vestido com uma finíssima farda. Ele estava de costas para ela, e parecia mexer em alguns utensílios no armário acima da pia.

Nami se recordou de tudo o que havia acontecido anteriormente. Arlong estava lhe estrangulando e então...

Foi salva por ele... No momento mais importante ao qual seria morta...

Estava louca ou era mesmo ele...? Se estivesse se confundindo seria péssimo, mas muito pior caso fosse de verdade um soldado da prisão.


– Trafalgar...?– A ruiva articulou em tom de dúvida.


Ele não respondeu imediatamente. Terminou de fazer primeiro o que lhe ocupava.

Mas quando se virou, ela pôde ver nitidamente...

– Você levantou rápido... Como está se sentindo...? – Dizia enquanto apertava uma seringa que teve um líquido expelido para cima.

Aquela fisionomia e aquela voz eram dele... O cirurgião da morte. Ele estava ali e de verdade, embora estivesse trajando roupas de um soldado.

– Você... – Ela não terminou a frase, pois se sentiu tonta o bastante para quase cair no chão.

Ele correu para ampará-la e a mesma se apoiou em seu ombro.

– Não se movimente tão rápido. Você está muito fraca e pode desmaiar mais uma vez...

– Eu... O que você está fazendo aqui...? Como entrou aqui...? – Ela interrogava com os olhos fechados, tentando conter a tontura que sentira.

– Abra os olhos... Devagar... – Ordenou calmamente.

E foi o que a navegadora fez. Lentamente as pálpebras se dilataram e ela pôde contemplar a imagem do rosto dele diante de si.

– Como está se sentindo...?

– Fraca... Zonza... E sinto meu pescoço latejar...

No mesmo instante Law fixou os olhos na região onde o tritão havia a machucado. Havia hematomas.

– Eu vou cuidar disso... – Ele assegurou. Mas enquanto averiguava as marcas no pescoço dela, automaticamente a mesma abriu ainda mais seus olhos e por um momento ele sentiu que ela gritaria de dor.

Mas ela se segurou e tudo o que fez em seguida foi levar as mãos na região da cintura. Apertou os olhos como se estivesse fazendo uma força descomunal para não gritar de dor.

Law estranhou aquela reação e no mesmo instante tirou as mãos dela da frente do local, levantando o tecido alaranjado para ter uma completa visualização daquela região.

Quando o cirurgião terminou de afastar o tecido, teve uma ligeira surpresa.

Ela estava ferida...

– O que é isso...? – Contestou espantado.

– É o ferimento... De uma bala que pegou de raspão... – Ela retorquiu com dificuldade.

– Quantos dias você está assim...?

– Cinco dias... Eu estava lá fora justamente para entrar nesse laboratório e ver se conseguia medicamentos... Cada dia que passa, sinto que a ferida piora...

Law mais uma vez ficou em silêncio.

– Precisamos desinfeccionar esse corte agora, mas antes preciso saber... Ainda se sente tonta...?

– Um pouco fraca... Mas a tontura passou...

Ele se afastou e passou a procurar algumas coisas no armário à frente, até encontrar um pacote com algumas compressas de gaze e um rolo de esparadrapo.

Antes que Nami pudesse dizer qualquer coisa, ele já havia envolvido o ferimento na gaze e fixado um esparadrapo nas laterais.

– Agora você pode tomar um banho sem irrigar o ferimento. – Ele se afastou e apanhou uma toalha que estava em cima de uma mesa. Também havia roupas limpas do lado.

Nami se surpreendeu. Mas não era por admiração ou coisa do tipo. Ela estava mais preocupada com algo pior... Muito pior...

– Você por acaso perdeu a noção da realidade...? – Redarguiu em baixo tom.

– Creio que não... Por quê...? – Ele respondeu como se tudo soasse completamente natural.

– Se nos pegarem aqui seremos mortos! Como pode estar tão tranquilo se estamos na mansão do Tenryuubito!!? Você tem noção disso!?

