Os Poderes Perdidos escrita por Erick Griffin


Capítulo 12
Capítulo 12: O traidor se revela




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         EU NÃO TINHA mais nenhum plano. Estava surpreso comigo mesmo, havia tido duas ideias que nem Selina não tinha pensado, mas acho que meu momento Einstein havia acabado. Ainda havia as duas serpentes e o cristal para achar. Eu achava que os poderes estavam na maior, a mais forte, a sem língua. Não havia nada a recorrer alem da minha espada, Omega, então resolvi usa-la (já que era minha única opção).

         Ainda equilibrado em cima da mastro ao lado das redes desejei ter alguma coisa, alguma arma a mais, mas estava na água, era tudo de Poseidon, a chuva, o mar o trovão... opa, espera, o trovão não, o trovão é do meu pa... é de Zeus, e talvez eu pudesse controla-lo.

         Tentei me concentrar no raio, mas era impossível com uma cobra de seis metros tentando me morder de dez em dez segundos. Bem, eu disse mentalmente (caramba eu estava falando com um raio?), seria muito bom se você me ajudasse sabe, tipo acabando com uma das serpentes. Os céus se nublaram mais um pouco e um raio caiu em minha espada. Não sei se o raio havia ouvido ou se eu falasse com ele, mas caiu na minha espada. O choque foi passando por Omega até mim, senti a eletricidade passar pelo meu corpo, meus cabelos molhados se eriçaram, e eu me senti instantaneamente ótimo. Poderoso, bem, capaz.

         Agi como um profissional treinado por uns dez anos para matar serpentes marinhas gigantes e ferozes. Encarei o monstro, ela rosnou e me atacou, pulei e cai em cima de sua cabeça cravando Omega na parte acima da narina entre os olhos. A fera gritou de forma estranha e começou a se balançar de um lado para o outro sem parar, tive que me segurar firme em Omega para não cair. Tirei a espada de seu rosto e caí em suas costas (quase fui cortado por um dos espinhos, só não fui fatiado porque os “dentes” da minha bota se grudaram neles antes de eu cair), e vi alguma coisa diferente em meio aos espinhos enormes, uma coisa azul brilhante. O cristal.

         Tentei me aproximar mas o monstro mergulhou na água e só tive tempo de cravar Omega em meio a suas escamas e me segurar novamente. Abri os olhos embaixo da água o que não fui muito inteligente de minha parte já que estava no mar e a água é salgada. Por um momento tive medo que o bicho não retornasse a superfície, que eu morresse ali afogado, mas aí alguma coisa o fez voltar, uma pessoa com uma lança cutucando o bicho nas escamas. Assim que a fera subiu, tomei fôlego e corri por meio de suas costas atrás do cristal, mas foi mais difícil do que pensei. Ela começou a se mover e quase caí.

         – Erick! – Selina gritou

         Me virei e vi a outra serpente se lançando na minha direção com a enorme boca aberta. E então outra coisa estranha aconteceu, desejei ter uma arma maior, uma lança e Omega se transformou quase que imediatamente em uma lança. Os detalhes eram idênticos aos da espada (as mesmas laminas formando a águia, só que o cabo era de couro com tiras de prata), tentei acertar o monstro na parte de baixo da boca, mas não deu certo (não totalmente) e fui lançado para o mar.

         Comecei afundando, o mar fazia força para me engolir e eu força para voltar a superfície. Não sabia nadar muito bem, então mais me batia o que me fazia subir mas não o suficiente. Comecei a soltar bolhas pelo nariz e a não conseguir mais respirar quando alguém me puxou para fora a tempo. Respirei com dificuldade, cuspi a água e sentei no barco olhando para Pedro todo molhado.

         – Valeu – eu disse – Eu tava me afogando.

         – Eu vi, mas olha só, como você fez aquilo? Hoje é o dia das esquisitices.

         Procurei a bainha vazia. Omega havia ficado na serpente, pendurada. Bruno tentava pegar o cristal, estava em cima do mastro e tentando loucamente pular na cobra que, na maioria das vezes, não deixava abocanhando o local onde ele estava.

         – Precisamos de um plano. – Pedro afirmou. Ele tinha razão, precisávamos de algum plano certeiro para pegar o poder. – Mas primeiro precisa da sua... lança.

         Terminando a frase ele puxou uma flecha, encaixou no arco, mirou e soltou. A flecha foi certeiramente na ponta da lança, deu um estrondo e Omega caiu em cima da placa de metal. Olhei para Pedro assustado, como ele havia feito aquilo?

         – Flechas explosivas – ele disse – Agora precisamos de um plano.

         – O barco está afundando, temos que ser rápidos, muito rápidos. – Pedro assentiu analisando o navio que começava a afundar. – Tive uma ideia, me da cobertura.

         Corri em direção ao mastro que já estava quase podre, peguei Omega no caminho, escalei a madeira, e cheguei ao topo sem ser incomodado. Meu plano era um tanto perigoso, não, um tanto não, era completamente perigoso, consistia basicamente em eu ter 10% de sorte e matar o bicho no mano a mano. Olhei para baixo, só via Selina brigando com a cobra menor, Pedro atirando flechas-bombas na sem língua e Bruno esperando meu sinal ao lado da placa de metal.

