Blackout {hiatus} escrita por Santana


Capítulo 12
Devotada


Notas iniciais do capítulo

NA MORAL, EU NÃO AGUENTEI!
Mas essa é só uma parte, o super supremo capítulo se chama Devotado e será narrado pelo Dylan. PORQUE EU QUERO DEIXAR VOCÊS CURIOSAS, E O CAPÍTULO ESTAVA ENORME. O nome original era Devotados, mas como um é na visão da Jus e o outro será na versão do Dylan resolvi separar um pouco as coisas.
E GENTE, PORQUE TÃO POUCAS PESSOAS COMENTAM?
DEUS TÁ VENDO ESSA ZOEIRA, VOU PUNI-LOS COM DOIS MESES SEM BLACKOUT!
Enjoy!



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No final das contas, mesmo que Stev estivesse no quarto e fosse dividir a cama com Dylan, ele fez questão que eu usasse uma calça larga de moletom e uma camisa de banda que ele tinha na mala.

Ele ameaçou Thorne até que nós dormíssemos e na manhã seguinte quando acordamos às seis e meia da manhã para não perder o café, Stev estava revirando minha mala, a procura de alguma coisa que ele julgasse ser, como ele disse, vestível.

No final ele me jogou o short jeans curto mais longo que ele havia achado lá dentro e me obrigou a continuar vestida com a camisa larga que eu estava. As blusas que mamãe colocara eram pequenas e apertadas demais. Então não reclamei, por que adorava a proteção que Stev estava me dando.

Amanheceu nublado. Era dia, mas o céu de Jones Beach não tinha a cor dos meus olhos e ouvi Dylan lamentar baixinho enquanto eu me dirigia ao banheiro para tomar banho. Enquanto lavava meu cabelo o fim de tarde que tivemos como amigos passou pela minha mente. Andamos tão devagar, curtindo o momento amigável, que quando chegamos à pousada perdemos o jantar e Stev estava de cara amarrada segurando um prato com dois pedaços de bolo de chocolate.

– Eu espero, sinceramente, que você não tenha estuprado a Julia, seu aproveitador. – ele olhou para o outro lado, sem encarar nenhum de nós dois e empurrou o prato em nossa direção.

E foi assim que acabamos o dia tentando garantir a Stev que só havíamos passeado pela orla porque Dylan conhecia a praia e queria me mostrar e o Thorne teve que aguentar as suas ameaças até dormir.

Quem diria que meu irmão fosse tão ciumento?!

Vesti um biquíni que mamãe colocara na mala. Era comportado, mas eu ainda não tinha conseguido fugir do rosa. Coloquei o short e a camisa de Stev por cima, porque odiava sair andando de biquíni por aí e saí do banheiro frustrada penteando o meu cabelo para o lado.

– Dormiu bem?

Deixei a escova cair, no susto e observei Dylan curvar o canto dos lábios num sorriso engraçado. Ele havia tomado banho primeiro que eu e Stev e estava com o cabelo molhado caindo nos olhos. O tronco delineado na medida certa, nada de músculos sobrando, estava nu e a bermuda leve ficava folgada em sua cintura. Desviei o olhar, evitando os pensamentos sórdidos e abaixei para pegar a escova.

– Sim e você?

Ouvi o chuveiro ser desligado e Stev gritou de dentro do banheiro.

– Ouvirei qualquer coisa que disserem seus traidores. – e a água voltou a cair.

– Nem tanto. Seu irmão abria os olhos toda vez que eu me mexia, to falando sério. Ele tá psicopata. – Dylan riu nervoso e seus olhos ficaram desfocados por um instante, ele corou e eu não consegui controlar a minha língua.

– O que foi?

– Nada demais, só... – sua voz falou e ele pigarreou - me lembrei de algumas coisas.

Dylan se virou e encarei as suas costas. Eu sabia do que tinha se lembrado. Ainda de costas ele andou em direção à sala. Meu coração bateu forte. Uma. Duas. Três vezes.

Porque não continuávamos a conversa?

Por um momento passou pela minha cabeça que ele não estivesse querendo quebrar a própria regra que eu havia estabelecido no dia em que ele me parou no corredor da faculdade.

– Eu achei melhor que parássemos – confessei – não é saudável.

– Ótimo. Manterei distância.

– Ótimo.

Não fazia muito tempo que havíamos voltado a fazer tudo errado de novo. Dessa vez ele não queria burlar o código.