Law ouviu tudo atentamente, porém... O mesmo sorriu em resposta.

– É do conhecimento do Tenryuubito que um soldado esteja aqui...

– É do conhecimento dele que VOCÊ esteja aqui! Não eu! Preciso sair desse lugar imediatamente!!! – Ela tentou se levantar, mas Law a impediu, bloqueando sua saída.

– Você está ferida... Já disse pra não se movimentar repentinamente...

– Você... Será que não entende...? Eles podem me matar se me encontrarem aqui... – A ruiva abaixou a cabeça e automaticamente mostrou o tamanho sofrimento que passara ali.

Law se perguntou o quanto eles haviam lhe torturado e por um momento se sentiu culpado... Porém, o mais importante era tratar todos os seus ferimentos antes que lhe explicasse sobre o plano de fuga.

– O que você... Fez com o Arlong...?

Law atentou para a pergunta. Então o nome dele era Arlong...?

– O que fiz com ele...? Você saberá depois... – E lá estava ele, fazendo suspense sobre o que havia acontecido de fato com o tritão.

– Eu preciso sair daqui... Por favor, me deixe ir... – A navegadora insistia, mas Law também insistiria nem que precisasse dizer o que estava reprimindo dentro de si.


– Será que você poderia... Confiar em mim...? – Ele replicou de forma pacífica. Sua voz saiu suave, quase como um sussurro.


Nami o encarou duvidosa, mas... Parou para pensar que ele era um tipo de pessoa que fazia de tudo para que seus planos tivessem êxito. Se ele estava lhe pedindo aquilo, então ela apenas deveria ceder e... Confiar...

– Certo... Acho que não tenho escolha... – Ela admitiu derrotada, mas com um sorriso.

Law a encarou de uma forma afável. Pensou que a navegadora poderia não aceitar o que lhe pedira, mas se enganou. Em meio aquele pesadelo, ela consentiu algo que nenhum escravo teria coragem, pois as chances de fuga eram mínimas... Mesmo que fosse pelo seu próprio bem, qualquer um recusaria.

– Quer que eu a ajude...? – O cirurgião indagou inocentemente.

Nami lhe lançou um olhar completamente desacreditado. Law não entendeu.

– Você está louco...? É claro que posso tomar banho sozinha... Não preciso da sua ajuda...! – Ela contestou mal criada e com um leve rubor no rosto.




...




Nami finalmente havia saído do banheiro, reclamando de seus atuais trajes...

– Por que estou vestindo isso...? – A ruiva fitava o que ele havia lhe trazido. Basicamente o traje se resumia numa camisola de seda na tonalidade branca acima do joelho e com alças finas. Ela também estava com os cabelos soltos e úmidos.

Por um momento, Law a analisou quase que petrificado. Seus olhos alargaram automaticamente diante da bela visão. Ele se questionou como não havia reparado o quanto a navegadora era... Extremamente linda... Tudo nela era simetricamente formoso. Até mesmo a atual feição sombria.

– O que está olhando...? – Ela indagou irritada.

– Nada... Esse foi o único traje que tive tempo de pegar no guarda-roupa de um dos Tenryuubito, então pare de reclamar e se conforme com o que tem para vestir. – Ele se virou de costas um pouco acuado. Parece que sua discrição demasiada havia repentinamente desaparecido.

– Você entrou no quarto de uma mulher...? Podia ser qualquer roupa... Mas isso aqui... Eu não me sinto à vontade vestindo isso... – Ela reclamava por ter que vestir o traje de uma das nobres. Além de lhe causar ânsia, tinha medo caso a dona descobrisse.

– Sente-se na cama. – Se referia ao lugar que anteriormente estava deitada. Um leito repleto de vários equipamentos ao redor. A altura da cama era ajustável e ele elevou ainda mais a estrutura por baixo.

Quando Nami cruzou com ele para se sentar, um aroma extremamente agradável pôde ser sentido. Provavelmente o perfume emanava dos cabelos que se encontravam úmidos. Uma fragrância irresistivelmente deliciosa...

