Blackout {hiatus} escrita por Santana


Capítulo 11
O céu de Jones Beach combina com os seus olhos


Notas iniciais do capítulo

Meu dedo coçou para postar esse capítulo, viu? Eu não deveria estar postando ele agora u_u
Só digo uma coisa: aproveitem!



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Eu não conseguia diferenciar o que era mais embaraçoso: A roupa que estava vestida ou toda a minha família, e Dylan, me olhando como se fosse uma aberração.

Eles pararam de rir do que estavam falando minutos atrás, Dylan engasgou com o salgadinho que estava comendo quando me viu e um pouco de suco escorreu pelo nariz do meu irmão.

– Que porra é essa? – ele se levantou enquanto Dylan se recuperava do engasgo e deixou todos os salgadinhos caírem no chão, se abaixou para catar aos montes.

Eu, sinceramente, não sabia como responder aquela pergunta. Os dizeres “I’M CUTE” com a ilustração de um ursinho carinhoso logo abaixo tornava ainda mais ridícula a camiseta de mangas curtas rosa bebê que se perdia dentro da cintura alta do short jeans que eu faria questão de jogar fora assim que chegasse em casa. Estava tudo muito apertado e colado ao corpo e os rasgos no short, embora eu tivesse achado legais, deixava minhas pernas mais a mostra.

Por livre e espontânea vontade eu, Julia Collins, nunca vestiria uma combinação dessa, mas era as roupas que Dona Amélia havia colocado na mala. Logo, eu poderia escolher entre: passar um final de semana enrolada numa toalha, passar o final de semana com a roupa que eu vim, que estava suja, ficar nua ou vestir as roupas que mamãe havia escolhido.

Eu não conseguia nem encarar Stev enquanto ele dava uma boa olhada no meu corpo. Ele passou a mão pelo nariz e fez uma cara de nojo.

– Quando foi que você cresceu? – ele falava para mim, mas tive a leve impressão de que olhava para os meus peitos. Ele se virou para Dylan que estava com as bochechas cheias de salgadinho, olhando pela janela do chalé. – Dylan Thorne, seu safado, nem ouse olhar para minha irmãzinha.

Ah, se ele soubesse.

Dylan tossiu e deu uma boa gargalhada. Reparei bem na bermuda que ele estava usando e na regata preta de capuz que deixava seus braços à mostra. O cabelo estava molhado e bagunçado, sem a costumeira touca.

Quase me esqueci de que ele conseguia ser tão atraente.

– Onde está Amélia? –perguntei

– Aproveitou que ainda estava claro e foi dar uma volta. – ele me olhou confuso, enquanto eu percebia que estava tentando tapar a visão de Dylan. – Eu vou procurar por ela e ver se consigo roupas novas... Eu não vou deixar você andando vestida desse jeito por aí.

Ele correu e bateu a portinha de madeira do chalé.

Estávamos em Jones Beach, situada em Long Island. Stev enjoava em viagens longas e fui obrigada a ceder à janela. Foi uma viagem difícil sendo que eu estava entre o garoto que eu estava me sentindo infimamente atraída, mas que namorava uma vagabunda, e meu irmão que tinha uma tonalidade verde e poderia vomitar a qualquer hora.

Sem falar na minha mãe tagarela falando merda, é claro.

Ela havia alugado dois chalés em uma pousada legal. Ficaria em um com o papai e eu, Stev e Dylan ficaríamos com o outro. Era uma construção simples de madeira. Havia um quarto com uma cama de casal e uma de solteiro, dois banheiros e uma sala. Nós faríamos as refeições na pousada, o que eu achava uma pena porque não poderia comer toda hora e não tinha como assaltar a geladeira à noite.

Sentei no sofá e meu braço ocasionalmente roçou no do Thorne. Senti um calor formigar a minha pele e me afastei ligando a tevê e zapeando pelos canais.

Dylan tossiu novamente.

– Resfriado?

– Não – ele me olhou confuso e pareceu meio envergonhado– é... não.

Tinha achado um filme que eu já havia assistido algumas vezes em um canal qualquer. Dylan se levantou e ouvi a torneira do banheiro sendo ligada, ele voltou com a boca e mãos limpas e parou na frente da tevê.

– Já começou? – debochei – saia da minha frente.

Ele sorriu torto e se aproximou.

– Bonita essa roupa. – ele queria rir, o canto da sua boca não estava fixo, parecia controlar uma risada – Então, quer dar uma volta?

Ele olhou pela janela atrás do sofá que eu estava sentada. Os raios do pôr do sol brincavam com seus olhos castanhos e com a cor do seu cabelo. Porque uma pessoa tão linda tinha que ser tão idiota e imatura? Seu maxilar agora estava tenso, mas não era por medo de deixar uma risada escapulir, acho que ele estava com medo da minha resposta.

