Sete Dias Para Viver escrita por Cerine


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Estamos chegando na reta final...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/358230/chapter/16

Último dia.
 

Eram 5 horas da manhã. Brian e eu estávamos na praia, observando o nascer do Sol. Deixamos nossos sapatos de lado e resolvemos caminhar descalços sobre aquela areia branca e macia, molhando os pés com água salgada. Perto dali havia um farol à beira-mar, e naquele momento sua luz ainda estava acesa, porém prestes a se apagar.
 

-Aquele farol tem mais sorte do que eu... Mesmo que sua luz se apague, à noite ela sempre volta a brilhar... –falei pensativa, sentindo os pequenos grãos de areia entre os dedos dos meus pés molhados.
 

Brian olhou para mim e segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos enquanto andávamos lado a lado.
 

-Hoje será um belo dia ensolarado, por isso, não se preocupe com o que virá depois... –disse ele, inspirando a brisa agradável que vinha do mar.
 

Encarei Brian com um sorriso melancólico.
 

-Quando acordei essa manhã, senti uma forte dor no corpo... Fico pensando se isso significa que finalmente a toxina conseguiu penetrar nas minhas células... –falei entristecida, e Brian apertou de leve minha mão.
 

-Não vamos pensar nisso agora... Tenho uma surpresa para você! –disse ele, e sorriu.
 

-Surpresa? Que surpresa? –perguntei curiosa, esquecendo meus pensamentos mórbidos por um momento.
 

-Não posso te falar, afinal, se eu falar não será mais uma surpresa. –argumentou ele, e logo depois esticou o braço, apontando para o farol. –A única coisa que posso dizer é que a surpresa está lá!
 

-No farol? –perguntei, ainda mais curiosa.
 

-Isso mesmo! –respondeu ele com um sorriso matreiro.
 

-Então vamos lá, eu quero ver logo a surpresa! – falei animada, e Brian me segurou pelo braço antes que eu pudesse correr até o farol.
 

-Não podemos ir agora, a surpresa ainda não está lá! –disse ele.
 

-Hã? E quando é que ela vai estar? –perguntei decepcionada.
 

Brian espiou o relógio de sua câmera e respondeu:
 

-Sete horas... Vai estar lá às sete horas!
 

-O quê? Eu vou ter que esperar mais duas horas? Assim eu não vou aguentar de tanta curiosidade! –falei ansiosa e emburrada, cruzando os braços e olhando com curiosidade para o farol.
 

-Aguente firme! Enquanto isso, nós podemos tirar mais algumas fotos! –disse Brian, e logo ajeitou a lente de sua câmera.
 

Brian tirou diversas fotos, em algumas eu estava caminhando na praia, em outras estava correndo ou brincando na água. Resolvi roubar a câmera de Brian e arrisquei fotografa-lo também. Brian correu atrás de mim para conseguir a câmera de volta. Depois disso, tiramos algumas fotos os dois juntos. Depois fomos comer alguma coisa numa barraquinha que ficava em frente à praia.
 

Passadas duas horas, nós finalmente subimos até o topo da torre do farol. 
 

-Wow! Aqui em cima é lindo! Que vista incrível! –falei maravilhada, observando a bela paisagem à minha frente. 
 

O sol já estava brilhante no céu, e as nuvens brancas contrastavam com o azul anil que pintava o firmamento. Tudo isso se refletia no espelho do mar, que brilhava de um jeito mágico, trazendo uma brisa forte e refrescante.
 

-Essa é a surpresa? –perguntei.
 

-Não, ainda não. A surpresa chegará daqui a pouco. –disse Brian, e olhava um pouco preocupado para o relógio de sua câmera. –Eles já deveriam ter chegado...
 

-O que foi? Alguma coisa deu errado? –perguntei, e Brian disfarçou com um sorriso.
 

-Não... Está tudo bem, só precisamos esperar mais um pouco... –falou ele, suspirando logo depois.
 

Resolvi parar de me preocupar e continuei apreciando aquela bela paisagem. Porém, enquanto olhava para o céu azul e os pássaros que voavam longe dali, ouvi uma voz muito familiar.
 