Ele teve de fazer uma força sobre-humana para se conter...

– O que há de errado com você...? – Nami arqueou uma sobrancelha após se sentar no acolchoado, estranhando as feições dele. Aquele definitivamente não parecia o mesmo Trafalgar Law... Estava mais disperso do que de costume.

– Não há nada de errado comigo... Então não perca seu tempo se preocupando... – Desconversava com seu típico jeito arrogante. Nami não havia gostado das últimas palavras, mas não estava a fim de brigar... Havia coisas mais importantes para se fazer... Como desinfeccionar o corte.

– Se você não se importar... Faça logo o que tem de fazer, por que... Quero que me explique como conseguiu entrar aqui...

Law não respondeu. Ele se virou de costas mais uma vez no intuito de pegar tudo o que precisaria para trata-la. Ainda era cedo para falarem sobre aquilo.

O moreno terminou de depositar todos os medicamentos e utensílios numa pequena mesa ao lado. Após isso, retirou o sobretudo negro e o cap de sua cabeça. Depôs as peças num cabideiro embutido na porta.

A ruiva observou tudo em silêncio, o fitando discretamente.

Apesar de ser um disfarce, ele ficava bem naqueles trajes. Eram um tanto imponentes e davam um aspecto diferente do que estava acostumada a ver.

Law passou a mão pelos cabelos negros, desgrenhando-os perfeitamente entre os dedos.

Secretamente, Nami sabia e admitia pra si mesma mais uma vez...

Trafalgar law era um homem extremamente atraente... Embora não tivesse coragem de formular a frase nem por pensamento, pois se sentia envergonhada, já que o shichibukai era uma pessoa prepotente e tão cheia de si...

– Unf... – Ela virou rapidamente o rosto, praguejando vê-lo daquele jeito e ainda ter que concordar internamente o quanto sua beleza podia fazer qualquer garota idiota cair de amores por ele...

Mas só garotas idiotas, logicamente... Isso jamais se aplicaria a ela... Pois ela era boa demais pra ele, embora o mesmo não percebesse...

O moreno retirou as luvas que faziam parte da farda, para substituí-las por luvas medicinais.

Quando ele se posicionou em sua frente, a navegadora sentiu uma forte compressão no estômago. Aquela seria a primeira vez que outro médico que não fosse Chopper a trataria. Ela não se sentia tão confortável perto do cirurgião e aos poucos...

Nami passou a ficar nervosa...

Law a fitou modestamente. Sabia que ela estava se sentindo insegura... Mas...

Ele estava disposto a mostrar que podia confiar nele...

– Por onde quer começar...? – Ele dizia perto o bastante para fazê-la tremer só de pensar que cuidaria de seus ferimentos.

– Pelo corte... – Replicou timidamente.

– Certo... – Ele sorriu depois de contemplar a reação dela. Parecia uma criança que estava pela primeira na sala de um médico.

Nami alargou o olhar quando o moreno passou a erguer delicadamente a bainha da camisola.

– Hey espere! – Ela protestou ruborizada e obviamente ele percebeu o motivo.

– Eu sou um médico, esqueceu...? Não precisa ficar tímida... – Redarguiu friamente.

– Mas...

– Eu sei que não é a melhor hora para relembrá-la disso, mas... Se esqueceu de que já te vi nua...? Seu corpo já não é mais novidade...

Os olhos de Nami acenderam ainda mais e seu rosto literalmente pegou fogo. Ela havia se esquecido daquele fato tão irreal e inconsequente, porém... Se lembrou de outra coisa... Algo que havia causado algumas desavenças com o cirurgião...

O corpo dela não o agradava.

Law havia deixado claro quando a mesma se exibiu tão intimamente em sua frente, então por ora...

Ela suspirou aliviada.

