Heart Attack


Perpétua desolação




...




Ela correu desesperadamente durante meia hora sem parar. Suas pernas estavam latejando de tanto esforço que fizera. Mas o que mais doía era seus pulmões. Estes estavam fazendo uma força descomunal para manter o ar preso pelo menos por dois segundos. Mas fora em vão... Ela sentia que se não parasse para descansar por um minuto, poderia ter um ataque cardíaco... Estava exausta...

Mas quem estava logo atrás de si a faria gastar o último fôlego que tivera... Ainda que tivesse que correr, se atirar pelos mais de dez mil metros da Red Line e ter seu corpo esmagado quando colidisse com a superfície do oceano... Mesmo que fosse para morrer... Ao menos ela teria lutado para fugir do seu atual e pior pesadelo...


– Volte sua maldita pirata!!! Você não vai escapar!


Quando a ruiva olhou para trás, seus olhos arregalaram mais que o comum. Ele estava tão perto que só de imaginar o que poderia acontecer assim que lhe pegasse lhe causava náuseas...

Desesperadamente apavorada, ela sentiu as pernas travarem e automaticamente esbarrarem uma na outra a ponto de tropeçar e cair.

Ela pôde ver a carruagem se aproximar... O homem trajava uma túnica branca com vários emblemas e uma proteção na cabeça semelhante a um capacete transparente. Ele também estava cercado de soldados.

Nami não esperou que o mesmo chegasse a três metros de distância. O medo e o pavor extremo fizeram com que suas pernas voltassem a se mexer e automaticamente ela começou a correr de novo.

– Maldita... Já cansei de brincar de pega-pega com você... – O tal homem cercado de soldados sacou uma arma de dentro da roupa e mirando na direção da ruiva que corria desesperadamente, atirou no ímpeto de nocauteá-la.

E foi o que aconteceu.

Nami foi atingida pela bala na região da cintura e no mesmo momento caiu automaticamente no chão.

– Ahahahaha, eu acertei!!! Viram só!!? A minha mira está cada dia melhor!!! – O tal homem se gabava enquanto os soldados o elogiavam.

A navegadora não havia perdido a consciência. A dor que estava sentido fez com que se mantivesse alerta até o fim.

Ela se contorcia de dor enquanto seu rosto era coberto por várias lágrimas que caiam naturalmente. Ela se perguntava por que aquilo estava acontecendo... Por que em vez de estar em um navio rumo ao East Blue, ela estava ali...


Sendo perseguida por um Dragão Celestial.


– Espero que tenha aprendido a lição... E não pense que sairá impune! Trabalhará sem descanso por uma semana e ficará três dias sem comer nem beber nada, ahahahahhahaahahhahaha!!! – O Tenryuubito ria assombrosamente enquanto a ruiva se encurvava mediante a extrema aflição e suplício.

Agora levem esse verme rastejante de volta para a minha mansão! Ela tem muito trabalho a fazer, já que a última encarregada morreu há poucos dias... A mansão precisa estar limpa, pois darei uma festa daqui a uma semana...

– Senhor... Ela está ferida... Acho que não conseguirá trabalhar se um médico não trata-la...

O Dragão Celestial olhou para o soldado com desdém e um olhar sinistro pôde ser visto em sua face.

– Alguém pediu a sua opinião...? Sou eu quem dá as ordens aqui, então se não quiser virar um escravo como ela, eu sugiro que cale essa boca...

– Me desculpe senhor... Não direi mais nada...

O assombroso homem desceu da carruagem e se dirigiu onde a ruiva estava. Ele a mirou fixamente e no mesmo instante viu que a mesma segurava o local atingido pela bala com muita força. Porém... Algo lhe chamou atenção e na mesma hora...

– O que pensa que está fazendo, sua pirralha!?