-Kate... Filha...
 

Fiquei estática, sem acreditar que aquela poderia ser a voz de quem eu achava que era. Estava muito surpresa e com medo, por isso demorei a me virar para confirmar a identidade da dona da voz. Porém, quando me virei, meu coração acelerou e quase saiu do peito. Lá estavam eles, parados bem na minha frente, com os olhos banhados em lágrimas. Meus pais. Fiquei olhando para eles assustada, sem dizer uma palavra sequer, e minhas lágrimas começaram a cair também. Quando me viram chorando, eles correram em minha direção e me abraçaram forte, de um jeito diferente de todos os raros abraços que eu já havia recebido antes.
 

-Kate, por que não nos contou nada? Por que você sofreu sozinha? –perguntou minha mãe com uma voz de choro.
 

-Eu não queria que vocês ficassem preocupados comigo! Eu não queria que vocês sofressem também! –falei chorando.
 

-Filha, o que vamos fazer sem você? Como vamos viver sem você? –perguntou meu pai, e ele estava um pouco mais contido em suas lágrimas.
 

-Você é o nosso bem mais precioso! –disse minha mãe, e continuou me abraçando forte.
 

-Deve haver algum jeito de salvá-la! Tem de haver! –disse meu pai com uma expressão aflita no rosto.
 

-Talvez os médicos tenham cometido um erro! –falou minha mãe, tentando sorrir.
 

-Eles não cometeram um erro... Eu sei muito bem do que essa toxina é capaz... Sou uma bioquímica, esqueceram? – falei entristecida.
 

-Nós não aceitamos isso! –disse meu pai, e logo depois colocou as mãos na cabeça, mostrando-se desesperado.
 

-Por favor, senhor e senhora Stuart, aproveitem o tempo restante que vocês tem com sua filha!  -falou Brian, aproximando-se de nós.
 

Meu pai e minha mãe olharam para Brian com expressões confusas, mas logo se deram conta de quem ele era.
 

-Você deve ser o Brian? –perguntou meu pai.
 

-Sim, sou eu, prazer em conhecê-los! –respondeu Brian, recebendo um aperto de mão do meu pai.
 

-O prazer é nosso... –disse meu pai.
 

-Filha, foi esse rapaz que ligou para nós e explicou a sua situação... Viemos às pressas da Suíça quando ficamos sabendo que você iria... – falou minha mãe, e logo depois não conseguiu mais falar, pois as lágrimas inundavam seu rosto.
 

-Obrigado por ter nos avisado, seremos eternamente gratos! –continuou meu pai, encarando Brian com um olhar de gratidão.
 

Fiquei intrigada pelo fato de que Brian teria sido capaz de falar com eles.
 

-Brian, como você conseguiu contatá-los? –perguntei.
 

Brian estampou um pequeno sorriso no rosto.
 

-Sempre fui bom em decorar números de telefone! –respondeu ele, e eu imediatamente me lembrei do número de telefone que ficava perto do porta-retratos dos meus pais em minha casa.
 

-É melhor eu deixá-los a sós! Por favor, Kate, fique com seus pais, aproveitem o tempo que vocês ainda possuem juntos! – disse Brian, e pegou uma sacola que estava largada num canto da torre do farol.
 

-Tem certeza que não quer ficar com a gente? –perguntei, e Brian não respondeu, apenas tirou um envelope de dentro da sacola.
 

-Aqui... Eu trouxe esse envelope com algumas fotos que eu tirei... –falou ele enquanto me entregava às fotos. -Tem mais de 200 fotos aqui dentro... As outras restantes serão enviadas em breve aos seus pais! –completou ele. - Fique com a sua família agora!
 

Brian acenou e correu em direção às escadas.
 

-Brian! –chamei, porém ele já havia descido as escadas da torre e ido embora. -O que esse bobo pensa que está fazendo? –perguntei a mim mesma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Só a nível de curiosidade: Os nomes dos pais de Kate são Molly e Harry.