– Você tem razão... Eu tinha me esquecido que você é fã de idosas e cadáveres frescos... Eu não te desperto nada... – Naquele momento a ruiva o afrontou através de um olhar cínico enquanto sorria debochadamente de canto.

– Isso mesmo... – Ele desceu o olhar e se sentiu extremamente estranho por dentro, embora não demonstrasse... Ele jamais demonstraria que ela estava errada.

– Por que não faz isso de uma vez!? Quer que eu te ajude!? – A navegadora elevou a camisola sem medo. Agora não teria por que ter medo. Trafalgar law seria o último homem do planeta que lhe assediaria sexualmente.

O ato repentino de fato assustara o shichibukai e ainda que sua relação com a ruiva não passasse de companheirismo temporário e agora médico-paciente, não seria fácil ter de lidar com aquilo nas circunstâncias atuais que se encontrava em relação à ela.

Principalmente depois daquele sonho...

Ele tentou de todas as formas prender sua atenção apenas no ferimento, mas... Era impossível não reparar o quanto aquela pele alva era extremamente macia e delicada... E o quanto tinha o desejo ardente de tocá-la...

Mas Law ignorou todos os pensamentos e se concentrou apenas em fazer seu trabalho com perícia. Ele precisava desesperadamente se concentrar...

Analisou o ferimento por um tempo considerável e Nami esperou pacientemente.

O moreno mais uma vez se afastou e apanhou um vidro nas mãos.

A ruiva se encontrava distraída e tranquila. Estava convencida em deixar tudo com ele, sem medo, porém...

– Nami-Ya... – Ele a chamou de uma forma sombria.

– Sim...?

– Espero que esteja preparada...

– Preparada para o quê...? – A navegadora arqueou uma sobrancelha em resposta.

– Sinto dizer, mas... Isso vai doer...

O olhar de Nami se estendeu e antes que pudesse dizer qualquer coisa...


Law derramou álcool no local do ferimento friamente e sem nenhuma compaixão...


– Aaaah...! – Nami conteve a exclamação de pura dor.

– Se acalme... A dor vai diminuir aos poucos... – Replicava tranquilamente.

Tudo o que ele teve em resposta foram as lágrimas de agonia dela. O fato de exprimir tanta dor significava que o ferimento estava muito infeccionado. Tudo era apenas consequência da gravidade do corte.

A ruiva se contorcia... E aquele sofrimento parecia não ter fim... Cada segundo era eterno, pois a dor era exorbitante.

Nami apertava os olhos e rangia os dentes, tentando suportar o sofrimento maçante.

Embora já esperasse aquela reação, Law não se conteve... Apanhou os pulsos da ruiva e cingiu os braços dela ao redor de seus ombros, no ímpeto de que a mesma aplicasse força nas mãos, lhe empurrando, apenas para ajudar a diminuir a pressão e agonia.

E foi o que instintivamente ela fez... Embora fosse um procedimento médico, aos poucos aquele aperto se transformou...


Em um abraço...


Aquela não era a melhor ocasião para se sentir envolvido por um toque tão candente de pura e extrema dor. Tudo o que ele podia sentir era os gemidos em forma de choro e as lágrimas que desciam do rosto dela molharem o seu rosto. Tê-la ali, em seus braços, naquela situação alarmante que a feria por fora e o feria por dentro... Era algo completamente inesperado. Tão inesperado que efemeramente ele apertou ainda mais o abraço, fechou os olhos e levou as mãos aos cabelos ruivos... Afagando-os com carinho e extrema delicadeza... Sentindo o perfume tão singular e cítrico... A única em todo o mundo que possuía aquele cheiro tão suave e ao mesmo tempo intenso...

A ruiva se mostrava implacável em muitos momentos, mas naquele, ela era apenas uma frágil garota que sucumbia à aflição.

Mas ele estava ali para ampará-la... Estava ali para suportar junto com ela o tormento que fosse. E nem mesmo ele sabia... Por que estava tão disposto a isto...? Por que o único pensamento que ecoava de forma latejante em sua mente era...