– Hã...? – Nami o encarou com feição de tormento e consternação. Seu rosto estava sujo e umedecido pelas lágrimas que não paravam de cair. Seus cabelos estavam soltos e completamente embaraçados. Ela trajava um macacão alaranjado sujo e rasgado, o traje padrão de todos os escravos.

– Está sujando o chão que estou pisando com esse sangue imundo!!! – O Tenryuubito desferiu um chute nas costas da garota que gemeu após sentir o impacto.

– Levem essa maldita para a cela da mansão. Eu vou agora para casa tomar um banho, pois posso ter sido contaminado pelos germes dessa fedelha maltrapilha...

– Sim, Haroldo-Sama! – Os soldados assentiam enquanto viam o homem montando novamente em sua carruagem e se retirando dali.

O mesmo soldado que mostrou clemência pela garota se aproximou e viu que o sangue estava por uma parte considerável, pois o local foi atingido violentamente. Mas para a surpresa dele...

A bala havia pegado de raspão...




...




– Por que embarcamos nesse meio de transporte...?

– Por que é mais rápido e mais seguro.

– E por que o Arquipélago...?

– Por que aqui teremos mais liberdade para falarmos sobre o que aconteceu com sua esposa... – Um homem alto e de cabelos negros compridos que usava óculos e trajava um terno finíssimo dizia ao então disfarçado Trafalgar Law. Eles acabavam de deixar um submarino que os levaram secretamente ao Arquipélago de Sabaody.

– O que você tem para me dizer é favorável para que eu possa resgatar minha esposa...? – O cirurgião indagava na tentativa de entender como tudo aquilo havia acontecido. Nami foi pega por um nobre por que ousou seguir um grupo de soldados que escoltavam vários tritões para a mansão do Tenryuubito.

Embora não demonstrasse em hipótese alguma... Ele se encontrava extremamente preocupado com o que poderiam fazer com ela... Precisava arrumar um jeito de tirá-la daquele lugar o mais rápido possível, antes que alguma coisa pior acontecesse...

– Não sou eu quem dirá a você sobre como resgatá-la, mas um velho conhecido que mora há alguns anos nesse lugar.

Para a surpresa de Law, o lugar era nada mais nada menos que um bar repleto de piratas que se embebedavam.

Law franziu o cenho e começou a desconfiar... Algo ali estava errado.

– E onde está o seu amigo...? – Ele investigou.

O tal homem que o acompanhou sorriu maliciosamente enquanto fez sinal para que vários ladrões o atacassem.

O cirurgião suspirou impaciente. Se questionou por que não havia percebido antes... Porém, seu humor naquele momento não estava complacente como de costume... Ele estava com raiva... E irado com toda aquela situação desfavorável que havia recentemente acontecido.

Sem mostrar qualquer resquício de compaixão, a auréola em sua mão se expandiu e o círculo foi exposto.

Law fez com que sua espada surgisse e assim que agarrou o cabo, fez em pedaços tudo e todos que se encontravam ali.

A frente do bar foi completamente destruída, restando apenas a porta que dava acesso ao fundo.

O moreno desfez o círculo enquanto encarou todos aqueles semblantes atônitos.

– Você... Você não é um reles viajante rico que teve a esposa capturada por um nobre... Você é...

– OUKA SHICHIBUKAI... TRAFALGAR LAW!!! – Um dos bandidos caídos no chão exclamou sem hesitação.

– Vocês pretendiam roubar algo...? Sinto desapontá-los, mas não costumo carregar tesouros em viagem... – O cirurgião sorriu de canto.

– Oi oi, que algazarra é essa!!? – Outro homem suspeito adentrava ao local destruído, mas diferente dos outros, aquele sujeito...

Law alargou o olhar após constatar quem era...

– Aah...? Foi ele quem destruiu tudo...?

– Sim... Mas... Aah... Você poderia apenas voltar lá pra trás e fingir que nada disso aconteceu...? – O homem de cabelos negros que acompanhou Law até o local replicava.