O segui, segurando uma frase que parecia entalada em minha garganta.

– Dylan – chamei.

Ele parou próximo a porta e olhou para trás sorrindo, um pedido mudo para que eu continuasse falando.

– Eu... – hesitei e apertei os olhos com força, dei alguns passos em direção a ele – queria que fôssemos amigos.

Quando abri os olhos o garoto a minha frente parecia querer deixar o sorriso morrer, mas o manteve vivo na face. Ele passou a mão pelo cabelo tirando os fios de cima dos olhos e suspirou pesadamente.

– Eu disse que manteria distância, Julia, mas nós somos colegas de apartamento – ele olhou para o lado e balançou a cabeça – tecnicamente. Não seria legal se não conversássemos, - sua voz foi baixa e incerta, como se não soubesse uma resposta e tivesse que respondê-la ainda assim - e eu queria mesmo ser o seu amigo, então acho que estamos bem.

– Estamos, Dylan– sorri aliviada confirmando.

– Você disse a mesma coisa da última vez e no dia seguinte me agrediu – ele sorriu torto. A mancha arroxeada ainda estava em sua bochecha da briga com Darwin e me lembrei automaticamente do dia em que dei-lhe um murro na boca.

– Você tentou me agarrar. – falei baixo e envergonhada.

– Você estava irresistível, desculpe – ele deu um riso baixo e foi a vez dele ficar com vergonha.

Balancei a cabeça, nossa relação poderia mudar, mas ele nunca mudaria.





– Dylan Thorne só porque não chamei atenção não pense que não vi esse projeto de hematoma no seu rosto.

Minha mãe parecia ameaçadora passando geleia na torrada enquanto encarava Dylan. Ele tossiu um pouco, suprimindo a vontade de rir.

– Foi um acidente, Amélia – mamãe odiava que a chamássemos de Dona ou Senhora.

– Tenha mais cuidado da próxima vez. – ela virou os olhos para mim e revirou-os.

Ela estava fazendo um show desde quando nos sentamos à mesa e viu a camisa de banda que eu estava vestida, nada parecida com as peças que ela havia colocado na mala.

– E, Sr Steven Harry Taylor Collins, espero profundamente que não empreste mais esse tipo de roupa a sua irmã. – ela o repreendeu. – Fui clara? – assentimos, não queríamos que ela fizesse um discurso sobre porque não me dar roupas masculinas e envolver metade da nossa família no meio – E acredito que o seu namorado, filha, também não goste.

Foi a minha vez de tossir. Estava demorando para ela tocar naquele assunto constrangedor.

Dylan estava confuso, aparentemente e Stev gargalhou divertido.

– Mamãe, eu e Darwin não somos namorados. Ele deve ter me ligado para saber como eu estava, só isso. – disse.

– Tudo bem, Amélia, tudo bem já entendemos, agora fecha essa matraca e deixe os meninos comerem em paz. – meu pai interveio para a nossa felicidade.

A expressão do Dylan mudou completamente assim que falei de Baker. Mamãe continuou a falar o quanto gostaria de conhecer o meu namorado e eu não parava de pensar em como faria para ela tirar aquela ideia da cabeça.

Depois do café mamãe e papai foram passear para conhecer Jones Beach e eu, Stev e Dylan seguimos pelo lado oposto. Fomos brincando pela beira da praia. Algumas meninas passavam e encaravam os dois garotos ao meu lado. Eu não as culpava, eles eram mesmo lindos. À medida que andávamos debaixo das nuvens cinza e próximos a maré raivosa eu suava, então, aproveitando que estava com o biquíni por baixo tirei a camisa de Stev.

– O que você está fazendo? – ele perguntou pegando a camisa que eu amarrara no short e tentando me vestir – têm garotos te olhando, Julia Collins, eu não vou poder socar a cara deles.

– Stev, me deixa. – pedi, mas ele continuou e Dylan começou a rir.

Sai correndo pela praia, com Stev ao meu encalço. Não se tratava mais da questão vestir a camisa em mim, mas de me alcançar, eu sabia disso.

Comecei a rir e olhei para trás vendo que ele continuava e chegava cada vez mais perto. Mas alguém não estava onde deveria estar.

Dylan conversava com um grupo de garotas e ria, foi olhando essa cena que perdi a velocidade e Stev me alcançou, me derrubando na areia.

– Você está mais rápida, Jus. Quase não consigo.