– Jones Beach é linda, e eu conheço com a palma da minha mão – ele continuou dizendo enquanto mantinha o olhar na janela, para fora.

Virei o meu corpo e também observei a paisagem. As ondas quebravam na beira da praia e não havia muitas pessoas por lá. O céu estava numa mistura de rosa, laranja e os resquícios do azul de sempre. Mamãe e papai havia escolhido o melhor chalé para nós porque a vista era do cercado de madeira que separava a areia da praia da grama da pousada e tínhamos uma visão privilegiada do mar.

– É mesmo linda, pelo menos no pôr do sol. – sorri ainda olhando para janela.

– Você ainda não viu o nascer do sol, é mesmo lindo. – Dylan pareceu animado e se sentou ao meu lado de novo seu joelho encostou-se ao meu e ele sorria enquanto falava – Parece uma pintura. Quando meus pais ainda não trabalhavam fora nós vínhamos passar o final de semana aqui, sempre. E eu nunca dormia por que não queria perder nenhum momento. Ficava vendo o céu da janela então meu pai acordava e nós íamos passear pela beira da praia...

Dylan continuou a falar. Senti uma mecha do meu cabelo se soltar do coque que eu havia feito mais cedo e percebi que os olhos dele brilhavam. Ele gesticulava com as mãos e parecia feliz. Feliz como eu nunca o havia visto em toda a minha vida. Desejei secretamente que eu fosse o motivo de uma felicidade tão grande quanto aquela algum dia. Eu estava perdendo completamente o juízo ou Dylan estava fazendo um feitiço.

Ele estava tão bonito diante de toda aquela luz que senti vontade de beija-lo. Minha mão pareceu ter vida própria quando toquei o seu rosto e ele parou de falar e sorrir. Senti que ele olhou para dentro de mim tamanha a intensidade que o olhar dele pareceu e foi então que caiu a ficha do que eu estava fazendo e senti o meu rosto esquentar de vergonha.

– Desculpe, foi sem querer. – respondi baixo e envergonhada.

Por um momento senti que o meu peito iria explodir. Dylan segurou a mão que eu havia recolhido do seu rosto e seu polegar deslizou por ela, então ele também retirou a sua mão e pareceu tão envergonhado quanto eu.

Queria poder ler pensamentos só para poder saber o que ele estava sentindo naquele momento tão esquisito.

– Tudo bem – seu rosto se virou novamente para janela com o seu sorriso torto e perfeito, percebi indícios de rubor em seus bochechas – Você ainda não respondeu a minha pergunta.

Ele já sabia a minha resposta.





Eu perdi a minha sandália rasteira porque a areia de Jones Beach era ótima para se pisar descalço. Dylan mandou uma mensagem de texto para mamãe dizendo que havia me levado para conhecer a praia. Era mesmo linda. Cada onda que quebrava formava uma linda dupla com o céu colorido que estava prestes a escurecer. Demos uma boa caminhada até eu sentar na areia e ofegar.

Viva ao sedentarismo.

Dylan olhou ao redor e viu os postes da orla se acenderem.

– Nem senti que caminhamos tanto. Uau. – ele sorriu – O que nós vamos fazer agora?

Olhei para cima, para ele.

– Esperamos eu me lembrar como se respira novamente e voltamos para o chalé. – respondi.

– Tudo bem, Collins. – ele olhou em volta novamente – Espere um pouco tá?

Ele caminhou até uma tenta e ficou lá durante uns seis minutos. Senti alguém se aproximar e virei o rosto naquela direção. Uma menina se agachou ao meu lado e sorriu amigável.

Sua pele era bronzeada e o cabelo louro longo e reto. Ela me fitou com seus olhos azuis um tanto parecidos com o meu, o lugar dela não era em Jones Beach, estava mais para Califórnia.

Estava só de short e a parte de cima colorida do biquíni. Era linda. O meu único pensamento era expulsar ela antes que Dylan a visse.

– Oi – ela disse. Os seus dentes incrivelmente brancos e perfeitos – Desculpe a pergunta, mas aquele cara que estava com você aqui agora – ela apontou com o queixo para a tenda onde Dylan ainda esperava – é seu namorado?

Ela era simpática. Não parecia aquele tipo de garota cobra, como Antonia Green: linda, mas cheia de veneno. Eu pensava que garotas como ela não fossem legais, mas estava enganada.

Foi por isso que por maior que fosse a minha vontade de mentir, eu não consegui.

– Não – fitei o mar – Nem somos amigos, para falar a verdade – ri um pouco.

– Será que... – ela não precisava terminar a frase, e sabia que eu sabia disso por isso não terminou.

Olhei para ela. Ela queria pegar o Dylan, é sério, que efeito foda era esse que ele usava para atrair garotas?