O cirurgião ainda não estava assimilando direito a situação naquele momento. Quem estava bem diante de si, era uma das figuras mais poderosas no mundo dos piratas.

Ex-Comandante da primeira divisão dos Piratas do Barba Branca.

Marco. A Fênix.

– Nossa... Dessa vez a festinha foi bem mais agitada... – Uma mulher também adentrou ao local e ficou ao lado do loiro. Mas ela também não era uma pessoa qualquer, mas sim...

Infame capitã pirata do Novo Mundo e aliada de Barba Branca.

Bruxa do Gelo. Whitey Bay.

– Hmm... É melhor irmos pra outro lugar, não acha...? O Arquipélago de Sabaody já deu... E também... Se algum marinheiro descobre que estamos aqui, provavelmente acionariam um almirante pra vir atrás de nós... – A mulher de longos cabelos azulados num tom mais claro dizia calmamente, como se aquilo fosse algo totalmente natural para ambos.

– Mas já...? Mal chegamos aqui... – O loiro contestava.

– E daí...? Seu amiguinho fez questão de trazer um shichibukai pra cá... Quem garante que ele não fará contato com aqueles cretinos...?

– Pare com isso, Bay... Esse cara não é um marinheiro...

– Mas é um shichibukai... Dá no mesmo...

– Marco-Sama, me perdoe pela falta de-

– Esquece... É melhor sairmos logo daqui... Já tivemos estragos suficientes por hoje... – Marco e Bay se esquivaram dos destroços de madeira que havia no chão.

Law se manteve calado e perguntando para si mesmo o que figuras tão poderosas faziam ali... Por que pelos rumores, Marco havia se tornado o novo capitão da frota de Barba Branca, porém, não havia evidências de que a informação era verídica.

– Espere Marco-Sama! Eu não trouxe esse sujeito para cá apenas para extorqui-lo... Ele acabou de chegar da Terra Sagrada e possui informações sobre o movimento por lá...

– Mas você não ficou de subir a Red Line e checar o porto de Mariejoa...?

– Não conseguimos passar por Marineford... Parece que está acontecendo algo estranho por lá... Mas seja como for, ele sabe sobre a movimentação! – O suposto ladrão apontava para o cirurgião.

– Aah...? Isso é verdade...? – O loiro mostrava certo interesse.

– Depende do que você quer saber... – Law abaixou a espada.

– Me diga garoto... Recentemente nos jornais publicaram que... Você formou uma aliança com o Chapéu de Palha não foi...? Ele também está por aqui...?

– Não. Estamos ancorados em Zou. – Retorquiu friamente.

– Por que está disfarçado...? Que eu saiba você tem toda a liberdade de transitar pelo porto da Terra Sagrada e também por Marineford, afinal, você é um shichibukai... – Bay investigava algo que não fazia sentido.

– É uma longa história... – O cirurgião abaixava o olhar. Ele não tinha intenções de contar como havia parado ali.

– Esses piratas aliados do governo são engraçados... Uma hora atuam fielmente como cães e depois ficam pelos cantos agindo de modo suspeito... – A capitã acirrava o moreno com desprezo.

– Você salvou o Chapéu de Palha depois da guerra... Mesmo depois da chegada do ruivo, Sakazuki não se daria por vencido enquanto não o pegasse... Me diga... Como ele está...? – O loiro perguntava animadamente ao se relembrar do irmão mais novo do falecido companheiro e de como o mesmo se mostrou corajoso e empenhado em salvar o irmão.

– Ele está bem... Talvez melhor do que todos nós...

– E então, vai nos dizer o que está acontecendo na região mais podre do planeta...? – A azulada interrompia descaradamente a interação da dupla em relação à Luffy.

– Pelo que vimos quando chegamos... Muitos escravos foram comprados... Inclusive um grupo de tritões...

– Tritões...? Mas os nobres não odeiam tritões...? – Marco contestava.