Protegê-la...?

Por que ironicamente e involuntariamente ele havia decidido que ela se tornara intocável e completamente especial...? Um tesouro... Uma joia... Uma preciosidade... Rara, inestimável e valiosa...?

Por que ela havia se tornado tão importante...?

Por que o desejo de protegê-la era tão abrasador...? Ele estava mesmo preparado para arcar com os riscos...? Não físicos, mas emocionais...?

Eles ficaram abraçados por longos minutos... Minutos de suplício para ela...

Minutos especiais para ele...

Nami respirava ofegante... Como se aos poucos estivesse se acostumando com a dor...

A dor reduzia gradualmente e aos poucos a respiração ofegante e os gemidos cessaram.

Law sentiu que era hora de quebrar aquele contato tão aprazível e voltar a agir como antes...

Como o médico que cuidara de sua paciente...


Sua bela e frágil paciente...


Ele apoiou as mãos nos ombros dela e a contemplou intimamente. O olhar dele repousou na atual feição dela.

Os olhos castanhos encharcados, o rosto completamente úmido, os lábios extremamente vermelhos, a respiração menos acelerada, o corpo um pouco trêmulo e... Uma mecha ruiva que acidentalmente caiu na frente dos olhos dela.

– Ainda está doendo...? – Ele perguntava calmamente enquanto deslizava de forma carinhosa a mecha para trás da orelha dela.

– Muito... Mas... Não tanto quanto no começo...

Ele sorriu ternamente para ela.

Ainda que a situação não estivesse fácil, ela se sentiu perdida naquele sorriso. Um sorriso que parecia findar a aflição que sentira...

Antes que pudesse dizer qualquer coisa ou até mesmo raciocinar de forma sensata... Ela não despregou os olhos daquele sorriso...

Dos seus lábios...

Ela sentiu o rosto esquentar e um frio na barriga entrou em consonância com o forte anseio de...

Beijá-lo...

Literalmente ela estava ficando louca. A única coisa anormal ali era o quanto aquele charme invencível parecia mexer com sua mente a ponto de se deixar levar por desejos alucinantes com ele...

Quando a ruiva mediu o nível de insanidade, chacoalhou a cabeça freneticamente e olhou para outro lugar. Foi então que ela percebeu algo em sua roupa e assim sua atenção se voltou para aquilo.

– Aah... Acho que não segurei a camisola e ela acabou sujando com o sangue do ferimento...

– Não tem importância... – O cirurgião se virou e dessa vez apanhou outros acessórios no intuito de limpar o machucado.

Nami o analisara e quanto ele estava sendo extremamente zeloso... Um sentimento de pesar lhe invadiu...

– Eu estou te dando muito trabalho não é...? – Ela indagou baixinho, um tanto envergonhada por até mesmo chorar como uma criança na frente dele.

– Você... Está apenas se comportando como uma paciente comum... Não resistir à dor e chorar é algo extremamente normal numa situação dessas... – O moreno respondia como se quisesse apaziguar a sensação de martírio que a ruiva sentira.

– Me desculpe por isso...

– Não há necessidade de se desculpar...

– Não é por isso...

Law a olhou de canto, não entendendo a questão.

– Você veio aqui para me salvar não é...? – Nami o fitou com cuidado e um pouco constrangida.

– Achei que estivesse claro desde o começo... – Retorquia ríspido.

– Estou sendo um estorvo pra você...

Law ficou em silêncio diante daquela afirmação de culpa. Apesar de ter chegado à mesma conclusão no começo, ele não estava mais ligando se todos aqueles contratempos estavam atrapalhando seus objetivos.

– Eu... Preciso terminar com isso... – Ele se aproximou novamente, fazendo menção de voltar a cuidar do ferimento.

Nami voltou a ficar em silêncio, apenas observando com atenção todo o cuidado que ele tivera em limpar a ferida. Era extremamente nítido o quão profissional ele era, pois mesmo sentindo dor, o mesmo se manteve zeloso e delicado, como se ela fosse quase quebrável...