– Mas ele tem uma namorada, e quer saber? Ela é uma vaca. – sorri e a menina riu – Então eu não ligo se ele trair ela com você, é sério.

Eu estava mentindo. Se Ron ou Cora me ouvisse falar uma coisa daquelas me daria um pescotapa na mesma hora.

– Então eu acho que vou lá. – ela pareceu meio encabulada e se levantou – Eu já te devolvo ele, fique tranquila.

Eu juro que queria não olhar, mas arrisquei uma olhadela para a tenda. Ela já conversava com ele e tocava o seu braço. Ele riu e quando vi que fazia menção de olhar para mim, virei o rosto. Olhei novamente e eles estavam se afastando, um minuto depois os perdi de vista.

Senti uma coisa estranha no peito, mas resolvi ignorar. O céu escureceu por completo enquanto eu esperava por Dylan. Ele se sentou ao meu lado sorrindo e nossos braços se tocaram, mas nenhum de nós dois recuou.

Abriu uma sacola plástica e tirou uma coisa enrolada de lá de dentro.

– Ficou um pouco frio porque eu demorei, me desculpe – ele sorriu torto.

Ele puxou uma lata de coca-cola da sacola e me passou. Comi o hambúrguer em silêncio e tomei a lata de coca-cola tão rápido quanto conseguia beber água. Ele pegou a lata vazia e a embalagem do hambúrguer e colocou de volta na sacola.

– Não queremos sujar a bela areia de Jones Beach, não?

Ficamos ali. Eu com a língua coçando para perguntar sobre a loira que foi procura-lo e antes que pudesse me controlar a pergunta saiu:

– Eu não acredito que você traiu a Toni – disse o apelido por puro sarcasmo, rindo.

– Ei, Collins! – Ele me repreendeu mas também riu – como você sabe?

– Eu vi – tentei controlar a fisgada que senti no peito quando ouvi a sua confirmação. – Seu safado. – dei um tapa de leve em seu braço.

Dylan parou de sorrir e abriu a boca surpreso, enquanto eu olhava para o mar. Ao invés de me acalmar, o som das ondas batendo estava me deixando um pouco nervosa. Mas não sabia se era por causa do que Dylan estava dizendo ou se era meu temperamento explosivo aguçado pela visão que imaginei dele beijando aquela garota.

– Você está com ciúmes, Jules?

Olhei em pânico para ele, sentindo as minhas têmporas pulsarem e abri a boca no susto.

– Claro que não! – minha voz saiu um pouco fina demais, eu estava descontroladamente assustada.

– Você está! – ele riu e arregalou o olhos, me lembrou uma expressão que o Logan Lerman havia feito em um filme e eu acha linda e engraçada. Quase inocente.

– Não estou, pare de ser idiota! – levantei com raiva e comecei a andar pela praia, voltando para a pousada.

Dylan não me seguiu de imediato, mas passou um tempo até eu sentir ele andar atrás de mim, me seguindo com aqueles barulhos típico de quem quer dar uma boa gargalhada, mas estava se controlando.

Ele havia feito aquilo o dia todo desde que me viu naquela roupa horrorosa.

Nem se algum vidente me dissesse que estaria na praia com Dylan rindo, comendo e depois saindo brava, depois daquela manhã em que procurei ignora-lo, eu com certeza não acreditaria.

Parecia até um universo paralelo.

Ele me puxou pelo braço e se permitiu rir. O encarei com cara de poucos amigos e ele brincou com a minha orelha.

– Eu estava brincando, coisa chata.

Ele deu dois passos para frente, quase encostando nossos corpos. Eu me recusava a olhar para o seu rosto. Perderia todas as guardas, toda a armadura e com certeza toda a raiva que já senti dele nesse mundo, eu já vi aquele filme e não fazia muito tempo.

Ele ergueu o meu rosto com o dedo indicador apoiado no meu queixo e mordeu o lábio inferior.

Olhou nos meus olhos.

Sua voz estava suave e sem sarcasmo quando ele disse:

– O céu de Jones Beach combina com os seus olhos quando é dia.

Não pude evitar sorrir, então cedo demais ele se afastou e enquanto caminhávamos em direção a pousada, nós conversamos besteira e rimos.

Como amigos.

Dylan Thorne não era tão ruim assim.


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Notas finais do capítulo

Owwwn que fofinho, essa é a minha única reação quando leio esse capítulo!
Agora só postarei na semana que vem, e o próximo capítulo promete.
Beijo, nos vemos nos reviews né?

AH, antes que eu me esqueça, caso vocês gostem do que eu escrevo, tenho uma one em um site, e vou deixar o link aqui, é interativa: http://fanficaddiction.com.br/fics/v/valendine.html