– Sei lá... Vai ver eles só querem mudar o cardápio, afinal, já ouvi rumores de que até carne humana eles comem... – Bay deu de ombros dizendo algo que embora fosse repugnante, era natural para ela.

A recente afirmação fez com que Law se lembrasse de que a ruiva havia sido pega por um deles. Precisava urgentemente tirá-la de lá, mas o pior...

– Como Luffy reagiria ao saber que a navegadora foi capturada novamente...?

– Ahaha, vejo que não foi em vão que vocês se encontrassem aqui... E provavelmente você mentiu quando disse que haviam capturado sua esposa, não é mesmo, Trafalgar-Sama!? – O homem de cabelos negros investigava enquanto sorria tentando apaziguar a tal briga que havia começado anteriormente.

– Não, eu não menti. Uma pessoa foi levada por um dos Dragões Celestiais e preciso urgentemente tirá-la de lá. – O cirurgião deu as costas a eles, se dirigindo à saída.

– Háh... Agora eu acho que seu título de shichibukai não irá servir... Não vai conseguir tirar ninguém de lá... Um escravo só sai de Mariejoa morto. A menos que o fantasma de Fisher Tiger apareça novamente para libertar todos, ahahahaha! – A Bruxa do Gelo ria sarcasticamente da cara de Law.

Marco lançou um olhar sério para Bay, que na mesma hora parou de rir.

– Olha garoto... Se quer salvar sua amiguinha, namorada, noiva, esposa, amante ou seja lá quem for, tenho uma ideia... – E mais uma vez a pirata acirrava de modo sarcástico o cirurgião. Porém, o mesmo parou para ouvi-la.

– Diga... Infame pirata... – Respondia com seu típico tom apático.

– O único jeito de entrar na mansão de um nobre... É se disfarçando de soldado, marinheiro ou carcereiro de Impel Down.

– Carcereiro...? – Law arqueou uma sobrancelha.

– Sim... De onde acha que esses tritões vieram...? É claro que é de Impel Down... Muitos desses carcereiros devem viajar com mais frequência por lá...

– Como sabe disso, Bay...? – Marco se surpreendia por ver o quanto a capitã era informada.

– Um de meus subordinados me informou de um esquema que a própria corte e a marinha encobrem...

– E qual seria...? – Law indagava interessado.

– A captura e escravização de piratas com recompensas...

– O quê...? Mas isso é contra as leis... – O loiro retorquia indignado.

– No começo eles estão levando algumas figuras não muito conhecidas, que são piratas com pequenas recompensas...

– Qual o objetivo de tudo isso...? – O cirurgião tentava entender por que os Tenryuubitos acataram o esquema.

– Talvez... Executá-los sem que passem por um julgamento digno, pois assim o número de presos em Impel Down diminuiria...

– Isso... Com certeza tem a ver com Sakazuki... Aquele miserável... – Marco apertava os punhos ao pensar que o Almirante de Frota com certeza havia concordado com um esquema tão sórdido e injusto.

– Exatamente. O Almirante Akainu provavelmente está estudando métodos de tirar de cena os piratas fracos que entram na Grandline, afinal... O maior objetivo dele é acabar de vez com a Grande Era dos Piratas... – Bay finalizava e agora tudo ficava ainda mais claro. Porém...

Nami não havia sido reconhecida, pois estava disfarçada, embora o modo egoísta dos Dragões Celestiais não fosse novidade e eles escolhessem qualquer um para escravizar, mas... Algo não fazia sentido... Havia várias moças naquele porto... Por que justamente ela...?

– Tudo o que você disse faz sentido e eu já desconfiava, mas... Não imaginei que eles estavam mesmo fazendo isso... É a forma perfeita de acabar com a existência dos piratas mais fracos sem que a sociedade tenha conhecimento.

– Me diga Trafalgar... Essa pessoa que você quer resgatar é uma pirata...? – O loiro contestava.