Longos minutos se passaram e finalmente ele havia terminado.

– Ainda sente dor...?

– Sim... Está ardendo...

– Vou te dar algo que... Vai fazer essa ardência sumir por completo...

– E isso é possível...? – Contestou duvidosa.

– Sim... Eu criei uma espécie de pomada anestésica permanente. Você não vai mais sentir dor até que o corte se feche por completo, contanto que continue usando no prazo que eu prescrever.

– C-Como fez isso...? – A ruiva perguntava perplexa.

– Eu sei a fórmula de cabeça... Apenas combinei alguns elementos que haviam nesse laboratório... – O moreno esclarecia enquanto testava o componente no antebraço.

Nami continuou o observando completamente surpreendida. Law realmente era um médico excelente.

Depois de aplicar a pomada no local ferido e feito um curativo, ele trocou as luvas por outras. A ruiva continuava reparando em tudo discretamente, mas surpreendida por dentro.

– Temos que dar um jeito nessas marcas em seu pescoço... – O moreno apanhou o mesmo utensílio da pomada anestésica.

– Essa mesma pomada vai servir para esses hematomas...? – Nami perguntava ainda mais surpreendida. Era notável o quanto parecia se espantar com coisas que para ele eram supérfluas.

– Essa pomada também serve como cicatrizante... Por que o espanto...? – Revelou, estranhando as reações dela.

Os olhos da navegadora se mantiveram muito abertos. Não entendia nada sobre medicina ou cirurgias, mas quando viveu sozinha no East Blue, roubando e se machucando quando perseguida, era obrigada a sempre se medicar sozinha. E tudo o que o cirurgião fazia parecer ser tão simples, seria extremamente difícil para ela. Aliás... A ruiva sequer sonharia em pomadas anestésicas cicatrizantes... Aquilo parecia mais uma poção mágica da cura...

– Levante o pescoço...

Ela obedeceu.

Quando o cirurgião passou a aplicar a pomada em seu pescoço...

Nami sentiu cócegas...

– P-Por favor, t-termine logo com isso antes que e-eu...

– Já estou acabando... – Respondia concentrado.

– Pare... N-não estou aguentando... – Ela dizia enquanto fechava os olhos por instinto. Aquele toque era tão delicado e agudo que aos poucos ela sentia que riria... Riria muito...

– P-pare!!! – Ela exclamou o empurrando para frente.

O corpo foi arremessado para trás bruscamente e Nami percebeu que havia exagerado.

– Me desculpe... É que eu... Não suporto cócegas... – Replicava tentando se justificar.

– Tudo bem... Eu já tinha acabado mesmo... – Law respondeu friamente.

– Você... Tem certeza que colocou pomada no meu pescoço...? Por que agora que o toquei, não estou sentindo nada...

– Essa pomada seca instantaneamente. Sua capacidade de ser absorvida é alta. Em segundos sua pele a sorveu totalmente. – Revelava de modo frio e desdenhoso.

– O-o quê!!? Mas como você conseguiu fazer uma pomada mágica dessa!!? – A ruiva perguntava ainda mais espantada.

– Não convém contar segredos farmacêuticos para alguém que sequer vai entender a primeira linha de uma fórmula... Estude química e depois conversamos...

A recente frase soou como uma afronta e automaticamente Nami se levantou.

– Ora seu convencido, não fique se achando só por que sabe tudo isso!!! Eu não estudo química por que estou ocupada demais estudando física para aprender ainda mais sobre a ciência do tempo!!!

– É mesmo...? E de que adianta estudar sobre a ciência do tempo se isso não isso não irá te salvar quando se machucar gravemente...? – Law retorquia friamente, porém cínico, instigando-a a uma briga.

– Bem... Se algo assim acontecer tenho o Chopper para cuidar de mim... Ou... – A navegadora respondia, mas em baixo tom enquanto se manteve cabisbaixa.