         Eu ainda estava no topo do mastro esperando a sem língua vir, mas na real quem veio foi a outra. Ela tentou me abocanhar umas 10 vezes mas eu consegui desviar no mastro podre. Olhei para baixo para dar o sinal a Bruno mas ele havia saído de lá, estava tirando Pedro da água, acho que ele machucou a perna porque mancava e fazia cara de muita dor. Mas a serpente ainda me importunava, ainda tentava me abocanhar e eu ainda tinha que matá-la, uma outra ideia me ocorreu, mas eu ainda tinha que me arriscar, tinha acabar com isso antes que Poseidon conseguisse me derrubar na água de novo porque não sabia se ia conseguir lutar contra ele de novo. 

           – Ei sua coisa feia! – provoquei – Garanto que consegue ser mais feia do que... sua irmã muda!

           Ela veio atrás de mim e eu me esquivei para cima, chegando completamente na ponta do mastro que estava quase se rompendo e tombando. Provoquei a cobra mais uma vez e ela atacou, mas ficou presa com os dentes na ponta do mastro e esta foi minha deixa. Pulei agarrado no pedaço de madeira podre e fiz um giro completo bem na hora que ela conseguiu se soltar e o mastro começou a tombar, mas desta vez estava preparado. Quando cheguei ao lado do mastro que estava quando pulei girando ela abriu a boca para dar o bote, mas, em uma velocidade incrível, me agarrei a madeira com o braço esquerdo, fiz um raio cair em cima de Omega e, juntamente com a cobra, me aproximei dela cravando minha lança com tudo na pare superior de sua boca.

            Graças aos deuses meu plano funcionou. A corrente elétrica da minha lança começou a passar para o corpo escamoso e imobilizou o monstro completamente até os raios atingirem a água. Continuei com minha lança fincada e esperando o bicho se desfazer em fumaça o que não demorou muito. Soltei do mastro, fraco, e caí de cara na madeira, na verdade com o rosto na água. Levantei a cabeça ligeiro e a metade do convés já afundava. Eu tinha que agir rápido, muito rápido. Reuni meus amigos atrás da placa de metal.

               – Selina, você distrai o bicho. Pedro, atira flechas explosivas nela se ela se aproximar demais de Selina – ordenei – E Bruno, você vai me ajudar a subir naquela coisa.

               Todos obedeceram. Bruno saiu comigo em direção a placa de ferro e me ajudou a vira-la e a subir nela, era o ponto mais alto que tinha para chamar a atenção.

                – Qual o plano Erick? – ele perguntou

                – Improvisar! Preciso subir naquela coisa.

                O que eu não contava era com a inteligencia do animal. Enquanto eu falava ela passou muito rápido por baixo do barco e o virou completamente pra baixo d'água. Aquilo me irritou, Poseidon usava aquele monstro como seu instrumento de morte.

             – Não, Griffin, não adianta lutar – Poseidon disse – Você é meu agora, você vai morrer como muitos morreram, vai sofrer como poucos sofreram, porque ninguém desafia o Lord dos Mares! Muahahahahaha!

             Abri os olhos em baixo d'água porque achei que seria o melhor, e foi, porque bem na hora em que a cobra ia me matar com uma mordida certeira, me debati para cima e me agarrei a seu couro com Omega fincada entre suas escamas. Ela subiu para a superfície e minha mão chegou a encostar no cristal, mas ela mergulhou de novo e só tive tempo de tomar fôlego. Não vou negar que não fiquei com medo, estava louco de medo, morrendo de medo, mas se sou bom em uma coisa é em não demonstrar isso, então permaneci sério. Ela subiu de novo, com toda a força para uns 3 metros acima quando consegui agarrar o cristal em suas costas. Caí na água, caí nos domínios do meu inimigo. Não, caí nos meus domínios.

             Eu não vou negar que o poder é bom. Eu me sentia bem, eu comecei a respirar abaixo do mar, a me sentir melhor do que qualquer um que pisasse nessas águas, eu me sentia mais poderoso até mesmo que o Lord dos mares, eu podia sentir qualquer alga que passasse em onda por mim. Eu me sentia como um deus. Virei o barco de volta a superfície, juntei meus amigos nos cantos e os calcei no barco, e eu mesmo subi apenas com uma onda que me colocou de pé na madeira molhada. Bem tio, eu acho que você está em meus domínios agora.

           – Não, Griffin, você pode ter pego os poderes agora, mas nunca, nunca vai chegar aos meus pés – Poseidon fez seu rosto na água – Nunca vai chegar aos pés do Lord dos ma...

           Com um aceno desfiz seu rosto marinho e pude ouvir seus gritos ecoarem pelas rochas: Griffin! Olhei em volta no navio. Selina estava apoiada na madeira tossindo, Pedro se pôs de pé com dificuldade e Bruno o ajudava enquanto tossia também. Estávamos todos encharcados, todos molhados, mas isso não era mais problema. Desejei que a água das roupas deles saíssem por completo e ela saiu (a minha eu acho que não era só água do mar). Fui até Selina que parecia ser a pior.

                – Você está  bem?

              – Ele não... – ela tossiu novamente – ele não me deixou sair, sair da água.

             Eu a ofereci a mão e ela pegou e se levantou com dificuldade, muita dificuldade. Me aproximei dos outros

              – Cara, deixa eu experimentar isso – Pedro disse – Pode curar minha perna, me deixa experimentar isso. Dá o cristal, na boa.

             – Hum, não... leva a mal, é que... bem eu... não posso

                                          – Me deixa usar, só para curar a perna, é rápido príncipe, é rápido! Me dá o cristal agora!

      Eu e Selina trocamos olhares nervosos. Ele queria o cristal, desesperadamente, estava ficando nervoso, estava ficando bravo e... me chamou de príncipe  exatamente o mesmo apelido que o traidor me chamou na noite passada. Paralisei, agora tinha certeza de quem era o traidor.


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