– Ela é... A navegadora do Chapéu de Palha... A Gata Ladra...

A dupla se espantou após a revelação.




...



– Capitão, acabamos de fazer contato com os mercadores e eles disseram que em vinte dias a encomenda estará entregue no porto da ilha que combinamos!

– Vinte dias...? Esse é o menor prazo...?

– Sim... Afinal vem do South Blue...

– Desde que cheguei à Grandline... Perdi a noção de quanto tempo levaria se uma embarcação navegasse sem parar até aqui... – O capitão Eustass Kid replicava ao companheiro o quanto estava desabituado sobre a duração das viagens em alto mar.

– E quanto eles cobrarão mesmo...? Não me recordo do preço... – O capitão continuou.

– Dez milhões de berries capitão...

– Certo... Então quando pegarmos a mercadoria neste porto, faremos contato direto com os negociadores... Deixe tudo preparado. – O ruivo se levantou de sua mesa e se ausentou da sala onde tratava de negócios com o responsável da tripulação designado para aquela missão que era... Extremamente sigilosa.

Enquanto andava pelos corredores com um sorriso malicioso de canto, foi abordado por Heat.

– Kid... Wire achou algo que talvez... Lhe interessaria...

– E o que seria...? – O ruivo franziu o cenho, duvidoso.

– Ela... – O azulado apontou para uma garota que era trazida por Wire.

– Quem é ela...? – Kid contestava enquanto analisava a garota que estava algemada.

Longos cabelos castanhos lisos, olhos negros e pele alva. Ela trajava um vestido comprido que se encontrava totalmente sujo de areia.

A garota exibia um semblante horrível.

– Qual é o seu nome e por que está aqui...? – O ruivo logo ia interrogando.

– Por favor... Me deixe ir... Eu não fiz nada...

– O quê...? Te deixar ir...? O que quer dizer com isso...? – Kid arqueou uma sobrancelha, não entendendo o que estava acontecendo.

– Oooh, Eustass, vejo que finalmente você saiu daquela sala e está dando atenção para a moça... É o mínimo que ela merece, não acha...? – Apoo chegava ao local e logo ia fazendo piadas, dizendo coisas que não faziam sentido.

– Quem trouxe essa garota para cá...?

Heat e Wire apontaram para Apoo.

– Fui eu. A peguei na margem enquanto ela alegremente enchia uma cesta de conchinhas... Isso não é meigo...? – O pirata ironizava a garota que foi forçada a entrar no navio pirata.

– Por que a trouxe pra cá...? O ruivo perguntava perplexo enquanto Apoo sorria maliciosamente.

– Ora, Eustass... Desde quando você se tornou tão lerdo a ponto de não captar a mensagem...? – Apoo se aproximou rapidamente do ruivo e continuou em baixo tom.

– Trouxe essa garota para te entreter um pouco... Você anda bem chato ultimamente desde que se separou daquela ruiva... E faz tempo que não atira coisas em mim quando te provoco, então estou apenas fazendo esse favor para que você volte ao normal e-

– Heat... Liberte a garota agora... – Kid nem ao menos deixou Apoo terminar de falar.

– Tem certeza...? – O companheiro contestava, estranhando a reação pacífica do capitão.

– Certeza absoluta. Já disse que não manterei mais mulheres presas no navio.

– Aaah...!? O que está acontecendo com você Kid!!? Fez voto de castidade é!!? – Apoo replicava indignado.

– Não deixe que esse idiota faça isso de novo, estão ouvindo...?

– Sim. – Heat e Wire consentiram e levaram a garota para fora do navio.

Kid deixou Apoo falando sozinho no corredor enquanto alguns flashbacks invadiam sua mente.


Kid Flashback

– Como pode ter certeza... De que não farei mais nada...? – A ruiva demorou longos segundos antes de responder algo que ele definitivamente não imaginava.

– Se tivesse que me matar... Eu já estaria morta...