– Você tem o Chopper-Ya para cuidar de você ou...? – Ele perguntava, tentando entender o que ela completaria em seguida.


– Ou você, em casos mais extremos...! – Ela levantou a cabeça e esbanjou um sorriso extraordinariamente jovial.


Os olhos dele se alargaram espontaneamente. A resposta dela soara extremamente inesperada... E surpreendente.

Law não pôde conter um sorriso de satisfação. Porém um sorriso discreto como de costume.

– Eu... Queria te agradecer por ter me salvado do Arlong... Se não tivesse chegado naquela hora, provavelmente eu... – Ela não terminou a frase, ficando um tempo em silêncio. Obviamente Law percebeu algo estranho que parecia envolver a ruiva e o tal tritão. Mas se esse clima realmente existia, um dia ela lhe contaria, certo...?

– Eu apenas cheguei ao lugar certo na hora certa... – O cirurgião abaixou o olhar em resposta, porém, nem mesmo percebeu que a navegadora havia se aproximado e naquele instante estava bem diante de si.

Quando olhou para frente, lá estava ela, sorrindo docemente.

Ele arqueou uma sobrancelha em resposta, mas... A aproximação repentina tinha um propósito...

A ruiva passou a ficar nas pontas dos pés, no ímpeto de pegar altura e... Repentinamente o agradecer do seu jeito...


Com um afetuoso beijo em seu rosto.


O gesto soou tão carinhoso, que não foi apenas um simples toque, mas um beijo demorado e caloroso, que transmitia profundamente o sentimento de retribuição por ter lhe salvado e lhe tratado.

Naquele momento o cirurgião da morte ficou sem saber como reagir... E nem mesmo palavras lhe vinham à mente. Aquele gesto foi tão repentino e inconcebível que a única reação não plausível foi...

– Já está na hora de descansar. Então procure se deitar agora, pois amanhã te passarei as coordenadas da nossa fuga. – Ele se afastou lentamente, se virando de costas, totalmente desconsertado...

– Como fugiremos daqui...? – A ruiva perguntava inocentemente.

– Acabei de dizer que amanhã lhe direi. Então descanse agora... – Suspirou tenso... Já havia tido o suficiente com ela naquela noite...

– Mas... Eu quero saber... O Luffy também virá...? – Ela fazia um biquinho, implorando que lhe contasse, porém...

Aquilo tinha sido o seu ápice. Não poderia aguentá-la mais. Então...

Ele a pegou rapidamente no colo.

– O-o que está fazendo!? – Protestou espantada.

– Colocando uma teimosa na cama... – O cirurgião redarguiu indiferente.

– Mas eu posso andar...!

– Não nesse caso... – Law rebateu com um sorriso ousado.

Um sorriso tão ousado que ela não sabia para onde olhar quando aquele gesto era direcionado apenas para si... E não somente o sorriso, mas o olhar... Aquela expressão tão galã e sedutora que doía... Era tão constrangedor, que a mesma sentia involuntariamente as bochechas corarem.

– Idiota... – Resmungava irritada e acanhada.

– Certo... Agora dê boa noite ao idiota que te salvou... – Ordenou de forma atrevida, porém cômica.

– Não quero... – Nami respondeu mal criada enquanto manteve a face virada para o outro lado.

– Tudo bem... Mas saiba que ficarei aqui até que você durma... – E então ele lentamente se aproximou da cama e a depositou delicadamente.

– Eu não sou nenhuma boneca de porcelana que com um tombo se quebra, muito menos um bebê! – A navegadora bradava indignada.

– Eu sei... Você é mais forte que isso... – E mais uma vez ele sorriu ironicamente enquanto a contemplava.

A feição da ruiva naquele momento se tornou naturalmente séria.

Ela jamais esqueceria o que ele estava fazendo por ela e ainda que no fundo fosse pela aliança e por seus objetivos... Era inegável o fato de arriscar sua vida se infiltrando naquela mansão. Nami estava confiante de que sairiam dali. Ainda mais agora... Sentia que todas as suas esperanças haviam voltado...