Senti alguém sentar ao meu lado, mas não precisava olhar para saber que era Dylan. Olhávamos a linha do horizonte e eu e Stev ainda ofegávamos por causa da corrida. Dylan pegou a minha mão na areia.

Senti o calor tão conhecido e retirei a minha mão debaixo da sua, mas olhei para ele e sorri.

Ele retribuiu o sorriso de um jeito muito fofo.

Stev olhou em volta.

– Vou ter que fingir que sou seu namorado da próxima vez que viermos à praia – bufou.

O som da risada que eu e Dylan demos se misturou ao ribombar de um trovão no horizonte. As nuvens cinza se aproximavam da praia.

O fim de semana da mamãe estava fadado ao fim e ainda nem era meio-dia.

– Droga! – Stev xingou – Vou atrás do pai e da mãe, vai chover daqui a pouco. Não saiam daí, talvez o tempo fique estiado e nós vamos dar um mergulho.

Meu irmão se levantou e correu para o lado oposto ao que viemos.

Não demorou muito para a chuva começar a cair forte e nos encharcar. Dylan me puxou pela mão enquanto corríamos para a pousada, onde chegamos e entramos no nosso chalé molhados e ofegantes.

– E o Stev? – perguntei.

– Ele deve vim daqui a pouco com os seus pais. – respondeu e entrou no banheiro para se lavar da areia.

Enquanto ouvia o barulho da água caindo comecei a me despir, mas permaneci com o biquíni porque me sentia desconfortável estando sozinha com Dylan naquele espaço tão pequeno.

Irônico, não?

Assim que saiu do banheiro, molhado e apenas com uma calça do moletom eu entrei no cômodo repleto de vapor quente e cheiro de xampu antes que ele me olhasse.

Tomei um banho quente e ligeiro, mas relaxante, tirando toda a areia do meu corpo. Saí de roupão e encontrei Dylan deitado na cama de solteiro, a que eu dormia, mexendo no celular.

– “Dou uma hora para essa porra de chuva passar, mãe e pai estavam um pouco longe e agora não temos como voltar”. – demorei um pouco para saber que ele estava lendo uma sms para mim – “Encoste na Julia nesse meio tempo e quebro os seus dentes. Stev.”

Ri pegando uma das toalhas penduradas em um daqueles cabideiros onde se guarda chapéu e casacos e enxuguei meu cabelo molhado.

Ele jogou o celular para o lado e puxou duas caixinhas de Nescau de trás do travesseiro, perto das suas costas e lançou uma para mim.

– Onde conseguiu isto? – perguntei enquanto sentava na outra cama e tomava o meu.

– Na mala do seu irmão maluco – ele riu e fez barulho com o canudo – Tem um monte disso nessa mala aí. – ele apontou para trás de mim.

Ficamos num silêncio imensurável até que Dylan se mexeu na cama, parecendo desconfortável.

O olhei, mas ele parecia não ter percebido.

Seu olhar estava longe, como se pensasse em algo que poria sua vida em risco. Senti vontade se sentar-me ao seu lado e dizer que estava tudo bem tamanha angústia continha naquele olhar. Não precisava ter poderes para saber que algo estava perturbando-o. O castanho não estava tão brilhante como antes, como ontem quando observava o pôr do sol e me observava sorrindo, mas sim fosco, quando ele me provocava. Ele suspirou, me fazendo perceber que o estava encarando da forma mais tola possível.

– Aquela história de namorar o Darwin é séria? – perguntou sem me encarar.

Percebi o desprezo em sua voz e senti muita vontade de fazer uma brincadeira, mas assim como ontem algo não me deixou mentir.

– Não. – respondi e vi um sorriso nascer em sua face.

Eu já sabia que ele iria se levantar. Sabia até mesmo que retiraria o Nescau da minha mão e se sentaria ao meu lado. Eu sabia também que ele colocaria a mão na minha nuca e que estaríamos tão perto que nossos lábios iriam se tocar a qualquer momento.

Eu sabia, e foi exatamente assim que aquilo aconteceu

Senti seu hálito na minha boca, me forçando a entreabrir a minha. Eu quase fechei os meus olhos. Estava devotada.

– Ótimo, porque você sabe que se tivesse eu faria isso do mesmo jeito.

“Isso” que ele estava falando era um beijo.


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Notas finais do capítulo

EAÊ? O que acharam?
Leitores que não comentam, Deus continua vendo essa zoeira aí, tá?
Preparados para o próximo, a visão de Dylan vai ser shooooow. Até lá.