Após o término da frase, Nami sorriu docemente. Seu sorriso era tão gentil, que podia facilmente iluminar tudo à sua volta. Era tão brilhante e esbanjava calor... Um calor humano nunca sentido.

Fim do Flashback


Desde que a ruiva partira, ele não se sentia tentado por nenhuma outra mulher... Podia ser a mais bela do mundo, mas ainda assim... A única ao qual ele manteria os olhos fixados era somente nela...

Nami...

Quando a imagem da ruiva invadiu seus pensamentos, sentiu um aperto no peito e uma ansiedade anormal... Se a encontrasse de novo...


Ele duvidava sobre o que faria...


Ainda caminhando pelo corredores, um terno sorriso se formou ao relembrar mais uma vez dela... Aquela linda e intocável navegadora ao qual recentemente apelidara de...

Anjo.




...




– Até segunda ordem você ficará nessa cela. – O soldado que anteriormente havia sugerido que um médico cuidasse da ruiva, a deixou onde o Tenryuubito havia ordenado e logo depois trancou a fechadura das grades.

– Espere... Você não conseguiria arrumar um kit de primeiros socorros pra mim...? Preciso estancar esse sangue... – A ruiva dizia de modo ofegante, como se estivesse prestes a desmaiar...

– Me desculpe garota, mas não tenho ordens para isso...

– Por favor... Eu suplico... – O semblante dela mostrava o que o ferimento estava lhe causando...

– Eu não posso... Se fizer isso, ele me matará... Tenho esposa e filhos para criar... Entenda o meu lado... – Embora o soldado quisesse ajuda-la, ele mesmo sabia que arriscaria seu pescoço por fazê-lo.

– Por que você está aqui...? A maioria dos soldados é como eles...

– Eu... Não tive escolha... Agora preciso ir. – No mesmo instante ele se retirou do local. Era nítido que o Tenryuubito tomaria conhecimento caso ele a ajudasse.

Nami respirou fundo e se locomoveu segurando nas paredes, no intuito de se sentar no canto da cela.

Sua visão estava embaçada. Sentia a ferida doer intensamente e um forte ardor tomar conta de seu rosto, pois estava suando e percebia que sua temperatura havia subido.

Ela também sentia frio. Era como se estivesse prestes a desmaiar a qualquer momento.

Ainda tentando manter o máximo de consciência, ela manteve seus pensamentos presos numa única pessoa...

Nojiko...

Ironicamente ela concluía que naquele momento quem mais precisaria de ajuda era ela... Mas ainda que fosse, o martírio de sentir que não poderia sair dali para ir direto ao East Blue salvar sua irmã lhe causava tristeza, depressão e melancolia... Se recriminou mentalmente por ter feito algo totalmente impensado.

Por que resolveu seguir Arlong naquele momento...? E o pior... Como aquele miserável soube quem era ela...?

Quando se recordou de tal acontecimento, sentiu um ódio descomedido por constatar que o tritão lhe reconheceu e rapidamente reportou aos marinheiros. Após isso, eles a levaram para a mesma mansão que o tritão, ao qual foi condenada a escrava pelo Tenryuubito por ser uma pirata cuja recompensa era baixa.

Mas aquilo não fazia o menor sentido... Ela teria de ser levada para alguma base da marinha e não ser condenada a escrava...

Havia uma semana que estava ali... E ela já tinha sofrido o suficiente por uma vida inteira... O que passou com Arlong no East Blue de longe podia ser considerado algo tão doloroso perto do que estava vivenciando ali...

Se perguntava onde estava Trafalgar Law... Se perguntava se Luffy já havia tomado conhecimento de sua captura...

Lágrimas alagaram rapidamente o rosto da garota que em prantos continuou por horas...

Quando aquele inferno iria acabar...?

Quando eles iriam lhe resgatar...?

Quando aquela perpétua desolação chegaria ao fim...?