Por causa de seu salvador...

A ruiva se sentia estranha perto dele... E não era a primeira vez que isso acontecia. O princípio de tudo ocorreu quando ainda estavam Punk Hazard e ele havia pedido sua ajuda.

Tudo começou ali. Naquela caverna...

E por mais que tentasse entender, era algo diferente de quando se apaixonou de verdade pela primeira vez ou mesmo quando esteve com Kid... Era algo...

Incompreensível, inexplicável e inesperado...

Talvez essas sensações explicassem por que se sentia intrigada e estranhamente atraída... Aquela não era a melhor explicação... Mas um dia ela entenderia...

Quanto mais Nami pensava sobre tal, mais sentia suas pálpebras pesadas... Mais sentia seu corpo se acostumando com a cama... Mais o sono vinha... Até que finalmente...

Ela adormeceu.

E depois de algumas horas ele permaneceu sentado numa cadeira ao lado da janela, cujo brilho da lua invadia perfeitamente o cômodo. Ele ficou ali, repassando mentalmente o esquema que traçaram para tirá-la daquela mansão.

Em alguns intervalos o cirurgião se aproximava da cama, apenas para vê-la repousando. Depois de ter tratado todos os ferimentos, precisava mantê-la segura... E longe de todo o perigo iminente, mas... Algo havia arrancado sua atenção naquele instante.

A ruiva se mexeu delicadamente, ajeitando-se sobre o travesseiro. Uma expressão serena tomou conta da face dela...

E mais uma vez... Ele sorriu...

Law sentia que a ruiva havia lhe castigado de várias formas naquela noite.

Ao lhe deixar salvá-la, ao consentir ser envolvida em seus braços, ao deixa-lo lhe tratar, ao se desculpar, ao revelar que na ausência de seus companheiros, ele lhe ampararia, ao agradecê-lo e... Ao lhe beijar...

Mas aquilo não era o suficiente. Ele sentia que precisava de mais... Algo que pudesse acalmar aquela tempestade que sentia por dentro...

Acalmar a tempestade... Nutrir ainda mais aquilo que sentira por ela...

Foi então que ele percebeu que seria impossível continuar ali, contemplando e sucumbindo aquela doce imagem realçada pelo brilho da lua ao vê-la dormindo calmamente como um anjo... Os cachos ruivos simetricamente enredados ao redor... Os cílios avantajados... As maças do rosto enrubescidas... Os lábios carminados e entreabertos, num indício de um sorriso confino.

A expressão de uma princesa...

Sua bela adormecida...


O cirurgião não resistiria mais e passou a agir por instinto. Aproximou vagarosamente o rosto ao dela e lentamente afastou os fios ruivos que se encontravam pousados sobre a bochecha, tocando a extremidade de sua pele com os dedos, para em seguida fechar os olhos e selar os lábios da ruiva. Lábios amenos e macios que lhe apraziam de forma alucinante, por que... Ela era a única que causava ondas em sua mente a ponto de embaralhar seus sentidos...

Aquele puro e melódico toque que relembraria o dia em que a navegadora lhe surpreendeu de forma inesperada.

Da forma como ele jamais havia sido surpreendido antes.


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Notas finais do capítulo

Uau... Law aproveitou que a ruiva adormeceu para tascar um beijo! Espertinho hein?? Imagine se ela acorda?? 8D
Eu disse que o vilão vai aparecer, e é o que pretendo fazer no próximo capítulo. Que ele apareça para fazer com que algumas coisas venham à tona... Inclusive o passado do Law e coisas horripilantes...
A ruiva também será envolvida nessa teia e sofrerá as consequências. Não pensem que só de simpatia e companheirismo os dois viverão nos próximos capítulos. Mas traições e coisas inexplicáveis... Vou dar continuidade ao drama mas com uma dose suprema de romance!
Não esqueçam os reviews e nos vemos no próximo ^/